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Análise | Call of Duty: Black Ops Cold War oferece campanha com espionagem e mini battle royale

Durante a Guerra Fria, as duas maiores potência do mundo na época, Estados Unidos e União Soviética, ficavam apenas aguardando até que uma decidisse tomar a iniciativa de um ataque bélico direto, o que levaria a um novo combate mundial em larga escala, algo que felizmente não aconteceu. O que ocorreu no período foi o apoio de ambas nações a determinados conflitos regionais, mas sempre há aquela suspeita de operações que tenham ocorrido por trás dos bastidores e que apenas um ínfimo grupo de indivíduos tenha conhecimento.

De volta à Guerra Fria

A campanha de Call of Duty: Black Ops Cold War foca justamente nisso, havendo missões em locais como Berlin Oriental, Turquia, Vietnã e até mesmo no QG da KGB, tudo em volta de uma trama envolvendo uma grave ameaça ao ocidente por parte de um agente soviético chamado Perseus. Seu principal objetivo é descobrir quem ele é, onde ele está e o que pretende fazer para destruir o modo de vida ocidental. Há figuras históricas presentes no game, como o ex-presidente norte-americano, Ronald Reagan, crítico ferrenho do socialismo e comunismo, e que teve papel de destaque durante a Guerra Fria nos anos 80, fazendo de sua presença algo natural e necessária na história do jogo.

Você começa jogando na pele de Alex Mason, um dos personagens veteranos da saga Black Ops. Frank Woods e Jason Hudson também estão presentes, como era se esperar. Há estreantes também, com o principal deles sendo o agente da CIA, Russell Adler. Nenhum deles é o protagonista no entanto, sendo este papel reservado para o jogador, que alguns minutos após o início da campanha deve criar seu personagem, lhe dando nome, histórico, gênero e até mesmo habilidades passivas especiais, que não podem ser alteradas uma vez escolhidas.

Call of Duty: Black Ops Cold War é bastante focado em dar liberdade ao jogador, cujas certas decisões em algumas missões podem mudar o rumo de determinados pontos da campanha, inclusive seu desfecho, que será bastante inesperado para muitos que jogarem.

Por exemplo, há uma missão onde você tem a opção de resgatar ou matar um informante. Quando você chega ao local onde ele está detido, há um documento em uma mesa sugerindo que ele abriu o bico. A decisão de matá-lo ou resgatá-lo influencia não apenas o modo como esta missão se encerra, mas também um dos aspectos de outra missão, que você só verá depois de algumas horas.

Todas as missões podem ser acessadas em uma lousa localizada dentro de um esconderijo, onde seus companheiros e você se preparam para realizá-las. Dá para conversar com eles, permitindo descobrir mais sobre a história de cada um, se assim desejar. Há também uma sala trancada que só pode ser acessada após descobrir o código do cadeado da porta, usando pistas que estão escondidas ao seu redor. Dentro dela, há uma pequena surpresa, que não direi qual é para evitar spoilers.

Outro aspecto interessante da campanha é que há duas missões opcionais cujo sucesso depende das evidências que você encontrar nas missões obrigatórias. Ao achar todas estas evidências, é necessário examiná-las para poder traçar o melhor plano de ação, pois só assim conseguirá concluí estas tarefas corretamente. Felizmente isso não é algo difícil de se fazer, bastando prestar atenção nas pistas contidas em cada evidência. Entretanto, jogadores que não gostam desse tipo de abordagem e preferem o tradicional foco na ação poderão se desapontar um pouco com esse aspecto do jogo.

A jogabilidade em si não muda muito daquilo que já estamos acostumados em Call of Duty, mas há uma novidade que você percebe logo após os primeiros minutos jogando. Agora é possível usar inimigos como escudos humanos, o que ajuda um pouco em certas situações. Há também momentos na campanha onde dá para focar na furtividade, ao invés de sair simplesmente atirando em tudo que vê pela frente.

No geral, a campanha diverte, tendo até alguns easter eggs na forma de versões completas dos jogos clássicos da Activision para Atari, e cumpre bem seu papel, apesar de curta, com duração de cerca de 5-6 horas. O modo como ela foi feita dá ao jogador a opção de jogá-la mais de uma vez caso queira descobrir todos os seus desfechos e ver todos os finais, e os aspectos de espionagem são muito bons. Entretanto, ela peca muito no desenvolvimento dos personagens, já que foca quase que inteiramente no personagem criado pelo jogador, com isso ficando muito claro a medida que você vai avançando na história.

Multiplayer é sólido e divertido, mas será o bastante?

Call of Duty: Black Ops Cold War tem um ótimo multiplayer, com diversos modos de jogo para o jogador aproveitar, incluindo até mesmo o famoso Zumbis, que continua tão divertido quanto sempre foi. Não tive quaisquer dificuldades em encontrar partidas, graças ao bendito crossplay, que toda desenvolvedora deveria colocar em seu jogo caso este tenha suporte para jogatina online. Desconexões e latência baixa também não me afetaram.

Há vários destrancáveis no jogo relacionados com o multiplayer, obtidos simplesmente jogando e aumentando seu nível. Então, quanto mais dedicado você for, mais benefícios receberá.

No geral, a experiência que tive no multiplayer foi gratificante e pretendo continuar jogando por mais algum tempo. Contudo, este pode não ser o caso de boa parte dos jogadores no longo prazo e há uma razão clara para isso, chamada Warzone.

Embora o multiplayer em Cold War seja ótimo, não existe nada nele que justifique que a pessoa compre o jogo apenas para aproveitar isso, sendo que pode jogar Call of Duty: Warzone de graça. O novo modo Fireteam, que tem suporte para 40 jogadores, oferece uma experiência battle royale parecida e que é muito boa, mas a de Warzone continua sendo melhor.

Faltou um pouco mais de capricho nos visuais

Graficamente Call of Duty: Black Ops Cold War é muito competente em alguns momentos e fraco em outros. Os vídeos cinemáticos são de cair o queixo, mas quando chega a hora de ver o aspecto gráfico nos momentos de jogabilidade, a situação muda. Missões que ocorrem em ambientes pouco iluminados, onde a iluminação vem de determinados pontos no cenário, parecem muito mais bonitos aos olhos do que as fases que ocorrem durante o dia, com menos pontos de luz. A missão no Vietnã, por exemplo, mesmo rodando no talo no PC com Ray Tracing, em nada lembra um jogo da próxima geração no aspecto visual, seja em 1080p, 1440p ou 4K.

Por falar em Ray Tracing, no PC ele está muito presente e faz com que as sombras fiquem mais realistas. O DLSS das placas GeForce RTX ajuda um bocado para que você consiga aproveitar esse recurso sem perder muito da qualidade visual. Joguei a maior parte do tempo em uma RTX 2070S com os opções gráficas todas no máximo em 2560x1080x75fps com Free Sync, havendo apenas alguns momentos de queda perceptíveis na taxa de quadros. Também experimentei o jogo em 1440p e 4K, havendo com isso um ganho na qualidade de algumas texturas.

Falando do áudio, ele me impressionou bastante. Muito mais do que os gráficos. Jogando com fones de ouvido, é possível ouvir com bastante precisão tudo aquilo que está em sua volta, havendo indicação clara se o som está vindo do seu lado esquerdo, direito, ou das suas costas, ficando bem fácil de reagir conforme a necessidade.

Conclusão

Call of Duty: Black Ops Cold War é mais uma boa adição a já consagrada franquia da Activision. Sua campanha é curta, mas devido ao modo como foi concebida, deixa o jogador com vontade de jogá-la mais de uma vez para ver todos os seus desfechos, enquanto luta para desvendar o paradeiro e identidade do terrorista Perseus, o que leva a algumas surpresas inesperadas. O multiplayer é ótimo, mas por enquanto não há nada nele que justifique trocar Call of Duty: Warzone, uma opção gratuita, pela que é oferecida neste jogo, que você precisa pagar para acessar.

Prós

  • Campanha oferece opções ao jogador para mudar certos detalhes na história
  • Aspectos investigativos e furtivos da campanha são bem legais
  • Multiplayer divertido
  • Modo Zumbis continua tão bom quanto sempre foi
  • Ver mais uma vez os icônicos personagens Frank Woods, Alex Mason e Jason Hudson

Contras

  • Graficamente não chama muito a atenção, mesmo com Ray Tracing
  • Embora o multiplayer seja bom, alguns jogadores vão preferir continuar jogando Call of Duty: Warzone, por oferecer uma experiência battle royale melhor
  • Personagens na campanha poderiam ter sido melhor aproveitados

Nota 8.5

Uma cópia do jogo para PC foi fornecida pela Activision e Nvidia para elaboração desta análise

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