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Análise | Windjammers 2 mostra que o legado do Arcade está em boas mãos

Windjammers 2 é o ressurgimento de um clássico dos anos 1990, um título que se vende como “o melhor jogo de arremesso de discos de todos os tempos” –  algo que, diga-se de passagem, é impossível de ser contestado. Imagine a combinação entre Air Hockey – ou Pong, jogo de 1972 – e Street Fighter. A aposta da DotEmu (Streets of Rage 4) é reviver a inusitada mistura da já falida Data East, algo que é feito com maestria pela desenvolvedora.

O que resta dos anos 1990?

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Reviver clássicos não é uma tarefa simples, pelo contrário. Mas depois de algumas horas com Windjammers 2, fica claro que toda a magia de seu antecessor está presente no DNA do jogo. A jogabilidade é semelhante: dois personagens se enfrentam em uma arena, muitas delas dinâmicas, com visão aérea e é preciso marcar pontos, seja acertando uma espécie de gol ou fazendo com que seu adversário não consiga pegar o disco no ar a tempo. 

São 10 personagens selecionáveis, sendo que seis deles já estavam presentes no jogo de 1994, cada um de uma nacionalidade diferente – dentre eles um brasileiro chamado Jão Raposa – e com características que mudam basicamente o equilíbrio entre velocidade e força e o movimento especial. Raposa, por exemplo, é o mais rápido, mas também o mais fraco. 

Essas diferenças permitem a abordagem de vários estilos de jogo. Por exemplo, o jogador pode usar um personagem mais rápido e se manter mais próximo à rede que divide a arena e tentar pressionar seu oponente no fundo de quadra, ou alguém mais forte e jogar mais próximo ao gol, tentando punir o adversário mal posicionado. Porém, certas coisas não mudam: será preciso reflexo, tomadas rápidas de decisão e uma boa estratégia.

E se no original as tomadas de decisão pareciam simples, em Windjammers 2 a evolução é notável. São diversos novos movimentos: é possível saltar e interceptar um arremesso do oponente no ar, dar apenas um tapinha no disco fazendo-o cair próximo à rede, colocar curva no arremesso e muito mais. 

Há também um medidor de EX, que representa o movimento especial único de cada personagem. Assim como em jogos de luta, ele vai se enchendo conforme o jogador executa manobras ofensivas e defensivas e, uma vez completo, é possível executar um movimento quase impossível de se prever – embora aos poucos o jogador perceba que precisará apenas do timing perfeito para devolver rapidamente um arremesso especial.

Todas essas mecânicas conferem uma camada extra de estratégia – embora a essência seja a mesma, há muito mais para se pensar. Tudo isso justifica a fama de um jogo “fácil de se aprender, difícil de se dominar” e o torna extremamente viciante.

Uma viagem de volta no tempo

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Graficamente, temos uma verdadeira visita aos anos 1990. As animações são feitas à mão – vale destacar todo o carinho dado a cada animação durante os movimentos especiais de cada personagem – e não é difícil se encantar com o design exuberante, quase além do ponto, de cada arena e com a caracterização de cada personagem. Óculos de sol reflexivos, camisas multicoloridas, raios solares estonteantes, todo o esplendor da década está ali. Há algo viciante em cada partida. É como se fosse possível reviver a essência do videogame Arcade. A trilha sonora também não fica atrás. Remetendo aos clássicos, Windjammers 2 faz bonito, e de forma simples.

Talvez a única ressalva seja uma certa escassez de modos de jogo. Há apenas três deles: arcade, em que o jogador enfrenta a CPU e pode selecionar entre três níveis de dificuldade; online, onde é possível enfrentar outros jogadores em partidas casuais ou ranqueadas – algo que deve aumentar a longevidade do game; e um versus local. Mas não se engane, Windjammers 2 não precisa de mais do que isso: cosméticos e quaisquer outras mecânicas similares apenas tirariam a pureza de um jogo que (re)nasce como um clássico. 

Conclusão

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Mais de 25 anos se passaram desde o lançamento de um título que foi lentamente alcançando o status cult graças aos seus controles simples, mas que escondem complexidades que só chegam à superfície quando o encaramos por algumas horas. Windjammers pode não ter alcançado a popularidade merecida, mas o segundo título chega para tentar reescrever essa história.

A DotEmu acertou em cheio: manteve tudo o que há de melhor no antecessor e trouxe melhorias significativas, principalmente na jogabilidade, que são suficientes para prender veteranos e conquistar novatos. A desenvolvedora mostra que não é preciso mudar uma receita clássica, mas novos ingredientes podem ser bem-vindos. Windjammers 2 é uma ode ao Arcade.

Prós:

  • Jogabilidade aprimorada e viciante, com habilidades e movimentos que mantém a essência do jogo ao mesmo tempo que o renovam
  • Gama de personagens permite diferentes estratégias em partida
  • Gráficos atuais desenhados à mão, que homenageiam perfeitamente os anos 1990

Contra:

  • Poucos modos de jogo podem ser um problema de médio ou longo prazo

Nota: 9.0/10.0

Windjammers 2 está disponível para PS4, Xbox One, Switch, PC (Steam e Microsoft Store), Stadia e Xbox Game Pass (Console e PC).

Uma cópia do jogo foi fornecida pela DotEmu para a elaboração desta análise.

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