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Crítica – Logan

Desde a sua primeira aparição em “X-Men: O Filme”, foram 17 anos que tivemos Hugh Jackman interpretando o invocadinho mutante Wolverine entre altos e baixos – infelizmente mais baixos, com filmes de qualidade bem duvidosa.

Logan” é o décimo filme da série de filmes dos “X-Men” – os dois últimos foram “Deadpool” e X-Men: Apocalipse” -, o terceiro solo do herói e o último de Jackman como o icônico personagem.

E o que podemos esperar dessa “Canção do Cisne” é justamente um magnífico trabalho final um filme totalmente diferente do gênero super-herói. Para começar, finalmente os fãs poderão ver Jackman soltar toda a violência e agressividade que marcam o personagem nos quadrinhos e que nunca deu as caras, realmente, nos cinemas – e sejamos sinceros, violência essa impulsionada graças ao sucesso de Deadpool, que também tem classificação para maiores de idade.

Enquanto em outros filmes de super-heróis a tendência atual é de “quanto mais heróis, melhor“, Logan faz o caminho inverso, centrando em poucos personagens e em gêneros inusitados: o de western (faroeste), road movies (filmes de estrada) e o pós-apocalíptico, que surpreendentemente funcionam perfeitamente entre si. É como se os filmes do lendário western Clint Eastwood encontrassem o mundo de Mad Max.

O roteiro pega emprestado algumas referências da saga das HQs “O Velho Logan“, que mostra Wolverine em um futuro distópico dominado pelos super-vilões, onde a maioria dos heróis e colegas do mutante estão mortos e ele precisar cruzar os Estados Unidos em um carro. Mas as semelhanças acabam por aí.

No filme, que passa no ano de 2029, vemos um Logan bastante debilitado que trabalha como motorista de limusine enquanto tenta cuidar de um velho Professor Xavier, sofrendo de demência e perdendo o controle de seus poderes. Mas as coisas mudam quando ele conhece uma jovem garota chamada Laura, que de muitas maneiras é parecida com ele, e acaba sendo arrastado, novamente, para um mundo de violência implacável.

Porém, apesar de toda a brutalidade com que “Logan” é retratado, também podemos ver o seu lado humano e vulnerável com uma carga emocional fortíssima para quem está assistindo. E é essa carga emocional, essa humanidade, que dá mais peso à violência exacerbada que aparece gloriosa na tela.

Sobre o elenco, Patrick Stewart está magistral, talvez em seu melhor momento dramático de sua carreira, realmente de partir o coração e merecedor de um Oscar (que certamente nunca virá). A jovem Dafne Keen, chega a roubar a cena várias vezes, e até Boyd Holbrook, como o vilão Donald Pierce, tem sua dose de bons momentos na tela, que funciona bem dento da narrativa. Mas claro que é Jackman quem mais se destaca, entregando a melhor performance de sua carreira.

Acho que vale fazer um destaque para os fãs de anime, quem já assistiu o OVA “Rurouni Kenshin: Seisouhen”, certamente vai encontrar várias semelhanças com “Logan”. Outra boa referência, essa presenta no próprio longa, é o clássico de faroeste dos anos 50 “Os Brutos Também Amam”, que é assistido por Xavier e Laura e conta a história de um antigo pistoleiro que quer mudar de vida e se isola para não precisar lidar com o seu próprio passado (lembra alguém?). E aproveitando o embalo, o game “The Last of Us” e clássico de Clint Eastwood “Os Imperdoáveis” também compartilham várias similaridades, para quem quiser mais obras de referência.

Para finalizar, “Logan” não é um filme para todos. O pessoal que espera ver o mundo colorido e cheio de efeitos especiais dos super-heróis, ou ainda uma adaptação fiel de “O Velho Logan” vão sair decepcionados. Mas já você que procura por algo diferente no gênero super-herói (se é que posso chamá-lo assim), que aprecia um drama melancólico, com seus momentos tensos e violentos, e acima de tudo muito humano, certamente vai apreciar tudo o que o filme tem a oferecer!

Nota: 9,0 (escala de 0,0 a 10,0)

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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