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Análise | Predator: Hunting Grounds é mais um multiplayer assimétrico abaixo da média

O predador é um ícone dos filmes de ação que sempre casou muito bem com os jogos de vídeo game. Desde o SNES, jogos como Alien vs. Predator são lançados, geração após geração, trazendo novamente o personagem para a telinha de novos e antigos fãs da obra. Predator: Hunting Grounds é a nova tentativa de inserir o caçador na cultura popular, dessa vez como um multiplayer assimétrico feito pelas mãos de quem tem experiência com o assunto, mas que não foi tão bem na execução.

Lançado para PC e PlayStation 4 , o jogo já está disponível para que pessoas do mundo todo se dividam entre um esquadrão de fuzileiros e um Predador, para partidas que são tensas e cheias de adrenalina em alguns momentos, enquanto que em outros a falta de criatividade e o marasmo infelizmente minam a diversão.

Predador versus Esquadrão

Os multiplayers assimétricos colocam um dos jogadores na pele do poderoso Predador, que deve enfrentar vários outros jogadores que encarnam personagens mais fracos. O objetivo é criar uma simetria pelo número. O time que controla os fuzileiros, ao jogar em equipe, se torna uma força capaz de derrotar o personagem inimigo mais forte. O problema é que poucas partidas conseguem fazer isso de forma primorosa.

A IllFonic, desenvolvedora de Predator: Hunting Grounds, foi um das que conseguiu um balanceamento aceitável no seu último jogo, Friday the 13th: The Game, onde um dos jogadores jogava com o icônico assassino em série, Jason. Ainda assim, o vilão era forte demais na maioria dos casos e para o novo jogo, o Predador é um inimigo bem mais maleável.

Os jogadores que controlam o esquadrão jogam na visão em primeira pessoa, bem nos moldes clássicos que qualquer FPS. Antes de começar a partida, eles podem se equipar com suas melhores armas e planejar como vão enfrentar a ameaça alienígena no jogo.

Já o jogador que controla o Predador vai ter a orientação de câmera em terceira pessoa, o que dá uma vantagem natural e faz sentido graças aos sentidos aguçados do alienígena. Há um arsenal de habilidades disponíveis para o Predador, que vão desde ficar invisível para executar os desprevenidos por trás como até mesmo rajadas explosivas e facas para trucidar os humanos desatentos. Sua movimentação é rápida, pulando de árvore em árvore de modo bem fluido, o que dificulta a visão dos inimigos.

Embora mais poderoso, o Predador não tem tanta vida quanto normalmente se espera de inimigos como ele em jogos do gênero. O esquadrão, se jogar de forma coordenada, pode derrubá-lo de forma bem rápida. Se por um lado deixou o estigma de monstro forte demais para trás, por outro parece que o deixaram vulnerável além da conta. Devido a isso, talvez alguns incrementos para o Predador cheguem em breve e serão bem vindos.

Selva!

Em vez de jogar o Predador e suas presas em uma pequena arena e deixar o pau comer, a Illfonic preferiu criar um ambiente mais vivo, que lembra bastante a ambientação dos filmes clássicos. Em uma floresta tropical sul-americana, ambos os times são colocados em pontas opostas do mapa. Para não virar um simulador de caminhada, no meio do caminho são colocadas diversas missões para ambos completarem.

O esquadrão pode desarmar bases de cartel e coletar alguma inteligência. Nessas bases, após completar as missões, o time vai ganhando experiência que no final da partida pode render novas armas e equipamentos para melhorar o personagem.  O loop é bem sem graça e pouco inspirado, você chega em um local, derrota a IA e segura o botão para coletar ou destruir alguma coisa.

Todas essas bases estão recheadas de inimigos, o que resulta em disparos de armas fogo, que por sua vez chama a atenção do Predador. Essa tensão antes da aparição dele é o ponto alto do jogo. Você, às vezes, consegue ouvi-lo, sabe que ele está observando, mas não consegue identificar a posição exata. Enquanto isso, a IA continua atirando e fazendo mais barulho, o que te deixa ainda mais tenso.

Pelo lado do Predador, o momento é o que vai definir a vitória ou derrota. Aparecer no meio dos quatro humanos, pela frente, significa morte rápida e até meio cômica. Não raramente, o jogador que está com o Predador não domina ainda as mecânicas do vilão e acaba humilhado, o que é meio anti climático. Há um tutorial até bem explicativo, mas que não consegue passar a tensão do jogo, significando que experiência mesmo você só terá com a prática em partidas de verdade.

Progressão deixa a desejar

Após as partidas, você acumula experiência que te dá um nível como combatente ou Predador. Ao ganhar mais níveis, você libera novas melhorias, que vão desde novas armas até perícias que podem ser usadas em campo.

A linha de progressão lembra bastante aquela presente nos Call of Duty mais recentes, mas sem a complexidade do Armeiro. Embora com algumas opções interessantes, não há nada que te faça querer continuar jogando muito do lado dos combatentes. O Predador ainda possuí várias armas que dá vontade de desbloquear, mas o tempo que demora para jogar com ele meio que acaba com a sua curiosidade.

Há também itens cosméticos que mudam partes do Predador e dos soldados, algo bem legal, mas com pouca variedade. Havendo mais atualizações de conteúdo, esse aspecto deve dar uma melhorada boa nos próximos meses.

Problemas técnicos aos montes

Predator: Hunting Grounds não é um dos jogos mais bonitos da geração, mas isso passa longe de ser o maior transtorno. No PS4 base, onde joguei, há problemas constantes com quedas de quadros e serrilhados em vários objetos, o que deixa tudo muito feio e pouco fluido.

De todos os defeitos gráficos, o pior é a utilização pesada do Motion Blur, aquele efeito que borra o fundo da tela em movimento, para compensar a perda na taxa de quadros (fps). Ele é aplicado com muita intensidade e acaba atrapalhando muito na hora de perseguir o Predador, que fica pulando de árvore em árvore, bem rápido, deixando tudo borrado.

Outro empecilho que precisa ser consertado urgentemente é a quantidade de bugs. Em algumas partidas, sua munição pode ficar marcando negativa na interface e o personagem simplesmente não consegue mais atirar mais até a partida acabar. Há missões que não completam nem dão a devida experiência, além de problemas de colisão.

Por fim, rolou um patch para melhorar o sistema de matchmaking, que estava demorando demais, mas ainda assim é preciso esperar muito tempo. Para jogar com o Predador, o grande atrativo do jogo, é necessário aguardar mais de 7 minutos, em média. Além disso, alguns jogos podem ser fechados com o esquadrão tendo menos personagens. Em um deles, ficou somente eu contra o Predador, o que deixa a partida quase impossível de ser vencida.

Conclusão

Predador: Hunting Grounds é mais um multiplayer assimétrico que tenta achar o seu lugar ao sol. Com menos problemas de balanceamento que os concorrentes, poderia se dar bem, se não fossem as missões pouco inspiradas durante as partidas, problemas técnicos e progressão nada interessante. O conteúdo deixa a desejar e poucas horas são necessárias para não querer voltar ao jogo por um bom tempo. Recomendo a compra apenas se você for um fã assíduo dos filmes clássicos e do personagem.

Pros

  • Tensão criada pela presença do Predador
  • Arsenal do Predador é diverso e jogar com ele divertido

Contras

  • Missões sem inspiração
  • Demora para encontrar partidas
  • Alguns bugs que atrapalham a experiência
  • Uso exagerado de motion blur
  • Problemas de balanceamento

Nota: 6,0

Uma cópia do jogo para PlayStation 4 foi fornecida pela Sony para elaboração desta análise

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