Análises

Undertale

O ano de 2015 foi repleto de lançamentos de peso, com títulos de altíssimo calibre, que possuíam orçamentos milionários. No entanto, em meio a estes gigantes, apareceu em setembro o jogo indie Undertale, criado pela produtora Toby Fox. Eu o terminei recentemente e vou falar algo para você com muita sinceridade: que aventura, viu.

Undertale começa nos contanto uma história entre monstros e humanos, que no princípio viviam em paz e em igualdade, até que algo aconteceu, desencadeando uma guerra na qual os humanos foram os vitoriosos. Depois disso, os monstros foram selados com uma barreira mágica no mundo subterrâneo (Underground em inglês, daí o nome Undertale) para nunca mais voltarem à superfície. Contudo, esta barreira tem uma brecha, no topo do Monte Ebott. Muito tempo depois, eis que surge o protagonista, uma criança humana, que entra no agora lar dos monstros através desta abertura, e é aí que o jogo tem início.

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Devo dizer que isto é apenas a ponta do icebergue. A história de Undertale é tão vasta, profunda e cheia de momentos únicos que você será surpreendido a todo instante. São elementos de drama, comédia, suspense, terror, romance e tantos outros reunidos de forma sublime, que ocorrem de maneira perfeita, graças a uma narrativa muito bem planejada, com textos excepcionalmente bem escritos. Houveram momentos em que senti felicidade, tristeza, emoção e até mesmo muita alegria, a ponto de eu me pegar dando risada por alguma coisa que havia acontecido. Algo que ajudou bastante nisso e na trama foram os personagens. E que personagens! É um mais inesquecível do que o outro. Ao longo da história, você acaba criando laços com eles. Há um deles em particular, o esqueleto Sans, que eu gostei tanto a ponto de ficar perguntando para mim mesmo “Onde será que ele está?” nas horas em que ele sumia. Gostaria tanto de falar mais sobre os personagens, suas personalidades fortes e marcantes, mas acabaria estragando toda esta mística que envolve a descoberta disso por conta própria.

Não vamos esquecer que Undertale é um RPG e, como tal, você terá de lutar com os monstros do mundo subterrâneo se quiser terminar o jogo. Durante as batalhas, você fica no controle de um coração e precisa desviar dos ataques feitos pelos adversários, que são bastante variados, mudando de acordo com o inimigo. Nesse ponto, o jogo te surpreende mais uma vez, lhe dando a opção de não matar os monstros, mas sim conversar com eles e convencê-los de que você não quer machucá-los. Todos os monstros tem uma personalidade distinta, ou seja, o diálogo com cada um deles é diferente, e também faz com que seus ataques mudem. Caso consiga provar a eles que você não quer feri-los, o nome deles muda de cor, permitindo que você mostre misericórdia e deixe-os viver, encerrando a luta. Você pode até mesmo se tornar amigo dos chefes que encontrar ao longo do jogo.

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E como você deve ter imaginado, sim, estas ações terão impacto direto no que acontece na história. Assim como você pode decidir ser bonzinho com os monstros e não tirar a vida deles, você também pode escolher o caminho oposto, matando cada monstro que cruzar seu caminho. O jogo inclusive lhe fornece armas e acessórios que deixarão você mais forte para conseguir fazer isso. Não posso me esquecer de dizer que você pode salvar seu progresso em locais marcados com uma estrela amarela, para poder resumir seu jogo caso acabe sendo derrotado.

Também existem quebra-cabeças que são na sua maioria bem fáceis, quase todos servindo para que você siga adiante no jogo. No entanto, existem alguns que vão exigir que você raciocine um pouco se quiser resolvê-los. Os opcionais, se feitos, lhe revelarão algumas…surpresas.

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A trilha sonora é outro dos pontos fortes de Undertale. É impressionante como cada situação teve sua própria música criada de forma tão precisa. Sabe aqueles jogos que tem músicas de chefes tão marcantes que você fica cantarolando do nada? A qualidade das músicas de Undertale chega neste nível. Estamos falando de uma das melhores trilhas sonoras de 2015, daquelas que você vai sair correndo para ouvir em alguma mp3 ou vídeo no YouTube após zerar a aventura. Para nossa sorte, é possível adquiri-la separadamente no Steam por R$ 20, que é inclusive quanto custa o jogo.

Graficamente não há muito o que dizer a respeito de Undertale. O estilo lembra bastante o de vários jogos lançados no NES. São visuais bem simples, mas algo esperado levando-se em conta que o jogo teve um orçamento baixo, de US$ 51 mil arrecadados via Kickstarter, que foram muito bem investidos na jogabilidade inovadora, narrativa bem construída e trilha sonora impecável, e que foi tudo praticamente feito por apenas uma pessoa. Se você não se importa com gráficos pixelados, não terá problemas, pois os vistos aqui dão conta do recado.

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Algo que pode desagradar um pouco alguns jogadores, na verdade, é o fato de que certos chefes ficam muito fortes em determinados momentos da luta. Tão fortes, que você ficará tentado a matá-los ao invés de criar um laço de amizade com eles, caso tenha escolhido este caminho. Mas isso não é motivo para se preocupar. Basta usar o ouro obtido matando (ou não) os monstros mais fracos para comprar itens de cura em uma das diversas lojas espalhadas pelo mundo subterrâneo e você se sairá bem.

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