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Análise | Sifu fornece desafio old school que testará sua paciência

Existem jogos fáceis e acessíveis, balanceados, difíceis e há também aqueles como Sifu, que recompensam e frustram o jogador em níveis que pouquíssimos títulos atuais conseguem. Após passar muitas horas jogando e zerá-lo, sinto que estou apto a dizer o que achei da experiência.

Sifu é o novo jogo da Sloclap, o estúdio indie responsável por Absolver, outro game casca grossa na dificuldade. Você começa o game no papel do vilão, Yang, em um trecho do jogo que representa o tutorial que, embora mostre de forma clara o básico da jogabilidade, deixa de fora alguns elementos importantes do combate e que você tem de descobrir por conta própria.

No tutorial, seus comparsas e você matam todos da sua escola de kung fu, incluindo o seu mestre, que também pai do protagonista, que na ocasião ainda era uma criança e testemunhou tudo. Oito anos mais tarde, agora na pele da versão adulta do personagem principal, começa sua busca por vingança contra Yang e seus aliados.

Como diz o ditado, “é mais fácil falar do que fazer”. O caminho para conseguir alcançar este objetivo é árduo, frustrante, mas muito recompensador, graças a jogabilidade de Sifu. Ela exige que você preste atenção em cada movimento dos adversários para reagir de acordo, caso contrário, não chegará muito longe. Ficar apertando os botões de ataque freneticamente é um caminho rápido para ter sua cara jogada no chão.

Sifu faz uso de movimentos realistas de kung fu nos combates, tornando o jogo praticamente um simulador desta arte marcial. As animações das lutas são incríveis e, em alguns momentos, você se sentirá como se fosse o próprio Bruce Lee nas lutas, que em diversas ocasiões serão um verdadeiro teste de paciência devido à dificuldade.

Cada inimigo possui uma barra de energia que vai sendo preenchida sempre que ele toma um golpe ou tem um de seus ataques aparados. Quando essa barra fica completamente cheia e quebra, você pode executar um golpe finalizador, que derrota o oponente na hora. Você também possui uma barra similar, que quando é quebrada abre sua defesa completamente e pode representar o seu fim, dependendo de quanta vida você ainda tiver.

Você obtém experiência a cada oponente derrotado e ela deve ser utilizada para comprar novas habilidades que tornarão sua vida um pouco menos difícil. É necessário comprar a mesma habilidade várias vezes para tê-la consigo para sempre, mesmo após dar game over. As habilidades podem ser adquiridas em estatuetas espalhadas pelas fases, ao morrer e também em sua casa.

Vale ressaltar, no entanto, que no caso das estatuetas há também habilidades passivas específicas que só ficam ativas para aquela sessão de jogo, mas que são mantidas na fase seguinte. Se jogar novamente a fase em que obteve elas, precisará liberá-las de novo.

Sempre que você sucumbir, um talismã mágico o trará de volta à vida e adicionará essa morte a um contador que vai aumentando a cada nova derrota. Você começa a jogar com 20 anos e, ao morrer, vai para 21 anos. Se morrer de novo, a morte anterior é somada com a nova e você fica com 23 anos, e assim por diante. A cada nova década você fica com menos vida, mas causa mais dano, então também pode usar isso a seu favor. Caso morra depois de 70 anos, o jogo acaba. Derrotar inimigos mais fortes e chefes reduz esse contador, que também pode ser diminuído nas estatuetas mencionadas acima usando parte da experiência obtida.

Por isso é importante ver com cautela quais habilidades você deve destravar primeiro, pois algumas são bem mais úteis do que outras, inclusive para enfrentar os chefes, podendo fazer a diferença entre uma luta difícil e curta e uma difícil e longa. Não tenha vergonha também de usar quaisquer armas que achar, pois elas são incrivelmente poderosas em Sifu.

Os dois aspectos mais importantes da jogabilidade são aparar os ataques inimigos e esquivar dos golpes. Quanto mais cedo você dominá-los, mais acertadamente conseguirá subjugar os oponentes. Para esquivar, é necessário segurar o botão L1/LB e usar o analógico esquerdo, enquanto que o movimento de aparar ocorre simplesmente apertando o L1/LB.

Parece fácil, mas não é. Claramente o jogo tentou criar uma mecânica parecida com a que existe em Sekiro: Shadows Die Twice no que diz respeito a aparar os ataques e quebrar a defesa dos adversários, mas que não ficou tão boa quanto no jogo da FromSoftware. Não me lembro de ter um dos dedos da minha mão doendo de tanto aparar ataques em Sekiro, algo que ocorreu frequentemente em Sifu. Mesmo assim, a mecânica funciona de forma aceitável e, juntamente com as esquivas, é fundamental para que você consiga terminar o jogo.

Outro aspecto interessante da jogabilidade é que existem diversos itens espalhados pelas fases, que incluem uma fábrica, uma danceteria, um museu, um prédio empresarial e um santuário. Além de fornecerem mais detalhes sobre a história, alguns destes objetos, como chaves e cartões magnéticos, servem para que você ganhe acesso a atalhos nas fases, fazendo com que as subsequentes tentativas nelas sejam mais curtas. Há inclusive chaves que você encontra em uma fase, mas que são usadas em outra. Todos esses itens se mantém com você mesmo após acabarem suas vidas, sendo necessário obtê-los apenas uma vez.

E vou te dizer, não são poucas as tentativas, mesmo com esses atalhos. Um aspecto que cansa muito em Sifu é justamente a quantidade de vezes que você precisa fazer cada fase até passar por elas com uma idade aceitável, para ter chance de sobreviver na fase seguinte. São horas e horas fazendo as mesmas coisas, passando pelo mesmos locais, derrotando os mesmos inimigos.

Alguns personagens que você encontra permitem opções de diálogo, mas a maioria deles resulta em nada ou então numa briga. O foco está claramente na pancadaria, com esses poucos diálogos tendo sido colocado no jogo apenas como um toque a mais.

Conclusão

Sifu é um desses jogos voltados apenas para uma pequena parcela dos jogadores atuais, devido à sua dificuldade muito acima da média, que fará você xingar enquanto joga e até mesmo ter vontade de tacar o controle na parede. Entretanto, se tiver a paciência necessária para dominar a jogabilidade, terá nas mãos uma experiência bastante recompensadora.

Prós

  • Jogabilidade profunda e que recompensa quem a dominar
  • Elementos de roguelike e metroidvania bem aplicados
  • Animações nas lutas são incríveis
  • Chefes memoráveis e incrivelmente desafiadores

Contras

  • Jogar as mesmas fases diversas vezes é muito cansativo
  • Dificuldade extrema, mesmo para jogadores hardcore
  • Mecânica de aparar deixa um pouco a desejar

Nota 8.0/10.0

Uma cópia do jogo para PS5 foi fornecida pela Sloclap para a elaboração desta análise.

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