Análises

New Super Mario Bros. Wii

Caos e muita diversão neste game

Depois de colocar o seu encanador bigodudo voando entre galáxias, correndo em karts e competindo nas olimpíadas, a Nintendo resolveu que este game da sua mascote o levaria de volta às suas origens.

“New Super Mario Bros. Wii” (NSMBW) é o game mais hypado da plataforma, que aproveitou o visual e mecânica do “New Super Mario Bros” do Nintendo DS, que por sua vez foi baseado no clássico “Super Mario Bros” de 1985 para o Nes.

Se você é muito novo para lembrar o que aconteceu em 1985, não se preocupe que nós lhe contaremos. SMB é simplesmente um marco na história do videogame, que revolucionou o mercado apresentando um game de plataforma side-scrolling. A tela “rolava”, revelando um grande mapa, com elementos de exploração e inúmeros segredos que se escondiam em blocos ou passagens secretas dentro dos famosos canos.

A variedade de cenários era gigantesca se comparada aos velhos jogos de Atari e similares, com mapas que tinham passagens para fases nos céus, em oceanos em ambientes subterrâneos, com uma grande variedade de inimigos e chefes no final de cada fase.

SMB foi uma revolução no mercado que garantiu o nome de Shigeru Miyamoto no hall da fama dos game designers e até pouco tempo atrás o título de jogo mais vendido no mundo, com mais de 40 milhões de cópias vendidas (recorde batido por Wii Sports).

A Big N resolveu apostar em um jogo 2D de Mario, o primeiro desde “Super Mario World 2” de 1995 e o primeiro a ter quatro jogadores simultaneamente. O Wii já se destacou por apresentar jogos 2D maravilhosos, como “Muramasa: The Demon Blade” (leia nossa análise aqui), mas será que depois de “Super Mario Galaxy” a Nintendo não estaria caminhando para trás? E a resposta é não! A Nintendo sabe o que faz e mais uma vez nos apresenta um game digno do nome Mario, e traz de volta toda a essência e diversão que fizeram do personagem um dos mais famosos no mundo dos games. Além do mais, “Super Mario Galaxy 2” já está garantido, então o que vier é lucro.

Se você já é um gamer veterano e joga Mario desde os tempos do Nes, certamente o fator nostalgia será de grande peso na apreciação de NSMBW. Se você é um gamer mais novo, chame a tchurma para se divertir e passar horas jogando. Continue concosco nessa viagem ao passado.

Um clássico nunca morre

A história do game é aquela mesma de sempre: a princesa Peach é raptada (é, mais uma vez!) pelo Bowser, ou Koopa se preferirem, quando comemorava seu aniversário com todos os seus amigos em seu castelo. Agora cabe a Mario, Luigi e dois Toads salvarem a princesa da “Cogumelândia“. Para alguém tão criativo como Miyamoto, podia ter apimentado mais essa trama, mas tudo bem, o game se destaca por outros aspectos.

A possibilidade de se jogar com até quatro pessoas simultaneamente é o ponto principal do jogo. Eu joguei no modo dois jogadores, imagino que “jogar de quatro” deve ser o verdadeiro caos. O que no início aparenta ser uma jogatina cooperativa com novos movimentos e ataques em conjunto, logo se transforma em competição, com um roubando itens do outro e empurrando uns aos outros para a morte certa. Isso tem as suas vantagens, como a diversão garantida, mas também as desvantagens, pois devido à correria na tela, fica difícil uma exploração mais meticulosa no cenário em busca de itens escondidos e passagens secretas, coisa básica em qualquer jogo do Mario.

Algo que me desagradou foi a seleção de personagens. Temos os tradicionais Mario e Luigi, mas os outros são dois Toads cuja única diferença é a sua cor. Apenas um Toad já estaria bom, com a possibilidade de se ter outro personagem mais interessante. Não vejo outra desculpa senão preguiça de se programar dois personagens diferentes.

Mas voltando à dinâmica do jogo, ao jogar com várias pessoas a morte será certa para todos. Acontece que, ao morrer o personagem volta numa bolha, iguais aquelas de Yoshi`s Island, que também lhe salva de outros perigos. Mas pera aí, quer dizer que ninguém nunca morre por causa dessa bolha salvadora? Não se preocupe, haverá momentos em que todos morrerão e terão que recomeçar a fase.

O modo single player também garante muita diversão, especialmente se você já jogou todos os Marios clássicos. Você certamente irá se lembrar da sua infância, passando aquelas tardes jogando “Super Mario Bros 3” ou “Super Mario World“, pois apesar de ser baseado em SMB, o jogo inclui elementos de outros jogos da franquia, como os mapas, inimigos, os fortalezas, os Koopa Kids como chefes e o bom e velho mastro com bandeirinha. A velha fórmula que fez de Mario um sucesso  também está lá: bata em blocos de interrogação para conseguir itens, pule em cima dos inimigos para derrota-los, entre nos canos, entre outros elementos clássicos de jogos de plataforma 2D.

Os gráficos podem parecer datados para alguns gamers mais radicais, com certeza não usam todo o potencial do console. Eles são em 2.5D, possuem um visual simples e agradável, bem colorido e bem feito. São gráficos dos jogos Mario em sua essência. Muitas fases, cenários e inimigos irão lembrar os jogos antigos. A trilha sonora é composta por vários temas clássicos da franquia, mas com uma cara nova e sempre divertidas e gostosas de se ouvir, combinando com os cenários em que está jogando, que variam desde os reinos dos cogumelos, sub-solos, fases aéreas, aquáticas, deserto, gelo entre outras. Os efeitos sonoros são os típicos sons já usados nos jogos anteriores e que casam perfeitamente com o estilo do jogo.

Ok, o jogo segue o estilão clássico, mas e quanto às novidades? Além do modo caótico para quatro jogadores já citado, temos power-ups novos como a roupa de pinguim que permite congelar os inimigos e usar como plataforma para alcançar novos níveis e  também deslizar pelo gelo. Temos também um Mario-Helicóptero, que sinceramente é meio esquisito e não funciona tão bem quanto a capinha ou a roupa de guaxinim de “Super Mario World”, mas pelo menos tem um ar de novidade. Pra você dar uma voadinha  bem mequetrefe com essa roupa é necessário chacoalhar o wiimote que nem louco. Os já tradicionais cogumelo para virar Super Mario, a flor de fogo e a estrela de invencibilidade estão lá, assim como o novo cogumelo azul, que diminui o tamanho de Mario para entrar em locais específicos. Temos também uma flor de gelo, que permite congelar inimigos, ou seja, faz a mesma coisa que a roupa de pinguim. Pelo jeito faltou criatividade de bolar alguma coisa diferente.

Temos também o Super Guide, um tipo de sistema de ajuda se você empacar em alguma fase. Se você morrer oito vezes (sim, tudo isso) em algum cenário, irá aparecer a opção de se usar o Super Guide. Um video de Luigi irá aparecer e mostrar o caminho para se passar o estágio. Ele só está disponível no modo single player e não vai revelar passagens secretas nem caminhos alternativos, fará apenas o básico para que o jogador possa fazer sozinho depois – esse sistema na época do Nes seria apreciado por muitos jogadores. Caso queira, o jogador pode desligá-lo a qualquer momento e prosseguir na raça.

A dificuldade do jogo, como você pode estar imaginando, está acima da média. Já no 1º Mundo você vai encontrar alguns desafios, principalmente se não está acostumado com jogos de plataforma 2D. E a medida que for avançando, a dificuldade vai aumentando. São no total oito mundos divididos em vários cenários. O design dos cenários é um show a parte, Miyamoto dá uma aula de como se criar fases criativas e desafiadoras, com elementos dos jogos antigos, mas sem ser repetitivo e ainda assim com cara de novidade. Até você jogar todas as fases, encontrar todos os segredos, passagens secretas, será uma jornada de longos dias, talvez meses. E mesmo depois que completar 100%, você vai acabar jogando de novo, de novo, e de novo…

Mas nem tudo são flores em NSMBW. Ponto negativo para a nova forma de movimentação de Mario, diferente dos outros jogos da série. É como se o personagem estivesse andando no gelo, é duro e pesado, e isso as vezes pode irritar um pouco. O modo multiplayer, apesar de divertido, revela ser quase impraticável em fases mais avançadas, devido à dificuldade. Se você quer uma experiência mais séria, em busca de itens, passagens secretas e uma exploração melhor do jogo, é melhor ficar no modo single player. Para os fãs do dinossauro, Yoshi está de volta, mas em uma participação bem tímida, quase nem aparecendo no game. Alguns movimentos especiais são feitos através dos sensores do Wii Remote, mas eles são tão sensíveis que as vezes acabam mais atrapalhando do que ajudando, mas em algumas fases ele é muito bem utilizado, como acender as luzes em fases mais escuras.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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