Análises

Alpha Protocol

– Longe de ser perfeito, mas com uma história bacana de espionagem –

Aproveitando a onda de sucesso de jogos de espionagem como Metal Gear Solid e Splinter Cell, a Sega resolveu apostar no gênero com o título Alpha Protocol, desenvolvido pela Obsidian Entertainment. Lançado em 2010 para PC, PlayStation 3 e Xbox 360. O jogo mistura elementos de espionagem com elementos dos RPGs ocidentais, como Mass Effect e Dragon Age. E ai, será que ele é tão bom quanto esses dois citados? Nos acompanhe nessa análise e descubra.

Em Alpha Protocol o protagonista é Michael Thornton, Mike para os íntimos,um antigo agente governamental que é traído e expulso devido a um ataque terrorista contra um avião de passageiros. Após um ataque ao avião, Thornton é dado como morto, mas ele acaba acordando em uma clínica de tratamento da agência Alpha Protocol, uma agência secreta de espionagem, ligado aos EUA. Como novo recruta da agência, Mike ganha a especial missão de capturar o líder da célula terrorista, Al-Samad. A partir dai uma trama se desenvolve a grandes níveis, e como toda boa história de espionagem, teremos espiões, traidores, conflitos mundiais, mulheres belas e perigosas, aparelhos eletrônicos avançados, muito tiroteio e uma boa dose de humor refinado. A narrativa é bem construída e é um dos melhores aspectos do game, apesar de usar alguns clichês que fãs de “24 Horas” vão notar na hora, ela consegue surpreender em vários momentos e prende bem a atenção do jogador com personagens interessantes e temas que englobam o mundo atual, com grupos armados e conflitos políticos e econômicos.

Enquanto o enredo se desenvolve, você poderá moldar a personalidade de Thornton, é onde entra o elemento RPG. Galanteador, arrogante, machão, você escolhe o que quer ser, apesar de ter opções limitadas de personalização, ainda mais se comparado com outros jogos no mercado como Mass Effect, que certamente serviu de modelo para Alpha Protocol. Durante o jogo, você terá que tomar muitas decisões de cunho moral e ético em um cruzamento de personagens e enredos que poderão alterar o desenrolar da história. Você vai encontrar várias pessoas e situações interessantes no decorrer dos eventos, onde você poderá escolher em um menu não as respostas ou perguntas, mas sim a reação de seu personagem. O bacana é que todos os personagens são bem interessantes e você vai criar uma simpatia ou antipatia pelos personagens que vai conhecendo. Alguns com certeza você vai querer meter uma bala na cabeça e matar pessoas aqui pode render aliados ou inimigos, então pense bem na sua ação. Pode rolar até um clima mais quente, como uma cena de sexo (não aparece nada… é possível ver uma calcinha vermelha e só, mas a cena toda é bem engraçada…). As situações são diversas e nem sempre o que parece óbvio, é o que acontece, podendo gerar conflitos por você julgal mal uma pessoa.

Apesar de ser um RPG, o game conta com muita ação em sua jogabilidade. Você ganhará pontos de experiência e habilidade que poderá usar para subir os níveis de determinadas características do seu personagem, como combate corpo-a-corpo, resistência, manuseamento de armas e a perícia de desbloquear dispositivos, por exemplo. Desenvolver todos esses pontos é importante para se avançar no jogo, pois alguns chefões serão bem difíceis de se derrotar se Mike não estiver em dia com as suas habilidades e técnicas.

A jogabilidade é em terceira pessoa, ao estilo de Mass Effect 2. Você vai avançando por diversos cenários e acabando com os inimigos, como terroristas, mafiosos e tropas de elite, que vão aparecendo pela frente. Você possui um armamento bem considerável, passando por vários tipos de armas, engenhocas eletrônicas ou se preferir, o bom e velho estilo machão, só com os punhos, em combates diretos ou furtivos (no começo os golpes são limitados, mas depois que você aumentar os níveis de combate corpo-a-corpo, há uma maior variação de golpes que vão tornar as lutas mais fáceis). Você também pode equipar alguns apetrechos como armaduras, coletes, cotoveleiras e afins, que irá influenciar nos atributos de seu personagem, como a pontaria ou o barulho que fazem ao andar, que pode atrapalhar se você prefere um jogo tático oculto do que batalhas diretas. As armas podem ser alteradas e melhoradas, como uso de um maior número de cartuchos e silenciadores. Seguindo a tendência dos jogos atuais de tiro, você pode fazer uso da cobertura, escondendo-se em quase todos os tipos de paredes, muros e objetos dos cenários para se proteger e fazer melhor uso de suas miras. O game também apresenta alguns puzzles, como desligar alarmes, abrir portas ou recolher informações de um computador, que ajudam a dar uma variedade maior na ação e são bem divertidos. A jogabilidade é acessível, mas não apresenta nada de inovador ou diferente que já não tenha sido visto em outros jogos.

Infelizmente nem tudo são flores e Alpha Protocol apresenta alguns pontos fracos que descontam um bom número da sua nota final. Primeiramente os gráficos e visuais, que têm um aspecto datado e certamente não são os mais belos a aparecer nesta geração. Os cenários são simples, com texturas fracas e mal polidas, animações pobres e desinteressantes. Além disso há slowdown na taxa de frames, principalmente quando há vários inimigos na tela, além de carregamento na leitura das texturas. A jogabilidade é presa e linear, não se tendo muita liberdade de exploração. As coberturas nem sempre funcionam e os inimigos não são lá muito inteligentes, não oferecendo muito desafio, entretanto as lutas contra os chefes são interessantes (e a principal causa de mortes no game) e lembram um pouco o estilo de Metal Gear Solid. Há vários bugs e glitches que por vezes dá a impressão de um jogo incompleto e com uma falta de polimento final.

Em termos de audio e trilha sonora, as músicas são apropriadas, mas não apresentam grandes inspirações ou temas épicos que ficarão gravados em sua mente. A dublagem está bem feita, principalmente do protagonista e raramente soam mal. Os diálogos são bem feitos e criativos, geralmente com um bom humor que irá agradar e de acordo com a produtora, tanto os dialógos como personalidade do personagem foram baseados em Jack Bauer de 24 Horas, James Bond e Jason Bourne, de Identidade Bourne. O jogo conta com umas 15 horas de duração, com um fator replay alto, já que você não poderá ver todas as possibilidades que o jogo oferece com apenas uma jogada.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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