Análises

Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist

As Tartarugas Ninjas foram um fenômeno na TV brasileira e repetiram o sucesso nas telas dos fliperamas e videogames, nas competentes mãos da produtora Konami. Foi com o antológico Teenage Mutant Ninja Turtles: The Arcade Game, lançado nos fliperamas pela Konami em 1989, que as verdinhas ganharam fama no universo eletrônico. Este game marcou a virada das décadas, e até hoje é lembrado como um dos melhores de pancadaria beat’m up da história. Dois anos depois, a empresa lançava no mercado, também para os arcades, “Teenage Mutant Ninja Turtles: Turtles in Time” (TiT), sequência que melhorava todos os aspectos do já ótimo game anterior.

Em 1992 TiT recebia uma adaptação de respeito para Super Nintendo (leia análise aqui), que fez a alegria de muitos donos de um SNES. Também nesse ano o Mega Drive receberia o seu primeiro game das tartarugas mutantes, um feito que surpreendeu muitos, já que a Konami era bem mais conhecida nos consoles Nintendo (a Big N também era sacana, tinha contratos de exclusividade para os seus consoles, e a Sega geralmente ficava chupando nas conversões dos games – coisa que mudou anos depois, quando um tribunal decidiu acabar com essa história de exclusividade).

 

Assim surgiu “Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist” (THH), um título que “chupinhava” muita coisa de “Turtles in Time” e “The Arcade Game”, e ainda apresentava algumas novidades exclusivas para o 16 bits da Sega (mas ainda assim, pecando no fator originalidade). Em pleno auge da rivalidade SNES vs Mega Drive, não faltou mimimi dos fãs defendendo seu console e falando “o  meu é melhor do que o seu“. Tentando ser o mais imparcial o possível (eu tinha os dois consoles), os dois títulos são bastante equivalentes um ao outro, com algumas vantagens e desvantagens para cada. Mas você quer saber das comparações (eu sei que quer), então vamos a elas:

A versão para SNES tinha 10 fases, enquanto THH possui apenas cinco. Porém, os cenários no MD são mais longos e com maior variedade visual (as fases são divididas em áreas), o que deixa a coisa mais ou menos equilibrada (a versão SNES ainda assim era mais longa). TiT possui mais efeitos especiais (a famosa jogada na tela dos inimigos e feitos de zoom e rotação), e tem uma coloração mais pálida, pelo maior número de cores. Já a versão de MD tem um contraste mais forte na cor (o que não é vantagem nem desvantagem), tem mais efeitos parallax nos cenários de fundo (nuvens se mexendo com montanhas e água, por exemplo), animações mais claras e mais rápidas e uma jogabilidade no geral bem mais veloz e eficiente. Ah, e a trilha sonora que no SNES era deslumbrante? Olha, a versão do MD não deixa nada a desejar, usando muitos dos temas famosos e vibrantes, e se assemelhando mais ao som “sujo” do arcade do que o SNES, que tem sons mais límpidos. Enfim, os dois títulos são excelentes adaptações das famosas comedoras de pizza para os games, então não precisam se matar para saber qual é a melhor. Mas verdade seja dita, TiT fez história, enquanto THH não passava de um clone.

Cowabunga!

As tartarugas estão relaxando em seu lar nos esgotos, comendo uma pizza e assistindo a sua amiga repórter April O’Neil, pela televisão, quando surge o Destruidor e faz desaparecer a Estátua da Liberdade e a Ilha de Manhattan inteira. Ele então anuncia que tem em mãos o poder da pedra Hyperstone da Dimensão X e que pretende usá-la para dominar o mundo (como manda a cartilha de todo bom vilão), desafiando as Tartarugas para tentar impedi-lo. Nada fora do normal no cotidiano das nossas amigas quelônias. Assim começa a ação pelos esgotos de Nova York, com os ninjas do Clã do Pé pipocando na tela para enfrentar as verdinhas. Confira abaixo as fases do game:.

Scene 1: New York City

 

O jogo começa nos esgotos de NY, em uma adaptação do cenário do “The Arcade Game”, passando então pelas ruas, usando pedaços da fase “Alleycat Blues” de TiT e “Parking Garage” do primeiro arcade, voltando então aos esgotos para enfrentar os monstros-aliens de “Sewer Surfin”, de TiT. No final da fase o jacaré Leatherhead (Cabeça-de-Couro) aparece como o chefão, de maneira bem similar como já apareceu nos antigos games.

Scene 2: A Mysterious Ghost Ship

 

A salada mista continua aqui, com mistura de três cenários de TiT (Sewer Surfin, que agora é no oceano ao invés de esgotos, o navio pirata e a fase pré-histórica). O chefão aqui é Rocksteady, mas sem o seu amigão Bebop (o que é muito estranho, porque não colocaram ele também?).

Scene 3: Shredder’s Hideout

 

Após sair da caverna, as Tartarugas vão para uma fase inédita, uma cidade japonesa que fica nos arredores do esconderijo do Destruidor, até alcançarem o chefão Tatsu, personagem que apareceu nos dois primeiros filmes.

Scene 4: The Gauntlet

Mais uma caverna, aqui as Tartarugas terão que lutar novamente com Leatherhead, Rocksteady e Tatsu (que voltam mais fortes), antes de enfrentar o chefão da fase, Baxter Stockman (em sua versão humana), numa máquina que lembra bastante o primeiro arcade.

 

Scene 5: Technodrome: The Final Shellshock

Essa fase está dividida em três etapas e compreende os cenários “Starbase: Where no Turtle Has Gone Before”, “Technodrome: Let’s Kick Shell!” e “Technodrome: The Final Shell-Shock” de TiT. Aqui temos como chefões o Krang, usando sua roupa especial (que foge depois de derrotado) e o confronto final com o Destruidor.

 

Como puderam perceber, THH é uma salada mista dos dois primeiros arcades, o que não é algo ruim, mas também não é algo inédito ou original. Os gráficos e visuais estão excelentes, muito próximos dos originais, apresentando uma boa gama de variedade e animações. O design dos personagens, inimigos e especialmente dos chefões também se apresentam bem na tela, com o toque de desenho animado que sempre marcou os games da série.

O mesmo pode ser dito da trilha sonora, um trabalho super competente dos compositores da Konami, usando temas memoráveis dos antigos games, com um estilo pop/rock que caem como uma luva para os sintetizadores de som do Mega Drive. Os efeitos sonoros são ok, com sons de explosões e pancadas, e o jogo apresenta algumas vozes digitalizadas, um pouco roucas, mas bem nítidas e de boa qualidade.

A jogabilidade é um dos grandes destaques desta versão. A ação ocorre de forma rápida e fluída, graças ao rápido processador do Mega Drive, que permite vários inimigos na tela sem slowdowns. Jogar com um amigo então será pura diversão, coloque na dificuldade mais difícil e veja a tela encher de inimigos. Os comandos são precisos e agora há um botão exclusivo para corridas, o que deixa tudo mais dinâmico e fácil de realizar, do que os habituais “dois toques no direcional” para correr. Mas, como já dito, aqui elas não jogam os inimigos contra a tela, um efeito que era bem bacana (e coisa que a Konami podia ter feito, visto os efeitos de zoom e rotação que ela colocou em “Contra Hard Corps“, por exemplo).

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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