Análises

Teenage Mutant Ninja Turtles IV: Turtles in Time

Você que era um pivetinho nos anos 80/90 certamente deve se lembrar do desenho animado das Tartarugas Ninjas, que fazia um enorme sucesso mundialmente (eu era um grande fã). Claro que todo esse sucesso rendeu todo o tipo de bugigangas e merchandising para ávido público consumista da época, e entre eles não poderia faltar os games.

As tartarugas ganharam fama nos videogames com o antológico “Teenage Mutant Ninja Turtles: The Arcade Game”, lançado nos fliperamas pela Konami em 1989. Este game marcou a virada das décadas, e até hoje é lembrando como um dos melhores games de pancadaria Beat’m Up da história. Dois anos depois, a empresa lançava no mercado, também para os arcades, “Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time”, sequência que melhorava todos os aspectos do já ótimo game anterior.

E eis que em 1992, “Turtles in Time” recebia sua primeira adaptação caseira no Super Nintendo. E diferente do port de “Final Fight” (leia análise aqui), a Konami fez um trabalho de mestre aqui, mantendo o game tão próximo o possível da sua contraparte original (e o que me deixou muito feliz, afinal já tinha tido uma experiência ruim com “Final Fight”). É, naquela época havia games BONS com as famosas Tartarugas, e não essas porcarias que foram lançadas pós geração PlayStation 2. “Turtles in Time” possui todas as qualidades necessárias para se destacar no gênero Beat’m Up, nos apresentando uma dinâmica simples, mas muita divertida, jogabilidade sólida, alta qualidade audiovisual e ainda sobrou espaço para um pouco de criatividade e originalidade por parte da Konami. Sorte a nossa!

Cowabunga!

Inspirado no desenho clássico de 1987 (e o melhor de todos que já existiu), “Turtles in Time” nos permite controlar uma (ou duas, se você jogar com um amigo) das quatro comedoras de pizza e com nomes de famosos artistas renacentistas: Leonardo, o líder do grupo, usa duas espadas como arma; Donatello, o gênio científico, usa o bastão Bo; Michelangelo, o palhaço do grupo, usa Nunchakus e finalmente Raphael, o rebelde, usa os mortíferos Sais.

As tartarugas estavam, junto com o seu mestre Splinter, assistindo televisão quando então a repórter April O’Neil aparece no noticiário. Krang (também conhecido por aqui como Cérebro) então aparece em sua roupa humanoide gigante e rouba a Estátua da Liberdade, momentos antes do Destruidor aparecer em todos os canais de TV rindo em desafio para as Tartarugas ah ah ah vocês não me pegam. Assim começa a ação pelas ruas de Nova York, com os ninjas do Clã do Pé pipocando na tela para enfrentar as verdinhas. Confira abaixo as fases do game:

Scene 1: Big Apple, 3AM

Em plena madrugada as tartarugas quebram o pau em um ponte da Grande Maçã. O chefe é o cientista-louco-homem-mosca Baxter.

Scene 2: Alleycat Blues

Nos becos e quebradas da cidade, acerte os hidrantes e placas para jogá-los em cima dos inimigos. O chefe do pedaço por aqui é Metalhead, uma tartaruga ninja robô. Pau nela!

Scene 3: Sewer Surfin

Pega sua prancha e faça manobras radicais no esgoto de Nova York. Apesar de ser uma fase bônus e dos vários itens, ela não é tão fácil, está cheia de armadilhas. No final dela aparece o Rei Rato (exclusivo no Super Nintendo, no arcade não há chefe, o Destruidor aparace e manda as tartarugas para o passado), num jet ski pra lá de estiloso.

Scene 4 : Technodrome – Let’s Kick Shell!

Fase exclusiva do Super Nintendo. O famoso quartel general do Destruidor, localizado nos subsolos da cidade. Os sub-chefes aqui são os monstrengos Tokka e Razah, passando por eles você enfrenta o Destruidor que está dentro de uma máquina qualquer. Para derrotá-lo é necessário jogar os inimigos na tela. Um chefe bastante criativo e original, ponto para a Konami!

Scene 5: BC 2500000000 – Prehistoric Turtlesauras

O Destruidor manda nossas queridas tartarugas para a pré-história em meio aos dinossauros. No final da fase, Slash o guitarrista do Guns ‘n Roses uma tartaruga bombada e malvadona as espera.

Scene 6 – AD 1530 – Skull and Crossbones

Dentro de um navio pirata no século XVI, a tripulação aqui é formada pelos soldados do Destruidor e não por piratas. Ao enfrentar os inimigos, cuidado com os navios ao fundo que atiram balas de canhão. Encontre no final do navio Beebop e Rocksteady (vestidos de pirata). Não os deixe comer sopa de tartaruga!

Scene 7 – AD1885 – Bury My Shell At Wounded Knee

Irráááá, as tartarugas agora estão numa locomotiva a vapor no velho oeste. Abra caminho pelos vagões até encontrar o Cabeça de Couro, o jacaré mutante. Bata um pouco nele e corra, senão ele te enche de pancada!

Scene 8 – AD 2020 – Neon Night-Riders

Estamos no futuro (que não está tão longe assim). Em cima de uma prancha voadora (De Volta Para o Futuro?), a ação dessa fase se passa pela vertical usando o belo efeito Mode 7, como num game de corrida. É tão fácil que nem dá graça. O boss aqui é o Krang, que consegue escapar depois de derrotado.

Scene 9 – AD 2100 – Where No Turtle Has Gone Before

 

Desta vez capricharam e jogaram as tartarugas num futuro distante numa base em um outro planeta (inclusive com referência à Star Trek no título da fase). Krang volta para a desforra dentro de uma nave.

Scene 10 – AD 1992 – Technodrome – The Final Shell-Shock

 

As tartarugas estão de volta para o “presente” futuro num confronto final com o Destruidor. Destrua ele e salve a donzela de pedra!

Santa Tartaruga!

O visual do game é um dos grandes destaques, com uma grande variedade de cenários como as ruas de Nova York, os esgotos, além das viagens pelo tempo como a Pré-História, o Velho Oeste, o navio pirata e o futuro. O design dos personagens, inimigos e chefes também brilham, são cheios de detalhes e bem animados, dando aquele toque de desenho animado estilizado do qual o game é inspirado. É claro que, se comparado com a versão dos arcades, os gráficos não são tão refinados, as cores são mais pálidas e menos vibrantes, os cenários possuem menos detalhes e animações, e os personagens são um pouco menores na tela. Mas certamente a Konami faz um excelente trabalho ao converter o título para as limitações do SNES. Tanto que o jogo tem uma fase a mais, com uma batalha com o destruidor bastante criativa e original. Porém, uma pequena ressalva em alguns estágios. A Pré-História por exemplo, a Konami não aproveitou bem o potencial visual desse cenário, mostrando uma simples caverna e alguns dinossauros correndo na velocidade da luz. Qualé Konami, podia ter colocado uns dinos ali para infernizarem as tartarugas, ou um Tiranossauro como chefão. O mesmo acontece no Velho Oeste, apesar de alguns ninjas se vestirem com ponchos e sombreiros, faltou aquele toque criativo de “Sunset Riders” (game de faroeste da Konami) neste estágio.

Trilha Sonora Tartarugal!

Assim como no visual, “Turtles in Time” faz bonito em sua trilha sonora. E muito bonito por sinal, com temas memoráveis de um estilo pop/rock que caí como uma luva para criar aquela ambientalização com os cenários para encher os inimigos de pancadas. Os efeitos sonoros não fazem muita diferença, cumprem o seu papel com sons de pancadas, pulos e explosões. Possui algumas vozes digitalizadas, mas a maioria dos diálogos existentes no arcade foram trocados por legendas no cart. As músicas não possuem a mesma qualidade que na versão arcade, mas são igualmente muito bem compostas aproveitando do chip sonoro do console, resultando em temas vibrantes. Escute alguns deles abaixo:

Outro aspecto importantíssimo, senão primordial, num Beat’n Up, é sem dúvida a sua jogabilidade. E “Turtles in Time” é suave, simples e prática. Com apenas três botões (pulo, ataque e corrida) é possível desencadear uma variedade de golpes com a sua tartaruga, sejam golpes no mano-a-mano, correndo ou voadoras (três tipos diferentes), além de golpes especiais e do movimento de pegar um inimigo pelo braço e bate-lo no chão de um lado para o outro. Mas além disso, a grande novidade é o golpe em que é possível catar um adversário e jogá-lo na tela da televisão, como se estivesse vindo direto para nós. Esse efeito foi criado no arcade e transposto no SNES, uma grande e bem-vinda novidade na época para os videogames caseiros.

O jogo não é muito difícil ou muito longo, mesmo em níveis mais elevados, levando uns 30 ou 40 minutos para se fechar a aventura. Os chefes não exigem grandes estratégias, e jogando com um amigo as coisas ficam ainda mais tranquilas (e divertidas). Um ponto negativo é a falta de variedade dos inimigos básicos, compostos pelos infinitos ninjas do Clã do Pé. É sempe a mesma coisa, apenas alterando as cores e algumas armas utilizadas, os inimigos são sempre os mesmos. Temos alguns robôs e monstros de pedra aqui e ali, mas ainda assim a variedade é pequena. O título ganhou um remake 3D HD em 2009 para Xbox 360 e PS3, mas o jogo é muito ruim e não o recomendo. Fiquem com este aqui que vale muito mais a pena.

Para terminar, eu não poderia escrever uma análise das saudosas Tartarugas Ninjas sem colocar aqui o vídeo da abertura clássica do desenho, e seu tema musical inesquecível! Apreciem 🙂

Obs: (o cara que colocou o vídeo deixou reservado para assistir apenas no youtube, então deixo aqui o link para o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=rS-qFdw-v_o&feature=related)

Let’s Kick Shell!

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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