Análises

Ninja Gaiden II

O Espírito Ninja

Desde que a nova geração de Ninja Gaiden foi lançada para Xbox em 2004, nascia lá uma pérola dos videogames, uma obra de arte nipônica que marcou uma geração de gamers e fez nascer novos amantes dos videogames e fãs do Xbox, afinal, o jogo era exclusivo para o console. Pintou uma sensação de traição quando foi lançado “Ninja Gaiden Sigma” para o PS3, lá se foi a exclusividade de um jogo perfeito, mas foi então que surgiu “Ninja Gaiden II“, para acalmar os fãs. E Itagaki cumpriu a promessa: É outra pérola no mundo dos games.

Bom, eu comecei o texto falando da geração mais nova de gamers. Mas se você leitor, é um gamer mais veterano, lá dos tempos do Nintendinho 8 Bits (assim como eu – eita época boaaaa), ver um jogo como Ninja Gaiden que fazia sucesso já nos final dos anos 80 e começo dos 90, rodando em um Xbox, com algumas características que o fizeram famoso já na época do nintendinho, é uma sensação de nostalgia total muito bacana!

Esses gamers da geração 8 Bits eu tenho certeza, eles veem um game como o de Ninja Gaiden com olhos diferentes da geração mais nova, com um sentimento mais sensível, com uma paixão mais forte e com certeza, com uma saudade de uma época muito boa que não volta mais.

E é em homenagem a esses gamers mais veteranos (e que os mais novos podem apreciar agora) que eu faço essa retrospectiva com mini-reviews da saga de Ninja Gaiden nos videogames. Mas não se preocupem, a análise de “Ninja Gaiden II” segue completa logo em seguida.

Ninja Gaiden

Em 1988 nascia o arcade de Ninja Gaiden, em que você controlava um ninja com roupas azuis chamado Ryu nas ruas dos EUA, combatendo um culto maligno. Neste mesmo ano o game foi lançado para o Nes 8 Bits, que tinha um estilo bem diferente do arcade. Aqui o ninja Ryu Hayabusa encontra uma carta do seu pai que está desaparecido, para ir até a América e encontrar um certo arqueologista, amigo de seu pai, que sabe a localização de duas estátuas sagradas que juntas têm o poder de destruir o mundo. Já aqui nascia as características que marcariam presença no revival no Xbox. O jogo era extremamente difícil, especialmente a última fase em que você tinha que derrotar três chefes. Se morresse, voltava toda a fase desde o início e lá ia o sofrimento tudo de novo. As famosas cutscenes, aquela historinha bacana de uma fase para outra, também nasceu nos 8 Bits, assim como algumas armas e técnicas mágicas ninjas.

Ninja Gaiden II: The Dark Sword of Chaos

Em 1990 saía sua sequência, “Ninja Gaiden II: The Dark Sword of Chaos”. Após um ano da luta do jogo anterior, um novo vilão surge, o feiticeiro Ashtar. Ryu deve salvar uma ex-agente da CIA (e também sua namorada) Irene Lew, que foi raptada por Ashtar e destruir a Dark Sword, uma espada de grande poder que foi forjada dos ossos de um demônio poderoso (o chefe do primeiro game). Após uma batalha épica, descobre-se que o chefe do primeiro game, Jaquio, havia renascido e era o verdadeiro vilão que comandava tudo. O jogo segue a mesma dinâmica do primeiro, com algumas novidades como escalar paredes, de se criar clones de Ryu que lutam ao seu lado e apresenta uma grande quantidade de sangue e violência (lembrando que na época a censura era mais intensa que hoje em dia, especialmente por parte da Nintendo).

Ninja Gaiden III: The Ancient Ship of Doom

Lançado em 1991, “Ninja Gaiden III” encerrava a jornada do ninja Ryu no Nintendo 8 Bits. Sua namorada, Irene, foi assassinada e Ryu é o acusado. Agora além de limpar o nome, ele corre atrás de vingança. Durante sua busca ele descobre que estão fazendo experiências usando energias paranormais, de uma fenda dimensional que se abriu no local da última batalha do jogo anterior. Estão usando essas energias para criar mutantes superpoderosos, e um desses foi uma versão maligna de Ryu, que foi quem matou Irene. Com a mesma jogabilidade dos jogos anteriores, NG III apresenta algumas novidades, como se pendurar pelo teto e a adição de novas magias.

Estes foram os três principais jogos do começo da saga de Ninja Gaiden. Outros consoles ganharam versões, mas nenhuma tão famosa quanto as originais do Nes. Uma versão do primeiro Ninja Gaiden chegou a sair para o Sega Master System (foto acima), produzido pela própria Sega sob licença da Tecmo. Apesar de não muito conhecido, ele chega a ser melhor do que o original, já que o SMS apresentava capacidades técnicas superiores ao Nes. Outra versão muito boa e pouco conhecida é a versão para o console PC-Engine, que foi lançada apenas no Japão. A última empreitada do ninja Ryu nos videogames até então foi na coletânea “Ninja Gaiden Trilogy“, lançada em 1995 para o Super Nintendo, que apresentava todos os três jogos. Algumas melhorias foram feitas, mas ficou bem abaixo da qualidade que se esperava (a versão de Ninja Gaiden III chegava a ser inferior a do Nes) e acabou sendo um fracasso total.

Após quase longos 10 anos na gaveta, Ninja Gaiden teve um retorno triunfal em 2004, desta vez no console Xbox. Foram 5 anos de produção até que o game fosse lançado e estava previsto inicialmente para o Dreamcast, isso até a Sega abandonar o console em 2001 e projeto migrar para a Microsoft. O jogo foi lançado e foi aclamado pela crítica como “melhor jogo dos últimos tempos”, sendo que na época jogo nenhum se aproximava da qualidade de Ninja Gaiden. Pouco tempo depois foi lançada uma versão melhorada, chamada “Ninja Gaiden Black”, também muito bem recebida pela crítica e pelos fãs. E por último, o remake do remake, Ninja Gaiden Sigma sairia para Playstation 3, firmando assim definitivamente o ninja Ryu na nova geração de videogames, com um sucesso estrondoso.

Depois desse breve flashback, que eu espero tenham gostado, mostrando as raízes que duram até hoje nos novos jogos, como a dificuldade elevadíssima, a violência e o clima sombrio, fiquem agora com a análise de Ninja Gaiden II, para X360.

Uma Chuva de Sangue

Se o primeiro Ninja Gaiden levou as capacidades do Xbox ao extremo, sua sequência pode não fazer o mesmo e não ser tão impactante, mas mantém todas as características que fizeram do seu precursor um sucesso. Ele não vai redefinir a maneira como você olha os jogos de ação (como fez o primeiro), mas com certeza fará você dar pulos de alegria ao jogar essa belezinha… ou quebrar o controle de raiva.

NGII tem o mesmo subtítulo da versão para o Nes, “The Dark Sword of Chaos”, mas não se trata de uma conversão. A história é o seguinte: após seis meses do término do primeiro game, aparece uma Tóquio noturna, iluminada por néons e enfeitada por árvores de cerejeira, quando uma avantajada agente da CIA (a nova gostosa da série), chamada Sonia vai até o Japão a procura de Ryu Hayabusa para avisá-lo que o clã Black Spider Ninja quer ressuscitar o Archdemônio. Sonia é raptada e Ryu aparece para salvar a donzela em perigo, que o informa que seu vilarejo está sob ataque dos Black Spider.

Ryu retorna à sua vila e encontra seu pai, Joe Hayabusa, duelando com Genshin o chefe do clã. A Estátua do Demônio, um artefato que estava sob proteção no Templo do Dragão, é roubada pela bela e maléfica Elizabeth, que deseja usar o artefato para despertar o coisa ruim do Archdemônio. O selo é quebrado e um portal se abre, liberando uma horda de demônios sobre o mundo. Agora o ninja Ryu deve ir atrás de Elizabeth, com a ajuda da misteriosa Sonia (ela guarda um segredo que ninguém imagina), em vários cantos do mundo, enfrentando legiões de ninjas demoníacos, demônios e outros inimigos (humanos e sobrenaturais) que irão aparecer, também interessados na estátua e no seu grande poder.

Uma história bacaninha, mas longe de algo mais profundo, criativo ou cheio de reviravoltas, mas pelo menos mais elaborada que do primeiro, que praticamente não tinha história. Mas uma coisa é importante, não se preocupe se você nunca jogou o primeiro Ninja Gaiden (ou até qualquer outro), você não irá se perder no meio da trama.

Você começa sua aventura apenas com sua espada e um número limitado de shurikens, isso até você conseguir expandir seu arsenal para outros tipos diferentes de armas (que podem ganhar um upgrade, ficando mais fortes e com mais combos), armas de longa distância e magias devastadoras (que também possuem upgrades, ficando mais poderosas). Temos armas novas, outras foram removidas e outras estão de volta, mas todas têm um propósito: matar e arrancar sangue!

E falando em sangue você vai literalmente levar um banho de sangue no jogo. Serão cabeças, braços e pernas voando pela tela, ao melhor estilo Kill Bill. E o mais legal é que os pedaços dos corpos que você matou, continuam lá pelo chão, mesmo que você saia e volte depois, assim como sangue, muito sangue espalhado. Cada arma possui sua série de golpes e combos, cabendo a você decidir qual a melhor se adapta ao seu estilo, as armas mais leves e ágeis ou as mais lentas e devastadoras. A variedade de golpes é imensa e dominar todas as técnicas ninjas pode levar algum tempo e paciência, mas com certeza valerá a pena.

As batalhas são extremamente rápidas e fluídas, sem grandes complicações, que podem fazer picadinho do seu inimigo, literalmente. A ação é muito dinâmica, sequência de golpes, ataques, contra-ataques e uma novidade sangrenta bem legal, as finalizações. Quando o inimigo já estiver batendo as botas, chegue perto e dê o golpe final e uma execução estilosa acontecerá. Algo que vale a pena salientar é que um inimigo com a parte do corpo decepada, pode ser mais perigoso do que um com o corpo intacto. Eles ficam mais ferozes e atacam alucinadamente, inclusive em ataques suicidas na tentativa de leva-lo junto.

Graficamente houve uma grande melhora do primeiro jogo para este, porém “Ninja Gaiden II” não apresenta nada de extraordinário, apenas seguindo o padrão visual dos bons jogos lançados hoje em dia. Cenários belíssimos, incrivelmente amplos e cheios de detalhes. Ryu parece muito melhor na telinha, com mais detalhes e melhor definido, seus movimentos são impressionantes (principalmente em suas sangrentas finalizações), assim como a maioria dos outros personagens, inimigos e vilões, que também impressionam e estão muito bem caracterizados.

Há um primor nas cutscenes (que quase não existiam no jogo anterior), que narram a história de maneira cativante e bem dirigida, um espetáculo à parte que valem a pena serem assistidas. Muitas cenas durante o jogo, como as cenas de finalizações e as lutas contra os chefes têm esse trabalho visual cuidadoso, que revelam até uma certa delicadeza e elegância.

Mas nem tudo são flores de cerejeira. Alguns cenários são bem feitos, como a bela Tóquio no início do jogo ou as sombrias últimas fases, mas por outro lado fases como a de Nova York ou as das cavernas deixaram muito a desejar, com construções simples e texturas mal elaboradas. Alguns bugs, como o sangue jorrando em paredes invisíveis e slowndows em alguns momentos são imperdoáveis, mas que estão presentes.

dificuldade insana está de volta, mas o Team Ninja deu uma aliviada desta vez, tornando a jornada de Ryu um pouco mais fácil. Quando você morrer em um dos fortíssimos chefões (e vai por mim, você vai morrer bastante), você recomeça alguns momentos antes, sem ter que sofrer toda a fase novamente, como era no jogo anterior. Há muitos pontos estratégicos para salvar o seu progresso, assim, quando você for mutilado a frustração de ter perdido um grande caminho percorrido será menor. Há um sistema de recuperação parcial da barra de energia e carregamento automático nos save-points.

Os caminhos e quebra-cabeças são bem simples e intuitivos, e dificilmente você ficará preso ou perdido em algum labirinto sem saber o que fazer. Falando nos chefões novamente, esses sim são osso duro de roer, pois são todos incrivelmente fortes e impiedosos, que necessitam de táticas especiais para serem derrotados (e até você descobrir já foram muitas vidas). Essas batalhas também impressionam pelo aspecto visual, com os personagens muito bem feitos, detalhados e animados e pelo planejamento cinematográfico das cenas. O jogo tem quatro modos de dificuldade (dois deles para serem destravados), mas mesmo no nível mais fácil vai dar trabalho.

Outro ponto negativo é o uso da câmera, que já não era muito boa no jogo anterior e que volta sem grandes melhorias. Isso acontece porque, ao invés de situar o jogador com o cenário e inimigos a sua volta, a câmera parece mais interessada em mostrar as acrobacias e movimentos de Ryu. Isso adicionado com um AI elevadíssimo dos adversários, que chegam a imitar os seus movimentos e golpes, que não param de atacar mesmo mutilados, que te perseguem quando você tenta fugir, que bloqueiam seus ataques e contra-atacam, pode não ter um final muito feliz.

A trilha sonora é quase sempre eletrônica, misturada com melodias tradicionais japonesas ou o bom e velho rock, mas ela casa bem com a ação rolando na telinha, não incomodando os nossos ouvidos. Espere ouvir músicas mais agitadas nos cenários de ação e tensão, e músicas mais lentas nos de exploração. A dublagem está bem feita, mesmo a americana conta com uma boa interpretação, mas se você preferir tem a opção para a dublagem japonesa.

assista a introdução de NG2

Where Have All the Bodies Gone? They still there!

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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