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Análise | Horizon Chase Turbo é uma bela releitura dos games de corrida dos anos 90

Muito mais querido em terras tupiniquins do que lá fora, Top Gear é um marco da geração 16 bits do mundo do entretenimento eletrônico. Seu gameplay simples e funcional, visuais agradáveis, trilha sonora absolutamente deliciosa e um fator multiplayer local divertidíssimo fizeram dele um dos jogos mais apreciados dos anos 90, ajudando a definir uma geração inteira de gamers brasileiros.

Anos mais tarde, em 2015, a desenvolvedora gaúcha Aquiris Game Studios lança para mobiles o jogo de corrida Horizon Chase. A proposta do game é ser uma releitura dos games de corrida arcade dos anos 90, tendo como Top Gear sua fonte de inspiração mais óbvia.

Tal inspiração fica clara não somente na estrutura do jogo em si, mas também na contratação do responsável pela trilha sonora do projeto, ninguém menos do que o próprio Barry Leitch.

Para quem não o conhece por nome, Barry é o compositor da trilha sonora do Top Gear original. Seu envolvimento no projeto trouxe não somente uma trilha que evoca tudo o que de melhor Top Gear possui, mas também a própria trilha de Top Gear em uma nova roupagem (remixada).

Horizon Chase foi um sucesso absoluto em ambiente mobile basicamente pelos mesmos motivos com os quais nós nos apaixonamos por Top Gear nos anos 90: Um gameplay simples e funcional, visuais agradáveis e trilha sonora absolutamente deliciosa.

Infelizmente um multiplayer local como o de Top Gear não existe em Horizon Chase, afinal de contas não seria possível fazê-lo em um game para celulares, tablets e afins.

Para cobrir esse gap, entre outras melhorias, felizmente agora temos Horizon Chase Turbo, versão turbinada do game original, para PlayStation 4, Switch, Xbox e PCs.

A proposta de Horizon Chase era aparentemente simples: proporcionar a experiência de um jogo dos anos 90 sem parecer datado. Pode parecer fácil, mas exemplos de jogos que tentaram realizar algo similar e fracassaram miseravelmente na execução não são poucos.

A versão de mobile conseguiu equilibrar esses conceitos de maneira primorosa e a atual versão “Turbo” mantém tudo o que funcionou no original e expande a experiência.

Os acertos começam nos menus do jogo. São simples, belos e direto ao ponto, basicamente como o todo o game. Com duas ou três seleções o jogador já está se divertindo em sua primeira corrida.

Os três modos de jogo são mais do que suficientes dada a proposta geral de Horizon Chase Turbo.

De início somente o modo Volta ao Mundo está disponível para seleção. Aqui é possível correr livremente por corridas situadas em várias localidades ao redor do mundo, desde que devidamente liberadas. Para liberar mais localidades, basta ir correndo e juntando a pontuação necessária para tal.

Para acumular pontuação é necessário além de conseguir uma boa colocação, coletar as Fichas de pontuação ao longo da corrida. Ou seja, é necessário ao longo das corridas ficar focado em onde as Fichas estão para a cada volta, coletá-las. Isso cria uma dinâmica interessante em cada evento disponível.

Ao longo do prosseguimento no jogo são liberados os outros dois modos de jogo. São eles o modo Torneios e o modo Resistência.

Nos torneios é necessário passar por uma série de corridas, sem a chance de reiniciá-las livremente. Ao final de cada corrida a posição alcançada soma pontos que são acumulados ao longo das corridas. Enfim, é o básico modo de torneio que todo mundo só de ler o nome sabe do que se trata.

No modo Resistência são apresentados desafios que consistem em correr em uma quantidade específica de corridas sequencialmente. Em cada corrida é necessário alcançar uma posição mínima, caso não a alcance é necessário recomeçar todo o desafio.

Em todos esses modos de jogo é necessário ficar de olho em seu combustível e coletar ao longo da corrida o item que recupera um pouco do mesmo, bem como administrar bem os nitros. Os nitros são contados por corrida, funcionam exatamente como em Top Gear e também podem ser ganhos caso se colete ao longo da corrida o raro item adequado.

O ponto mais interessante e divertido é a possibilidade de se jogar, em todos os modos de jogo presentes em Horizon Chase, em até quatro pessoas simultaneamente em um multiplayer local com tela dividida.

É inegável o quanto é mais divertido e prazeroso jogar localmente com vários amigos, algo que infelizmente se torna cada vez mais difícil dada a falta de suporte a esse tipo de gameplay dos jogos atuais.

Infelizmente não há suporte para multiplayer online, o que pode ser algo compreensível dada a proposta old-school do jogo, mas que é uma falta que não pode ser ignorada.

Por mais que a proposta do jogo seja juntar a galera para jogar, o mínimo que se esperaria de um jogo desses seria um básico multiplayer online. Não precisaria termos 20 pessoas, quantidade máxima de carros por corrida no game, correndo ao mesmo tempo. Se fossem somente quatro pessoas simultâneas jogando online e se divertindo juntos já estaria ótimo.

Inicialmente as corridas possuem um nível de dificuldade baixo, o que serve para o jogador se habituar ao gameplay e mecânicas básicas de jogo. Entretanto, gradativamente a dificuldade começa a se acentuar e fica bem mais complexo não somente ganhar, mas também coletar todas as Fichas.

Cada automóvel, todos baseados em carros reais, possuem suas próprias características como velocidade final, aceleração, controle, gasto de combustível, entre outros. É necessário encontrar qual o melhor tipo de carro se adequa a você e às necessidades técnicas da pista para se dar bem.

É possível dar upgrades nos carros ao longo do Volta ao Mundo. Ganhando corridas específicas é possível selecionar um dos três tipos de upgrades à disposição, que melhoram características diferentes dos automóveis. Essa escolha afeta todos os carros simultaneamente.

Se jogado com amigos isso cria uma dinâmica interessante de competição, pois mesmo que todos estejam correndo juntos no Volta ao Mundo, quem escolhe qual o tipo de upgrade aplicar é o vencedor da corrida que permite realiza-los. Ou seja, nesse momento, não tem amizade que ganhe do bom e velho “sangue no zóio”!

Os visuais de Horizon Chase Turbo seguem os preceitos de design da versão original, se utilizando da técnica “Low Polygon” para a composição geral. Isso cria gráficos tridimensionais propositalmente simplórios, mas que graças a uma direção de arte apurada jamais se tornam datados.

As cores vivas e contrastantes entre si (e com os carros) na composição de cada uma das pistas fazem o visual do game agradável e belo. Opções mais artísticas sobrepujando limitações técnicas sempre me saltam aos olhos e não foi diferente para com Horizon Chase Turbo.

Dada a simplicidade do jogo em questões técnicas, sua performance é irretocável. O jogo roda em Full-HD no Playstation 4 e em 4K nativo no PC e PlayStation 4 Pro, a uma taxa cravada de 60 fps em qualquer uma das plataformas.

Destaque para corridas em que existem variação de clima ou de tempo e os que possuem diferentes tipos de terreno. Aliás, o clima e o terreno influenciam diretamente na aderência e dirigibilidade dos carros. Mesmo que esse seja um game arcade de corrida, tais aspectos devem ser considerados pelo jogador caso ele não queira capotar bonito e perder feio uma corrida.

Os cenários que ficam ao fundo da tela em cada corrida são variados e belos. Isso já era algo esperado, afinal de contas o horizonte de cada uma das corridas basicamente justifica o nome do jogo em si.

Na versão Turbo de Horizon Chase, se contarmos as diferentes localidades e versões de caminhos disponíveis, obtemos um substancial número de mais de 100 pistas disponíveis para as corridas.

Como já dito ao início do texto, a trilha sonora ficou a cargo de Barry Leitch, que trouxe para as músicas do jogo o toque certo entre modernidade e nostalgia. É impossível ouvir as músicas de Horizon Chase Turbo sem se sentir nos anos 90, jogando seu jogo favorito de corrida.

Todas as novas composições são ótimas, bem como os remixes das músicas de Top Gear aqui presentes são pertinentes e simbióticas para com as novas músicas. Um verdadeiro trabalho de mestre.

Quanto aos efeitos sonoros gerais do game, tudo é adequado e muito bem definido. Sons dos motores, da ativação do nitro, colisões e afins absolutamente identificáveis e pertinentes ao que se propõem a representar.

Fechando o pacote, é possível acessar um ranking global dos melhores tempos em cada uma das corridas, assim como restringir essa exibição a apenas seus amigos e ativar o modo fantasma, que é o mais próximo que temos de um multiplayer online.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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