Análises

Street Fighter II: Special Champion Edition

A Edição dos Campeões no Mega Drive 

É isso aí pessoal, com o lançamento de “Super Street Fighter IV” se aproximando, vamos ler aqui mais uma retro-análise especial da série. Você já leu a análise do inesquecível “Street Fighter II: The World Warriors” para o Super Nintendo e também lembrou de Street Fighter IV” para PS3 e X360. Agora chegou a vez de Street Fighter II: Special Chapion Edition“, para Mega Drive, afinal, os fãs da Sega também receberam uma versão de respeito.

Mas antes um pouco de história para situar o leitor no contexto da época. Começo dos anos 90, a Sega dominava o mercado norte-americano de 16 Bits com o seu Sega Genesis (o Mega Drive americano). Em 1991 o Super Nintendo chega aos Estados Unidos, mas a princípio não chega a ser uma ameaça para o domínio da Sega. Mas a história começou a mudar com o lançamento de SFII para o console da Nintendo em 1992, que ajudou a turbinar as vendas do SNES e fez crescer como nunca a rivalidade entre os dois consoles. Os donos de Mega Drive na época certamente ficaram se corroendo por SFII ter saído apenas no Super Nintendo (era o tipo de coisa que até rolava altas discussões e até briga nas rodinhas de amigos).

“o meu é melhor, toma!”

Em 1993 saia para o Super Nintendo o “Street Fighter II: Turbo“, baseado nas versões de arcade “Champion Edition” e “Turbo Hyper Fighting (esse último uma ‘homenagem’ da Capcom aos fliperamas piratas que estavam presente em tudo quanto era buteco, onde era possível entupir a tela com 30 hadoukens entre outras coisas bizarras), que permitia jogar com os quatro personagens “chefões(Balrog, Vega, Sagat e M. Bison), com novos golpes, animações, cores diferentes paras as roupas dos lutadores e uma maior velocidade na jogabilidade (dai o termo Turbo).

Porém neste mesmo ano, ocorreria uma revolução no mundo dos games: a Capcom lançava oficialmente “Street Fighter II” para o Mega Drive (seu primeiro game para a Sega, outros jogos da Capcom já haviam sido lançados no MD, mas produzidos pela Sega). Claro que a notícia fez a alegria de muitos donos do saudoso Megão, que acompanhavam as revistas de videogames por mais informações (lembro que a SuperGame foi a primeira revista a mostrar uma imagem da Chun-Li no cenário noturno do Ryu, dizendo que era uma versão para MD). Os fãs da Nintendo se sentiram “traídos” pela Capcom, já que a empresa a vários anos lançava games apenas nas plataformas Nintendo – isso porque a Big N exigia exclusividade dos jogos nos contratos com as third parties, algo que foi considerado ilegal pela justiça nos anos 90, o que permitiu que jogos antes apenas dos sistemas Nintendo saíssem nos videogames rivais.

era uma maravilha jogar nesse controle

O game foi lançado, e assim como o do Super Nintendo, era baseado nas versões “Champion Edition” e “Turbo” dos arcades. Junto com o jogo foi lançado um controle de 6 botões para o console, e que na minha opinião era muito melhor para se jogar do que no controle do Super Nintendo (além do melhor posicionamento dos botões, havia as diagonais no direcional). É claro que assim que o jogo foi lançado, a rivalidade aumentou e as duas versões eram sempre comparadas.

Graficamente eram idênticas, a versão do Mega Drive tinha cores com um maior contrastes, mais fortes, enquanto que o SNES apresentava um visual mais suave, pálido. Claro que isso era um fator que ia do gosto pessoal da pessoa, não sendo uma pior ou melhor que a outra. Havia algumas diferenças nos cenários de fundo, as mais notáveis são nos estágios do Ryu (no Mega Drive havia uma meia lua com pássaros voando, enquanto o SNES não apresentava isso) e do Guile (na versão para MD há um casal a mais olhando a luta, no SNES eles não estão lá – será que terminaram o namoro?).

sem noite de luar no SNES

um casalzinho a menos vendo a luta no SNES, será que terminaram?

A jogabilidade e os quadros de animação eram quase idênticos, mas a versão do MD era muito mais rápida, enquanto que o SNES era bem mais lenta e sofria de alguns lags (especialmente em combos e golpes especiais). A principal diferença entre elas era mesmo na parte sonora, com uma qualidade melhor no Super Nintendo, especialmente nas vozes digitalizadas. Mas verdade seja dita, os dois eram super divertidos, pois SFII é um ótimo game, e qual das duas versões é melhor? Isso vai depender de seu gosto pessoal, cada uma delas tem vantagens e defeitos sobre a outra, mas os dois são ótimos jogos. Vamos agora à analise.

Edição dos Campeões

Ao começar o jogo, a primeira coisa que você vai notar é a mesma abertura dos fliperamas, e que não estava presente nas versões do SNES. Basicamente temos dois piás de prédio brigando na rua, com uma rodinha de pessoas assistindo. Uma curiosidade, no arcade temos um cara branco vs um cara negro (que apanha). Quando transportado para o Mega Drive nos EUA, mudaram para dois caras brancos. Tudo isso era medo da crítica?

Na tela de opções você pode escolher entre jogar a versão Champion Edition ou a Turbo Hyper Fighting, que permite selecionar uma velocidade de jogo entre 1 a 10 estrelas (na versão SNES senão me engano era até 4 estrelas). Nos dois modos é possível escolher entre os 12 clássicos personagens: Ken, Ryu, Blanka, Chun-Li, Guile, Dhalsim, Honda, Zangeif e os quatro chefes: Vega (o espanhol frutinha), Balrog (o cara que não chuta), Sagat (o enorme lutador de Muay Thai) e M. Bison (com sua rasteira chata). Na versão japonesa eles possuem os nomes trocados, devido ao nome Mike Bison, em alusão à Mike Tyson. Ficaram assim então:

  • M.Bison (Ocidente) – Vega (Japão)
  • Balrog (Ocidente) – M. Bison (Japão)
  • Vega (Ocidente) – Balrog (Japão)

as cores dos cenários eram bem vivas na versão MD

A principal diferença deste SFII do jogo anterior, SFII: The World Warrior, era a possibilidade de se jogar com os chefes. Também introduziu novos golpes e aperfeiçoou detalhes da jogabilidade, e apresenta alguns quadros de animação redesenhados. As lutas são no formato básico de “melhor de três” rounds, com cada personagem podendo aplicar seus golpes especiais.

Os gráficos são muito bons, e se aproximam muito da versão arcade. As cores possuem um contraste mais forte, e as animações e sprites estão muito bem feitas. Os cenários ao fundo também não ficam devendo em nada, com animações das pessoas que estão assistindo as lutas, ou nuvens, pássaros e outras coisas se movendo (em comparação com o SNES, possui mais animações no background e também nas telas de continue) e muitos efeitos parallax.

As músicas estão bacanas, bem parecidas com as originais do fliperama (até mais que as do SNES, que receberam uma composição bem diferente) e bons feitos sonoros, mas infelizmente as vozes são terríveis, roucas com sérios problemas de gastrite. Mas todas as vozes estão lá, jogadores da época devem se lembrar do “PapaiTartaruga”, do “CuzCuz”, o “Parafuso” ou “Pilão”, o “AlexFull”, a “Gilete do Guile”, “Roriuken” e o clássico mor,Tiger Robocop.

uma das grandes vantagens da versão MD era a jogabilidade muito veloz

Já a jogabilidade é perfeita, se você usar o controle de seis botões (nem pense em jogar com o controle original do MD, vai precisar apertar Start todo tempo para mudar de soco para chute e vice-versa). O controle do Mega Drive de seis botões com certeza é um dos melhores que já existiu no mundo dos games. Extremamente anatômico e com os botões bem dispostos, é uma maravilha jogar SFII com ele. Movimentos simples e combates fluídos são a marca registrada de SFII e aqui eles se mostram bem eficazes, com golpes simples, magias/especiais ou combos mais elaborados. Graças ao rápido processador do Mega Drive, as lutas são bem rápidas e não sofrem de lags, principalmente se você comparar com o SFII original.

O modo singleplayer é como o fliperama. Você escolhe um dos lutadores e luta em diversos países até derrotar o último chefão, M. Bison. Se você perder uma luta, pode continuar com o mesmo personagem ou mudar para outro. Cada lutador tem sua história e finais diferentes,  dependendo da dificuldade que você joga, poderá ver alguns extras nas cenas finais, o que é bom para o fator replay. O modo versus nem preciso explicar né, excelente para reuniar a galera em casa e passar várias horas jogando.

A novidade desta versão era o modo exclusivo “Group Battle“, que permitia montar equipes com seis lutadores em sequências de lutas, além de permitir desabilitar movimentos especiais dos lutadores, ideal para os jogadores “apelões“.

O jogo também apresentava três fases bônus, afinal, nada melhor pra relaxar depois de uma luta do que arrebentar coisas. A clássica fase bônus do carro (que também tinha em Final Fight) , os dos barris que caiam do teto e a mais sem graça, a do muro.

as três fases bônus: não tenha dó e arrebente com tudo

Bônus: Comercial de SFII: SCE (a caixa de Mortal Kombat é esmagada pela mão do Blanka, hilário!)

vídeo raro de SFII: SCE para o Mega Drive na época do seu lançamento

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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