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Crítica – Batman vs Superman

Batman vs Superman” teve um início difícil, sendo metralhado pelas principais publicações profissionais nos EUA, mas isso não o impediu que tivesse a maior bilheteria de estreia de um filme de super-herói de todos os tempos – para logo em seguida ter a maior queda de público.

Mas verdade seja dita, o filme não chega a ser aquela bomba atômica anunciada pelos mais pessimistas (ou como descreveu o The New York Times, ‘assistir ao filme é tão divertido quanto ter uma louça de porcelana quebrando em sua cabeça’), mas também não é aquela maravilha declarada pelos entusiastas da DC Comics. Confira abaixo o que o Gamehall achou do filme.

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Os 15/20 minutos iniciais de BvS são bem empolgantes e num primeiro instante parece que estamos diante de uma produção de proporções épicas, como inteligentemente foi marketeado, mas logo essa sensação passa quando o roteiro cai em uma grande mesmice e enrolação, nada entusiasmantes por sinal, que duram cerca de 80/90 minutos – e com isso lá se vão 2/3 do filme.

O diretor Zack Snyder, mais conhecido por “300” e os questionáveis “Sucker Punch” e “O Homem de Aço”, nos entrega uma produção com belas fotografias e visual, mas com uma narrativa bem superficial do que os dois grandes heróis da DC Comics poderiam oferecer aos seus fãs – em comparação, os filmes de Christopher Nolan com Christian Bale são milhões de vezes mais bem desenvolvidos e complexos neste quesito.

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Como Snyder já trabalhou a origem de Superman em “O Homem de Aço” (2013), temos aqui um enfoque na reintrodução de Batman ao universo cinematográfico da DC, com fortes inspirações na clássica HQ de Frank Miller, “O Cavaleiro das Trevas“, que apresenta um homem-morcego mais velho, sombrio, amargurado e até mesmo lunático.

Com a difícil tarefa de substituir o primoroso trabalho de Bale, Ben Affleck consegue nos trazer um personagem convincente, com todas as características acima descritas, mas que infelizmente derrapa no roteiro fraco e pouco criativo de Snyder e não consegue explorar todo o seu potencial como ator – o que deve ficar para o filme solo de Batman, que será dirigido, roteirizado e estrelado por Affleck.

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Isso nos leva ao Superman, que tem um desenvolvimento de personagem ainda mais raso do que o companheiro. Henry Cavill nos entrega um homem de aço cheio de dúvidas, questionamentos e desconfianças de si próprio, mas novamente, elementos esses que derrapam na superficialidade de Snyder, e que poderiam ser melhor aproveitados. Ao invés disso temos subtramas desnecessárias, como o uso dos pais de Superman (a mãe claramente inserida forçadamente no roteiro para o diretor conseguir uma ‘saída conveniente’ para o confronto dos heróis) ou os melodramas com Lois Lane (que não faz nada o filme inteiro e mais atrapalha do que ajuda o herói).

Lex Luthor, provavelmente o elo mais importante de todo o filme, é interpretado de maneira caricata por Jesse Eisenberg que destoa de todo o tom sério e sombrio do filme, completamente desnecessário. Gene Hackman e Kevin Spacey já provaram, em encarnações anteriores do personagem, que é possível fazer um vilão com uma mente brilhante, com uma pegada cômica e extravagante sem cair no pastelão. Ironicamente, Luthor é o personagem melhor construído por Snyder, que trama nas sombras para atingir os seus objetivos e é o principal motor da narrativa. Pena que a interpretação do ator não ajudou.

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Por fim temos a Mulher Maravilha, vivida pelo “cabo de vassoura” Gal Gadot, uma escolha bem questionável para o papel que está longe de impressionar visualmente, onde de um lado temos dois heróis extremamente musculosos e sarados, e do outro uma amazona super-poderosa… e magrela. Mas, para a minha surpresa, independente da atriz, a personagem foi bem inserida no filme e realmente cria uma boa dinâmica de destaque nos momentos finais do filme, dando um gás mais do que necessário após muita enrolação.

E é exatamente nos momentos finais que o filme volta a empolgar, para o tão esperado confronto dos heróis, com a participação de Mulher Maravilha e da criatura Apocalypse (imagem abaixo), bem conhecida pelos fãs de quadrinhos e extremamente mal aproveitada no filme, com um visual em computação gráfica feio, borrado e que muitas vezes beiram ao incompreensível na tela (os efeitos 3D mal fazem diferença e são absolutamente desnecessários). Sério, as vezes parecia que eu estava vendo um filme dos Transformers de Michael Bay, com suas cenas caóticas e confusas.

Como um fã de quadrinhos que sou há uma longa data, “Batman vs Superman” não atendeu às minhas expectativas e está longe de ser a produção épica como prometia, mas ele tem os seus bons momentos. Apesar das derrapadas de Snyder, o longa constrói uma base para o futuro cinematográfico da DC Comics. Só nos resta torcer para que os próximos filmes da editora sejam mais interessantes do que esse.

NOTA: 6

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Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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