Análises

Contra Hard Corps

– O Clássico da Konami em um dos melhores games da geração 16 Bits –

Quando o Super Nintendo foi lançado nos Estados Unidos, não conseguiu abalar as vendas do Mega Drive (Genesis por lá) que dominava tranquilamente o mercado de 16 Bits. Mas com certeza o console da Nintendo tinha games exclusivos que deixavam os donos de Mega Drive com aquela “invejinha” básica, principalmente por causa da Konami, que nos primeiros anos do SNES lançou games como Contra III, Tartarugas Ninjas e Super Castlevania, franquias que todos amavam e exclusivos da Nintendo.

Mas felizmente, alguns anos depois a Konami começou a desenvolver jogos para o 16 Bits da Sega. Você já leu aqui na Gamehall a análise do excelente Castlevania Bloodlines e o game da antiga mascote da Konami, Rocket Knight Adventures. Agora chegou a vez de ler a análise de um dos melhores games da geração 16 Bits em uma produção pra lá de caprichada da Big K: Contra Hard Corps.

A série Contra foi inspirada nos filmes “Rambo” e teve seu primeiro jogo lançado em 1987 para fliperamas, ganhando uma sequência no ano seguinte chamada de Super Contra. Desde então ganhou popularidade e recebeu conversões para os consoles caseiros como o Nes 8 Bits e Game Boy. Em 1992, com o Super Nintendo já na área, a Konami lançou Contra III: The Aliens War e fez um grande sucesso na época.

Porém foi em 1994 que a Konami lançaria sua obra-prima da série Contra, com o primeiro e único título da franquia em um console da Sega. Comparado ao Contra III, o novo game CHC dava uma show de qualidade e diversão. Gráficos melhores, mais fases, diversos finais, quatro personagens selecionáveis e uma ação intensa e frenética maiores do que nunca, além de um desafio pedreira, faziam do game um dos melhores já feitos para o Mega Drive, ao lado de outros games do mesmo estilo como Gunstar Heroes, Alien Soldier e The Adventures of Batman & Robin.

A Konami tem a reputação que tem hoje graças aos games que fez para o NES, o SNES e então o Mega Drive. A empresa sempre soube aproveitar bem os recursos dos consoles oferecendo games de ótima qualidade. No caso do Mega Drive ela ia além, produzindo efeitos gráficos como zoom, rotação e mode 7 que supostamente o Mega Drive não podia fazer. Realmente dava uma aula para outras softhouses de como produzir bons e divertidos títulos.

Para terminar essa introdução, uma pequena curiosidade: na Europa a série Contra era conhecida pelo nome Probotector, devido à forte censura nos países europeus, especialmente na época dos anos 80 e 90 com jogos de tema de guerra e violência. A mudança em CHC foi radical, não se mantendo apenas no título (uma junção das palavras Protector e Robot) mas também mudando o visual dos personagens para robôs. Os inimigos continuavam sendo os mesmos, com exceção dos vilões Deadeye Joe e Coronel Bahamut que foram redesenhados para serem alienígenas, e até mesmo a história do jogo foi alterada. Os personagens humanos Ray, Sheena e Fang foram substituídos pelos robôs CX1, CX2, CX3 e enquanto que Browny já era um robô, apenas foi renomeado para CX4. O comandante da Hard Corp também foi substituído por um robô. Os personagens Noiman Cascade e Dr. Geo Mandrake continuarem os mesmos, mas o papel do cientista foi diminuído na versão européia e não ocorre sua traição. Também não há a opção no final do game dos protagonistas se aliarem ao vilão e algumas palavras como “Damn” e referências ao Contra III foram alteradas ou totalmente retiradas.

capa do jogo europeu

A versão americana de CHC é mais difícil, não possui barra de energia (uma encostada no lugar errado e já era) e possui cinco continues. Já a versão japonesa possui uma barra de energia com três espaços antes de se perder uma vida e continues infinitos. Caso você se assuste com a dificuldade do jogo (e acredite, ele é BEM difícil) procure tentar jogar a versão japonesa.

Aliens, robôs e tiros para todo o lado!

A história do game se passa cinco anos após os eventos de Contra III, no ano de 2641. Uma tropa de elite foi criada, os “Unified Military Special Mobile Task Force K-X”, também conhecidos como “Contra Hard Corps”, com a missão de combater a rápida propagação do crime e atividades ilegais que surgiram após a guerra. Quando um hacker desconhecido se infiltra no sistema de segurança da cidade e reprograma um grupo de robôs para causar destruição, os Hard Corps são chamados para controlar a situação. Porém a medida em que você vai avançando no jogo, irá descobrir uma trama muito maior, envolvendo o Coronel Bahamut, um antigo herói de guerra, que pretende derrubar o governo através do desenvolvimento de novas armas usando células alienígenas.

Para executar a missão você poderá escolher entre quatro máquinas de matar:

  • Ray Poward – Nascido e criado nos bairros baixos da cidade, Ray já foi o líder de um grupo de jovens delinquentes. Ele mais tarde foi recrutado pelo Comandante Doyle para  se unir à equipe Hard Corps por suas habilidades sem iguais no combate e desd então vem se destacando na equipe. Seu arsenal consiste no Vulcan Laser, the Crasher, o Spread Shot e a Homing Gun. Ray seria o personagem central dos games 32 bits ” Contra: Legacy of War e , C: The Contra Adventure.
  • Sheena Etranzi – Uma mulher musculosa que não brinca em serviço, bem experiente na arte da guerra. Seu arsenal consiste no Genocide Vulcan Gun, o Shower Crusher, o Break Laser e o Ax Laser. Sheena reaparece no jogo Contra 4 como personagem jogável em um bônus. Ela é a primeira protagonista feminina na saga Contra.
  • Brad Fang – É um híbrido humano com lobo e parte cyborg, especialista no combate corpo a corpo, e ainda possui uma arma implantada em seu braço chamada “gun-arm” que permanentemente substitui uma de suas armas. Seu arsenal consiste no Beast Shooter, o Bomber Punch, a Flamethrower e o Psychic Blaster.
  • Browny – É Oficialmente conhecido como o Modelo CX-1-DÁ300 Robô de combate. Deram-lhe o codinome “Browny” devido a sua personalidade explosiva. Sua curta estatura permite-lhe evitar melhor as armas inimigas. É a única personagem que não faz o salto mortal quando salta, mas pode fazer um duplo salto especial. Seu arsenal consiste no Victory Laser, o Genocide Scatter, o Hyper Electromagnetic Yoyo e o Shield Chaser.

Até dois jogadores pode jogar simultaneamente, mas não podem escolher o mesmo personagem. Cada um deles têm suas próprias características e armas únicas –  o que é excelente para a longevidade do game, não sendo apenas mais dois personagens idênticos na tela apenas com roupas de cores diferentes. Para ajudar a contar a história, há várias cutscenes entre as fases, se não me engano a primeira vez que isso foi usado na série.

Jogabilidade Frenética

E já que estamos falando dos personagens vamos passar para a jogabilidade do game, que é veloz e furiosa. Contra Hard Corps é um ótimo exemplo para mostrar a diferença que o rápido processador do Mega Drive podia fazer nos jogos do Super Nintendo. Contra III, que já era muito bom, comparado com CHC é um passeio no parque. Aqui a jogabilidade é muito mais frenética e intensa, os inimigos aparecem em enxames na tela para cima de você e há tiros, explosões e balas por todos os lados. E o melhor de tudo, os controles são precisos e respondem rápidos aos seus comandos. Você pode pular, atirar e trocar de arma. Seu objetivo é atravessar os diversos cenários atirando em tudo que se mexer e no final enfrentar um mega chefão de fase. Além de andar você pode pular em plataformas e escalar paredes e tetos e uma nova abilidade foi adicionada, agora você pode também deslizar no chão, que além de acertar inimigos, te deixa invulnerável por alguns segundos, que pode ser usado como uma boa estratégia de defesa e que adiciona um “algo a mais” na já manjada fórmula da série.

O sistema de armas também foi melhorado e agora seu personagem pode carregar quatro tipos de armas diferentes e bombas especiais que podem causar um bom estrago em vários inimigos que estão na tela e nos chefes de fase mais durões. Cada um dos personagens possuem armas variadas, o que permite ao jogador escolher aquela que melhor se adapta (mas a minha sugestão é que você saiba usar bem todas elas, pois certos inimigos podem ser acertados mais facilmente com uma determinada arma). Os cenários possuem ação na horizontal e vertical, com fases longas e tensas, com um nível caustrofóbico maior devido ao sprites grandes, gigantescas explosões e centenas de tiros voando pela tela. Outra grande novidade é a possibilidade de você escolher durante o jogo qual caminho a seguir (como por exemplo ajudar o cientista no laboratório que está sendo atacado ou seguir o lazarento que está te dando o maior trabalho), levando à fases e finais diferentes e elevando em muito o fator replay do jogo, fazendo você jogar diversas vezes, com todos os quatros personagens por todos os caminhos e fases possíveis e assistir aos quatro finais do jogo (um inclusive você pode se aliar ao vilão para conquistar o mundo) e um final secreto em que seu personagem volta para a pré-história.

Gráficos de alto padrão

Graficamente o jogo é um espetáculo à parte. A Konami utilizou de forma magistral o que o Mega Drive tinha a oferecer e ainda conseguiu extrair um pouco mais, produzindo efeitos gráficos especiais como zoom, rotação e mode 7, como eu já havia dito no início da análise. Lembro a primeira vez que joguei CHC. Eu me impressionei com o jogo quando cheguei no sub-chefe da primeira fase: Um robozão enorme no cenário ao fundo destruindo a cidade e então pula para trás do seu personagem e o combate começa. Esta pequena sequência a lá “Neon Genesis Evangelion” (que seria lançado um ano depois) é apenas uma amostra das maravilhas que esse jogo tem a oferecer.

Gráficos e cenários muito bem feitos e simplesmente deslumbrantes. Tudo possui um design artístico bastante inspirado, desde o design dos personagens principais, aos inimigos e cenários backgrounds, que usam e abusam da rolagem parallax para transmitir uma visão mais realista da paisagem em movimento. Tudo no jogo é muito bem desenhado e animado, resultando em um dos mais bonitos jogos 16 Bits já criado. A Konami, que poderia simplesmente fazer uma conversão meia-boca de algum jogo da série Contra já lançado, fez um jogo totalmente novo e mostrou o que talentosos artistas e programadores podem fazer quando realmente se esforçam.

chefão ao fundo destruindo tudo e logo atrás de você

Outro grande destaque vai para os super-ultra-mega-blasters-criativos chefes de fases, que são vários ao longo do jogo e são geniais, como o robozão da primeira fase que eu já disse anteriormente. Os sub-chefes e chefões são enormes, ameaçadores e extremamente desafiadores e divertidos de se jogar. E como todo bom jogo da Konami, não cante vitória n primeira explosão daquele chefão de fase, pois eles se recusam a morrer e voltam a atacar em diferentes formas três ou quatro vezes antes de realmente serem derrotados. E muitos deles irão dar um trabalho do &¨%$#* para serem derrotados, acredite. Os inimigos em geral nas fases são bem variados, entre soldados, robôs, motos, helicópteros, aliens e outras coisas mais.

O estilo eletrônico predomina na trilha sonora, com temas excelentes que ajudam a proporcionar uma atmosfera ainda mais caótica para este jogo. Sente só a música tema dos chefes de fase. Os efeitos sonoros são igualmente dignos e transmitem de forma competente explosões, tiros e muito barulho em alto e bom som. Em certas partes temos também vozes digitalizadas que estão muito boas.

mais dois chefões épicos

O game apresenta alguns bugs gráficos, especialmente quando a tela está muito cheia, mas nada que vá atrapalhar ou incomodar. Como ponto negativo eu só indicaria o alto grau de dificuldade do game, que irá espantar os jogadores casuais e desavisados. Mesmo você que já tenha prática e goste desse estilo de jogo, vai penar bastante até conseguir zerar o game.

Bônus Video

 

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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