Análises

Urban Strike

Em 1992 a Eletronic Arts revolucionou o mercado de 16 Bits ao lançar o clássico “Desert Strike” para o Mega Drive, que colocava o jogador no comando de um poderoso helicóptero Apache em um conflito inspirado na Guerra no Golfo, misturando elementos de ação de tiro e estratégia de forma brilhante e inovadora. O sucesso foi tão grande que o jogo ganhou versões em outras plataformas e mais duas sequências nos 16 Bits, com os também notáveis “Jungle Strike” e “Urban Strike“, esse último que você confere agora em nossa retro-análise especial.

Urban Strike” foi lançado em 1994 para o Mega Drive e um ano depois no Super Nintendo (inclusive ganhou versões para os portáteis Game Gear e Game Boy também), encerrando a trilogia Strike na gloriosa era dos 16 Bits (teve mais dois games na geração seguinte). Infelizmente, após dois títulos devastadores, o terceiro jogo não chegou com tanta força ou inovação no mercado, mas mesmo assim ele trazia algumas novidades interessantes para os fãs. Continue conosco e confira os detalhes abaixo.

Guerra Urbana

Se o primeiro jogo teve como tema o deserto e o segundo as selvas, o terceiro temos o cenário urbano (na verdade ele é bem variado, tem todo o tipo de cenário além de cidades) no ano de 2001 (até então no “futuro”), tendo como vilão principal H.R. Malone, um multi-milionário e político corrupto que planeja dominar o continente americano com suas forças malignas. Apesar de ser considerado perigoso, Malone ainda possui carisma e lábia o suficiente que convence o público a seguir seus ideais (como um político de verdade).

Conforme a história segue, um dos homens de Malone é revelado como Scott Anthony, conhecido pelo codinome “Agente Ego” (um dos co-pilotos selecionáveis no game anterior, Jungle Strike), que se disfarçou de segurança de Malone afim de se infiltrar na base do mesmo e descobrir seus planos.

não tenha dó e mande um míssil no fulaninho

O agente descobriu que o vilão está construindo uma super-arma que desestabilizará as forças do governo dos EUA, e que os componentes da mesma estavam localizados numa base no Havaí. Infelizmente, antes de dar mais detalhes sobre os planos de Malone, a identidade de Ego é descoberta e ele acaba morto por um carro bomba. E aqui começa o jogo, com o  governo chamando Jack Bauer você, o piloto misterioso sem nome dos jogos anteriores, pilotando o fictício e futurista helicóptero Mohican no Havaí, seguindo as pistas dadas por Ego antes de morrer.

Assim como os antecessores, “Urban Strike” dá um grande enfoque para a narrativa, que vai se desdobrando à medida em que vamos completando as missões, e que certamente é muito bacana de se acompanhar. Além do Havaí, o jogador passa ainda pela cidades do México, São Francisco, Nova York (que é bombardeada por Malone) e Las Vegas.

Game Over, man!

Bom, mas sem a qualidade dos anteriores

Em termos visuais o game segue o mesmo alto padrão dos títulos anteriores, com gráficos isométricos super detalhados e coloridos, que aparentam ser maquetes ou brinquedos miniaturas e são marca registrada da série. No entanto, “Urban Strike” poderia ter um design artístico mais variado. Por exemplo, no estágio de São Francisco temos uma névoa branca ocupando todo o mapa. Em Nova York os mesmos quatro, cinco prédios se repetem por todo cenário, e na fase final temos um grande campo aberto, sem nada de destaque visualmente. Las Vegas, com seus prédios extravagantes e enormes letreiros piscantes era um prato cheio para uma fase bem marcante, porém é outra decepção, que se passa durante a noite e com designs sem inspiração, bem distante da Las Vegas real.

World Trade Center sendo atacado

Além do helicóptero Mohican, com o mesmo sistema tradicional de coleta de gasolina, armadura e munição, o jogador conta com alguns veículos alternativos, em menos número se comparado com o segundo título. O principal é um grande e pesado helicóptero de carga, usado para resgatar um grande número de reféns de uma só vez. Também temos vários outros veículos de assalto blindados e motocicletas de combate.

Porém, o game trazia uma muito bem-vinda novidade para a série: desta vez era possível realizar missões com o seu personagem a pé. Essas missões possuem controles bem parecidos com as de helicóptero, porém um pouco mais travados e desajeitados, mas sem a necessidade de procurar por combustível (mas munição e vida sim). Seu personagem usa uma arma capaz de atirar balas e mísseis, o que é bastante legal, além do sempre útil mapa/radar, para localizar seus objetivos e itens. Apesar da boa ideia e potencial, o design e qualidade inferior dessas missões destoam do resto do jogo, com layouts sem graça e sem esmero nos detalhes gráficos. Os mapas e obstáculos não seguem uma lógica e parecem ter sido colocados lá apenas para frustrar o jogador.

comande o piloto em missões em solo

A alta dificuldade dos antecessores foi um dos grandes destaques, porém em Urban o desafio está bem mais baixo, principalmente se você já encarou os outros dois antes. Os mapas são menores, levando menos tempo para chegar de um ponto a outro, o que significa não gastar tanta gasolina, coisa que nos anteriores tínhamos o tempo todo, com o alarme de combustível apitando loucamente, avisando que estava no fim e deixando o jogador desesperado.

Munição e armadura podem ser facilmente encontrados em toda parte, o que também facilita, e muito, a coisa. Se você entrar numa Danger Zone, não será abatido em segundos, e é até possível terminar as últimas missões logo no começo (coisa quenos anteriores não é possível, ao menos, facilmente). É claro que, para um jogador que não esteja acostumado com o gênero ou que não tenha jogado os títulos anteriores, “Urban Strike” vai oferecer uma boa dose de desafio e dor de cabeça.

salve os reféns do naufrágio

Mega Drive vs Super Nintendo

Claro que não podia faltar uma comparação entre os eternos rivais. Visualmente, as duas versões são praticamente idênticas, porém no quesito jogabilidade o Megão é disparadamente melhor. O controle do helicóptero é mais macio, os comandos respondem rapidamente e ação é fluída, com a sua máquina voadora girando velozmente na tela. Já no SNES o helicóptero voa mais lentamente, os controles são mais duros, há queda de frame rate, especialmente quando há muita coisa explodindo na tela. Até para acessar o radar/mapa (usado o tempo inteiro no jogo) no SNES é mais lento, o que com tempo se torna irritante, principalmente se você está acostumado com a velocidade do Mega Drive.

MD vs SNES

Mesmo no quesito som e efeitos sonoros, que muitos gostam de glorificar o console da Nintendo (e realmente é melhor, mas dependendo do compositor), o Mega Drive dá um show, como pode ser conferido abaixo nesta comparação do tema de abertura (SNES toca antes, MD depois em cerca dos 2 min. Ainda assim, esse tema não chega aos pés do original). Até mesmo o criador da série, Mike Posehn, já disse preferir as versões da Sega. Aliás, jogos da EA geralmente eram superiores no Mega Drive do que no Super Nintendo.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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