AnálisesGames

Xenoblade Chronicles X

No ano de 2015, onde o PS4, Xbox One e PC ganharam vários RPGs de peso, a Nintendo conseguiu não deixar aqueles que possuem apenas o Wii U chupando o dedo, e lançou Xenoblade Chronicles X para seu console, visando repetir o sucesso alcançado pelo antecessor.

A história dele nos leva para uma época no futuro onde duas raças alienígenas entraram em guerra perto da Terra, causando a sua destruição. Os humanos, para evitar serem extintos, construíram naves espaciais em forma de arcas para fugir do planeta antes que fosse tarde demais. No entanto, uma destas raças de extra-terrestres perseguiu uma das arcas, a White Whale. Houve um confronto e a arca foi seriamente danificada, tendo de fazer um pouso forçado em um planeta chamado Mira. Algum tempo após isso, você acorda em uma das cápsulas de fuga da arca, e o jogo começa.

001

Ao contrário do primeiro Xenoblade, neste aqui você precisa criar seu personagem. O penteado, características da face, a cor da pele, se é homem, mulher, alto, baixo, e por aí vai. Apesar de terem havido censuras em relação à versão japonesa, ainda existem diversas maneiras de customizar seu avatar, incluindo opções de voz para escolher também, sendo que duas delas são dos dubladores dos inesquecíveis personagens Shulk e Fiora, do primeiro jogo da série. Você pode escolher elas caso esteja se sentindo nostálgico ou se simplesmente está afim de ouvir nas lutas um inglês com sotaque britânico.

Depois de criar seu personagem, é hora de finalmente jogar. Devo dizer uma coisa para você que está pensando em comprar Xenoblade Chronicles X e resolveu conferir minha análise antes disso: Leia o manual. É sério. Leia-o com bastante atenção antes de sequer matar o primeiro monstro. Apesar de não haver uma versão impressa, existe uma versão digital que você acessa dentro do jogo, e que também pode ser lida no site da Nintendo. A razão para esta leitura, é que o jogo não explica com muitos detalhes os vários elementos da jogabilidade. Você aprende apenas o básico no começo, e sempre que aparece alguma novidade, se ve novamente cheio de dúvidas. Ler o manual, sem exagero, vai te ajudar muito aqui.

000

Feito isso, chegou a hora de jogar. Agora é pra valer! Não muda muita coisa em relação ao jogo do Wii no começo quando você for enfrentar seu primeiro desafio. Aparece na interface a janela com as “Arts” e precisa utilizá-las para aplicar golpes poderosos nos inimigos, entre outras coisas. A função de apertar “B” em determinados momentos para curar e “bufar” seus aliados também está de volta. À medida que você for subindo seu nível, destravará novas Arts, e poderá usá-las de acordo com sua preferência. O sistema Overdrive ainda existe, e está mais poderoso do que nunca. Ativá-lo aumenta consideravelmente o dano exercido e diminui drasticamente o “cooldown” das Arts. Quanto mais combos você executar, mais tempo ele dura.

Agora vamos às diferenças. E não são poucas. Primeiramente, agora existem classes para os personagens. Você evoluí sua classe até o nível 10, destravando todas as Arts e habilidades dela. Feito isso, você deve escolher uma outra classe na qual receberá mais Arts e habilidades, sem perder as anteriores. Outro detalhe interessante é que poderá também utilizar novos tipos de armas ao fazer isso, que são características desta nova classe. Algumas são focadas no dano à curta distância, outras à longa distância ou defesa. Você pode evoluir todas elas caso queira, para poder deixar seu personagem da maneira mais única possível. Para aumentar o nível das Arts e habilidades, é necessário utilizar “Battle Points”, sendo diferente do que ocorria no jogo anterior, onde você precisava usar dois tipos de pontuações distintas. Você adquire estes pontos fazendo missões e matando inimigos.

002

E por falar nos inimigos, em praticamente todos eles é possível mirar em várias partes de seus corpos, ao invés de apenas uma. Destruir estas partes irá fazer com que o inimigo deixe de executar determinados tipos de ataques, fique aberto (às vezes) a tomar mais dano naquele local, e também aumentará a chance dele derrubar um certo tipo de item. Há batalhas contra monstros poderosos, especialmente os Tyrants, que são os mais fortes, onde isso pode fazer a diferença entre a vitória e a derrota.

Existem também as “Soul Voices”, que são frases de batalha que você pode customizar e que dão vários tipos de bônus ao grupo durante as lutas. Se, por exemplo, você começar a batalha usando uma espada, haverá a chance de seu personagem dizer para o grupo executar golpes à curta distância. Desta forma, Arts que se encaixem nisso poderão ter seu dano aumentado, inicialmente. Se outro personagem no meio do confronto falar para utilizar ataques à longa distância e você fizer isso, não apenas o dano será maior, como também a vida do grupo será curada parcialmente. A janela de Arts avisa, nesta hora, quais delas podem ser usadas e que concedem esta bonificação, fazendo-as brilhar.

Nos equipamentos você pode anexar itens especiais que aumentarão o poder deles, caso eles possuam um encaixe (socket) para isso. Lembra um pouco as Gemas de Xenoblade Chronicles, mas o que existe aqui é algo ainda mais complexo. Você pode criar não apenas estes itens similares às gemas, mas também armas, armaduras e tudo que for equipável. Outra coisa interessante é a existência do chamado “Fashion Gear”. Tratam-se de roupas que você encontra e servem simplesmente para mudar a aparência dos personagens. Há um menu onde você pode mudar o visual de todos os personagens do seu grupo, utilizando itens que não estejam equipados neles, não precisando necessariamente ser algo feito especificamente para isso.

007

Não existe um lugar para você guardar os itens. Eles ficam todos no seu inventário, que tem um espaço bastante amplo. Caso uma peça atinja o limite de unidades possíveis, ela será vendida automaticamente, eliminando aquele problema recorrente de RPGs onde aparece a famosa mensagem de que “seu inventário está cheio”. Você também pode vender os itens manualmente estando em qualquer ponto do jogo, não necessitando que você vá para uma loja fazer isso. Salvar seu progresso também é possível em qualquer lugar.

Voltando a falar das classes, infelizmente você só pode mudar elas no seu próprio personagem. Os demais possuem classes fixas e a única coisa que você pode fazer é estipular quais habilidades e Arts eles irão utilizar. Se quiser jogar com um deles, terá de fazê-lo ser o líder da equipe. Todos os demais serão controlados pelo próprio jogo durante as lutas, mas, você pode dar ordens durante elas para especificar o que quer que eles façam, usando as Soul Voices que falei mais acima. O personagem criado por você também nunca poderá ficar fora da equipe.

O mundo de Mira, palco de Xenoblade Chronicles X, é imenso. Eu francamente nunca havia visto um cenário tão vasto e com tanta coisa para ser explorada em um jogo. Nem The Witcher 3 tem algo dessa magnitude. O fato de você conseguir pular bem alto e não morrer ao cair de lugares elevados ajuda bastante na exploração, pois você perde o medo de tentar chegar em lugares aparentemente inalcançáveis. Quem for atrás de tudo, prepare-se para centenas de horas jogando, isso sem exagero algum. Eu estou com 101 horas de jogo e não cheguei nem na metade de tudo feito. Os cristais azuis representando coletáveis estão de volta, mas os baús de tesouro foram substituídos por artefatos mecânicos, arqueológicos e biológicos. Cada um deles precisa do conhecimento específico de cada uma destas áreas para ser coletado. Você obtém isso completando missões e aumentando seu nível BLADE, que é a organização à qual você pertence.

009

O GamePad do Wii U é como se fosse seu navegador GPS. É nele que você vê o mapa, utiliza o Fast Travel (sistema de Viagem Rápida) e se guia para não ficar perdido neste vasto mundo, isto sem falar na instalação de sondas que servem não apenas para revelar pontos escondidos do mapa, mas também para obter recursos que você usa para comprar e fazer itens, além de completar certas missões.

As primeiras horas jogando serão simplesmente para você aprender e assimilar tudo isso, além de entender o que quer dizer cada ponto da interface e opção do menu, e para que serve cada status do personagem. Se você leu o manual, já tem meio caminho andado. Aliás, por falar em interface, as letras desta poderiam ser um pouco maiores. É um verdadeiro esforço enxergar alguns textos dela, de tão pequenos. Pelo menos isto não ocorre com as legendas dos diálogos.

003

A exploração de Mira fica bem mais fácil depois que você consegue um Skell, algo que leva algumas dezenas de horas, dependendo do quão rápido você jogar. Você precisa equipá-lo da mesma forma que faz com seu personagem, e também tem de tomar cuidado ao pilotá-lo, seja em sua forma bípede ou como veículo, pois ele literalmente atropela monstros menores, colocando você em combate com eles sem querer. O ataque do Skell é também consideravelmente mais forte, além da vida ser maior também. Depois que você aprender a fazê-lo voar, poderá ir a locais antes impossíveis, abrindo mais possibilidades de exploração. Entretanto, com ele você já consegue fazer isso parcialmente, pois ele consegue pular ainda mais alto que os personagens comuns.

Um detalhe importante a ser considerado a respeito da jogabilidade do Skell é que ele utiliza combustível durante as lutas e também para voar. É necessário que você o reabasteça periodicamente, caso contrário voltará a ficar a pé. Mas não se preocupe, pois isto é bem fácil de se fazer, além do fato de que quando você está fora do Skell, o combustível vai se regerando automaticamente. Isto ocorre até mesmo com o Wii U desligado. Bem que isso poderia rolar também na vida real com os carros. É preciso ter cuidado com seu robô gigante nas batalhas, pois quando ele for destruído, aparece um QTE e você precisa acertá-lo, caso contrário utilizará uma de suas garantias para recuperá-lo. Quando elas acabarem, o valor para repor ele não é nada barato. Não se preocupe, pois os Skells do seus companheiros possuem garantia infinita. É apenas com o seu que você tem de se preocupar. Creio que os produtores tomaram esta decisão para que não ficássemos bravos demais com o jogo em relação a isso.

004

Graficamente, o ponto forte são os cenários e monstros. Eles foram feitos com um detalhismo incrível. Infelizmente o mesmo não pode ser dito da qualidade gráfica dos personagens, que lembram até a de RPGs lançados para PS2. Contudo, o que não me agradou mesmo neste aspecto é que mesmo instalando os arquivos recomendados pela Nintendo para evitar o carregamento demorado de texturas e objetos, este defeito acontece de qualquer forma. Em diversas ocasiões estava lá eu correndo com meu personagem e do nada surgiam monstros e NPCs, além de texturas carregando de forma demorada nos cenários. Algo que aparentemente ocorre devido às limitações do Wii U.

Apesar da jogabilidade ser incrível, as missões secundárias de Xenoblade Chronicles X não empolgam, pois são um tanto repetitivas. Elas quase sempre o levam para matar um certo número de inimigos, ou as piores delas, encontrar itens coletáveis. O jogo não lhe dá nenhuma indicação precisa de onde este itens estão, apenas informa em qual continente você os acha. O que é estranho, pois com os monstros ele mostra o local exato onde você pode achá-los, se o objetivo for matá-los. As missões mais legais são aquelas relacionadas à afinidade de seu personagem com os demais, mas que você só destrava depois de alcançar um certo nível de afeição com eles, algo que leva bastante tempo, pelo menos até você chegar no endgame depois de terminar o jogo. No endgame, são liberadas missões infinitas de curta duração, que servem para que você ganhe experiência rapidamente para aumentar seu nível e classe até o máximo permitido, subir a afinidade com os outros personagens e também conseguir dinheiro fácil para comprar Skells e equipamentos mais avançados.

008

No caso das missões principais, elas também não são lá muito interessantes, contando apenas com alguns bons momentos. Isso se deve não apenas à história com narrativa fraca, mas também aos personagens que não chegam nem perto de empolgar como Shulk, Reyn e Fiora. Para fazê-las, é necessário completar um certo número de objetivos secundários, como por exemplo explorar uma porcentagem X de um continente Y, além de estar em um determinado nível.

A parte online do jogo está muito interessante. No começo do jogo, você precisa escolher uma facção, a qual lhe dá certos atributos extras. Enquanto joga, faz as missões, mata monstros, você vai ganhando pontos para esta facção. No final no dia (no tempo real), os jogadores das facções com melhor pontuação recebem o direito de escolher itens especiais para usar nas batalhas, ou até mesmo alguns que podem ser vendidos por valores exorbitantes. Existem também os chamados “Squad Tasks”, que garantem pontos extras caso você cumpra os objetivos deles, e te dão também “Reward Tickets”. Estes tickets servem para que você compre materiais que caem de todos os monstros do jogo. Eles são necessários para que você possa construir armas, melhorias, armaduras e Skells customizados. Utilizando os tickets, você acaba não precisando “farmar” demais. O legal é que estes objetivos são compartilhados com todos os jogadores do seu esquadrão, ou seja, são várias pessoas potencialmente indo atrás deles.

005

Há também chefes exclusivos do modo online que você pode enfrentar sozinho com seu grupo de personagens controlado pela IA ou com outros jogadores. Tais chefes são extremamente fortes, e você só conseguirá derrotá-los caso tenha os melhores equipamentos e Skells do jogo. Contudo, mesmo não vencendo eles, você ganha recompensas que podem ser trocadas por tickets, que consequentemente você utiliza para fazer as armas e outros equipamentos necessários para que você fique mais forte.

Agora, o aspecto mais interessante de todos do modo online, para mim, é o fato de você poder recrutar o avatar de outros jogadores. Existe um painel onde você pode buscar ajuda dos personagens criados por outros usuários, filtrando por nível, classe, e armas usadas, para que lhe ajudem por algumas horas, por um preço, é claro. Eles ficam no seu grupo, sendo controlados pela IA, e não podem ser controlados por você mesmo, pois não dá para deixar eles na liderança da equipe. Você também não pode alterar os equipamentos deles, mas pode ver todas as habilidades e Arts que eles usam, e até mesmo se inspirar nos melhores para personalizar o seu próprio. Estes personagens criados pelos outros jogadores ficam espalhados também pelos diversos cantos de Mira. Você irá esbarrar com eles a quase todo instante e, caso queira, pode recrutá-los ali mesmo, neste caso de graça, mas por um período mais curto de tempo. Para jogar com amigos seus que tenham o jogo, eles precisam estar no mesmo esquadrão que você. Basta que entrem nele (ou você no deles) para que vocês possam criar um grupo de até 4 pessoas para jogar uma das missões online.

Ao registrar seu personagem neste sistema de busca e alguém utilizá-lo, você receberá um aviso disso no GamePad para ir recolher uma recompensa em forma de experiência e itens.

Sobre a trilha sonora, achei ela muito boa. Cada local e situação apresentam uma música diferente, que passam por estilos bastante variados. Rock, rap, pop, techno, e por aí vai. Estar na cidade durante o dia fará você ouvir algo com pitadas de rock e pop, tocando em um ritmo rápido mostrando que por ser dia você precisa correr para fazer suas tarefas. À noite, um tema mais ameno começa a tocar, dando a entender que a população da cidade agora está descansando. Lutar com os inimigos fará você ouvir umas batidas mais rápidas de rock seguidas de vocais de rap. Ao enfrentar chefes ou monstros mais fortes, a música muda novamente, para algo apontando que a batalha que está por vir não será nada fácil. O único problema mesmo da música, é que em certas cutscenes ela toca tão alto que você nem consegue ouvir parte dos diálogos. Por sorte, isto acontece bem pouco.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo

Adblock detectado

Por favor, desabilite o Adblock para continuar acessando o site!