Análises

No More Heroes 2: Desperate Struggle

Travis Touchdown, o anti-herói otaku e amante de luta-livre mais famoso do Nintendo Wii está de volta em mais uma aventura nonsense cheia de violência gratuita, enxurrada de baboseiras e inúmeras referências sexuais. É “No More Heroes 2: Desperate Struggle“.

O criador do jogo, “Suda 51“, conhecido por aí como o Quentin Tarantino dos videogames, já disse em entrevistas que esse será o último jogo da franquia a aparecer no Wii. “Para expandir NMH para novas possibilidades, nós precisamos de uma nova plataforma. O Wii é um ótimo console, mas já fizemos tudo o que pudemos nele“, disse o designer.

Então meus caros jogadores de Wii, aproveitem bem este título de despedida. Os chamados jogos hardcore, com temáticas mais adultas e violentas, não são tão comuns no Wii como nos concorrentes, por isso NMH2 é uma ótima opção para aqueles que estão cansados dos jogos do bigodudo da Nintendo e que estão com sede de sangue e violência.

O NMH original foi um título que dividiu opiniões, agradando a uns e a outros não. Sua sequencia está mais bem trabalhada em vários aspectos, apesar de ainda falhar em alguns pontos. As batalhas continuam sendo o enfoque do game, agora com alguma novidades, e o bom senso de humor está de volta mais afiado do que nunca. Com um estilo muito próprio, está cheio de referências cinematográficas, da cultura pop japonesa e ocidental, e de outros jogos que os mais atentos irão gostar de perceber.

Em busca de vingança e muito sangue

A história mostra o nosso herói, Travis Touchdown, que ficou fora por três anos e assim perdeu o seu posto na lista de assassinos, que ganhou no jogo anterior. A cidade Santa Destroy também está bem diferente, agora controlada pela corporação Pizza Butt (rebatizada de Pizza Batt em NMH2).

Você irá conhecer Skelter Helter, que veio em busca de vingança pela morte de seu irmão, Helter Skelter. Ele está no ranking 51 da lista de assassinos e seu visual lembra muito o Cloud Strife de “Final Fantasy VII”. Agora, com a ajuda da sua sexy agente Sylvia (que teve um visual baseado na atriz Scarlett Johansson) além de lutar para voltar a ser o assassino número um,  lugar ocupado pelo misterioso Pizza Batt Jr, Travis também está lutando para vingar a morte de um de seus amigos.

Assim como no jogo anterior, você deve enfrentar todos os assassinos e os seus capangas que estão acima de você na lista. Mas não se preocupe, não significa que você terá que enfrentar 50 inimigos, pois além de você há outros querendo subir de posto, então alguns já estarão eliminados. Como o jogo é centrado na ação, você tem a disposição uma quantidade de ataques bem variada. Você pode usar a sua katana “sabre laser” a pilhas em ataques altos e baixos, conforme o comportamento de seu adversário, além de poder usar murros e chutes para abrir a guarda ou atordoar inimigos e ainda executar combos extravagantes.

Quando atordoados, você pode ainda aplicar alguns golpes de luta livre para acabar com o inimigo em grande estilo. Você ainda pode bloquear ou esquivar dos golpes e aplicar alguns golpes especiais, como se transformar em um tigre e dilacerar seus inimigos, em um sistema que no geral irá agradar aos jogadores durante os combates. Além disso há uma interação em que você pode usar o sensor de movimentos do Wii Remote para executar certos tipos de ataques com a sua katana laser e os golpes de luta livre, o que aumenta bastante a diversão de jogá-lo.

Os diferentes personagens que fazem parte do ranking de assassinos são um destaque a parte. Todos eles têm o seu apelo, seja pelo o seu visual, pelos os seus ataques ou pelas conversas que mantêm com Travis, e enquanto você joga certamente será surpreendido, pois pode se esperar de tudo, inclusive uma batalha de mechas na cidade ao estilo de Power Rangers. E falando em personagens, velhos conhecidos do primeiro game  irão reaparecer, assim como novos assassinos prontos para te retalhar. E se estiverem cansados de jogar com Travis, há certos trechos no jogo que você poderá controlar a sexy  e ágil Shinobu ou ainda com o Sir Henry Motherfucker, ambos figuras bem conhecidas para quem jogou o título anterior.

Mas não é só ação e batalhas que o título nos oferece. Dentro do seu quarto é possível fazer várias coisas, como brincar com o seu gato gordo, trocar de roupa, folhear revistas da sua coleção e ganhar novos golpes e jogar um videogame pela televisão da sala e destravar videos especiais (de um jogo chamado BJ5, com um quinteto de garotas sensuais). Após cada vitória em suas lutas você pode arranjar uns trampos para ganhar uma grana e assim poder comprar vários extras para o game. Nesses trabalhos, Travis tem que executar tarefas diversas, como limpar casas da insetos, cortar grama, bancar o encanador, trabalhar em posto de gasolina e assim por diante.

Os trabalhos, sempre mal pagos, são na forma de mini-jogos old-school em estilo 2D que certamente irá agradar aos saudosistas da era 8 bits. Estes mini-jogos entre as missões principais, entretanto não são de realização obrigatória como no original, você pode simplesmente jogar as missões principais. Mas os mini-games são muito bacanas e através deles você pode conseguir novas armas (agora você pode usar quatro tipo de sabres laser, inclusive um duplo no melhor estilo Darth Maul, cada um com suas próprias características), roupas e outras coisas. Você também pode parar na academia e malhar um pouco, através de outros mini-jogos, e aumentar os seus atributos.

Uma das críticas do jogo anterior era o seu sistema de mapa aberto, desta vez temos um sistema mais prático, que facilmente permite Travis acessar os lugares que precisa ir, como os trabalhos, shops, academia, pontos chaves da história, etc.

Graficamente o game recebeu uma atualizada, se comparado com o anterior, mas nada que vai impressionar. O grande destaque mesmo é na direção artística, principalmente no design de todos os personagens que aparecem durante o game, com um visual estilizado cell-shading cheios de vida. Os cenários e ambientes também ganharam um reforço visual, ficando mais detalhados e mais consistentes, com um bom uso de cores e iluminação. Há bastante sangue jorrando na tela e você pode decapitar ou retalhar seus inimigos em finalizações sangrentas. Há várias cutscenes durante o jogo, muitas delas com um ótimo senso de humor que fará você assistir sem problema algum.

Junto com o visual estilizado único, temos um show de dublagens, com uma competente e experiente equipe de dubladores, que já trabalharam em outros games como a série Metal Gear Solid (alguns talvez até reconheçam a voz do Coronel Cambpell).  Os diálogos são hilários, com frases de efeito, palavrões e um bom senso de humor, como quando Travis diz para Skelter Helter: “quando você vir o seu irmão no inferno, diga que ele continua sendo um c****“. A trilha sonora é assinada por Masafumi Takada, o mesmo do jogo anterior e possui músicas brilhantes, que complementam o jogo de forma perfeita e que são agradáveis de se ouvir.

O jogo possui alguns problemas, apesar de estar com gráficos mais trabalhados, os cenários são relativamente simples. Os assassinos que você vai enfrentar são todos muitos interessantes, mas todo o resto dos inimigos e capangas são bem genéricos e parecidos, e depois de um tempo a ação acaba ficando repetitiva, especialmente nas últimas fases. O jogo sofre alguns slowdowns, problemas ocasionais no funcionamento da câmera e algumas texturas mal feitas, mas que no contexto geral não vão atrapalhar a sua diversão.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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