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Análise: World of Warcraft: Legion

Lançado em 30 de agosto, World of Warcraft : Legion foi uma aposta ousada e necessária da Blizzard em fazer com que o game volte aos eixos. Com reclamações constantes de Warlords of Draenor e evasão de jogadores, a produtora só tinha uma alternativa; ser ousada suficiente e conseguir deixar com uma quantidade imensa de conteúdo pra incentivar os jogadores a continuarem jogando por semanas a fio.

Planejar conteúdos futuros também é algo que sempre está em voga e que acontece com os seus concorrentes, mas que não era tão aplicado no jogo, onde tivemos um hiato enorme de conteúdo. Mas com Legion a produtora conseguiu o impossível: criar uma expansão realmente boa e que incentiva os jogadores a retornarem, mas ainda é cedo pra falar se o jogo continuará relevante nos meses e anos seguintes. Só que até onde eu vi, ela evoluiu desde o Warlords, melhorando o game em quase todos os aspectos.

Liberdade de progressão

Alardeado desde o anúncio da expansão, a Blizzard fez uma alteração bem ousada e bem recebida: a liberdade de progressão. Tirando a área de Suramar, específica de nível 110, em todas as outras áreas o jogo escalona o nível dos inimigos de acordo com o nível do jogador. Não importa se você está em uma floresta perto de Trommheim ou mesmo nas ruínas de um antigo palácio em Azsuna: o nível dos inimigos será equivalente ao seu. O jogador pode ficar em apenas  área e fazer todas as quests dela, ou ficar alternando entre as localidades, fazendo um pouco de missões em um mapa, depois indo em outro, e vice-versa.

World of Warcraft Legion - Armas Artefato

Com isso, as recompensas também obedecem ao nível atual do jogador, escalonando todos os equipamentos que o jogador vai adquirindo durante o processo. Uma liberdade que até existia no MMO, mas que acabava não sendo tão percebida pelos jogadores, já que, em sua maioria, eles “rushavam” a progressão pra chegar no level cap mais rapidamente, indo em masmorras. Só que a Blizzard percebeu isso, e com isso, eles dificultaram bastante nesse departamento, e com isso a melhor fonte de experiência ficou nas missões individuais de história. Aqui o jogador realmente vê a história acontecendo durante a progressão.

Mais interação entre os jogadores

Uma das reclamações recorrentes de muitos jogadores foi a Guarnição de Warlords of Draenor. Com os jogadores tendo tudo ao seu alcance nas guarnições, os jogadores mal saíram delas, e com isso as cidades ficavam desertas. No início de Warlords até que teve uma boa quantidade de pessoas pelos mapas, mas depois isso diminuiu bastante, tendo mais os NPCs de mundo e a fauna selvagem na ilha. Dava até pra colocar casa de leilões na guarnição, e com isso os jogadores nem precisariam mais sair delas.

Por ser um MMO, a produtora queria mais interação, e ela começou aos poucos: com as missões diárias da Selva de Tanaan começaram a ter mais jogadores nos mapas, mas ainda não era muito suficiente. Então eles fizeram alterações radicais: os Salões de Ordem de classe são quase como guarnições, mas tem diversos jogadores de ambas as facções nela. A cidade de Dalaran ganhou uma “nova versão” nos novos mapas, e os jogadores sempre voltam pra lá pra cumprir missões de profissão, retornar ao Salão de Ordem de Classe ou mesmo tentar chegar a outra localidade mais próxima. Você sempre está vendo uma boa quantidade de pessoas na cidade, se deslocando entre as lojas ou indo pros esgotos da localidade, para participar do PvP.

Missões mundiais

Outro elemento quem veio em boa hora, e adicionou mais interação ao jogo, é o sistema de missões mundiais. Considero como o principal elemento da expansão, já que é aqui que temos o conteúdo classificado com “conteúdo end game” do MMO, e que será usado por boa parte dos jogadores no decorrer da expansão. A Blizzard evoluiu o sistema de missões diárias da Selva de Tanaan, e bebeu da fonte de MMOs concorrentes como o “Guid Wars 2″: eles praticamente deixaram o sistema dinâmico nos mapas, gerando missões de tempos em tempos, com durações variáveis.

World of Warcraft Legion - Monstro Demônio de Invasões

Quando o jogador chega ao nível 110 e completa alguns requisitos de reputações nos mapas, ele tem acesso às missões mundiais, com uma enorme variedade delas: missões de pesca, batalhas de mascotes, áreas com PvP ativo, equipamentos mais poderosos, profissões, defesa de locais específicos, missões de masmorra, entre outros. São dezenas de missões ativas ao mesmo tempo, com tempo que variam de 2 dias pra 3 horas, adicionando diversas opções de tarefas pro jogador. As missões são sempre renovadas e geram também reputação com as facções das localidades, que liberam depois mais opções de compras com os vendedores.

É tanta coisa que o jogador fica meio perdido, mas depois ele acaba se habituando, e escolhe as missões mais recompensadoras. Normalmente as missões de equipamentos poderosos são as que mais atraem jogadores (ainda mais com a chance do equipamento vir ainda mais poderoso), mas às vezes ele vê aquela missão de mascotes dando sopa perto de onde ele está e acaba fazendo ela rapidamente.

Com o sistema, você sempre está vendo jogadores pelos mapas fazendo as missões mundiais, dando mais vida ao mundo e eliminando uma das maiores reclamações dos jogadores.

Perda de interesse dos jogadores nas masmorras normais

Agora, um ponto que teve no Warlords, mas que ficou mais evidente no Legion, é que, com o sistema de missões de história, os jogadores deixaram de ter interesse em visitar uma masmorra na dificuldade normal. Como o jogo ainda preserva a famosa “tríade dos MMO‘ (tanque, healer e dps) quem é DPS sofre com filas demoradas, passando de 40 minutos a mais de 1 hora de duração. O jogador pode até fazer alguma tarefa extra durante a espera, mas não deixa de ser decepcionante esperar esse tempo.

Esse sistema fica ainda pior quando o jogador faz uma masmorra inteira e não ganha nenhum equipamento, vindo apenas “Poder de Artefato” e “Sangue de Sargeras“. Por mais que sejam itens úteis pra profissões e melhoria de sua arma-artefato, acaba servido como “prêmio de consolação” pelo azar do jogador. Tudo bem que o sistema é justo e sempre foca mais os jogadores que estão precisando de equipamentos, mas acaba sendo um pouco frustrante gastar de 20 a 40 minutos sem ter uma recompensa decente, e aí os jogadores deixam de te estímulo pra ir lá muitas vezes, diminuindo a quantidade de jogadores pra fazer um determinado tipo de conteúdo.

World of Warcraft Legion - Bruxo

Só a partir do modo heróico que as filas são menos demoradas, por conta de ter recompensas melhores, só que a taxa de drop ainda é baixa, forçando o jogador a ter de ir várias vezes. Pelo menos o jogador pode passar o item pra alguém, caso ele ganhe algo que seja inferior a um equipamento que ele já tenha, e com isso grupos formados de amigos ou com pessoas altruístas podem se dar bem com esse sistema.

É só o começo!

Avaliar o World of Warcraft no começo sempre é perigoso, pois só no decorrer da expansão que veremos mesmo se ela foi bem sucedida ou não. Os números são promissores: 3.3 milhões de unidades vendidas na primeira semana, um valor bem expressivo, mas o Warlords teve uma quantidade similar de vendas, mas sofreu com a evasão de jogadores. A Blizzard, claro, deixou o jogo preparado pra ter conteúdos regulares, e já anunciou os próximos passos: a masmorra Karazhan e uma campanha em Suramar, além das raides que serão disponibilizadas agora em setembro e até o início de 2017.

A Blizzard criou uma expansão melhor que a Warlords, e que compensa adquirir, adicionando uma quantidade enorme de conteúdo, junto com melhorias e mudanças. As classes e especializações fora refeitas, o sistema de profissões agora tem arcos de missões, tem as missões mundiais, liberdade de progressão e mais história, com mais cinematics durante a aventura. Com Legion, o World of Warcraft quer voltar a ficar relevante em um mercado que sofre com concorrentes sendo desligados a todo momento por não ter jogadores suficientes, além da concorrência forte do setor mobile e dos jogos online mais simples, desde League of Legends e até mesmo o Overwatch, da própria Blizzard.

Ainda assim o game ainda consegue ter fôlego pra continuar por muito tempo, ainda mais com a produtora conseguindo mais fontes de faturamento: Hearthstone e Overwatch ajudaram bastante nos últimos anos, e as vendas de Legion são promissoras. A comunidade está curtindo bastante a expansão, mas só depende dela de termos conteúdos regulares e dos jogadores continuarem jogando.

Rodrigo Flausino

Editor de conteúdo do GameHall e do Select Game e desenvolvedor de softwares nas horas vagas. Meio ranzinza de vez em quando, mas é gente boa. Vivia reclamando. Gamer quase hardcore. Tem um PS3, um PlayStation 4 e um PC razoável que roda a maioria dos games atuais!

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