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Análise | Like a Dragon: Infinite Wealth traz conteúdo gigante e divertido

Minha história com a saga Yakuza – agora Like a Dragon – é recente. Após ter tentando iniciar minha jornada pela franquia algumas vezes, com Yakuza 0, acabei desistido antes de finalizar a história de origem de Kiryu, sem ter gostado nem do combate nem do ritmo apresentados ali. Alguns anos depois, decidi pular os capítulos mais antigos e investir direto em Yakuza: Like a Dragon, que é o sétimo jogo da franquia, o primeiro com o novo nome e a estreia do super carismático Kasuga Ichiban como protagonista.

O resultado é que me apaixonei pela reformulação feita no combate do jogo, pelos seus personagens e, após finalizar aquela aventura que figurou entre meus jogos favoritos do ano, voltei e finalmente terminei não só o Zero, como Kiwami 1, 2 e Like a Dragon: Gaiden. Nem precisa dizer que Infinite Wealth era um dos meus jogos mais esperados de 2024 e, após a jornada mais longa que tive com um jogo da saga, posso dizer que a experiência é incrível e imperdível, tanto para fãs de Yakuza de longa data quanto para quem gosta de um bom RPG.

Dragão que cospe sangue

Apesar de ter Ichiban como protagonista agora, a franquia não deixou o seu ícone de seis outros jogos largado na geladeira. Pelo contrário, pois além de aparecer no jogo anterior, teve o protagonismo da prévia de Infinite Wealth, Like a Dragon: Gaiden.

Dessa vez o Dragão de Dojima divide a tela com Ichiban durante a maior parcela da jornada, parte como um coadjuvante no grupo e parte como líder. O ano é 2023 e há breves explicações sobre o passado para ambientar quem está retornando ou mesmo novatos. Um dos principais conflitos da narrativa é a condição atual de Kiryu, que está com câncer terminal. O outro conflito principal é a busca de Ichiban pela mãe no Havaí, local inédito para a franquia e o maior mapa para ser explorado até então.

Como sempre, o Ryu Ga Gotoku Studio toma todo o tempo necessário com seus diálogos para introduzir cada situação nos mínimos detalhes e gerar motivação para tudo que rola na tela. A forma como Ichiban descobre como a mãe está viva, como ele encontra com Kiryu no Havaí, a revelação da doença terminal e tudo que se desdobra a partir dai, uma vez que ainda são inseridas gangues, novos personagens e muitos plot twists durante a jornada. As animações faciais das cutscenes são incríveis e dão vida aos personagens, tornando tudo muito crível e a sensação de pertencimento do jogador é enorme.

O resultado nem sempre é perfeito, no entanto. O roteiro recorre bastante a eventos absurdamente convenientes para justificar algumas reviravoltas, o que é marca em vários dos jogos que joguei da série, então nenhuma novidade, e também fica com alguns capítulos empurrados com a barriga, que não avançam muito a história e servem mais para introduzir alguma novidade no gameplay. No entanto, nas partes de clímax, especialmente no que diz respeito aos eventos envolvendo os dois conflitos principais, o resultado é poderoso e emocionante. Kiryu relembrando o passado e seus protegidos do orfanato me deixou com os olhos marejados várias vezes, ver o personagem mais poderoso da franquia enfraquecido, magro e ainda lutando contra vilões e dando seus discursos é inspirador e ao mesmo tempo revira o estômago. Para quem está mais tempo na série Yakuza do que eu, então, será definitivamente uma experiência inesquecível.

Destaque também para as histórias secundárias, que tem tom mais cômico e continuam a sua evolução constante jogo após jogo. Elas continuam tratando temas diversos, de curiosidades sobre o Havaí a diversos temas políticos e morais mais pesados, com desenvolvimento leve mesmo quando levam a algo mais profundo e inesperado. São dezenas delas e completar todas é uma diversão só, especialmente por várias contarem com minigames únicos, que, mesmo simples, adicionam muito no principal ponto alto do jogo: o conteúdo.

Conteúdo gigante e divertido

Como nos jogos anteriores, Infinite Wealth utiliza muito do que a franquia já fez. O primeiro mapa, por exemplo, é Ijincho, que foi palco de tudo que rolou no último Like a Dragon. Yokohama também está de volta. O destaque, no entanto, é o gigante e super vivo Havaí.

A paisagem tropical, a cidade densa e cheia de bairros diferentes, as novas culturas que se chocam com a japonesa, tudo chama a atenção e dá muito frescor para a franquia. Há mini-games diferentes que condizem com o local, desde entregar alimentos até cuidar de uma ilha Resort que foi invadida por piratas e transformá-la em uma atração cinco estrelas enquanto enriquece no processo. Masmorras gigantes e inéditas também estão presentes. Dezenas de restaurantes, lojas e locais secretos para explorar e encontrar equipamentos melhores para os seus personagens. Cada esquina aqui traz uma descoberta interessante. É a filosofia de design da RGG Studio, um mapa não tão massivo quanto um mundo aberto convencional, mas extremamente denso em conteúdo e variedade.

Mesmo após trinta ou quarenta horas de jogo ainda são introduzidas novidades em todas as frentes. O combate, por exemplo, conta novamente com um sistema de classe que permite aos membros do grupo terem uma espécie de profissão que dita suas habilidades. Só cheguei no momento em que isso é possível após mais de vinte e cinco horas de jogo, sem repetição de nenhum conteúdo até isso rolar.

O combate, aliás, agora está mais dinâmico, sendo possível utilizar ataques em área e mais combinações com os amigos do grupo. À medida em que os personagens vão ficando mais próximos – há diversos minigames e eventos para isso – vão desenvolvendo mais habilidades conjuntas. As lutas rolam por turno, mas são extremamente dinâmicas e rápidas, com muita variedade de estratégia graças ao excelente sistema de classe. Inimigos mais fracos podem ser eliminados com um só botão, tirando a repetição do combate pela cidade e deixando a exploração muito mais dinâmica também.

O conceito de “Sujimon”, uma sátira que o jogo fez com a forma com que Ichiban vê o seus inimigos como monstros e o jogo Pokémon, aqui foi ampliado para quase um jogo a parte também. É possível capturar inimigos na base da conversa após lutas ou usando um sistema de gacha dentro do jogo. Os monstros humanos são hilários e podem ser utilizados em combate em ligas e torneios diversos. Há até toda uma linha de missões e uma história própria para esse minigame, tal qual a Ilha Resort que citamos acima. É engraçado como esse jogo à parte também ajuda muito a deixar o combate menos enjoativo e dá mais sentido aos encontros pela cidade, que em outros jogos não davam nem dinheiro nem experiência suficiente para justificar tantas batalhas após algum tempo.

Completar tudo que Infinite Wealth tem a oferecer pode demorar tranquilamente mais de uma centena de horas e a sensação que fica é que, no que diz respeito ao gameplay, a franquia está no ápice agora, com total entendimento dos seus criadores sobre o que funciona e como trazer novidades relevantes para a fórmula.

Conclusão

Like a Dragon: Infinite Wealth traz tudo o que você espera de uma história emocionante e dramática da saga, mas em um pacote super robusto de conteúdo variado e de qualidade. O jogo é um RPG daqueles imperdíveis e vai prender veteranos ou mesmo novatos por dezenas, se não centenas de horas explorando tanto o belíssimo e inédito Havaí quanto os cenários nostálgicos da saga com personagens tão memoráveis quanto.

Pros

  • Havaí é detalhado, repleto de novidades legais e denso em conteúdo
  • Aprofundamento dos “Sujimon” traz um jogo a parte que é super divertido
  • Muitos minigames inéditos prendem por horas
  • História dramática, com final poderoso
  • Combate variado e dinâmico, com ótimo sistema de classes

Contras

  • Alguns capítulos não avançam muito a história e ficam cansativos

Nota: 9,0/10,0

Uma cópia do jogo para PC foi fornecida pela Sega para a elaboração desta análise.

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