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Análise | Lost Ark é um MMORPG com bastante potencial e sistema de progresso maçante

Os MMORPGs sempre foram um gênero de destaque no PC, com milhares de jogadores mensalmente. Jogos de mais renome – como Final Fantasy XIV e World of Warcraft – movimentam multidões sempre que uma nova expansão é lançada.

Lost Ark é mais um para brigar por esse nicho numeroso aqui no ocidente. Trata-se de um jogo gratuito, produzido pela Smilegate e publicado pela Amazon, que vem atraindo olhares curiosos desde seu anúncio lá em 2014 e só agora vai desembarcar por aqui.

Boas-vindas a Arkesia

O início de Lost Ark é empolgante, porém familiar para quem manja do gênero. A aventura tem início em um plano astral, onde uma figura angelical diz precisar urgentemente de ajuda para salvar o mundo. Ao aceitar o desafio, obviamente, um navio leva o personagem escolhido pelos deuses para um novo mundo mágico: Arkesia. 

Como se trata de um MMO, há milhares de outros escolhidos como você, todos caçadores de tesouros. O objetivo final é um só: encontrar o local sagrado onde a mítica arca foi guardada após um embate épico entre humanos e demônios, que ficou conhecido como Guerra das Correntes. 

A campanha de Lost Ark é recheada de cinemáticas muito bem produzidas e vê-las preparando terreno para cada novo momento épico do jogo foi uma das minhas partes favoritas da jornada. Esses momentos são muito bem-vindos para quebrar a monotonia do grind presente no jogo e é ótimo saber que elas permanecem com qualidade até mesmo quando nos aproximamos do final.

Apesar de ser visualmente prazerosa, a história contada aqui não é nada original e prende pouco. Em alguns momentos os clichês de anime – que combinam pouco com o estilo de arte escolhido – acabam por gerar desconforto e quebram o ritmo do que já não é lá muito inspirado.

Porém, não deixa de ser divertido e animador quando você se vê diante de uma horda de mil demônios se aproximando, com portais abrindo nos céus e monstros gigantes saindo de buracos, tudo bem executado. 

Liberdade no combate é o grande destaque

Após a pequena introdução com o comandante de seu navio, rolam gritos alertando monstros que estão a caminho para atacar um acampamento recém criado. É aí que temos nossa primeira experiência com o ótimo combate de Lost Ark. Uma horda de trolls e goblins atacam pessoas inocentes e um número muito grande de inimigos preenchem a tela. Neste momento há liberdade total para atacá-los da forma como achar melhor. 

Esses primeiros momentos com o personagem já revelaram algo incomum para jogos desse porte na atualidade: a câmera é totalmente isométrica, que é quando ela fica acima do personagem. Outro detalhe é que toda a jogabilidade é focada em um combate livre e sem a necessidade de travar sua mira em um alvo. A apresentação me lembrou bastante Diablo – o que traz uma certa dinâmica mais refrescante para um gênero que é acostumado com clones de World of Warcraft.

O personagem já vem equipado com um vasto leque de habilidades logo de cara, permitindo enfrentar inimigos de uma forma mais dinâmica. Eu estava usando a classe de Atirador que me dava três estilos diferentes de combate, que podem ser trocados a qualquer momento ao pressionar um único botão. Essa liberdade no combate permite criar muitas estratégias durante as lutas e abusar de combos numerosos e poderosos. 

Como de costume em jogos do tipo, há uma árvore de habilidades que introduz as melhorias para seu personagem. Ela contém um sistema que permite ao jogador realocar os pontos quantas vezes quiser, não deixando ficar preso a uma só build por toda a aventura. Isso é ótimo para experimentação e não pune os novatos.

Outro ponto alto são os chefes, um espetáculo tanto visual quanto na jogabilidade. Todos eles funcionam de forma única e especial, sem a repetição vista nos inimigos comuns. Existe uma variedade muito grande de chefes durante sua campanha e é sempre divertido enfrentá-los. É durante essas lutas que vemos o combate de Lost Ark brilhar antes de chegarmos no fim de jogo, visto que frequentemente eu me via mudando de estratégia para conseguir derrotá-los. 

Mapa grande, mas pouco conteúdo

O mapa de Lost Ark é dividido em diversas regiões onde cada uma tem sua própria ambientação, com inimigos e NPCs diferentes que criam uma atmosfera característica. Porém, essa sensação de diversidade é facilmente quebrada quando você percebe que todas as missões e inimigos funcionam praticamente da mesma forma.

As missões secundárias são bem clichês e cansativas, onde a maioria dos inimigos parecem ser diferentes somente em suas skins e o mapa de cada região é exageradamente longo e monótono. Após o tutorial, é possível pegar de a primeira montaria de imediato e com ela atravessar todo o mapa sem a necessidade de enfrentar nenhum inimigo.

O mapa também contém coletáveis como árvores, minérios, plantas e animais pequenos para caça. Essas atividades estão relacionadas à lista de trabalhos possíveis para o personagem, fundamentais para a criação de novos itens tanto para o seu personagem quanto para sua fortaleza. O problema é que só vemos esse conteúdo depois de muitas horas de jogo, tornando sua apresentação durante o começo da jornada um pouco inútil.

De início, este modelo é aceitável graças ao combate. Mas depois de 10 horas nele, passei a ignorar qualquer luta secundária e simplesmente seguia para a próxima missão principal, tudo no objetivo de continuar a história, subir de nível e finalmente chegar no conteúdo pós-jogo.

Conteúdo de fim de jogo robusto

O momento mais especial de Lost Ark é o seu conteúdo de fim de jogo. Ao atingir o nível 50 – o que pode levar até 50 horas de jogo – são liberadas diversas atividades.

As chamadas Chaos Dungeons, onde o jogador enfrenta ondas de inimigos em três locais diferentes, são o primeiro destaque. Nestes locais é preciso eliminar todos os inimigos em um tempo específico. Ao completar isso com sucesso, há recompensas como equipamentos de alto nível e itens para realizar melhorias na build. É possível fazê-las duas vezes ao dia, seja sozinho ou em um grupo.

O próximo conteúdo é chamado “Guardian Raid”, bem semelhante ao que vemos em Monster Hunter. Os jogadores entram em um mapa, procuram o chefe escondido e o derrotam antes do tempo terminar. 

Há também a chamada Torre de desafios. Nela será preciso percorrer todos os andares de uma torre completando objetivos diferenciados, que ficam progressivamente mais difíceis. Ao chegar no topo, recompensas diversas são liberadas. 

Em adição a tudo isso, há um sistema de navegação com o seu próprio navio, que é liberado pouco antes do fim do jogo, mas chega ao ápice só após o nível 50. Nele você pode explorar todo o continente de Arkesia em busca de inimigos mais poderosos, dungeons mestre e itens para ajudar na build de seu personagem. Eu passei boa parte do meu tempo no endgame desta forma e foi mais prazeroso do que eu esperava.

Esse conteúdo final faz a jornada pela campanha valer a pena. É possível perceber que o fim de jogo tem um certo polimento diferente do visto nas missões que você faz enquanto ainda está subindo de nível. Uma pena que até chegar nisso, seja preciso passar por uma experiência muito cansativa, quase como um teste de resistência. 

Conclusão

Lost Ark tem seu charme. Graças ao seu incrível combate, o bom conteúdo de fim de jogo e seus momentos chaves cinemáticos, podemos imaginar que o jogo tem muito potencial em seu futuro. Infelizmente, é difícil ignorar seus pontos negativos quando eles tomam quase que a maioria do seu tempo até chegar na parte divertida.

É fácil imaginar muitas pessoas desistindo na metade deste jogo com um enorme potencial simplesmente porque o seu recheio é básico e sem novidades. O fato dele ser totalmente gratuito para jogar melhora muito sua situação, e com toda certeza vale a pena dar uma olhada por si só, mesmo que sejam com baixas expectativas.

Prós

  • Combate refinado e divertido
  • Momentos cinemáticos marcantes em um MMO
  • Ambientação que chama a atenção
  • Conteúdo endgame é forte e viciante
  • Totalmente gratuito para jogar

Contras

  • Conteúdo do meio do jogo é fraco e repetitivo
  • Mapa desnecessariamente grande para a quantidade de conteúdo
  • Tutorial mais longo do que deveria ser
  • Coleta de recursos é introduzida muito cedo e de forma desnecessária

Nota: 7.5/10.0

Uma cópia do jogo foi fornecida pela Amazon Games para a elaboração desta análise.

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