Análises

Splatterhouse 2

– Muito sangue e mutilação neste clássico trash do Mega Drive –

Boas notícias para os fãs de games de terror. A Namco anunciou que o remake do clássico Splatterhouse contará com as suas três versões originais incluídas (a primeira para arcades, as outras duas para Mega Drive). E para comemorar essa notícia, nada como uma análise dos jogos clássicos, começando com Splatterhouse 2 (aguardem para em breve análise do terceiro jogo).

Mas antes, uma breve história sobre a origem da série. Se existe uma franquia que é uma homenagem aos filmes de terror, essa franquia com certeza é a Splatterhouse. Ele foi lançado em 1988 para os arcades, no estilo beat’em up e pegando carona no sucesso dos filmes trash de Sexta-Feira 13 (que na época estava no seu auge), misturou com outros como a Volta dos Mortos Vivos e então nascia um clássico. O precursor dos jogos de horror.

Lembre-se que naquela época games com tanta violência explícita e sangue jorrando na tela não eram tão comuns como hoje. Foi uma aposta ousada e arriscada da Namco, que acabou agradando a galera. O protagonista era um cara com roupa toda rasgada, usando uma máscara de hockey e usando como armas facões e machados (olá prazer, meu nome é Jason).

Rick no primeiro game contra um chefe no melhor estilo O Massacre da Serra Elétrica

Para completar havia o cenário macabro, uma mansão aterrorizante com corpos retalhados, mortos-vivos,  monstrengos nojentos, sangue e tripa pra todo lado… foi um sucesso absoluto. Seu nome era Rick (e não Jason) e ele foi escolhido por uma máscara sobrenatural. Ela o ajuda em sua jornada para salvar a vida de sua amada, poupando-a de ser destroçada e devorada por hordas de demônios e zumbis.

Tudo começa quando o casal decide ir à West Mansion, para fazer um artigo sobre o local, pois ambos eram estudantes de parapsicologia e muito se falava sobre a Mansão e seu dono, Dr. West, que diziam conduzir experimentos grotescos que valeram à mansão a alcunha de “Splatterhouse”. Quando Rick e Jennifer chegam perto da mansão, uma forte tempestade começa, fazendo com que procurem abrigo dentro dela. Ao entrarem, a porta se fecha sozinha, Rick é atingido na nuca e ouve o grito de Jennifer. Rick acorda já com a Máscara em seu rosto algum tempo depois, e em uma poça de sangue (mas nunca especificam se este sangue é dele ou não). Com a máscara, Rick fica mais forte e sai em busca de Jennifer usando o poder da Terror Mask para destruir os monstros da mansão, experimentos profanos do Dr. West.

Infelizmente Rick não tem sucesso em sua missão. Jennifer é transformada em uma besta horrenda pelos monstros da casa (não são específicos quanto a como e o que causou isso) e Rick, para proteger-se, acaba matando o monstro e, consequentemente, mata também a sua mulher. Triste não? Mas um final perfeito para um game de horror. Os fãs clamaram pela volta de Rick, e a Namco atendeu.

Em 1992 foi lançado exclusivamente para o Mega Drive a sua sequência oficial, que é o foco desta análise. Tenha uma boa leitura.

tela de abertura do game

De volta à Mansão dos Horrores

Três meses se passaram desde os eventos do primeiro game. Atormentado pela morte de Jennifer, Rick não aceita perdê-la, sofrendo com pesadelos. A máscara sobrenatural, que foi destruída no primeiro game, reaparece para Rick, dizendo a ele que “deve retornar à casa”, dizendo que Jennifer “não precisa morrer”, continua falando “nós podemos salvá-la”. Rick então volta para as ruínas de West Mansion (ela foi queimada no primeiro jogo – seus restos podem ser vistos na abertura do jogo), para encontrar a “Casa Oculta” e voltar a usar a máscara para tentar salvar Jennifer do Mundo dos Mortos.

No manual do jogo podemos encontrar mais algumas informações, que variam de acordo com a região. A versão americana retirou todas as referências ao Dr West e substituiu por um doutor chamado “Mueller”, e não consta nada do aprisionamento de Jennifer. Já na versão japonesa a história é mais coerente, seguindo o fio da narrativa deixado pelo primeiro game. Rick está às voltas com o Dr West em pessoa desta vez, que seria inclusive o chefe da quinta  fase, e que foi quem aprisionou Jennifer no Mundo dos Mortos. A máscara também sofreu alterações, na versão japonesa não tem rosto, apenas olhos e detalhes na parte inferior, já na versão americana a máscara tem o formato e aparência de um crânio. A Namco provavelmente fez isso para evitar maiores comparações com a máscara de hockey de Jason. Além disso no manual americano também consta que a máscara tem origem maia, detalhes que não constam na versão original japonesa. Outras diferenças estão no nível de dificuldade, que são completamente diferentes. Na versão original os níveis de dificuldade  estão bem mais elevados e não há opção de password, existente na americana, além de contar com menos créditos e vida.

salve sua amada de queimar no fogo do inferno

Sangue pra todo lado

Splatterhouse 2 é muito parecido com o original, ou seja, distribuir bordoadas em vários tipos de monstros e criaturas grotescas. A jogabilidade é simples, porém boa e eficaz. Você controla Rick em cenários lineares, em sua maioria da esquerda para direita, como nos clássicos beat’em up. Você pode atacar com socos, chutes, voadoras, rasteiras e usar algumas armas jogadas pelo cenário, como porretes, serra-elétrica, facas, etc (são nove armas no total). O game não oferece uma grande variedade de ataques, a Namco poderia ter adicionado alguns golpes novos ou diferentes dos da primeira versão, e sua movimentação é bem lenta, o que as vezes incomoda.

Mas o melhor de tudo, o que chama mais a atenção do game, são os seus gráficos e visual macabro, realmente assustadores, com tonalidades escuras dominando cada estágio. Apesar de não usar toda a capacidade do Mega Drive, ele se apresenta muita bem na tela, com sprites grandes e detalhados, e ainda conta alguns efeitos bacanas, como os rostos fantasmagóricos que aparecem na segunda fase, o sangue que escorre na tela na fase 3 (o chefe explode na tela – um efeito fabuloso para os padrões de 1992). Temos também bons efeitos parallax, com nuves se mexendo em diferentes ordens, nevoeiro e partes do cenário na frente da tela, criando bons efeitos visuais. Rick está bem definido na tela, vestindo os seus trapos e mostrando seus músculos. Os inimigos também estão bacanas, destaque para os chefes de fase que possuem design criativo e possuem mortes bem sangrentas, como estômagos, cabeças, olhos explodindo.

pegue o ossão e desça o cacete nos bichos feios

São no total oito estágios, que variam entre pântanos, florestas, esgoto, o interior da mansão e até uma viagem para outra dimensão, em busca de Jennifer. Alguns estágios oferecem caminhos diferentes escondidos, então cair em um buraco nem sempre significa a morte. Ao invés disso você pode se encontrar em um calabouço com novos inimigos. As áreas são relativamente curtas, e numa dificuldade baixa o game pode ser fechado rapidamente. Por isso escolha começar jogando em dificuldade mais elevadas.

Para completar o “show de horrores” temos a trilha sonora que acompanha o clima de terror, com muita qualidade e estilo. Não chega a usar toda a capacidade sonora do console, mas as músicas são bem executadas e combinam perfeitamente com o estilo do jogo. Temos alguns efeitos sonoros, como gritos e grunhidos dos monstros, que dão um toque a mais para o game em geral.

não tenha dó das criaturas e faça-as em pedacinhos


Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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