Análises

Crazy Taxi

A atualmente moribunda Sega, produtora que, antigamente, era sinônimo de bons jogos, afinal de contas, não há como negar que a Sega era muito boa mesmo como softhouse, sempre foi muito boa em um gênero especifico de game, os games para difersão simples, rápida e furiosa. Games “arcades”. Até hoje, quando a Sega acerta a mão, o que é algo muito difícil, ela acerta a mão justamente nesse tipo de game, vide Sonic 4, Vanquish e After Burner Climax, todos grades games, e todos Arcades.

Entenda, quando digo que um game é “arcade”, quero dizer que é um game que tem em si o espírito de games de fliperama, ou seja, mais despojados, menos preocupados com realismo e mais focados na diversão rápida e absoluta.

O game que me proponho a analisar aqui tem exatamente esse espírito, e é um dos melhores do gênero de games acima citado: Crazy Taxi.

Lançado para o “sonho da Sega”, o Dreamcast, Crazy Taxi, assim como MUITOS jogos lançados para o 128bits da Sega, é um game inovador, divertido, impressionante e que deu a base para um de meus games favoritos de todos os tempos, justamente a sequência de Crazy Taxi, também um game para Dreamcast.

Em Crazy Taxi selecionamos um dos quatro taxistas, um mais louco e “doentio” do que o outro, cada qual com o seu carro em particular, para iniciar o “dia de serviço”. Como qualquer dia de serviço de um taxista, o que o jogador terá de fazer é pegar pessoas que estejam precisando de um taxi e levá-los ao destino desejado. A grande diversão aqui é o como isso é executado.

Assim que selecionado o taxista tem início a partida. Andando pela cidade, o jogador terá de encontrar pessoas chamando um taxi. O indicativo disso são pessoas com uma cifra ($) em cima da cabeça, normalmente gesticulando muito e chamando-o, ou até mesmo resmungando por sua demora ou por ter ignorando o chamado. Escolhido um passageiro, basta frear o carro encima do círculo que envolve o passageiro, circulo esse de mesma cor da cifra acima da cabeça do passageiro.

A cifra pode ter mais de uma cor, cada cor indica o nível de dificuldade de entrega do passageiro, vai de amarelo a vermelho. Amarelo para corridas mais fáceis e vermelho para corridas mais difíceis. As corridas mais difíceis tem a vantagem de valer mais dinheiro, pois normalmente são compostas por distâncias mais longas, no entanto, a chance de falhar nessas corridas é maior. Isso mesmo falhar.

Assim que se inicia a partida, um cronômetro começa a correr em contagem decrescente, quando o contador chegar a zero, é fim de partida. Sempre que se pega um passageiro, se ganha mais tempo nesse cronômetro, assim como é ganho tempo também ao se entregar o passageiro no local correto. Quanto mais rápido, maior é o tempo ganho na entrega desse passageiro, além de maior o valor em dinheiro ganho na corrida.

O problema aqui é que cada passageiro tem o tempo pré-determinado para que o jogador o leve ao local desejado. Caso não se consiga entregar o passageiro no tempo estipulado pelo mesmo, além de o jogador ser xingado e achincalhado, o passageiro salta do carro no meio do caminho, independentemente do carro estar no meio da rua e em alta velocidade. Caso isso ocorra, o jogador não ganha nem o tempo extra e nem o dinheiro da corrida. Mas não haverá tempo para se lamentar, pois o tempo de partida continua correndo, e o jogador terá de sair feito um louco atrás de outro passageiro para compensar o tempo perdido.

Essa urgência em sempre correr o mais rápido possível para não falhar na entrega, em sempre correr para pegar um novo passageiro, para que a partida dure o maior tempo possível e que os ganhos do jogador sejam sempre maiores, é o grande trunfo de Crazy Taxi.

Por falar em correr, meu amigo, o jogo é veloz e furioso. Acredito que na época de seu lançamento, não existia nenhum outro game que se assemelhasse a Crazy Taxi no que cerne a sensação de velocidade. Mais ainda, também acredito que nenhum outro game passasse a sensação de loucura visual tão grande quanto o game do qual aqui trato no momento.

O trânsito do game é conturbado, lotado de carros transitando, de pessoas paradas nas ruas e de gente gritando pela atenção do taxista maluco, vulgo o jogador. Como o game é muito rápido, somado à urgência que o jogo possui de sempre ter de correr o mais rápido o possível, essa loucura visual é amplificada em nossa mente, trazendo ao game uma tensão bem maior do que em qualquer outro game de automóveis até ali. Na verdade, Crazy Taxi foi o game de automóveis mais tenso e rápido até o lançamento de Burnout 3: Takedown, lançamento esse que somente ocorreu anos depois de Crazy Taxi.

Após uma partida terminada, temos a contagem de pontos, que nada mais são do que o valor em dinheiro arrecadado nas corridas que foram efetuadas e exibição do ranking do jogador dado o valor arrecadado. É possível, para aumentar o valor das corridas, ganhar um “dimdim” extra fazendo loucuras enquanto possui um passageiro no carro. Atitudes como passar próximo de outros carros no transito, ou mesmo fazer curvas em alta velocidade derrapando, são meios de ganhar extras ao longo da corrida. Aliás, todas essas loucuras, desde que executadas sem bater ou parar o carro, sempre serão incentivadas pelos passageiros, que são mais malucos do que o próprio taxista.

Os comandos são muito simples. A alavanca R acelera, a alavanca L freia. É possível selecionar marcha ré por vias de necessidade. O direcional, tanto o analógico, quanto o digital movimentam o carro. Não é possível alternar as marchas manualmente, o que acredito que sequer teria sentido em um game desses.

Visualmente, o game cumpre muito bem o seu papel, com boas texturas (o Dreamcast sempre foi MUITO melhor do que isso do que seu algoz Playstation 2 alias). A construção da cidade é muito inspirada, cheia de desníveis e ladeiras, cheias de atalhos que devem ser conhecidos ao longo do tempo para um resultado sempre melhor. É impressionante como a cidade transparece vida ao jogador. Sempre com muito barulho e movimento. O estilo visual de Crazy Taxi, muito colorido e chamativo, casa como uma luva com o clima do game. Outro fator que se destaca visualmente é a sua taxa de frame-rate, fixa de 60fps, com eventuais slowdowns, é verdade, mas se tratando de um game de primeira geração do Dreamcast, já um belo de um feito.

Por falar nisso, contemos nos dedos de uma mão agora, qual game do Playstation 2 exige tanto de seu processador quanto Craxy Taxi exigiu do processador do Dreamcast e que mantém 60fps. É eu sei, você não contou nenhum…..

Passado esse meu momento cínico, continuemos.

Visualmente o game agrada muito a quem olhar, a única ressalva fica por conta da construção dos cenários. Muitas vezes o (d)efeito clipping é evidente, mas evidente demais, algo maior do que em Sonic Adventure. Em alguns casos chega ao cúmulo que o asfalto ser mostrado em tela depois que o carro já chegou na devida localidade, dando o impressão de que, por um fugidio instante, o taxi corrida sem nada embaixo dele. Tal falha para um console que possui o processador que o Dremcast possui é uma falha gravíssima, não sei como a Sega não tratou disso antes do lançamento, pois é muito evidente.

Fechando o pacote áudio-visual, temos aqui uma das melhores trilhas sonoras licenciadas para um game do gênero. Em Crazy Taxi, as bandas que dão o toque em toda a trilha in-game são o Offspring, em sua época áurea, e a Bad Religion. Música da melhor qualidade, e o melhor, as músicas, em especial as do Offspring, caíram como uma luva para o game. Realmente a trilha nos motiva a pisar o mais fundo o possível no acelerador, queimando o asfalto, e fazer loucuras no transito.

Além do modo “normal” de jogo, que segue as regras que mais acima foram discriminadas, é possível jogar com tempo fixo pré-determinado no cronometro principal da partida. É possível também jogar no modo Crazy Box, tal modo consiste em uma série de desafios a ser cumpridos, em formato de “mini games”. Caso se consiga sucesso em todos os desafios no Crazy Box poderá selecionar para os modos principais de jogo um novo “Taxi”, o Taxi Bike.

Um jogo no melhor estilo árcade, carregado de estilo e adrenalina, que proporciona sensações únicas durante a jogatina, com um pacote áudio-visual, que se não é perfeito, o é completo e o mais importante, divertido “pra caramba”. Esse é, não somente Crazy Taxi para Dreamcast, como era o retrato da Sega desenvolvedora de jogos na época do Dreamcast.

Saudade dessa Sega…..

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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