Análises

Pit Fighter

Para você, fã de games de briga de rua, e que acha que o ápice desse gênero é Def Jam: Fight for New York (é o que a maioria pensa, e isso é um fato), permita-me apresentar o game que PARTICULARMENTE acho que é o antecessor espiritual de Def Jam, dadas tantas idéias similares entre ambos. Apresento-lhes Pit Fighter.

Lançado no início da década de 90 para Arcades, com versões posteriores para Mega Drive, Super Nintendo, Spectrum, Commdore 64, Game Boy e Master System, Pit Fighter surgiu como um game diferenciado para sua época, esbanjando estilo visual e se tornando um dos primeiros games da década de 90 a ser taxado de “ame ou odeie”.

Lançado em uma época em que games de luta não eram tão populares, popularização essa que somente viria com Street Fighter 2, surge Pit Fighter. A primeira coisa que de cara chamava a atenção era a possibilidade de, em um game de luta, se jogar com mais dois amigos simultaneamente no Arcade. Isso era algo comum em games Bean´t Up, mas nada convencional em um game de luta.

Ao contrário das dezenas de personagens que todo gamer atualmente exige em um game de luta, em Pit Fighter temos a escolha três personagens, seguindo o velho padrão de seleção de personagens de um Beat´n Up: Um personagem lento e muito forte; Um personagem rápido e muito fraco fisicamente; E um personagem que equilibrava melhor esses dois atributos. Padrão esse que em Beat´n ups foi e é usado exaustivamente: Final Fight, Streets of Rage, Fighting Force, etc.

Buzz é o personagem mais forte do game, no entanto é também o mais lento. Seus movimentos de luta se baseiam em poderosos throw moves. Seu estilo de luta é Luta Livre. Ao ser selecionado, Buzz tinha a animação mais inventiva dos três, “quebrando” o quadro de seleção em que se encontra.

Ty é o personagem equilibrado do game. Seus movimentos de luta se baseiam em chutes e voadoras. Seu estilo de luta é o Kickboxing. Quando selecionado, Ty chuta frontalmente a tela e seu pé sai do quadro de seleção. Um efeito interessante também.

Kato é o personagem mais ágil do game, no entanto é também o mais fraco. Seus movimentos de luta se baseiam mais em combos rápidos com as mãos. Seu estilo de luta é classificado no game como “Faixa Preta” (?!). Quando selecionado, sua animação é similar a de Ty, mas seu movimento para fora da tela de seleção que o contém é com as mãos.

Todos os três personagens se vestem somente com uma calça que tem relação com o seu estilo de luta próprio. Tão somente isso. Os três sem camisa. Buzz e Kato usam botas, Kato usa luvas. Não há customização, óbvio!
A única diferença é a relação “Posição de controle x Cor da calça”. O primeiro player fica com o seu personagem de calça vermelha, o segundo player azul e o terceiro player amarelo.

Antes que perguntem: Sim, o design dos personagens principais foi, e é, um dos pontos de maior controvérsia do game pelo excesso de simplicidade, ou falta de criatividade mesmo. Mesmo porque, destoa de todo o resto dos personagens.

Em Pit Fighter os jogadores escolhem entre um dos personagens acima discriminados e saem no braço contra os inimigos, estes sim, com um índice de criatividade maior de design, apesar de uns deslizes. O melhor desses inimigos com certeza é Angel. Nem sei se ela é a melhor em design entre todos, mas é, com certeza, a que mais me agrada. Não me importaria de apanhar um pouco dela e…
Enfim, deixemos meu momento sem vergonha para outra hora e voltemos ao jogo.

Todos os inimigos têm nomes que dão a ideia de que eles não são flor que se cheirem. De cara, o primeiro inimigo tem o nome de “O Executador”. Sentiu o clima nè?

Alias, visual e “clima” me levam ao grande trunfo de Pit Fighter: O Visual. Os desenvolvedores foram muito felizes nesse aspecto. Como o game trata de brigas de rua, espectadores e utensílios para espancar o adversário são mais do que bem vindos, são obrigatórios. Pit Fighter tinha ambos. Os espectadores são o mais interessante aqui. Eles ficam em volta do ring, que não é propriamente um ring, mas sim um ambiente urbano próprio para a pancadaria, gritam, torcem, vibram e interagem. Isso mesmo, interagem.

Caso o jogador, ou o inimigo, tentem se esconder, ou sejam jogados na galera, ela o empurra de volta para o ring para que a carnificina continue. Além disso, os espectadores descem o cacete no lutador. São facadas e pauladas doloridas. É possível também descer a mão em um ou outro da galera para pegar a arma que o espectador portava. Interatividade como essa em um game de meados dos anos 90. Fala sério rapaz!

No ring encontramos facas, bastões, estrelas ninjas (pelo menos parecia isso), caixas, barris e até mesmo uma moto, que podiam ser usados para ser jogados no inimigo e fazer aquele estrago. Mas cuidado, pois os inimigos podem e usam tais armas contra o jogador.

O item mais desejado por certo é o Power Up, que deixa o lutador invencível e mais forte por um determinado período de tempo. Assim como todos os outros itens, tanto você quando o inimigo podem usá-lo, e isso não é nada bom, pois normalmente se o inimigo o usa, o couro é feio malandro.
Tal item é interessante e útil, mas bem destoante do resto do game. Em uma análise fria, era bem melhor não existir.

Com relação aos lutadores em si, é ai que a grande sacada visual do jogo se encontra. Foi a primeira vez (eu acho) que a técnica de digitalização de personagens reais para dar vida a um personagem de game foi utilizada. Graças a isso, o visual dos lutadores é fantástico. No Arcade, onde os lutadores são enormes na tela, isso fica evidente. Mesmo no Mega Drive é algo belo de se ver, apesar da grande perda se comparado ao original.

Infelizmente o pioneirismo tem o seu preço (o Dreamcast quem o diga). A digitalização ficou boa, o visual é fantástico para um game tão antigo, no entanto, a movimentação dos personagens é longe de ser fluida, dando a impressão que são bonecos na tela. O game no Arcade, nesse sentido, fica até pior do que no Mega Drive, pois os personagens são muito maiores na tela e a sensação estranha da movimentação dos personagens, portanto, amplificada.

A jogabilidade de Pit Fighter também foge ao padrão dos games de luta, assimilando-se muito mais a um game Beat´n Up. São três botões básicos: Um para soco, um para chute e um para pulo. A movimentação é livre: Para cima e para baixo, para esquerda e direita. A mesclagem desses comandos produzia golpes diferentes mas sempre seguindo um mesmo padrão: jogar o inimigo erguendo-o sobre sua cabeça e o jogando depois, uma voadora e o golpe especial de cada um, que consistia em um movimento mais forte, seguindo a especialidade de cada um. Buzz realiza um Throw poderoso, Ty um golpe voador chutando duas vezes o inimigo e Kato um combo rápido com socos.

Com relação ao especial, sempre depois de acertá-lo no inimigo com sucesso, Buzz, Ty e Kato realizam uma pose que os deixam momentaneamente parados, o que rende bons sopapos na cara quando lutamos contra mais de um inimigo ao mesmo tempo. A jogabilidade de Pit Fighter é o principal motivo para que o game entre na lista dos games “ame ou odeie”. Para muita gente, a jogabilidade simples é o grande charme de Pit Fighter, no entanto, para outros, a jogabilidade é desleixada e mata o jogo inteiro. Nesse caso a escolha é muito particular, eu gostei.

De duas em duas lutas temos uma batalha bônus. Uma luta contra um clone nosso com outra cor de roupa. Nessa luta quem cair três vezes primeiro perde. Caso esteja jogando com um ou dois amigos, a luta é entre vocês e o último e ficar de pé é o vencedor. Meio fora de contexto essa luta.

A pontuação aqui é representada por dinheiro, afinal, o que mais um lutador de rua quer?
São as verdinhas mesmo rapaz!

As músicas de Pit Fighter não são nada demais, servindo tão somente para dar o clima da pancadaria. Entretanto, quem for Old School como quem aqui vos fala, não deixará de ter aquela ponta de nostalgia ao jogar a primeira luta e ouvir aquela musiquinha novamente.

Pit Fighter, para a época, foi um game relativamente violento, com muito sangue e crueldade durante as lutas. Lembrando sempre que este é um game pré-Mortal Kombat e que violência explícita em um game começou somente de lá para cá.

Dentre as versões caseiras que Pit Fighter ganhou, a melhor em disparado foi a de Mega Drive, apresentando som, jogabilidade e visual muito superiores às outras conversões. Falando nessa versão, aqui no Brasil foi por ela, lançada em 1991, que muita gente conheceu o jogo.

Enfim, é isso. Vou ficando por aqui. Deixo aberto o fórum para eventuais discussões sobre o game e sobre a nota que darei ao game, pois sou um dos grandes fãns desse saudoso representante das pancadas virtuais. Para os fãns de Def Jam fica aqui a dica: Experimentem Pit Fighter, pois é o único game que tem o mesmo espírito que o já mencionado game das atuais gerações de pancadaria de rua.

PS: Se conseguirem derrotar a todos, vocês ganham no fim do game uma chuva de dinheiro e duas gatas. Pena que ambos os prêmios ficam só do lado de lá da tela.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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