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Análise | Spider-Man presenteia fãs com o melhor jogo super-herói aracnídeo já feito

Tendo crescido jogando muitos games do Homem-Aranha, minha expectativa estava muito alta com este novo jogo, dada a competência Insomniac, produtora responsável pelo desenvolvimento, que já havia mostrado nesta e em outras gerações de consoles aquilo que é capaz de fazer. Após passar os últimos dias me balançando por Nova York na pele do escalador de paredes, digo sem nenhum receio, que ela conseguiu ir muito além do que simplesmente entregar algo de extrema qualidade, nos agraciando com a melhor aventura do Homem-Aranha já feita.

Ao invés de perder tempo com uma história focada em explicar a origem do personagem, o jogo mostra que não estamos diante de um Homem-Aranha novato, que acabou de ganhar seus poderes, mas sim de um super-herói veterano que já atua no combate à criminalidade há alguns anos, tendo inclusive enfrentado e derrotado vários de seus principais inimigos.

Logo de cara o game mostra seu cartão de visita, colocando o jogador na esplendorosa Nova York em uma caçada ao Rei do Crime. Com direito a um encontro explosivo com os capangas do vilão na Times Square, até o derradeiro confronto com ele na Fisk Tower, essa introdução recheada de momentos de muita tensão, que faz o jogador ficar com os olhos grudados na tela, não funciona apenas para explicar como controlar o personagem, mas serve também para dar o tom daquilo que está por vir em boa parte das próximas horas.

A cidade que nunca dorme jamais esteve tão acordada como em Spider-Man. Depois da parte introdutória, já está liberado acesso ao mapa inteiro, e pouco tempo após isso, o jogador pode ativar certas torres para obter o layout das regiões, que mais adiante na aventura ajudará a ganhar acesso aos locais de viagem rápida.

Você pode ter pensado nas famigeradas “Ubitowers” neste momento, mas acredite, explorar Nova York como Homem-Aranha é tão maravilhosamente delicioso que mesmo após você liberar os pontos de viagem rápida, é provável que nem faça uso deles. A ótima trilha sonora que toca enquanto você se pendura de prédio em prédio é um incentivo a mais para que isso ocorra, juntamente com os diálogos entre o Homem-Aranha e seus aliados, e as hilárias e enraivecidas críticas de J.J. Jameson ao herói em seu programa de rádio.

Existe uma infinidade de conteúdo em Spider-Man, que vai muito além daquilo que está presente na excelente e bem escrita narrativa principal, à qual evitarei comentar detalhadamente para que você não perca nenhuma das surpresas. As tarefas e missões secundárias possuem muita variedade, que envolvem derrotar criminosos que estão em um esconderijo, impedir roubos, solucionar sequestros, perseguir bandidos em fuga da polícia, e até fazer algo para transformar Nova York em uma cidade mais ecologicamente sustentável. Também há coletáveis, como por exemplo mochilas contendo itens que contam um pouco do passado do Homem-Aranha.

Isso é apenas uma amostra do conteúdo opcional que o jogo oferece, o qual concede experiência ao personagem para que ele fique mais forte, juntamente com recursos, que mudam de acordo com o tipo de tarefa, utilizados na obtenção de novos trajes, habilidades e no incremento daquilo que você já possui.

A jogabilidade é inquestionavelmente o ponto mais forte de Spider-Man. Passear pela cidade é incrível, mas enfrentar os inimigos diretamente é tão bom quanto. O sistema de combate presente aqui lembra muito aquele visto nos jogos da série Batman Arkham, mas adaptado à força e agilidade sobre-humanas do Homem-Aranha, tornando os encontros extremamente frenéticos. As piadinhas infames feitas pelo escalador de paredes em algumas das lutas, claro, estão presentes.

Há uma barra de foco que vai enchendo a medida que o jogador ataca, e quando ela fica cheia é possível executar finalizadores em um dos inimigos, tirando ele da jogada instantaneamente. O interessante é que essa mesma barra pode ser utilizada, a qualquer momento, para curar o personagem. Todos os dispositivos do Aranha tem munição finita, a qual é reposta derrotando oponentes. A exceção fica por conta do clássico lançador de teias do herói, cuja munição se regenera sozinha.

Os QTE (Quick Time Events) marcam presença mas aparecem apenas em ocasiões muito específicas, não comprometendo em nenhuma situação a qualidade geral da jogabilidade.

Existem habilidades passivas e ativas que você ganha ao distribuir pontos recebidos quando o nível do personagem aumenta. Há poderes especiais obtidos ao pesquisar cada novo traje, estes liberados conforme você progride na história, que podem ser inseridos em outros trajes. Há também quase duas dúzias de modificadores, dos quais você pode escolher três deixar ativados, concedendo algum tipo de novo poder ao herói. Dificilmente você não encontrará uma combinação que se adeque ao seu estilo preferido de jogar, ou então que sirva melhor a uma determinada situação.

Embora haja momentos onde você precisa lutar contra dezenas de adversários, há ocasiões onde o game lhe fornece a possibilidade de agir furtivamente. Por meio do visor especial que o personagem utiliza, é possível destacar os inimigos no cenário e também verificar se é seguro atacar alguém sem que os comparsas percebam. Você pode nocautear indivíduos que estejam sozinhos, distrair um grupo para que seus integrantes se separem e com isso tornem-se presas fáceis, e até mesmo utilizar um dispositivo que ativa uma armadilha a qual prende o inimigo com uma teia na parede.

Quebra-cabeças estão presentes. Boa parte deles é fácil de resolver, envolvendo a escolha de peças corretas para formar um determinado padrão de imagem composto por traços verticais ou então utilizar os circuitos certos para levar uma quantidade correta de energia do ponto A ao B. Há também aqueles que fogem desse padrão e levam o jogador a ter de investigar um determinado local à procura de pistas que o façam chegar até a solução que lhe permita avançar na história.

Um aspecto que me surpreendeu positivamente e merece muitos elogios são os instantes onde não estamos jogando como Homem-Aranha. Ao invés de ser algo que quebra o ritmo da história, tratam-se de ocasiões que a complementam e muito bem. Seja como Peter Parker trabalhando ou querendo ajudar sua tia May, assim como Mary Jane investigando um lugar suspeito ou precisando sair de alguma enrascada, o modo como Spider-Man aborda isso faz o jogador se importar mais com o rapaz por trás da máscara e aqueles que o cercam.

Graficamente o jogo é espetacular, com visuais incrivelmente detalhados, seja durante o dia, a noite ou numa tarde chuvosa. Nos prédios dá até mesmo para ver o interior de alguns dos apartamentos, o que é bem melhor do que apresentar edifícios de aparência chapada, onde todas as janelas são exatamente iguais. Não se preocupe caso você seja uma das pessoas que ficaram nos últimos dias com a pulga atrás da orelha com relação aos gráficos, devido aos rumores que pipocaram na internet a respeito disso, pois o jogo é um colírio para os olhos.

A localização em português brasileiro está excelente e não fica devendo em nada para o áudio original em inglês. Isso graças aos ótimos dubladores escolhidos para emprestar suas vozes aos muitos personagens presente no game. Entretanto, não estranhe quando ouvir o Homem-Aranha ser chamado de Spider-Man, mesmo em português, pois todos os nomes foram mantidos em inglês por decisão da Marvel, que decidiu adotar essa medida até mesmo para os quadrinhos da empresa que são vendidos por aqui.

Claro que apesar de Spider-Man ser excelente, ele tem problemas que quebram um pouco o ritmo. Deixando de lado as ocasiões onde certas texturas demoram um pouco para aparecer (1-2 segundos no PS4 Pro), há dois bugs que me chamaram a atenção. O primeiro deles fez, por duas vezes e em momentos diferentes do game, um inimigo ficar preso dentro da parede, impossibilitando que eu pudesse derrota-lo e assim dar continuidade à missão. O outro, mais bizarro, envolveu uma explosão que ocasionou um barulho estranho que ficou tocando sem parar. Para ambas situações, bastou recarregar o último ponto salvo automaticamente e pronto, problema resolvido.

Se tratam de defeitos que provavelmente podem ser reparados por meio de uma atualização, quem sabe até mesmo aquela que será disponibilizada no lançamento.

Outro ponto que me incomodou um pouco é que a luta com a maioria dos chefes passa a impressão de que algo melhor poderia ter sido feito. Apesar de serem momentos legais, é inegável que são confrontos fáceis, sem muito segredo e que acabam rapidamente.

Prós

+ História envolvente e cheia de surpresas
+ Jogabilidade dinâmica e intuitiva
+ Momentos onde você não joga como Homem-Aranha foram bem implementados
+ Um dos melhores mundos abertos já criados
+ Explorar Nova York na pele do herói aracnídeo é incrivelmente divertido
+ Localização em português brasileiro ficou ótima

Contras

– Presença de alguns bugs que fazem o jogador ter de recarregar o último ponto de salvamento
– Lutas com chefes passam a impressão de que poderiam ser melhores

Nota: 9,3/10,0

Uma cópia do jogo foi fornecida pela Sony para elaboração desta análise

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