Análises

Análise – Middle-Earth: Shadow of Mordor

Depois do estrondoso sucesso da trilogia Senhor dos Anéis no cinema, o universo criado pelo escritor J. R. R. Tolkien chegou ao auge da fama e se tornou prato cheio para as desenvolvedoras de games. Como toda franquia explorada ao extremo, essa mina de ouro medieval rendeu inúmeros jogos, a maioria de qualidade duvidosa e estilos variados. Poucos honraram a memória de Tolkien, e a Monolith Productions teve nas mãos a dura tarefa de quebrar uma sequência de jogos ruins e criar uma experiência diferente para os fãs da Terra-Média.

De volta à vida

Middle-Earth: Shadow of Mordor é um spin-off da série original e seus eventos ocorrem entre O Hobbit e A Sociedade do Anel. Com uma introdução rápida e emocionante, o jogo te coloca no controle de Talion, um ranger designado para vigiar Morannon, o Portão Negro de Mordor, e impedir o retorno do grande vilão Sauron. Durante uma invasão, Talion e sua família são brutalmente assassinados pelo exército de Sauron, mas o ranger volta à vida com a ajuda do espírito do elfo Celebrimbor. Unidos no mesmo corpo, Talion herda os poderes sobrenaturais do elfo e juntos buscam vingança por suas mortes.

Seguindo essa premissa, você deve vasculhar o mundo aberto de Mordor procurando informações sobre o paradeiro do seu algoz, Mão Negra. Como qualquer jogo open world, é possível seguir a história principal (com algumas aparições famosas do universo Tolkien) ou fazer uma centena de missões paralelas para melhorar seu personagem. É nessa hora que o jogo mostra seu brilho.

O sistema Nemesis

Foi criada uma divertida fórmula de “caça aos monstros”, na qual é necessário interrogar os inimigos de baixa patente para receber informações sobre os “peixes grandes”, até chegar ao último chefe. Esses inimigos mais fortes são chamados Nemesis, gerados aleatoriamente dependendo de como você joga. Existe uma rede social entre os inimigos, e os gatilhos são as ações de Talion. Por exemplo, se você é morto por um uruk qualquer do cenário, ele se torna um Nemesis por ter te matado. Se você foge de uma batalha, um inimigo pode te chamar de covarde e se tornar um Nemesis, jurando vingança. Até mesmo se um amigo seu que está jogando na casa dele morrer, o assassino pode se tornar um Nemesis dentro do seu jogo. Demais, não?!

Middle Earth - Shadow of Mordor - Screenshot - Caçando Full

Cada inimigo interrogado revela o paradeiro de um novo Nemesis e, ao matá-lo, outros uruks brigam pelo posto do seu falecido superior. Pra piorar, os Nemesis sobreviventes sobem de nível e ficam mais difíceis de serem vencidos. Você terá muito trabalho se quiser matar todos. Além disso, é possível descobrir também as fraquezas e qualidade dos Nemesis: um morre instantaneamente com uma flechada na cabeça, outro tem medo de wargs (os cachorros monstruosos da Terra-Média), e outro ainda tem medo de ficar só, pobrezinho…

O legal é que cada Nemesis no mundo de Mordor parece ter vida própria. A Monolith teve muito cuidado ao criar um design e um nome único para cada inimigo. Bolg, o Amante de Carniça é meu preferido até agora, e a dublagem impecável ajuda a construir sua personalidade.

Um pouco disso, outro daquilo

Desde o primeiro trailer liberado, Shadow of Mordor foi taxado de “Assassins Creed na Terra-Média”. Não por menos, o game bebe da mesma fonte que Altair, Ezio e outros assassinos em termos de jogabilidade. Você escala construções, corre em cima de telhados, anda sorrateiramente atrás dos inimigos e pega-os de surpresa, esconde em arbustos, se esgueira entre paredes, tem uma espada para combates corpo-a-corpo e uma adaga para mortes “stealth”. Apesar de tanta semelhança, o jogo flui mais rápido e é mais visceral que qualquer Assassins Creed. Isso se deve ao já explicado sistema Nemesis e também ao combate herdado dos jogos da franquia Batman, da Rocksteady Studios.

Cercado por vários inimigos, Talion empunha sua espada e desce a porrada com maestria em todos de uma vez, sendo necessário apertar o botão no momento certo para acertar um contra-ataque. Também é possível pular por cima de inimigos para evitar um golpe e se posicionar melhor, sempre almejando o número máximo de hits para um fazer um combo perfeito. O mais legal são as animações ao desferir um golpe mortal: os uruks gritam de desespero ao serem decepados, trespassados na cabeça pela espada, furados repetidas vezes no peito pela adaga antes de terem a garganta cortada e mais uma série de mortes estilosas e brutais.

Nova geração?

Céu escuro, grandes montanhas de pedra e barro, enormes descampados, fogueiras espalhadas, ferro retorcido, escravos trabalhando e muitas construções rústicas da “arquitetura orc” compõem o cenário de Mordor. A Terra-Média é mais “dark” se comparada àquela vista nos filmes, devido ao jogo se passar nos domínios de Sauron. Infelizmente, mesmo com a direção de arte adequada, o jogo é bonito, mas não surpreende. Feito também para a geração anterior, as diferenças nas plataformas atuais ficam com as animações de batalha, a modelagem dos Nemesis e o tamanho do campo de visão. O rosto do próprio Talion é feio quando visto em close, mas os detalhes de sua roupa em movimento mostram o carinho e a atenção da equipe aos detalhes.

Middle Earth - Shadow of Mordor - Screenshot 02 - Montaria

Se no visual o jogo cumpre seu papel, na parte sonora Shadow of Mordor compensa. O tilintar das espadas, os grunhidos assustadores dos orcs e os sussuros do mundo dos espíritos dão o tom certo para a aventura. A versão testada foi a de PS4, e é muito bacana escutar as palavras élficas saindo pelo alto falante do controle quando se atrai um inimigo. O grande destaque fica para a dublagem impecável, com destaque para a voz cavernosa do elfo Celebrimbor e os já citados Nemesis.

Vale revisitar a Terra-Média?

A liberdade criativa proporcionada por um episódio não canônico do Senhor dos Anéis permitiu a Monolith fugir da mesmice. Com mecânicas herdadas de outros games consagrados, Shadow of Mordor consegue unir uma história simples com um sistema de jogo inovador, aumentando o fator replay. A sensação é que estamos jogando um clássico da era 16/32 bits, quando os jogos tinham a diversão do jogador como objetivo principal.

Estão dizendo por aí que esse é o melhor jogo do universo Tolkien. Depois de terminar a saga de Talion, fica difícil discordar.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!