Análises

Puppeteer

Puppeteer” é o típico jogo que pouca gente sabe que ele existe ou que vai dar uma olhadinha por cima e acaba deixando de lado, por pensar que é muito infantil. Pois bem, digo-lhes para deixar o preconceito de lado e que o título é um belíssimo “canto do cisne para o PlayStation 3, que está chegando perto da sua aposentadoria, e mostra que o console da Sony tem sim ainda muito gás pra queimar! Para quem gosta de jogos com ação 2D está bem servido nos últimos meses, já tivemos o genial “Rayman Legends” e agora “Puppeteer” chega para ficar ao lado como um dos melhores jogos de 2013.

Desenvolvido pela Sony Japan e com direção de Gavin Moore, o game tem uma apresentação visual que é uma verdadeira obra de arte que vai arrancar um sorriso largo da sua cara já nos seus primeiros minutos. A narrativa é um dos seus pontos fortes, apresentada de forma lúdica e com influências de clássicos contos infantis, mas que vai agradar pessoas de todas as idades. Para efeitos de comparação, lembra um pouco as obras do cineasta japonês Hayao Miyazaki, como “A Viagem de Chihiro” ou “O Castelo Animado“.

Conto de fadas de marionetes

A história, e o jogo em si, é apresentada de forma harmoniosa no palco de um teatro, onde os cenários vão sendo construídos, sendo que seu personagem é o ator principal. Um narrador ajuda a criar o clima e é possível ouvir a animação da plateia interagindo com o que acontece no palco. A peça escolhida conta a história do Reino da Lua, que era governado por uma linda Deusa, até que um dia um ursinho (que de pequenininho não tem nada) que tinha a afeição da Deusa, “surtou” e roubou dois bens preciosos: a Pedra da Lua e a tesoura mágica Cálibrus. Não satisfeito, se auto-proclamou Rei Urso e triturou a Pedra da Lua, destruindo assim a deusa e distribuindo os pedaços da pedra aos seus generais. Durante o seu reino de tirania, o Rei Urso passa a roubar as almas de pobres crianças, transformando-as em marionetes para servi-lo como escravos em seu castelo.

O herói azarado do jogo é Kutaro, uma das crianças transformadas em marionetes que acabou perdendo a cabeça – literalmente, comida pelo vilão. A aventura começa com Kutaro arranjando cabeças substitutas, com a ajuda de um gato voador chamado Ying Yang e de uma bruxa descontente com o novo governante, que vão ajudá-lo a recuperar sua cabeça e os 12 cristais da Pedra da Lua. Será que Kutaro vai conseguir sua alma de volta e retornar para casa? Será essa Bruxa confiável? Quem são os Generais do Urso? Para descobrir, só assistindo a peça!

Não perca a cabeça!

A mecânica de “Puppeteer” lembra um pouco “LittleBigPlanet“, mas com uma proposta bem inovadora e diferente, sendo que com o analógico esquerdo comandamos o herói, e com o direito o seu parceiro voador, que o auxilia durante toda a aventura, procurando por itens escondidos ou interagindo com os ambientes, num estilo parecido com o do Murphy, de “Rayman Legends“. Se tiver o controle de movimentos PS Move, um segundo jogador pode controlar o ajudante.

A principal ferramenta de Kutaro é a tesoura Cálibrus, conquistada já no início da aventura. Claro que ela não é uma tesoura normal, igual aquela que a sua mãe tem guardada, é uma tesoura mágica que num mundo feito principalmente de madeira, papel, cordas e tecido, pode ser muito útil, especialmente para se locomover cortando os cenários para atingir novas áreas. Mesmo sendo um jogo de plataforma, “Puppeteer” está longe de ser limitado ou repetitivo, ele oferece uma experiência de progressão bem variada, e conforme vai se avançando, outras habilidades são reveladas, como um escudo para refletir projéteis, bombas ninjas e uma corrente para puxar ganchos, que vão ajudar a derrotar os inimigos que aparecerem pela frente. Destaque para os gigantescos chefões, fantoches de animais que servem ao Rei Urso e oferecem confrontos criativos que vão fazer o jogador pensar “no que tem que fazer” para derrotá-los.

A falta da cabeça também tem papel fundamental no jogabilidade, Kutaro precisa utilizar os mais variados substitutos, como um crânio, um sanduíche, uma aranha, entra várias outras bizarrices que são encontradas no palco do teatro. A sacada aqui é que cada cabeça pode ativar passagens secretas, bônus e itens escondidos. É possível carregar apenas três cabeças diferentes, e se Kutaro perder uma delas, precisa recuperá-la rapidamente antes que o pior aconteça. Por isso, não percam a cabeça jogando este game!

Um teatro de bonecos em movimento

O visual é fantástico, com cenários de fundo em 3D recheados de animações e detalhes minuciosos, com áreas como castelo, florestas, campos, montanhas, oceanos e desertos. A construção dos objetos e elementos das áreas impressionam pela sua temática teatral – é como se fosse realmente um teatro de bonecos passando na sua TV. Como todo bom espetáculo teatral, a iluminação dos ambientes é mais escura, mas há sempre um canhão de luz que ilumina o nosso herói, como numa peça de verdade. Apenas mais um charmoso detalhe que complementa a atmosfera do game. Se você tem um televisor 3D, pode tirar a poeira dos seus óculos, pois o título é compatível com a tecnologia tridimensional e oferece uma experiência ainda mais imersiva e recompensadora.

Algo que impressionou foi a dublagem em português do Brasil, uma das melhores já feitas em um videogame. Se você é um daqueles chatos que só jogam no idioma original, eu mais que recomendo que experimentem a versão dublada nacional. Um trabalho profissional da mais alta qualidade, as vozes combinam com os seus personagens, com entonações muito bem empregadas nas diferentes situações, e o narrador contando a história como se estivéssemos lendo um conto infantil. Apenas a sincronia labial é falha as vezes, mas isso não tira o brilho do incrível trabalho feito, os dubladores estão de parabéns. A trilha sonora também impressiona, com alguns temas sombrios e outros mais alegres que complementam o jogo de forma perfeita.

“Puppeter” brilha no seu design artístico e na construção dos cenários, mas peca um pouco na variedade de inimigos nos cenários. A aventura tem aproximadamente 10 horas, que podem ser ampliadas caso o jogador queira explorar bem os 21 estágios, divididos nos sete mundos. O fator replay é alto, principalmente por causa da variedade de cabeças disponíveis, que farão o jogador voltar a estágios anteriores para melhor explorá-los em busca de novos itens e bônus e segredos ou para completar a imensa lista de troféus que o jogo oferece.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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