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Crítica – Resident Evil 6: O Capítulo Final

Resident Evil é um caso único. Apesar de todos os filmes serem claros exemplos de o como não se deve fazer cinema, como são obras baratas e que se pagam minimamente, chegamos ao sexto filme da franquia.

Comparar os filmes às raízes dos games é algo compreensível somente em “O Hóspede Maldito“. Desde ali já era claro o tom que os filmes teriam, apesar de o dito cujo título ainda tentar possuir algo de tensão dramatúrgica e de respeito ao lore da material original, características que foram se perdendo a cada novo filme.

Com cada vez mais ação, menos tempo desenvolvendo personagens e enredo e com roteiros possuindo cada vez menos sentido em seu próprio universo, eis que chegamos a “Resident Evil 6: O Capítulo Final“.

Sinopse: Alice (Mila Jojovich) deve retornar à Raccon City para impedir que a Umbrella Corporation culmine seu plano de eliminação do restante da humanidade que ainda sobrevive na face da Terra.

Não tente compreender a franquia de filmes Resident Evil no que cerne a continuidade de história. É impossível.

Boa parte de tudo o que os três primeiros filmes desenvolveram no que cerne a história foi basicamente ignorado nos dois filmes subsequentes em prol de justificar mais filmes, trazer personagens mortos à vida e tão simplesmente porque Paul W. S. Anderson queria.

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Anderson não dirigiu Resident Evil 2 e 3 (Apocalipse e A Extinção), voltando a essa cargo somente a partir do quarto filme (Recomeço).

Muitas das decisões de roteiro nos filmes pós retorno de Anderson são dignos de desenhos da Hanna Barbera, em especial no quinto filme (Retribuição).

Foi alterado/ignorado tanta coisa da base de roteiro dos três primeiros filmes em Recomeço e Retribuição que tais filmes não parecem somente continuações mas também “pseudo reboots” de si próprios.

E é nessa vibe que “Resident Evil 6: O Capítulo Final” começa.

Pior do que continuar algo tão fragmentado, o filme ignora também muita coisa do ocorrido nos dois filmes anteriores, mesmo que Resident Evil 5 tenha terminado com um claro gancho para o sexto.

A bagunça de roteiro é tamanha que o filme começa com uma enorme narração explicando tudo o que supostamente o expectador deve saber para assistir ao filme. Aliás, esse recurso é muito usado na série, o que já evidencia a falta de comprometimento abismal de uma continuidade da história ao longo da franquia.

Personagens importantes (dentro do que se possa chamar de importância de personagens nesses filmes) simplesmente desaparecem. Mesmo os personagens baseados nos games somem, com exceção de Claire e Wesker.

Apesar de basicamente ignorar os acontecimentos dos três primeiros filmes, Anderson se utiliza de elementos de roteiro deles para justificar frustradas tentativas de plot twists nesse sexto filme. Ou seja, “esqueça tudo o que você sabia, pero no mucho”.

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É de uma falta de vergonha na cara que beira ao ridículo.

Em suma, tudo o que de história e que faça algum sentido na projeção está discriminado na sinopse que deixei acima.

E não me venha falar que Resident Evil nos cinemas é sobre ação e não enredo. Um filme tem de possuir um enredo que justifique a ação, além disso, se ao longo da projeção rolam até mesmo tentativas de plot twists, isso significa que havia sim alguma iniciativa de dar importância à história ali contada.

O Capítulo Final não é somente displicente (assim como toda a franquia) no que cerne a enredo, também é incompetente ao apresenta-lo.

A ação de O Capítulo Final segue a linha de seus antecessores. Não é estilizada, não é bem filmada e por vezes não faz sentido e causa estranheza. Infelizmente nesse filme há a adição de mais dois elementos que fazem com que tudo piore ainda mais: cortes frenéticos e câmera chacoalhada.

Não há uma cena de ação em Resident Evil 6 que não seja absolutamente picotada. O tempo todo a tela é regada de cortes na edição, por vezes para mostrar três ou quatro vezes o mesmo momento em ângulos diferentes.

Agora imagine assistir a um filme, em 3D, cheio de cortes frenéticos a todo o momento e com uma câmera que não consegue ficar quieta. É nauseante, é bagunçado, é ruim.

Quão difícil é um diretor entender a necessidade de planos sequência e o quão difícil é um editor compreender que nem tudo em excesso é benéfico?

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Una toda essa zona a uma película suja e escura, em contraponto ao filme anterior, excessivamente clean. Fica fácil se perder ao longo das cenas de ação e literalmente não entender absolutamente nada do que está acontecendo.

Considerando que a estrutura de Resident Evil 6 são cenas de ação uma atrás da outra, amarradas por fracas transições que tentam explicar a quase nula história do filme em diálogos mal escritos e mal atuados, e que a ação do filme é desconfortável, não sobra nada que se salve aqui.

Na parte sonora rola o básico: tiro, porrada e bomba. Infelizmente a trilha sonora não tem o destaque que teve em filmes anteriores.

Uma rápida pesquisa revelará que pelo menos uma música em cada filme tinha destaque e servia para dar um “up” nos ânimos do expectador. A trilha sonora de O Hóspede Maldito, inclusive, foi destaque em críticas na época de seu lançamento.

Em O Capítulo Final a trilha sonora é genérica, alta e incômoda. Mas muito alta mesmo. Ela já incomoda o expectador na introdução do filme, que basicamente é uma grande narração explicando o que havia ocorrido até ali na franquia.

Os efeitos especiais são fracos até mesmo para os padrões da franquia. Existem certas cenas em que se nota claramente o recorte do fundo verde nos personagens. Comparar esse filme com o antecessor nesse sentido é vergonhoso. Me pergunto se o orçamento foi menor, ou se foi só incompetência mesmo.

Ironicamente, de certa forma, O Capítulo Final é tudo o que os fãs da franquia nas telonas esperam. Dito isso, enquanto cinema, o filme é horrível e eu não consigo compreender o como Resident Evil conseguiu verdadeiramente render seis filmes.

Resident Evil 6: O Capítulo Final é facilmente o pior filme de uma franquia composta por filmes muito fracos. Fica a esperança de um reboot da franquia nos cinemas, assim como ocorreu nos games. Ganha “1,0” a mais na nota geral pelo simples fato da promessa desse ser último filme da franquia seguindo a atual direção.

Nota: 1,0 (escala de 0,0 a 10,0)

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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