Análises

Street Fighter IV

Quando foi divulgado as primeiras imagens de “Street Fighter IV”, eu me assustei. O que a Capcom fez? “O que  será que passa pela cabeça desses caras?” Com imagens meio toscas e um 3D esquisito, em que Ryu e Ken pareciam bonecos de massa, cheguei a pensar que o jogo ia pras cucuias. A série já tinha tentado uma incursão pelo 3D em ‘Street Fighter EX’, porém pra época, o 3D não era tão avançado, e ficou MUITO a desejar. Acontece que estamos em uma geração de jogos que é meio complicado não trabalhar com gráficos tridimensionais, e o resultado final justifica a mudança de estratégia. Depois de belíssimos exemplares da arte 2D, como em ‘Street Fighter III’, em que a jogabilidade complexa e cheio de manhas pra aplicar os golpes e combos devastadores, a Capcom resolve simplificar tudo no quarto episódio da série. Novamente a Capcom abala o mercado, e transforma seu videogame (e PC) em uma máquina de fliperama da nova era, com direito a jogatina online, sistema simples e fácil de dominar, porém com um desafio acima da média.

Vou tentar explicar nessas linhas, o que é ‘Street Fighter IV’, sem viajar demais na maionese, pois sou meio contra análises cheias de flores e belas frases. Sou direto, e tentarei não alongar muito isso aqui (falhei miseravelmente). Mas já afirmo, vou dar nota máxima pro game, pois ele simplesmente cumpre seu papel. Já digo que pode não ser perfeito, tem uns defeitinhos aqui e acolá, história meio bobinha (mas peraí, você compra um jogo de luta pra ficar tentando entender a história?) e alguns defeitinhos de colisão, mas NADA, digo NADA disso atrapalha o desenrolar das partidas, que diverte à beça e supera qualquer erro cometido pela Capcom (até mesmo a inclusão do RUFUS).
Abertura do jogo
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Antes de começar a falar do game em si, vamos falar de personagens, são 25 ao todo. Como sempre, boa parte só são liberados após finalizar o game com determinados personagens. Há uma certa “familiaridade” entre os personagens que devem ser liberados, pra quem conhece bem a série, aqui vai: ‘zerando’ com Ryu, você libera Sakura (fã número 1 dele), consequentemente terminando com a japinha, você libera Dan Hibiki (que sempre quis que ela treinasse com ele). Terminando o game com Chun-Li você libera Gen, o assassino chinês, e você vai entender o porquê da ligação entre os dois. Terminando com o chefão eterno M. Bison você libera Rose, rival problemática dele. Com Crimson Viper você libera Cammy, e com Abel você libera Fei Long. Esses últimos não há uma ligação muito explícita entre eles, pois Abel tem uma rivalidade com Guile, explicada no decorrer do jogo. Beleza, após liberar todos esses personagens, você estará habilitado para tentar a sorte e liberar os três personagens principais dos secretos: o fodão Akuma, o tão esperado Gouken, e o chefão apelão dos infernos, Seth.

Sakura vs. Dan
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Você liberou todos os personagens? Ótimo, prepare-se pra sua briga direta com Akuma. De preferência vá com Ryu que o santo é forte. Você deve ter feito pelo menos um ‘perfect’, e não poderá ter perdido nenhuma luta! Beleza, após um belo ‘fight’ com o encapetado, você estará apto a desafiar seu irmão lendário Gouken, mas peraí, ele não tinha morrido? Calma, você entenderá (ou não) depois que terminar as histórias dos irmãos e de Ryu. Além do mais, haverá um final aberto, que prefiro não entrar em detalhes. Voltando ao assunto, para liberar Gouken você deve ter feito ao menos um perfect, não ter perdido nenhuma luta, e ter feito ao menos 2 “ultra finish” eu seus oponentes (explicarei mais à frente isso). Beleza, conseguiu pegar o lendário lutador? Agora pra liberar Seth você deverá ter terminado a história de TODOS os personagens do game. Legal né? Não vou explicar aqui como fazer isso da maneira mais fácil, mas há várias formas de se conseguir isso. Pessoalmente, tive MUITOS problemas em terminar o modo história de ‘El Fuerte’, mas isso foi devido à minha péssima performance com ele, já que não curto muito lutador de curtas distâncias. Vamos falar um pouco do design de personagens. 25 lutadores dá o que falar, então vou tentar não florear muito (de novo)

Personagens
SSF4

Ryu e Ken – Muito bem desenhados, ao contrário das primeiras imagens liberadas em que estavam meio distorcidos pelo 3D. Basicamente são a mesma coisa dos jogos anteriores, o que vai agradar aos fãs.

Chun-Li – Continua linda, e o 3D caiu muito bem em seu design. A roupa assim como dos eternos rivais Ryu e Ken foi preservada diretamente da segunda versão do game. Golpes são praticamente os mesmos.

E. Honda – O mesmo princípio de Ryu e Ken, continua com suas manhas e chato de ser enfrentado caso seu oponente seja experiente.

Blanka – O nosso brasileiro e seu golpe da ‘bolinha’. Continua apelão, o design é praticamente o mesmo de versões antigas, mas ‘emagreceu’ pouca coisa.

Zangief – Assim como os lutadores clássicos, não ganhou nada inovador em seu design, mas o ‘focus’ combinado com movimento Ultra pode ser mortal.

Guile – Continua com seu ‘Sonic Boom’, e a modelagem de seu personagem ficou perfeita. Tem um Ultra Combo arrasador.

Dhalsim – Clássico direto de ‘Street Fighter II’, sem muitas alterações. Meio chato de enfrentar o Seth com ele.

Balrog – Não gosto muito desse personagem, pois não tem muita variação de ataques, e isso vem desde os primórdios da série.

Vega – O espanhol pode tirar a garra a hora que quiser na luta. Também pode tirar sua máscara. Interessante, não?

Sagat – Perfeito. O personagem ficou grande e ameaçador, além de forte também. Os ataques dele estão arrasadores. Cuidado!

M. Bison – Também ficou muito legal, e continua sendo chave pra história.

C. Viper – Essa tem uma coisa engraçada. Enquanto todos personagens da SNK por exemplo tem seios exagerados, a Capcom resolveu economizar no silicone, o que ficou meio bizarro. Ela tem uma gravatinha que ficaria sexy se tivesse abusado dos peitos, porém ficou estranho do jeito que foi desenhado. Agora seus golpes, são excelentes, muito gostosa (opa) de se jogar com ela. A personagem tem chutes e socos combinados com elementais de fogo e eletricidade.

Rufus – O ERRO do game. Sinceramente, um personagem gordão e meio baitola. Nada contra obesos, já que há personagens clássicos da (como os da SNK) que são gordos, mas tem design diferenciado e interessantes como ‘Chang Koehan’. O pior que o cara consegue ser apelão. Mas o maior erro foi ter colocado ele sendo rival de Ken (???).

El Fuerte – O “comédia”. Escolheu entrar nessa luta pra provar que poderá ser o número 1 da cozinha internacional. É basicamente um lutador de luta livre, do México. Particularmente, preferia que tivessem colocado o T. Hawk.

Abel – Lutador francês sem memória, que vai partir pra cima de Guile achando que ele é do mal, porém como em todas histórias no fim eles ficam amiguinhos e muito mais. Utiliza de agarrões e ataques de perto, lembrando o Alex de ‘Street Fighter III’.

Sakura, Dan, Rose e Gen – Personagens clássicos de ‘Street Fighter Alpha’, estão de volta, sem grandes mudanças.

Cammy – Seu design ficou excelente, sua personagem está mais linda do que nunca! Seus golpes são os mesmos de ‘Super Street Fighter II Turbo’, e ainda consegue combos arrasadores. Ela não é mais ‘do mal’, e sabe do que M. Bison fez à sua pessoa, e vai partir pra vingança.

Fei Long – Quer salvar a companhia de filmes de Kung-Fu que ele faz parte. Pode ser ridículo mas é engraçado, e ficou bem modelado em 3D. Continua o personagem básico da série, sem mudanças, assim como ‘Super Street Fighter II Turbo’. Particularmente gosto muito de seu estilo.

Akuma – Ficou arrasador seu visual 3D. Está mais demoníaco do que nunca.

Gouken – O personagem lendário, mestre de Ryu e Ken. Não poderia ter sido melhor desenhado, tem aquele aspecto misterioso e carismático. Gouken utiliza ‘hadoukens’ diferenciados, podendo dispará-los em três posições na tela. O movimento de ’shoryuken’ dele não dispara o ‘dragon punch’, e sim um soco que atravessa até projéteis. Seu ‘Ultra Combo’, é arrasador, ele solta um Shoryuken que detona com o inimigo. O “Tatsumaki Senpukiaku” dele também é diferente, jogando o adversário pra cima.

Seth – Um dos chefes mais apelões da história do videogame. Seth é basicamente cria de M. Bison. Pra quem lembra do desenho “Street Fighter Animated Movie”, em que havia uma espécie de andróide que aprendia os movimentos dos outros lutadores, Seth é isso. Ele tem os golpes de praticamente todos os outros lutadores. Pense num cara que pode dar um Shoryuken e logo em seguida aplicar o ‘pilão’ do Zangief. Pois é. Seth se revolta contra M. Bison, criando uma consciência própria. Na verdade existem vários de sua ‘espécie’, mas Seth é único por pensar diferente, e quer apenas ser o Imperador do planeta Terra. É claro que M. Bison não vai deixar isso barato…

Chun-Li enfrenta C. Viper

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Lembra da complexidade de ‘Street Fighter III‘? Aqueles ‘guard cancel’, especiais complicados, várias formas de começar e terminar um combo, combos aéreos, armadilhas, e tudo mais que um jogador experiente de fliperama, adora? Já vi pessoas jogando SF3 de certa forma, que se o cara te pegasse de jeito podia largar o controle! Pois é, o sistema de ‘Street Fighter IV’ não deixa de ser complexo após ter pego as manhas, porém ele é muito mais simples que o anterior, inclusive os especiais e combos, e afirmo que é bem fácil de dominar, caso você já tenha jogado qualquer game da série. É o reinício de tudo, na verdade é como se pegassem “Super Street Fighter II Turbo” e transformasse aquilo em um game com personagens 3D e jogabilidade 2D pura. É basicamente isso. À sua disposição você terá de cara duas barras, a EX e a Ultra. A EX tem 4 divisões que se enchem de acordo com seus golpes especiais, enquanto a Ultra só enche de acordo com o tanto que você apanha. Com a EX você pode aplicar um super golpe, como os básicos de Ryu e Ken, dois ‘hadoukens’ e soco por exemplo. Já o Ultra é um ataque especial, que faz um zoom em seu personagem, e muito mais forte que o normal, geralmente se dá com movimento especial mais três botões de soco ou chute. O game também introduz o ‘focus’, um sistema que permite que seu personagem absorva os ataques e ainda aplique um golpe contra-ataque no fim. Apertando os botões de chute médio e soco médio, você pode carregar o movimento, e em duas etapas, absorver o ataque (pode até mesmo ser um projétil), e aplicar o contra-ataque, geralmente deixando o personagem inimigo indefeso por cerca de 2 segundos, tempo suficiente pra aplicar mais um golpe especial ou combo. No mais, é tudo aquilo que um jogador de ‘Street Fighter’ já experimentou, ataques fracos, médios e fortes, o que pra bom entendedor de jogos de luta, é o suficiente pra traçar boas estratégias. Agarrões também estão presentes, desta vez apertando soco fraco e chute fraco, podendo escolher o lado que você quer arremessar o inimigo. No modo história após enfrentar um certo número de lutadores, você enfrentará seu rival. No caso de Ryu por exemplo, enfrenta-se Sagat, e tudo muda. Até mesmo a trilha sonora. Após enfrentar seu rival, você parte pra cima de Seth (ou ele parte pra cima de você, dependendo do seu nível).

Blanka detonando
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Os gráficos do jogo foram criados utilizando o efeito Cell Shading. É o 3D tentando imitar o desenho animado, da melhor forma possível. Apesar de ser tudo poligonal, há contornos que fazem parecer tinta nanquim, especialmente quando se aplica o ‘focus’. As bordas de objetos e suas texturas também foram suavizadas. As cores são bem fortes, lembrando realmente um desenho animado. A iluminação dependendo do estágio fica excelente, acentuando ainda mais os efeitos gráficos. Projéteis como ‘hadoukens’ foram muito bem trabalhados utilizando partículas, sem se afastar do design geral. É tudo muito bem aplicado, tudo dentro dos conformes e respeitando a série. Alguns defeitinhos de colisão acontecem as vezes, quando um braço de um lutador passa por dentro de outro, mas é coisa muito rápida e que não estraga o belo visual. Alguns cenários tem efeitos de dia, tarde e noite, ou seja você poderá lutar no mesmo cenário, sem enjoar. Pode ser que um, ou outro dos cenários não tenham sido muito caprichados, com a floresta na América do Sul, mas não atrapalha o design em geral. Os personagens tem um estilo bem cartoonizados, ao receber golpes é de se reparar expressões faciais de dor, ódio e etc. É um deslumbre visual, tanto para quem pode desfrutar de uma HD TV como em uma televisão normal. Talvez seja o ‘Cell Shading’ mais belo visto em um jogo. Também não é pra menos, o diretor de arte é o mesmo responsável pelos visuais de ‘Street Fighter III’, que é um desbunde de arte, só que em duas dimensões. Ao final de cada luta, o personagem assume uma posição de batalha, e é aplicado um ‘pós Cell Shading’, acentuando ainda mais o efeito de “tinta fresca”. Um detalhe, a cada fim de luta, o personagem tem uma mensagem personalizada para cada adversário. O destaque aqui vai pra Ryu, que mesmo detonando completamente com seu inimigo, ainda faz questão de elogiar o estilo de luta de seu oponente.
Street Fighter “épico”
A trilha sonora é um espetáculo à parte. Para os saudosistas, cada luta contra o rival (destaque entre Ryu vs. Sagat, decepção entre Ken vs. Rufus), traz a trilha sonora clássica em formato remix. Mas não é um remix qualquer, é algo muito delicado, como se os acordes antigos se fundissem com o ritmo dançante da trilha atual. Esta, que não exagera no eletrônico, mas impõe batidas muito fortes, combinando bem com o ritmo de jogo. Particularmente, música é algo muito pessoal, mas eu curti muito essa nova releitura da série. Os efeitos sonoros continuam arrasadores, há um trabalho muito específico para cada golpe. O mais bacana, é que ao ‘zerar’ o game, você pode escolher entre vozes japonesas e americanas para cada personagem. Ou seja, deixe Ryu, Chun-Li, Akuma e outros com suas vozes japonesas, e Balrog, Vega, Guile e outros em inglês. Fica show demais!
Zangief vs. El Fuerte
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Não posso deixar de falar da abertura do game. Você coloca o DVD no drive, e senta no sofá. Começa a música, e o as tintas juntamente com o 3D se fundindo nas telas. São cerca de 3 minutos com o que há de melhor na animação utilizando 3D e Cell Shading. Você provavelmente vai fazer como eu, e colocar novamente a abertura pra assistir várias vezes. A música não sai da cabeça fácil. Tudo bem que a Square Enix é a líder nesse seguimento de animação 3D, com belíssimos resultados na série “Final Fantasy”. Mas aqui, a Capcom parece que fez algo ainda melhor. Não sei explicar, mas eles podem ter fundado um novo começo para a animação 3D. Não é exagero! É uma das aberturas mais lindas da história dos videogames. Vale cada minuto. Não é à toa que a Capcom dedicou uma equipe só pra criar a abertura. Outra coisa legal é que cada prólogo e fim da história dos personagens foram feitas em anime tradicional, nesse caso apenas razoável, e não tão belo como ‘Street Fighter Animated’.
Divas trocam sopapos
A jogabilidade online foi colocada em diversos modos. Há um interessante que é o seguinte, você loga na Live ou PSN, e vai jogando o modo história, então qualquer um pode mandar um ‘request’, e enfrentá-lo. É como se seu videogame se conectasse à um super fliperama mundial. É o sonho de qualquer jogador de eras atrás, e também de certa forma, o fim da era fliperama, de vez. Diga adeus aos ambientes de “rodoviária”. Há outros modos ‘versus’ online e offline, além de um modo Challenge, que serve pra liberar cores pras roupas de seus personagens, entre outras coisas. Após enjoar do modo história, garanto que o ‘Challenge‘ vai trazer bons desafios. Há o galerias com os filminhos de abertura e encerramento de cada personagem, um modo treino, e também há opção de download de conteúdo, como roupas alternativas para os personagens. Mas está previsto novos modos de torneio, entre outras coisas. Resta saber o que será que Capcom colocará mais à frente aqui, será que poderemos esperar novos personagens ou afins? É a Capcom assumindo definitivamente o ‘download’ para renovar suas obras, e chegando enfim à famosa franquia dos jogos de luta.  Um recadinho: infelizmente não possuo um controle arcade, mas “recomendo fortemente” que você adquira um. Os direcionais do PlayStation 3 em relação aos do Xbox 360 são melhores na minha opinião, mas ainda assim falham em alguns casos. Uma falha em um golpe, contra um viciado gringo em ‘Street Fighter’, e sua honra não será perdoada.
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Sammy Anderson

Fundador do GameHall e produtor do programa Versus.

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