Tekken – O Filme

Tekken – O Filme (Tekken, EUA/Japão, 2010)
Gênero: Artes Marciais
Direção: Dwight H. Little
Atores: Jon Foo, Kelly Overton, Cary-Hiroyuki Tagawa, Ian Anthony Dale,

Tamlyn TomitaRadah Mitchell, Sean Bean, Laurie Holden, Alice Krige
Duração: 92 minutos
Trailer: Clique aqui
Site Oficial: Clique aqui
Censura: 14 anos

Adaptações de games para o mundo de cinema normalmente causam calafrios de antemão, não somente nos fãs do devido game a ser adaptado, mas também nos apreciadores de um bom filme, pois, normalmente, filmes baseados em um game, ou série de games, são verdadeiras bombas. A lista de filmes ruins, ou piores do que isso, baseados em game é extensa, muito extensa, extensa até demais.

Dentre os supra sumo dentre essas pérolas amaldiçoadas podemos citar Mario Bros, Double Dragon, Mortal Kombat 2: A Aniquilação, Blood Raine, Alone in the Dark, Far Cry, Resident Evil (qualquer um dos filmes), Tomb Raider 2: A Origem da Vida (o primeiro foi até interessante), Doom, Final Fantasy: Spirits Within, Street Fighter: A Batalha Final , Street Fighter: A Lenda de Chun-Li, House of the Dead, Wing Commander: A Batalha Final, Dead or Alive, e a lista poderia continuar por um bom tempo ainda.

Como pôde se ver acima, a questão não é se o filme provém de uma produção mais modesta, sem um grande orçamento, ou se provém de um grande estúdio com um orçamento milionário. O primeiro filme de Mortal Kombat foi muito bom e não teve lá grande orçamento, ao passo que Final Fantasy: Spirits Within teve um parrudo orçamento, e o filme é um fiasco.

Independente da porcentagem de chance enorme de que um filme baseado em um game ser uma porcaria, todo lançamento é aguardado com certa apreensão, pelo menos por parte dos fãs do game, assumam eles ou não, seja para tão somente reclamar do resultado final, mesmo sem assisti-lo, ou não. Assim foi comigo para o lançamento de Tekken, filme baseado no game de mesmo nome. Mesmo sabendo que tinha tudo para dar muito errado, aguardei ansioso pelo filme, afinal de contas, foi um filme rodado com baixo orçamento, sem figurões de Holywood para dar pitacos estritamente comerciais. De repente, pensei eu, um novo “Mortal Kombat” surge dai para dar um ânimo nas adaptações games-cinema. Ledo engano.

Sem mais delongas, comecemos com a crítica, embasada ou não da versão cinematográfica de Tekken.


O enredo do filme foca, obviamente, a história dos Mishima. Nada mais lógico e coerente, uma vez que o game em si tem como foco principal a conturbada “relação familiar” entre os Mishima. Outra coisa bem óbvia foi a redução do escopo de personagens, afinal não seria possível um filme ministrar devidamente algo em torno de 60 personagens. Assim sendo, as famosas adaptações foram realizadas para que um filme abarcando o universo Tekken pudesse ver a luz do dia.

Não sou contra adaptações de roteiro e de visual em uma conversão game – filme, pelo contrário, adaptações são mais do que necessárias, afinal de contas, são mídias diferentes, são universos diferentes que tentam coexistir em um dado contexto. É necessário entender as regras particulares de cada mídia, essa é a chave para o sucesso, acredito eu. O problema se dá quando as adaptações são realizadas, mas não se adéquam à nova mídia, ou seja, as regras básicas próprias da mídia que abarcará o projeto não são seguidas. E foi exatamente isso que matou a versão cinematográfica de Tekken.

No filme, após algo chamado de “a grande guerra”, o mundo foi dividido na mão de 7 grandes corporações, cada corporação governava uma região do planeta a seu bel prazer. Uma dessas grandes corporações era liderada por Heihachi Mishima, essa é a mega-corporação Tekken. Ao lado de Heihachi na liderança da Tekken, está seu filho, o ambicioso Kazuya Mishima.


A população que vive sobre a “tutela” da corporação Tekken PE em sua gigantesca maioria pobre e sempre ameaçada pelos seguranças da corporação, vivendo com uma mistura de medo e revolta. Tecnologia e informação é controlada a punhos firmes pela corporação.

Anualmente, todas as corporações se reúnem em um torneio de artes marciais em pró de, além de diversão, mostrar a sua força para as demais corporações. Até o momento, a Tekken é detentora de todos os títulos nesses torneios. Na atual edição do torneio, o Tekken o sediará, e claro, quer fazer bonito em casa. Uma das tradições da Tekken é sempre escolher um representante que saia do povo para batalhar no torneio, o chamado “Escolhido do Povo”.

Dentre os moradores da região controlada pela Tekken um jovem se destaca, conseguindo com maestria ser aclamado pela população, se tornando assim o “Escolhido do Povo”. Esse jovem é ninguém menos do que Jin Kazama. Dai pra frente, todo mundo já sabe mais ou menos o que acontece. Lutas dali, brigas daqui, romancinho bobo no ar. O pacote padrão de um filme que tenta agradar a gregos e troianos.


Não seria uma sinopse ruim, adaptada para uma nova realidade, a história poderia ter sim segurado a onda do filme, entretanto, muitos dos aspectos técnicos cinematográficos foram negligenciados, o ritmo da história é inconstante, o romance que enfiaram no enredo é bobinho demais e o final tenta, como era de se esperar, arrancar uma futura sequência.

As batalhas do filme até que não bem coreografadas, mas sofrem em certos momentos com excessos plásticos inexplicáveis. Na primeira luta que Jin trava no torneio, com o inimigo no chão a na sua frente, ele vira de costas, em uma cena que serviu somente para que Jin se entreolhasse com Christie Monteiro, aplica um mortal para trás, para tentar acertar a cabeça do inimigo estatelado no chão. A onda foi tão grande, que o inimigo defendeu o chute e desceu uns bons pipocos em Jin ainda. A cena chega a dar uma vergonha alheia em quem assiste.

Apesar disso, não é possível reclamar muito das cenas de batalha, pois apesar de poucas, não fazem o feio que Dead or Alive fez por exemplo. Os cenários são terríveis. Simples hologramas de fundo, ou então, um cenário pequenino pré-montado antes das batalhas. Bem chinfrim. Pior ainda, é a “tela de seleção randômica de combates”. Ri bastante quando vi pela primeira vez.


Os personagens, apesar de poucos presentes, e menos ainda com algum sentido ou importância no enredo, tem seus momentos bons. A caracterização da maioria ficou muito boa. A roupa de Eddy Gordo, que alias, não faz nada além de apanhar para Raven em sua única participação, é idêntica a do game. Jin também tem seus momentos bons, suas calças com a estampa de chamas, e as luvas de combate caíram muito bem no personagem de carne e osso. Yoshimitsu ficou em um bom nível também, o que é irônico, pois justamente ele era, para mim, o mais fácil de ser estragado visualmente.

Entretanto, e sempre tem um entretanto, temos exemplos terríveis de caracterização. Nina e Ana, rivais até a morte, no filme são amiginhas, e o pior, não fazem nada além de ser as “vagabundas” de Kazuya. Kazuya por sua vez tem cavanhaque, e mais parece um homem esnobe e mimado, do que um poderoso lutador, aliás, lutar mesmo ele só faz uma vez, contra Jin quase morrendo, usando dois machados de uma mão e ainda assim perde e morre no fim.


Mas o pior e ao mesmo tempo o melhor (de certa forma) é a intenção amorosa de Jin no filme, Christie Monteiro. No filme Christie não é brasileira, o que é até passável e também não é parente de Eddy Gordo, o que já complica um pouco. Mas o pior de tudo é que no filme de Tekken, Christie não luta capoeira. Repito, no filme Christie NÃO LUTA CAPOEIRA. Para falar a verdade sua única luta é contra Nina Williams, e ambas passam a impressão de que nunca lutaram antes na vida. É triste.

No entanto, Christie durante todo o filme usa roupas apertadinhas e reveladoras, o que é a melhor parte de Christie no filme. Destaque para a calça que ela usa quando leva Jin Kazama para uma boate. E viva o “decote de nádegas”! Se ainda não viram o filme, assistam. Tenho certeza de que, se não gostarem do filme, gostarão de Christie Monteiro. Hehehe!

Outros personagens que merecem destaque que estão presentes no filme são o boxeador Steve Fox e Jun Kazama. Com relação a Steve Fox, só é possível saber que ele é ele pois Kazuya o chama pelo nome um vez durante o filme, porque se não fosse isso, não dava para fazer o relação. Sua caracterização foi alterada visual e psicologicamente.


Já Jun Kazama aparece somente em Flashbacks, ensinando a Jin lições sobre a vida e artes marciais. Um personagem com suposta grande importância no enredo, mas sem destaque no filme. A história não é mal contada, mas possui um ritmo inconstante. Ora o enredo se arrasta, parecendo que não vai sair mais do lugar, ora dá saltos homéricos, quase passando por cima da lógica e do próprio raciocínio e bom senso do espectador. Não é algo esdrúxulo como acontece em Dragonball Evolution (argh!), mas poderia e deveria ter sido melhor aproveitado.

Sonoramente Tekken é agradável, tenho uma boa listagem de músicas em seu acervo, mas nada que fique na mente por muito tempo. Efeitos sonoros como explosões e o som das pancadas estão no nível de qualquer outro filme de ação do mercado, não merecendo nenhum destaque, mas também nenhum demérito. A atuação dos atores também não faz muito feio. Ninguém ali vai ganhar um Oscar, mas também não são ruins o suficiente para serem escalados para fazer participação especial em nenhuma temporada de “Malhação”. Se bem que eu daria um Oscar para o “decote de nádegas” da Christie, só não saberia qualificar isso em alguma categoria da Academia. Enfim…


Eu sei que fiquei aqui apontando mais falhas do que virtudes no filme, pois ele é um filme que possui realmente mais mazelas do que acertos, no entanto, não devemos considerar Tekken um filme completamente desgraçado. Na verdade, dado o baixo orçamento, Tekken até que se sai bem no que se propôs, o problema foi justamente ao que o filme se propôs, ser somente mais um filme B de artes marciais.

Com certeza Tekken é um filme para ser esquecido no nível de evolução de conversões de games para filmes, mas não deve ser comparado com filmes verdadeiramente nauseantes como Dead or Alive e Alone in the Dark por exemplo. Perto de filmes como os citados, Tekken é muito mais honesto, e com certeza agrada bem mais ao olhar, mesmo que esse olhar, para ser agradado pela versão cinematográfica de Tekken, tenha de ser meio vesgo.

E se segurem nas cadeiras. Retornarei da próxima vez para tratar de um filme que, quando assistirem, se é que já não o fizeram, jamais acreditarão no que fizeram, JAMAIS! Trarei para o “deleite” de vocês, uma critica / resenha / análise (chame do que quiser) da versão cinematográfica de The King of Fighters. Preparem suas orações.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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