Análises

Halo: Reach

– Bungie se despede da franquia com o melhor jogo da série –

Finalmente consegui jogar um dos jogos mais esperados do Xbox 360: “Halo: Reach”. A série é com certeza uma das grandes revelações dos games e cultura pop em geral nos últimos tempos, ao lado de outros grandes nomes como “Mass Effect” e “Dead Space” (só para citar alguns).

Para você que não conhece a franquia Halo, aqui vai uma breve explicação para te situar no contexto de Reach: o primeiro Halo foi lançado em 2001 para Xbox e ganhou uma sequência em 2004, para o mesmo console (e computador). O jogo fez um sucesso avassalador por evolucionar o estilo FPS e mostrava uma narrativa de ficção científica ambientada no século 26, criada pela novata Bungie exclusivamente para o console da Microsoft.

O jogador assume o papel do indestrutível Master Chief (que atualmente possui status de estrela de cinema entre o mundo gamer), um supersoldado com um armadura de batalha para aumento de performance (e uma curiosidade: seu rosto nunca foi mostrado nos games). Ele é acompanhado por Cortana, uma Inteligência Artificial em seu capacete e lidera equipes contra uma aliança de raças alienígenas conhecidos como Covenant. E se você está se perguntando o que diabos significa “Halo” (não é a música da Beyoncé não), ele se refere às megaestruturas Halo: gigantescas estruturas espaciais habitáveis em forma de anel, entre um planeta e sua lua.

Fechando a trilogia, chegou Halo 3 em 2007, para Xbox 360. Outro gigantesco sucesso, que recebeu atenção especial no Brasil, sendo completamente dublado para o nosso português. O jogo mostraria então a última aventura de Master Chief e a longa guerra contra os aliens Covenant, o que finalmente nos traz ao lançamento de Halo: Reach, o último e derradeiro trabalho da Bungie exclusivamente para a Microsoft (a empresa fechou contrato bilionário com a Activision e largou a Microsoft).

A história de Reach se passa antes dos eventos do primeiro game de 2001, no ano de 2552. Master Chief não é mais o protagonista, os jogadores entram na pele de um membro da equipe Spartans (um projeto para criar supersoldados) chamada Noble Team, que conta também com a presença dos personagens Carter (o líder do grupo), Kat, Jorge, Emile e Jun, cada um com suas habilidades e e armas de fogo específicas.

A maioria das colônias espaciais humanas da UNSC (United Nations Space Command – principal facção militar do espaço e responsável pelo projeto Spartan) foram dizimadas pelos Covenant, sendo Reach o último planeta habitável restante para ser conquistado.

Reach é uma colônia que possui a principal base militar da UNSC, com um aspecto bastante similar à Terra, com mais de 700 milhões de civis habitando. O jogo começa com Noble 6, o seu personagem, entrando para a equipe no lugar de outro soldado que morreu. O grupo é enviado para investigar problemas de transmissão em uma estação, suspeitando que o dano tenha sido causado por insurgentes. Mas ao invés de rebeldes humanos, eles encontram os Covenant, e a partir desse ponto a história se desenvolve. Apesar de já sabermos o que acontece com Reach, a narrativa revela de forma eficaz, pouco a pouco, toda a dimensão do planeta e os personagens envolvidos na trama, em especial os da sua equipe, com uma grande tensão e atmosfera hostil em toda aventura. A narrativa nunca foi o forte da série Halo, mas aqui ela está bem desenvolvida.

O modo campanha apresenta os seis destemidos soldados, com o jogador controlando Noble 6 e os outros cinco que auxiliam através de uma eficaz, mas não perfeita, inteligência artificial (IA), com o principal ponto positivo de eles sempre acompanharem o seu personagem, não avançando sozinhos ou permanecendo parados em um local – mas nunca deixe-os dirigir veículos, os caras não têm noção do perigo atrás do volante. Antes de começar o jogo, é possível customizar vários elementos de sua armadura. Lógico que a maioria dos equipamentos está bloqueada, sendo destravados na progressão do game, que aumentam o poder de defesa e ataque do seu combatente espacial. A equipe é bem unida e organizada, e seu caráter humano são revelados ao poucos, sendo que alguns perdem a vida no combate contra os terríveis alienígenas.

Além dos membros do seu grupo há outros soldados da UNSC que aparecem para ajudar, mas como são menos equipados e preparados, geralmente são facilmente derrotados pelos bichos feios. E falando neles, os Covenants nunca estivem tão violentos e sanguinários, especialmente em dificuldades mais elevadas do jogo (o que eu recomendo jogarem). Temos algumas espécies diferentes na franquia, como os Skirmishers, criaturas ferozes peritas nos ataques terrestres. Alguns outros, já conhecidos dos outros jogos, retornam com um retoque visual, como os bichos suicidas Grunts. A IA dos bichos está bem elevada e superior aos outros jogos, oferecendo verdadeiros desafios, com ataques audaciosos, atiradores furtivos e até ataques flanqueados (e emboscadas) contra o seu grupo.

O sistema de habilidades/upgrades do seu soldado oferece uma infinidade de opções, algumas já conhecidas e outras inéditas, tanto para defesa como para ataque. Itens como a camuflagem e o escudo protetor bolha estão de volta, junto com os novíssimos Holograma, Corrida, Jetpack (sem dúvida o mais divertido de todos) e Bloqueio de Armadura, todos com um tempo limite de recarregamento após o uso, e não mais limitada apenas a um uso como nos jogos anteriores. Mas fique esperto que os Covenants também podem usar esses equipamentos contra você.

Em termos de artilharia o jogador está bem servido, com vários modelos de armas como pistolas, rifles, bombas, granadas, misseis e outros brinquedos (inclusive armas inimigas), tanto para ataques à distância, como ataques próximos e corpo-a-corpo para ataques furtivos.  Os veículos e naves dos outros jogos também aparecem por aqui, além de algumas novas adições.

Uma novidade muito bem-vinda é o combate aéreo espacial (também há uma fase com helicóptero muito boa), que apesar de ter uns controles meio estranhos no início, dá um novo gás para a mecânica do jogo, já bastante desgastada. Pena que acaba rápido.

O modo campanha permite uma progressão de até quatro jogadores conectados à rede, mas além disso há várias opções como os já conhecidos modos Forge, Custom Game, Firegiht e Theater, além do multiplayer online que garantem uma boa longevidade ao título.

Como de praxe, as modalidades no multiplayer online dividem-se em cooperativo, competitivo e arena, cada qual com uma série de opções para quem gostar de mostrar suas habilidades para o mundo todo. Não entrarei em detalhes pois eu mesmo ainda não explorei muito.

Em termos gráficos e visuais Halo: Reach é espetacular, realmente um trabalho primoroso da Bungie, com cenários, personagens e criaturas que contam com um trabalho artístico fenomenal e super detalhado, acima do que foi mostrado em Halo 3. Os cenários possuem design inteligentes e bem estruturados, além de apresentarem muita vida orgânica, como plantas e animais, aliadas à cores vibrantes, ou mais escuras e tensas, dependendo da missão. As animações cinematográficas e cutscenes são espetaculares, cheias de carisma e realistas na medida do possível (isso aqui é um game scfi, não esqueçam).

Em termos sonoros, mais uma vez um jogo da série não decepciona, com um repertório variado de músicas, compostas brilhantemente mais uma vez por Martin O’Donnel, que criou novos temas e alguns remixes de músicas já existentes nos jogos anteriores. O cara é bom mesmo, as músicas têm um papel fundamental na imersão e criação da atmosfera de tensão, especialmente em áreas isoladas, e principalmente nos combates. Os efeitos sonoros estão igualmente competentes, com sons das armas, explosões, veículos, entre outros, para complementar a experiência.

As dublagens estão impecáveis, tanto em inglês como em português, ao colocar carisma personalidade nos personagens. Sim, assim como Halo 3, Reach apresenta dublagem, legendas e menus todos em português do Brasil. Mas atenção, se você comprar o jogo nacional, ele terá apenas a opção de áudio nacional, sem o original. Você pode até não ser fã de dublagens em português, mas o fator importante nisso é perceber como a Microsoft/Bungie se empenhou em produzir algo, com qualidade, especialmente para o nosso país. A dublagem em português foi realizada pelo pessoal da Double Sound, do Rio de Janeiro, e como crítica construtiva, apenas diria para tomarem cuidados com dubladores com sotaques regionais muito fortes, e nas traduções de algumas frases como “estamos levando chumbo grosso!”, o que soa engraçado para um soldado do século 26.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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