Análises

Splinter Cell: Conviction

Sam Fisher está de volta, após um hiato de 4 anos sem espionagens e conspirações, agora em um dos jogos mais esperados deste ano de 2010. Você que está por dentro das atualizações do mundo dos games, sabe que inicialmente Fisher apareceria quase como um mendigo, jogado pelos cantos e abandonado pela agência que trabalhou durante anos. Porém, o ator que faz a voz de Sam, o hollywoodiano Michael Ironside não gostou muito dessa ideia e ameaçou abandonar o projeto. A Ubisoft teve que refazer o boa parte do jogo devido a este incidente, portanto nada de Sam Fisher barbudo. Isso só prova como a indústria dos videogames hoje, está bem diferente, já que um ator que dá a vida ao protagonista, pode influenciar diretamente no enredo. É curioso, interessante e com certeza vamos ver muito mais esse tipo de interferências daqui pra frente.

Você não vai ver o Sam Fisher barbudo, porquê o Michael Ironside não gostou nada disso…

A história do game ocorre dois anos após os eventos do jogo anterior, “Double Agent” (se você nunca jogou, não se preocupe que você ficará sabendo de tudo rapidamente). Sam Fisher está claramente muito pu*#, podemos notar isso pelo seu olhar, sua respiração, pelas suas falas nervosas (principalmente nos interrogatórios). Tudo começa quando Sam está em um café, completamente afastado das suas funções de agente secreto. Recebe uma ligação de Anna Grimsdóttír (uma ruiva, agente secreta, muito boa por sinal e que gosta de apanhar! Ok pula essa parte!), avisando que bandidos estão indo diretamente em sua posição. Começa aí o clima de tensão que só acaba horas depois na última missão.

Sam é claro dá cabo dos meliantes, e apesar de visivelmente mais velho, não está menos letal. Você vai presenciar seus novos movimentos, que inclui uma espécie de execução rápida. Nesta primeira fase que serve de tutorial, é explicado que a sombra é sua aliada como sempre. Só que agora ao ficar nas sombras, a cor some, ficando tudo preto e branco, em um efeito parecido com o “The Saboteur“. Atacando seus inimigos pelas sombras, eles não conseguem notar sua presença, a não ser é claro que você atire na direção deles. Fazendo isso um rastro é deixado, revelando sua posição. Caso opte por essa abordagem, basta flanquear os inimigos. Lutando no 1 contra 1 desarmado, caso seja vitorioso (eheh) Sam adquire o movimento “Execution“, muito útil para enfrentar vários inimigos de uma vez. Basta apertar R2 e fazer uma marcação na direção dos alvos, e apertar Y na hora certa, quando este ficar vermelho. Sam executa eles de uma vez com a arma de fogo que estiver carregando, poupando trabalho.

Depois que você pegar esse brinquedinho, tudo fica fácil.

No desenrolar da história Sam vai descobrir que talvez sua filha não esteja morta. Ela fazia parte do plano dos terroristas em atacar Washington, que inclui até uma bomba EMP, que destrói qualquer equipamento eletrônico. O problema é que os terroristas fazem parte do próprio governo americano. Sam então está praticamente sozinho, exceto pela agente Grim e seu amigo Victor (que falo mais adiante). Aí o bicho vai pegar. Ele simplesmente vai atrás de cada membro da agência que trabalhava, basicamente em missões de infiltração rápida e execução de inimigos, e obtenção de informação, ou como quiser, em busca da verdade. Aliás, já no começo da história você vai presenciar uma das coisas mais legais do game, os interrogatórios.

São com eles que Sam vai mostrar que não está pra brincadeiras, e agora sem nenhuma regra pra seguir, você podera judiar dos meliantes até conseguir a informação que deseja. Acredite, os caras vão falar e rápido. Sam não economiza utilizando o que tiver no cenário, para forçar os capangas da agência a contar tudo tim-tim por tim-tim.

No aspecto do enredo, você vai notar que foi muito bem tramado o desenrolar da história. Tudo se encaixa no final do jogo, você vai presenciar também reviravoltas, traições (inclusive de ambas as partes envolvidas), fechando muito bem qualquer ponta da história. Outra coisa muito bacana, é a concepção do caráter de Sam. Como o jogo denuncia, ele vai estar à prova de suas convicções. Sam é um ex-agente do governo, foi traído e está puto, mas isso não faz dele um ex-patriota, pelo contrário. Outra coisa que emociona é o aspecto humano de Sam. Você vai notar que deixaram ele muito mais frágil neste enredo, apesar de matar sem contestar bandidos e terroristas, ele tem a filha que era tudo pra ele, não bastasse isso há no começo do jogo uma parte em que ele cuida dela ainda pequena, quando bandidos invadem a sua casa, e ele dá cabo dos caras. Sarah está com medo do escuro, mas Sam explica pra ela, que ‘no escuro é seguro, pois os monstros não poderão ver ela‘. Sam está mais que certo.

Esse cara sabe informações de sua filha. Seja gentil com ele.

Outra sacada inteligente do jogo é em uma missão que volta 20 anos no tempo, na Guerra do Golfo. Sam está com sua unidade no Iraque, e você vai se surpreender com os rumos que foram tomados alí. Seu pelotão que conta com Victor Coste, amigo que ajuda durante boa parte do jogo, sofre uma emboscada e várias perdas. Não vou contar o que acontece, mas você vai presenciar minutos de tensão, e vai entender o porquê dessa história de um Sam mais ‘humano’, mais frágil. Uma grande sacada do jogo.

Outras coisas presentes no jogo são um ‘stash‘, um baú com armas em que Sam pode escolher, fazer upgrades nelas, entre outras coisas. Assim como nos antigos jogos da série “Resident Evil“, eles ficam em lugares estratégicos dos cenários. Chegando lá Sam pode se rearmar e fazer as mudanças necessárias no equipamento. Entre os equipamentos novos, há uma câmera que você pode jogar como uma granada, e ela gruda nas paredes, podendo assim distrair inimigos inclusive com uma isca de som. Atraindo inimigos pra lá, basta detoná-la e começar o serviço de ‘limpeza‘. Ele também dispõe de uma granada EMP, que desabilita equipamentos eletrônicos, incluindo luzes, ótimo pra emboscadas. Prepare-se pois, você vai enfrentar muitos inimigos com as temidas roupas pretas e óculos de visão noturna, assim como o Sam dos jogos anteriores. Você vai experimentar um pouco do seu veneno, eles não são nada fáceis.

Outro equipamento legal que você pega mais pro fim do jogo, é um óculos não de visão noturna, mas SONAR. Com ele você consegue ver inimigos através de paredes. Não preciso falar muito disso, mas é só imaginar a quantidade de estratégias que dá pra fazer com um brinquedinho desses.

Oi, conheço vocês?

Muito se falou no esquema de não poder carregar mais corpos como nos jogos anteriores. A Ubisoft até se pronunciou sobre o assunto, dizendo que não houve tempo pra implementar isso e tal. Mas sinceramente, você não vai sentir em nenhum momento falta disso. O design dos cenários foi desenvolvido de forma que haja uma infiltração rápida, limpeza e passagem para a próxima área. Acredite, o jogo está muito mais dinâmico devido a isso. Outra coisinha é que você não precisa mais ficar só no ‘Stealth“. Dá pra chegar em vários cenários chutando o pau da barraca e atirando a esmo. Claro que isso aumenta muito a dificuldade, e você perde muito agindo assim, já que o jogo continua premiando quem sabe se esgueirar pelos cantos escuros do cenário, ainda mais com a possibilidade do ‘Execution‘.

Graficamente o jogo não impressiona, sendo até um pouco abaixo de “Double Agent“. Há muito mais serrilhados que no jogo anterior, e a textura dos cenários parece ser pobre. Ao contrário da textura dos personagens, incluindo suas roupas, que parecem bem reais. Mas não impressiona mesmo nos dias de hoje, ainda mais se você já jogou outros blockbusters como “God of War III“. Mas eu vou dizer algo que é clichê, mas acredite: não influi em nada na experiência do jogo. Continua sendo um ótimo exemplar de “Splinter Cell“, mas agora muito mais dinâmico.

Além do modo história, “Conviction” apresenta um robusto sistema multiplayer com um modo co-operativo para dois jogadores. A campanha online funciona como um prequel para história de conspiração do jogo, e estrela dois agentes: o americano agente Archer e o russo Kestrel. A narrativa não é tão forte quanto na trama principal, mas faz um bom trabalho apresentando alguns bastidores. No modo multiplayer temos algumas opções clássicas do gênero, como destruir com todos os inimigos antes que eles possam explodir um gerador EMP, no modo chamado “Last Stand”. No “Hunter” temos um modo de eliminação, onde se pode escolher entre seis mapas eliminando as forças inimigas e evitando ser detectado, além do Face-Off, onde dois agentes caçam um ao outro, com uma turma de inimigos caçando os dois.

Mais velho, mas não menos letal…

A parte sonora está ótima como sempre, com boas músicas que traduzem bem o clima de tensão e conspiração. As dublagens são extremamente competentes, o que justifica as exigências de Michael Ironside junto ao seu personagem Sam Fisher.

Sobre bugs, não notei nada de excepcional, nem travadas, ou sequer slowdowns. Acontecia com frequência travadas no antigo “Double Agent“, e acho que apesar do jogo ser mais ‘feio’, está muito mais robusto e bem programado. Outra coisa que chama a atenção, é o design das instruções do jogo. Parecido com o sistema de “Dead Space“, as informações do que deve ser feito ficam nos próprios cenários, em textos espalhados pelas paredes, como luzes refletidas, em um efeito bem legal e cinematográfico.

What happens next is up to you!

Sammy Anderson

Fundador do GameHall e produtor do programa Versus.

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