Análises

Nioh

Tendo seu desenvolvimento iniciado em 2004, Nioh só começou a agradar seu produtor, Kou Shibusawa, conhecido especialmente pela série Romance of the Three Kingdoms, oito anos após esta data, quando a Team Ninja assumiu o projeto. A partir daí, mais quatro anos se passaram até que o jogo estivesse terminado.

Muita gente dizia a respeito de Nioh, antes do jogo ser lançado, que ele se parecia com uma cópia de Dark Souls, ou então uma mistura entre a consagrada franquia da From Software juntamente com OnimushaNinja Gaiden. Após passar quase 60 horas jogando, digo que essas comparações fazem um desserviço ao game, pois ele é muito mais do que isso. Na verdade, Nioh estabelece um novo patamar aos jogos de RPG de ação.

Primeiramente abordemos a história. Ela é baseada no personagem histórico William Adams, conhecido como o primeiro navegador inglês a chegar ao Japão. No game, ele vai à Terra do Sol Nascente em perseguição a um indivíduo chamado, Edward Kelley, outra figura histórica. Aliás, todos os personagens em Nioh são baseados em pessoas que realmente existiram e acontecimentos que ocorreram de verdade, com a diferença de que no jogo tudo foi embelezado com elementos sobrenaturais.

A trama é bem explicada ao longo da jornada, com muitos textos, alguns diálogos e cutscenes, mas ela não é lá muito interessante, para ser sincero. Na verdade, o que te prenderá em Nioh não é a história ou os personagens que a compõem, mas sim sua jogabilidade estupidamente viciante.

Ao contrário de Dark Souls, a barra de vigor (ou stamina), chamada de Ki em Nioh, tem um papel ainda mais importante nas batalhas e gerenciá-la bem fará a diferença entre viver ou morrer. Sempre que você ataca, parte da energia que você gastou para utilizar os golpes fica flutuando em volta do personagem, havendo a possibilidade de você recobrá-la de volta apertando um botão na hora certa. Quanto mais preciso for o tempo de execução, mais Ki você irá recuperar, permitindo que você consiga atacar novamente em menos tempo. A mecânica parece complicada em um primeiro momento, mas depois que você se acostumar, verá que ela funciona muito bem.

Há de ser ter muito cuidado com a barra de Ki, pois se você der muitos golpes em sequência, estiver com ela vazia e for atingido, ficará completamente vulnerável a um ataque que lhe causará dano crítico, e em boa parte dos casos, lhe matará na hora. Os inimigos humanos também possuem Ki e assim como você, também podem sofrer golpes devastadores nestas mesmas condições.

Os Yokai, como são chamados os monstros em Nioh, não tem Ki, mas sim uma barra de armadura que quando quebrada, abre completamente a resistência deles aos golpes, dando a você uma oportunidade de atacá-los ininterruptamente sem que eles reajam. Estes inimigos conseguem criar uma espécie de campo de energia maligna no chão, e caso você esteja em cima de um deles, demorará mais tempo para regenerar seu Ki. É possível removê-los acertando o tempo de execução do movimento usado para recuperar seu Ki após um golpe, ou através do uso de um determinado item.

Existem cinco classes de armas de curto alcance em Nioh. Katana, Katana Dupla, Lança, Machado/Martelo e Kusarigama (foice com corrente). É com elas que você ataca a maior parte do tempo, usando um engenhoso sistema que lhe garante quatro posturas para isso. Uma focada em ataques rápidos, outra em golpes balanceados, outra que enfatiza ataques fortes e a última que muda de acordo com a arma, podendo servir para aumentar algum atributo do personagem (e diminuir outro) ou então executar um ataque poderoso. É possível mesclar estas quatro posturas de luta durante os combates para efetuar combos bastante variados.

Usar um determinado tipo de arma por um longo período aumentará sua afinidade com ela, fazendo com que você cause mais dano ao utilizá-la. Você também receberá pontos que podem ser gastos na aquisição de novas habilidades com cada arma. Eles também podem ser obtidos ao subir de nível com a Amrita que você ganhou matando inimigos. Para fazer isso, basta achar um Santuário e gastar nele a Amrita que você obteve. A cada nível você ganha um ponto que pode ser atribuído a um dos oito atributos do personagem, que melhora algumas características dele quando aumentado.

Outro aspecto chamativo da jogabilidade são as Armas Vivas. Tratam-se de espíritos guardiões que você pode associar ao personagem. Este ser garante algumas melhorias para William e quando seu medidor de energia enche, você pode utilizá-lo, o que lhe dá alguns segundos de invencibilidade e dano adicional. Quando você morre, um túmulo com o espírito guardião aparece no lugar que você morreu, sendo necessário que você corra até lá para recuperar sua Amrita. Se perecer mais uma vez, o espírito voltará automaticamente para você, mas em contrapartida, sua Amrita não poderá mais ser recuperada.

Nioh também possui armas de longo alcance, incluindo o arco e flecha juntamente com o rifle e canhão portátil. A munição deles que você pode carregar consigo é bastante limitada, sendo necessário mirar bem para fazer um uso mais eficaz dela.

Se você gosta de usar magias, saiba que o jogo também possui uma boa variedade delas. No entanto, elas servem mais para incrementar temporariamente as defesas e o ataques do personagem. Há também algumas que funcionam como maldições que podem ser usadas diretamente nos inimigos para prejudicá-los de imediato. Utilizar tudo isso em conjunto com as armas faz uma diferença absurda na hora das lutas. É possível, por exemplo, encantar sua espada com eletricidade, e se você atacar um inimigo várias vezes com ela neste estado, além de causar dano adicional, o deixará mais lento após alguns golpes. Cada elemento na arma possui uma característica única para te dar algum tipo de vantagem na luta, desde que você consiga golpear o inimigo com ela encantada um determinado número de vezes seguidas.

Adicionalmente, há habilidades de ninja presentes em Nioh. Elas são voltadas para a criação de armadilhas, venenos, shurikens e outros recursos que servem para que você mantenha o inimigo sob controle e, ao mesmo tempo, infrinja dano nele.

Falando um pouco sobre as armaduras, assim como as armas elas possuem atributos aleatórios, que mudam de acordo com o equipamento. Elas precisam de determinados atributos para serem usadas por completo, caso contrário servem apenas para aumentar sua defesa.

Os inimigos, em boa parte das vezes, derrubam equipamentos quando são derrotados. A mecânica nisso é bastante parecida com a vista em jogos como Diablo. As armas e armaduras possuem sua raridade baseada de acordo com a cor, sendo branca para denominar itens comuns e roxo para os itens mais raros. Existem conjuntos de equipamentos que, quando utilizados ao mesmo tempo, garantem atributos adicionais ao personagem.

Sobre os chefes, além de haverem dezenas ao longo do jogo, alguns são bastante intimidadores. Eles farão picadinho de você caso sejam enfrentados sem a devida cautela. É necessário estudar seus movimentos e bolar uma estratégia para derrotá-los. Explorar seus pontos fracos, quando houver algum, também ajuda bastante. Quem achar fácil, no entanto, poderá encarar alguns deles nas fases Crepúsculo, que são versões muito mais difíceis de determinados estágios do jogo. Duas delas são disponibilizadas a cada 24 horas para os jogadores tentarem a sorte. Estas fases mais hardcore são desbloqueadas após a versão normal delas ter sido feita.

Falando mais sobre as fases em Nioh, elas são acessadas através de um mapa. Há os estágios principais, que precisam ser concluídos para avançar na história, e também os secundários, que apesar de não serem obrigatórios, garantem ótimas recompensas se forem feitos. No mapa você também acessa um armazém, onde pode estocar seus itens, além do ferreiro, um local onde você passará algum tempo. É nele que você forja equipamentos e armas, muda o visual e atributos delas, e até mesmo aumenta seus níveis através de uma funcionalidade chamada fusão espiritual. Dá também para desmontar os equipamentos de modo a obter a matéria-prima deles, para usar na criação de novos itens. Adicionalmente, é no ferreiro que você pode alterar o cabelo e barba do personagem.

O multiplayer em Nioh funciona maravilhosamente bem. Não tive um problema sequer de lag ou conexão. O game permite que dois jogadores joguem cooperativamente até que a fase seja concluída, ou que um deles morra. É possível até mesmo chamar um amigo para um jogo privado, protegido por senha, para que ele te ajude ou que você o auxilie. Ao fazer um determinado objetivo opcional em uma das fases, você libera também um sistema que te permite entrar em um dos vários clãs japoneses que o jogo possui. Cada um deles oferece algum tipo de bonificação passiva, sendo possível alternar entre clãs livremente. Ao final de cada semana, os jogadores recebem pontos de acordo com a pontuação que seu clã fez e a quantidade de pessoas que estão nele, que podem ser trocados por itens.

O melhor aspecto do multiplayer, no entanto, é a possibilidade de enfrentar os personagens dos outros jogadores controlados pela IA. Sempre que alguém morre, um túmulo vermelho aparece dentro do jogo de outras pessoas, permitindo que você evoque o personagem deste indivíduo que pereceu, para lutar com ele. Ao derrotá-lo, o que pode ser um desafio pois a IA usada nestes combates é uma das melhores que já vi, ele derruba alguns dos itens com os quais estava equipado e um pouco de Amrita. É uma forma excelente de treinar e de conseguir equipamentos excepcionais mais rapidamente. O único problema do multiplayer é o fato de não haver um modo PvP. Felizmente, já foi avisado que isso será implementado no jogo futuramente através de uma atualização.

Graficamente Nioh pode não ser o jogo mais bonito do mercado, mas cumpre seu papel com maestria nesse aspecto, com ótimos visuais para os cenários, monstros e personagens. Tive a oportunidade de jogar tanto no PS4 quanto no Pro, e em ambos o jogo agrada aos olhos. O melhor de tudo é que você pode escolher rodar Nioh com o gráfico um pouquinho melhor, sacrificando o desempenho, ou então jogar em suaves 60 quadros por segundo. Há problemas de pop up de objetos e bugs na iluminação em determinados locais, mas nada muito grave, que prejudique a experiência de alguma forma.

Na parte sonora, aplaudo a decisão de utilizarem dois idiomas no jogo simultaneamente. Personagens como William, que não nasceram no Japão, falam inglês, enquanto que os demais falam japonês. Isso dá um toque a mais na história, a deixando com um aspecto mais autêntico. Tudo legendado em português para que possamos entender sem problemas. Há um momento logo nas primeiras horas de jogo onde explica-se a razão dos personagens conseguirem entender uns aos outros, apesar dos idiomas diferentes na hora dos diálogos.

A trilha sonora para mim é o aspecto mais fraco de Nioh. Apesar de haver uma certa variedade, a maioria das lutas com chefes exibe a mesma música, o que acaba deixando muitos dos encontros menos marcantes. As músicas que existem no jogo, entretanto, são em sua maioria muito boas, o que acaba equilibrando as coisas.

Não poderia deixar de falar do New Game+ presente no game, diferente de tudo que já havia visto. É simplesmente genial a maneira como isso foi implementado nele. Normalmente, quando você termina um jogo que tem isso, lhe é dada a opção de começar um novo jogo com seus itens e atributos ganhos na jogada anterior. Em Nioh você também recebe essa oportunidade, contudo, não perde acesso ao New Game. Apertando apenas um botão, você alterna entre o mapa do jogo em sua versão tradicional e a versão New Game+, que possui as mesmas fases com inimigos adicionais e mais fortes. Além disso, as recompensas dadas por completá-las são melhores.

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