Análises

Altered Beast

Altered Beast” é um dos jogos mais famosos do Mega Drive, isso porque foi um dos seus primeiros títulos e vinha junto com o console (antes de ser substituído por Sonic The Hedgehog). Originalmente lançado para arcades em 1988, teve versões para vários consoles e computadores da época, sendo a mais popular a versão para o 16 Bits da Sega. Relembre conosco abaixo este grande clássico da história dos videogames, mais lembrado por vir junto com o Mega Drive, do que por suas qualidades técnicas.

caixa original do Mega Drive brasileiro

Rise from your grave!

O jogo se passa na Grécia Antiga e segue a história de um centurião ressuscitado por Zeus para resgatar a sua filha Atena, que foi raptada pelo demônio Neff, das profundezas do inferno. Mas como um simples centurião não seria forte o suficiente para enfrentar os perigos sobrenaturais (a não ser que seja o Kratos), Zeus deu a ele a habilidade de se transformar em bestas – parte animal, parte humano – com força e poderes formidáveis, como Lobisomem, Dragão, Urso e Tigre.

O jogo teve como principal game designer Makoto Uchida, que também produziria o clássico “Golden Axe” (o Bizarrian Chicken Leg inclusive aparece aqui), “Golden Axe: The Revenge of Death Adder” e “Alien Storm“, entre outros. “Altered Beast” é bastante simples, mas já mostrava do que a geração 16 Bits era capaz: os personagens eram enormes na tela, os cenários eram mais detalhados, efeitos parallax nas telas (que nem mesmo existiam no arcade) e logo no começo podemos ouvir uma voz poderosa dizendo “Rise from your grave!“, dando início à aventura – o jogo tinha uma temática bastante pesada e adulta para a época, mostrando que finalmente os videogames tinham amadurecido. Aliás, as várias vozes digitalizadas presentes no game apresentam uma excelente qualidade, ficando longe daquela “rouquidão” que era comum em vozes no aparelho, e foram um dos grandes destaques nesta época.

Eu lembro das propagandas na TV e revistas, que mostravam justamente a transformação do guerreiro em fera, e era uma coisa bastante legal que fez muita gente querer comprar o videogame. O jogo em si não tinha uma qualidade excepcional, era na verdade bem fraquinho, curto e repetitivo, mas cumpria com o que se propunha: dar um gostinho aos jogadores do que o Mega Drive era capaz. E isso ele fazia muito bem, pois quem o jogava, queria experimentar mais e mais – e para isso teriam que comprar outros games. A Sega aproveitava e marketeava como uma “experiência arcade dentro de casa“, coisa que o principal rival, o Nintendo 8 Bits, estava longe de fornecer.

Certamente se “Altered Beast” não fosse lançado junto com o Mega Drive, ele não teria o mesmo status que tem hoje, provavelmente mal seria lembrado. A ambientação em cenários sombrios, recheados de inimigos como zumbis, dragões,monstros e criaturas certamente era o seu maior e grande destaque, ainda mais se você estava vindo da geração 8 Bits, que era mais ingênua inocente. A possibilidade de se transformar em monstros diferentes em cada fase também era muito bacana, o meu preferido era o Dragão voador, e o pior de todos era a bosta do Urso, que tinha um ataque ridículo bem curto (fuckin fase maldita aquela!).

todas as cinco fases do game

O jogo possui apenas cinco fases em side-scrolling (movimento lateral da tela) e ao final de cada uma deve-se enfrentar o denônio Neff (teria sido mais interessante se tivessem usado Hades como vilão), que se transforma em criaturas horrendas e mortais. Pelo caminho é possível acumular três power-ups, que aumentam a força, e tamanho, do seu guerreiro. No terceiro ele se transforma em uma fera, muito mais ágil e poderosa, que dá até gosto bater nos inimigos e criaturas mitológicas.

A mecânica da jogabilidade não poderia ser mais simples: um botão para o pulo e os outros dois para dar socos ou chutes (no Master System só havia um para ataque). Quando o herói (ou heróis, era possível jogar com dois jogadores simultâneos) tomava a forma de uma fera, o botão de soco tornava-se o de ataque a longa distância (como projéteis) e o de chute passava a ser o de ataque especial (investidas corpo-a-corpo). Ainda uma outra característica do game era que a tela, ainda que lentamente, avançava sozinha, o que obrigava o jogador a ficar alerta com obstáculos (ficar preso entre um obtáculo e o fim da tela significava perder uma vida).

todos os chefões

As fases eram curtas e, basicamente, a dificuldade apresentada também era baixa – os chefes de fase tinham estratégias que, quando aprendidas, tornavam-nos fáceis de serem derrotados. Porém o número de vidas que o jogador acumulava eram o total de chances que tinha para completar o jogo, uma vez que o game não contava com recurso de continues. Como já dito, são no total apenas cinco estágios, passando pelo Cemitério, Subterrâneo, Gruta, Templo e Mundo dos Mortos, que podem ser completadas até em menos de vinte minutos.

O jogo ganhou um remake em 2005 para PlayStation 2, que é até interessante e bem violento, mas que deixou todo o seu legado de lado – a história mudou totalmente de rumo: onde antes se baseava em lendas gregas, agora é de ficção científica, com um personagem que sofreu experiências genéticas e que, em virtude destas, conseguia transformar-se em muitos monstros – coisa que acabou não agradando muito aos fãs. Na animação da Disney “Detona Ralph“, podemos ver na cena dos vilões reunidos a presença de Neff em sua forma de rinoceronte – sua última transformação no game.

 

Neff em “Detona Ralph”

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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