Análises

Antarctic Adventure

Antarctic Adventure (MSX)

Jogos que exigem cada vez mais recursos, games mais próximos do fotorrealismo, milhares de missões principais e paralelas e até mesmo alguns que simulam nosso dia-a-dia, física realista entre muitos outros fatores, essa é a atual situação dos jogos, cada vez maiores e mais pesados. Para quem cresceu tendo somente esses tipos de games, como explicar a diversão de ver uma bolinha quadrada pulando de um lado para o outro da tela? Ou até mesmo tentar justificar as várias horas gastas em frente à telinha da TV em um jogo sem fim, tudo para apenas conquistar maiores pontuações. É nessa premissa que Antarctic Adventure se apoia, trazer tarefas simples com desafio altíssimo e um loop infinito, tudo com o brilho e potencial de nosso saudoso MSX.

Aventura na gelada Antártica

O esquema da câmera do game é parecido com o que é visto em Enduro e outros games do gênero, ou seja, visão atrás do personagem – perspectiva em 3ª pessoa – e poucos comandos; você pode aumentar velocidade de Penta (Seta para Cima), virar para os lados (Setas Esquerda e Direita), diminuir a velocidade (Seta para Baixo) e saltar (tecla Espaço). Sim, o jogo conta somente com esses cinco comandos básicos e um objetivo simples, chegar do ponto A ao B, evitando os vários obstáculos e de olho no cronômetro, pois caso o mesmo zere, Game Over! Porém, alguém certamente deve estar pensando agora, “Isso não é muito simples?” Sim, é sim muito simples, porém o suficiente para prendê-lo durante horas diante da TV – ou monitor.

Quando você começa a “esquiar”com Penta, irão aparecer pelo caminho vários buracos, alguns menores e outros maiores, além de que em alguns deles – somente nos buracos menores – Leões Marinhos aparecem, evitando que nosso Pinguim salte pelos mesmos; bater nos Leões Marinhos e buracos pequenos fará nosso personagem desequilibrar-se por alguns segundos, “quicando” e diminuindo sua velocidade até equilibrar-se novamente, ao passo que os buracos maiores você literalmente cai dentro dele, perdendo mais um pouco de seu precioso tempo para subir. O primeiro estágio é moleza, poucos obstáculos, distância grande entre eles e bastante tempo para completar o trajeto, porém do segundo estágio em diante o game aumenta consideravelmente seu nível de dificuldade.

Com menor tempo para completar os estágios, o jogador precisará aumentar a velocidade saindo de sua zona de conforto, os obstáculos aumentam muito e o espaço entre eles diminui, o que começa a desafiar o pensamento rápido e agilidade do jogador, já que simplesmente desviar de um lado para o outro começa a não ser mais suficiente à medida que se progride no game; é preciso também controlar a velocidade de Penta, já que ao saltar por um buraco você poderá acabar caindo dentro de um buraco logo a frente se estiver muito rápido.

Não bastanto o pouco tempo e maiores obstáculos, algumas outras variações do trajeto são apresentadas ao jogador, tudo para dificultar ainda mais a sua missão, como partes mais estreitas, com pouco espaço para desviar e curvas, que como vistos nas aulas de física, jogam nosso Pinguim para fora da pista, dificultando as manobras e ações rápidas para o lado em que a curva aponta. Além de ter de se preocupar com os buracos, curvas e o tempo, é preciso coletar os peixinhos que pulam dos buracos e bandeiras, que rendem pontos ao jogador; ao chegar às Estações de Pesquisas, o tempo restante é convertido em pontos extras, além de hastear a bandeira de um país, sendo que cada estágio possui uma nação diferente.

Por mais absurdo que possa parecer, essa simples proposta de jogo diverte muito e em pouco tempo você estará na mais absoluta concentração, olhando minuciosamente aos movimentos de Penta, tentando desviar e tomando decisões rápidas e precisas para evitar perder preciosos segundos, e pode ter certeza que chegar ao final de cada estágio faltando cinco segundos ou menos é bem comum. Ao se dar conta, muitas horas já se passaram muito disso se deve a simples proposta do game aliada a alta dificuldade, que mesmo não trazendo novidades, o desafiará sempre a chegar mais longe, mesmo se tratando de um game que não tem fim, algo comum em jogos para MSX e tantas outras plataformas antigas, como Atari e ZX Spectrum. Ao que tudo indica as produtoras de jogos para Celulares e Tablets, em sua grande maioria estão investindo cada vez mais em games que rementem a essa experiência de jogo, porém sem o mesmo charme que era visto antigamente, com games genéricos e cópias desleixadas de grandes sucessos; o que é frustrante para quem viveu a expectativa de reeditar os anos dourados de sua infância em frente às telinhas em cubo.

Charmoso e competente

Com as limitações técnicas da época, onde muita memória disponível era luxo de poucos, os desenvolvedores precisavam se desdobrar na hora de montar a parte gráfica do game, ainda mais na primeira revisão do MSX que trazia apenas 64 KB de memória Ram e 16 KB de memória dedicada ao vídeo. Mesmo assim, Antarctic Adventure traz um visual bacana, com Penta possuindo ótimo modelo bem trabalho além de uma movimentação muito boa para época.

Os cenários, no entanto possuíam pouca variedade e inspiração, com paisagens simples e algumas mudanças climáticas, como dia e o entardecer, mas destacavam-se nos obstáculos, como os buracos, que eram bem feitos dando boa sensação de profundidade e os Leões Marinhos, que assim como Penta eram bem trabalhados e convincentes, além das estações de pesquisa no final de cada fase, que eram bem feitos, com detalhes e efeitos de cores mais escuras para dar a sensação de 3D.

Apesar da simplicidade dos gráficos, o game tinha um charme a parte e um ótimo desempenho, o que era fundamental para a proposta do game, sem atrasos nos controles e apresentando uma boa sensação de velocidade. Parte do charme do jogo também se deve aos efeitos sonoros, todos diferentes entre si e pontuando as ações do game como pular ou ao trombar com os buracos, além de uma agradável trilha sonora, que apesar de se repetir a exaustão não chegava a enjoar.

 

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