Análises

Desert Strike: Return to the Gulf

Guerra e Estratégia em um Clássico dos 16 Bits

Que coisas boas a Guerra do Golfo nos trouxe? Com certeza uma delas foi “Desert Strike: Return to the Gulf“. Vamos agora relembrar de um verdadeiro clássico dos 16 Bits, um game que veio como não quer nada e acabou transformando-se em um grande sucesso comercial. Criado por Mike Posehn, foi lançado em diversos consoles através dos anos, mas com certeza em nenhum console fez tanto sucesso e teve tanto impacto como as incríveis versões para o Mega Drive, onde os três primeiros títulos foram lançados com um imenso sucesso.

Lançado pela hoje gigante Eletronic Arts, que naquela época galgava os passos para o mundo dos games e era uma das principais softhouses que davam suporte à Sega e aos seus consoles (principalmente com os games de esporte e corrida). A EA é hoje uma das mais conceituadas softhouses do mundo, uma grande vitória levando em conta que ela é 100% americana e não mais uma papa-niqueis japonesa.

Mas deixando a história da EA para uma outra oportunidade, vamos nos ater ao Desert Strike, o primeiro game de cinco sequências (três nos 16 Bits e dois na geração seguinte), sendo as três primeiras, as dos 16 Bits, as mais famosas. Lançado em 1992, ele chegava como um título de peso para a galeria de games do Mega Drive.

Lembro de quando aluguei este game na locadora, que foi mais por curiosidade e não estava esperando grande coisa. Pensamento que mudou logo na tela de abertura, com aquele Apache voando (sempre fui apaixonado por esse helicóptero) e aquela música destruidora ao fundo “uau, essa música detona“, lembro de ter pensado. Logo depois a bela apresentação do game, que era bem diferente, criativa e genial. E não parava por aí, o jogo em si era totalmente inovador, uma experiência nova e única para os consoles de videogames, provavelmente o melhor jogo aéreo lançado para os 16 Bits.

fábricas e instalações químicas e de armas do inimigo, presente para você destruir

A História

Mas antes da análise do jogo, vamos dar um relembrada na história para entender o pano de fundo. Desert Strike tem o subtítulo “Retorno ao Golfo”, o que já resume tudo. Claramente inspirado na Guerra do Golfo (1990-1991), você vai vivenciar no game situações que realmente existiram no Iraque contra o falecido Saddam Hussein.

esse é Kilbaba, “primo” distante de Husseim

Não poderia ser mais simples: depois de um ano após a Guerra do Golfo, um novo general aparece no comando do Oriente Médio, General Kilbaba, e como todo ditador megalomaníaco, ele planeja detonar todo mundo e começar a Terceira Guerra Mundial.

olha só a bela máquina que você irá pilotar, o famoso Apache

É aí que você entra, como um piloto de uma das maiores máquinas de guerra voadora, o AH-64 Apache. Esta bela máquina de guerra voadora (imagem acima), equipada com mísseis, metralhadoras e radares, teve um papel importante na Guerra do Golfo, especialmente em combate contra os tanques iraquianos. A famosa operação Tempestade no Deserto contava com um esquadrão de nove Apaches fortemente armados com mísseis para destruir estações de radares inimigas para permitir bombardeios aéreos sem detecção do inimigo.

Já na apresentação do jogo você pode presenciar como o ditador assume o comando de uma parte do Oriente Médio e dispõe de um arsenal pesado e instalações fortificadas. Assim, sob ordens diretas do presidente, a sua missão é: destrui-los. Simples não? Nem tanto…

Você irá passar por quatro fases num total de 27 missões. No início de cada fase você irá receber do Comandante um resumo da situação no local e quais são os seus objetivos e missões que você deverá bravamente cumprir.

Gráficos

Para a época em que foi lançado, Desert Strike tinha gráficos maravilhosos com sua visão isométrica em terceira pessoa. O seu helicóptero, as centenas de inimigos, a fragata, construções, os cenários, e tudo mais é muito bonito, bem feito e super detalhado com cores fortes e vibrantes, com telas claras e cristalinas. Os cenários são bem feitos, basta olhar para as dunas ou para os terrenos áridos.

Além disso, Desert Strike conta com algumas cutscenes durante e entre as fases, dando um toque especial. Essas cutscenes são muito bem feitas, utilizando bem os recursos do Mega Drive e ajudando a dar base na história. A tela de abertura do game já impressiona com a figura do Apache voando, então pode esperar belas cutscenes no decorrer do game.

gráficos detalhados e cristalinos esperam por você

Apesar de as quatro fases serem no deserto, elas não são repetitivas. As cores do deserto ficam diferentes, há outras construções, instalações e até vilarejos civis pelo caminho. Você irá encontrar vários tipos de inimigos, como tanques, lança–mísseis, helicópteros, veículos de guerra e até soldados correndo pelo deserto armados com metralhadoras ou bazucas.

saca só que gráficos maravilhosos das cutscenes

Música e Sons

O game peca pela falta de músicas durante as fases. Mas em compensação os efeitos sonoros são perfeitos. Você vai escutar os “vupt-vupt” do seu Apache, o som dos mísseis voando pelo ar, metralhadoras atingindo inimigos ou construções e diversas explosões bem realísticas (você sente um grande prazer quando escuta o som da explosão de alguma coisa, uma sensação incrível).

isso é o que vai acontecer se você não for um bom piloto e estrategista

Há quem goste deste jogo apenas com os efeitos sonoros, dá mais “atmosfera” e realidade ao clima da ação, mas eu acho que um rock nervoso tocando ao fundo, em um volume mais baixo que os efeitos sonoros, poderia ter acrescentado algo a mais ao game. As poucas músicas que possui, entretanto, são muito boas, como a música da tela título.

Jogabilidade

Este jogo não seria tão bom se a sua jogabilidade não fosse perfeita, o que felizmente acontece. Você tem uma movimentação suave e precisa do seu Apache, apesar da visão isométrica poder confundir alguns jogadores, logo irão se acostumar sem grandes problemas.

Você ainda pode escolher um co-piloto, que será responsável pela mira de seus armamentos. Os melhores são aqueles que estão desaparecidos no deserto, assim que encontrá-los, pode colocar dentro do Apache, assim você poderá acertar inimigos de uma distância maior e mais segura.

as bases inimigas são bem protegidas, todo cuidado é pouco

E falando em pilotos perdidos no deserto, em algumas missões você terá que salvar soldados, civis e prisioneiros de guerra, então fique atento nos homenzinhos andando pelas dunas, pois além de valerem pontos extras, você ganha pontos de energia (acredite, você vai precisar) ao levá-los para a sua base.

Você pode usar três tipos diferente de armas, que são a metralhadora, o míssil Hydra e o poderoso míssil Hellfire. Todas as suas armas são limitadas, então não saia explodindo tudo que nem louco porque depois a casa vai cair pra você.

Seu Apache conta com uma proteção de 600 pontos, ou se preferir é a sua energia. Cada inimigo tira quantidades diferentes da sua energia e se você bater em prédios ou outras construções também irá perder pontos, então não de uma de barbeiro.

salve os soldados aliados que estão nos campos de detenção

Sua metranca tem um poder de dano de apenas 3 pontos, a Hydra 25 e o Hellfire 100 pontos. Cada uma dessas armas é muito útil em determinados inimigos, então se acostume a usar bem as três. Por exemplo, os tanques possuem um total de energia de 100 pontos. Isso significa que você pode detoná-los com quatro Hydras ou apenas com um tiro certeiro do seu Hellfire.

Mas não são apenas em inimigos que você vai descarregar seu armamento. Dependendo das missões, você terá que destruir coisas como prédios, vilas, caminhões, aeroportos, jeeps, navios e muitos outros alvos inusitados.

Mas não pense que é só sair voando e destruindo tudo que aparece pela frente. Este jogo mistura ação com estratégia. Por exemplo, são dadas várias missões para você cumprir, que podem ser feitas em qualquer ordem. Porém, é recomendado que você siga na ordem normal. Olha só, para você destruir um aeroporto (a última missão), primeiro você tem que destruir o sistema de radares inimigos, então depois destruir sua estação de energia para confundir o inimigo para então ir destruir o aeroporto. Se você tentar inverter a ordem, uma mensagem aparece no canto da tela “danger zone”, os inimigos serão muito fortes e com certeza seu Apache será destruído.

siga as missões na ordem e fique atento no radar, informações vitais estão nele

E é essa estratégia que faz o game ficar legal. Além das missões, você tem que se preocupar com o combustível (seu Apache é um bebedor de gasosa), armamentos e os pontos de energia. Todos os três podem ser encontrados pelas fases, alguns fáceis de achar, outros escondidos (terá situações em que você vai ter que largar das missões pra “caçar” um dos três itens).

Para ajudá-lo você pode usar um radar. Acostume-se com ele, será meu melhor amigo durante todo o jogo. Ele dará informações importantes, como a localização e informações de ALGUNS inimigos, informações sobre as missões que devem ser cumpridas, localização de combustível e armamentos e assim por diante.

se George Bush pai não conseguiu derrotar Sadan Hussein na Guerra do Golfo, em Desert Strike você pode derrotar o seu clone e apertar a mão do “Bushão”

 

The Scuds are Back!

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!