Análises

Gaiares

Um dos melhores e mais difíceis shooters dos 16 Bits

O pessoal da época do Mega Drive com toda certeza deve se lembrar desse magnífico shooter! Simplesmente um dos melhores jogos de nave da era 16 Bits, junto com os ótimos “Gleylancer“, “Sol-Feace“, Thunder Force“. Fez muito sucesso, principalmente nos EUA, com uma fortíssima propaganda em TV e revistas (a fase de ouro da Renovation), onde eles brincavam até mesmo com a pronúncia do nome do jogo: “Gaiares” (Guy are us = algo como “nós somos os caras”).

Gaiares com certeza marcou muitos jogadores (inclusive eu) com seus gráficos coloridos, dificuldade altíssima, inimigos ocupando metade da tela e músicas pra lá de excelentes. Como senão bastasse, ainda conta com uma infinidade de inimigos, dos mais diversos tipos, chefes de fases criativos e bem feitos, e uma novidade, uma arma desenvolvida para capturar os tipos de “tiros” dos inimigos para se usar na sua própria nave, criando assim uma grande variedade de armas para sua nave.

Guerra espacial

O ano é 3008, o planeta Terra se transformou numa lugar sem vida, um deserto que serve como depósito de lixo e materiais radiativos por causa dos humanos que não têm nenhum amor ao seu planeta. Mas agora, os poucos sobreviventes da raça humana tem uma última chance de salvar seu planeta… com a sua ajuda!

A Confederação de Leezaluth, o império que agora governa a Galáxia, mandou um aviso para a Terra: “Para qualquer dos sobreviventes humanos – um grupo terrorista inter-galáctico conhecido como Gulfer está planejando invadir seu planeta e usar suas terras poluídas para construir armamentos. Vocês humanos devem deter Gulfer. Se vocês não puderem, seremos forçados a fazer uma super-nova do seu Sol e destruir a Terra, para poder detê-los. Mas se vocês podem evitar essa crise, nós iremos revitalizar seu planeta como era antigamente para que vocês possam continuar vivendo nele.

Infelizmente, a Terra não possui há muito tempo recursos militares e de armamentos para combater os terroristas. Os humanos agora vivem em colônias espaciais e alguns ainda vivem na Terra. Mas ainda existe um jovem e bravo herói que deseja lutar pela sobrevivência da Terra. Seu nome é Dan Dare, um jovem piloto que está pronto a encarar os terroristas Gulfer – e possivelmente morrer – completamente sozinho.

Alexis, a mensageira de Leezaluth, foi contagiada pelo espírito de luta de Dan e decidiu ficar com ele para ajudá-lo. Ela deliberadamente renegou sua própria cultura original para que pudesse ficar na Terra e lutar ao lado de Dan. Ela modificou a nave de Dan e agora é a navegadora do sistema TOZ, instalado no armamento de sua nave.

O sistema TOZ é uma tecnologia super avançada e é a última esperança para que os humanos consigam deter os terroristas. É uma inteligência artificial capaz de “absorver” as características das armas dos inimigos, transferindo para a sua nave. Quando o TOZ está acoplado na nave inimiga, ele analisa e adapta as informações da nave e as transfere para você. Feito isso, sua nave será capaz de trocar de armas a qualquer momento, podendo deixa-las mais poderosas. Agora você pode atacar o inimigo com suas próprias armas.

Os personagens

 Dan

Com 21 anos de idade, ele é íntegro e um verdadeiro herói da Terra, com um forte senso de justiça. O protagonista do jogo, ele também é um piloto de primeira-classe. De bobo ele não tem nada, e já tratou de passar a conversa na bela Alexis, ganhando assim sua afeição e ajuda.

 Alexis

Essa bela jovem foi mandada para a Terra como uma mensageira, e acabou sendo tomada pelo espírito de sobrevivência de Dan. Indo contra a cultura do seu povo, os leezaluth, ela escolheu viver entre os humanos e ser a navegadora do sistema TOZ para Dan. Ela tem 20 anos e é uma garota muito inteligente e cuidadosa do sistema estelar Leezaluth. Seu sonho é ver a Terra como era antigamente, com seus campos verdes e floridos.

 Natasha

Ela é a rainha da Confederação Estelar de Leezaluth. É também a irmã de Alexis. Natasha tem 25 anos e está preocupada com sua maninha, que mandou para a Terra como mensageira.

 ZZ Badnusty

Apesar do belo rosto, ela é a terrível pirata espacial líder do grupo terrorista, Gulfer. Essa mulher de sangue-frio está tentando utilizar os materiais poluídos da Terra para criar novas armas. Metade do seu corpo é mecânico, possui um hábito de rir histericamente por motivo nenhum e é extremamente egomaníaca.

Os Gráficos

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Apesar de não utilizar todo o poder gráfico do Mega Drive, Gaiares possui visuais muito bons e coloridos, apesar de simples, resultaram num trabalho final excelente para o padrão da época, a começar pela sua longa abertura em estilo anime, especialidade da Telenet/Renovation, onde nos contam a história do jogo e os personagens são apresentados. Então você começa a jogar, sua nave decola do hangar espacial a toda velocidade e vai para o espaço combater as naves inimigas que se aproximam da Terra. Essa abertura é muito emocionante e dá um toque todo especial ao game. O jogo conta com excelentes cenários de fundo, você irá passar pela escuridão do espaço, vai passar por um planeta glacial, cavernas, cemitérios de naves, chuvas de meteoros, vai viajar na velocidade da luz e terá que enfrentar inimigos nesse espaço-tempo, entre outras coisas.

São diversas fases e todas elas bem criativas, haverá momentos no jogo onde você poderá escolher caminhos diferenciados para seguir em frente. É impressionante ver como esse jogo foi bem feito nos seus mínimos detalhes. Os backgrounds são muitos bonitos, coloridos e na sua maioria com estrelas brilhantes. O design da nave também ficou muito legal, apesar de ser meio pequena, tem um visual bem arrojado e futurista. Além dos gráficos de fundo, ainda possui os gráficos interativos, onde sua nave pode se chocar, como uma chuva de meteoros, estreitas cavernas, destroços de naves, fortalezas espaciais, até mesmo buracos negros tentarão impedir que você continue em frente.

Você ainda conta com a ajuda do sistema TOZ, uma tecnologia super avançada capaz de absorver as características da nave inimiga e transferi-la para você usar (algo até então inédito para um shooter, até para os dias de hoje). Infelizmente não é possível fazer isso com os chefes de fases, mas há uma infinidade de inimigos que você pode usar esse recurso, possibilitando assim uma grande diversidade de armas para a sua nave. Você ainda pode aumentar o nível de força de sua arma, no nível máximo fica mais fácil de matar os inimigos, há tiros que ocupam quase a tela inteira, que variam desde mísseis a lasers, até plasmas e prótons.

Isso sem contar dos mais diversos tipos de inimigos que você terá que enfrentar, tem praticamente de tudo. Naves, robôs, mechas, bio-armas, canhões, isso tudo em diversos tamanhos e formas, alguns chegam a ocupar grande parte da tela, principalmente os chefes de fases, um mais criativo que o outro. O primeiro que você irá enfrentar é Galudia, uma espécie de mecha voador que ocupa boa parte da tela. Depois virá Demarina, que você vai enfrentar debaixo da água em dois estágios: primeiro na forma de ostra gigante e depois na forma de sereia. Depois desse ainda temos a Mort e Guzalik, que você vai enfrentar debaixo da terra, entre outros. E antes de encarar o chefão final, você terá que derrotar todos novamente, um atrás do outro! Pedreira pura!

chefões gigantescos aguardam no final das fases

Músicas detonantes

Outro ponto alto do jogo e também uma especialidade da Telenet, a trilha sonora e os sons. Logo na música de abertura você vê que as músicas desse jogo não é como os outros. Possui temas musicais soberbos, daqueles que você escuta uma vez e não esquece nunca mais. Praticamente todas as fases são embaladas por músicas muito bem elaboradas, músicas empolgantes capazes de levantar defuntos, ainda mais se ligado num som no último volume. Vocês vão ficar com a música na cabeça, eu mesmo enquanto escrevo essa review estou com uma música do jogo na cabeça.

Os sons de efeitos especiais não apresentam nenhuma novidade se comparado a outros jogos do gênero, seguem o mesmo padrão de explosões, tiros, etc. Talvez ficasse melhor se possuísse vozes, como o Gleylancer, e Thunder Force, mas no geral são funcionais.

Recomendadíssimo o uso de fones de ouvidos, mas não aqueles vagabundos de walkman e sim aqueles profissionais usados por músicos, se você não tem, arrume um! A sensação de jogar usando esses fones é praticamente diferente, você pode ouvir as batidas de “bateria” passando de um ouvido para outro, ou escutar um tipo de som num ouvido e de outro tipo no outro, coisa que não seria possível se ligado a caixas de som. Experimente, você não vai se arrepender.

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gráficos coloridos o esperam nas profundezas do espaço

 

Jogabilidade perfeita

A jogabilidade da nave é excelente, você tem controle total, podendo variar a velocidade da espaçonave, que será útil em fases que possuem passagens estreitas e a tela se movimenta sozinha, você terá que reduzir a velocidade se não quiser se esborrachar na parede. E em lugares espaçosos, você pode deixar na velocidade máxima para escapar mais facilmente dos tiros inimigos. A ação rola na maior parte na horizontal, mas em algumas fases ela também rola na vertical, por isso precisão e atenção são muito importantes para sair com a sua nave inteira.

Pra lá de difícil

Do que adiantaria um jogo ter todas essas qualidades e uma dificuldade bem fácil? Para um jogo de nave estilo shooter, é imprescindível que tenha uma dificuldade alta, pois senão perde a graça. E Gaiares faz bonito também nesse quesito, ele não é nada fácil, os gráficos coloridos irão te confundir na hora de desviar dos tiros inimigos. Dezenas de inimigos aparecem na tela e as vezes falta espaço para você se desviar, sem dizer nas centenas de tiros que irão na sua direção. Alguns podem até a se assustar na primeira vez que jogarem, mas acreditem, com o tempo é possível se acostumar e avançar de fases, por isso sejam persistentes! Eu mesmo tive que alugar esse jogo diversas vezes na época até chegar ao final, não foi fácil, foram muitas madrugadas adentro jogando, mas foi muito prazeroso quando finalmente consegui termina-lo.

viaje pelo espaço e curta o visual belíssimo

“Guy… Are… Us!”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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