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O que esperar da Valve em 2015?

por Fernando Vázquez Baxmann Carrupt


Salve caro leitor, embriagado ou não com a Copa do Mundo e ainda sofrendo a ressaca de uma ótima edição de E3. Hoje iremos falar um pouco de uma empresa que promete muito para o ano que vem, mas que passou em branco na maior feira de games deste ano. A final de contas, o que podemos esperar da Valve para 2015? As Steam Machines serão um novo concorrente da 8ª geração de consoles? Half-Life 3 finalmente dará as caras? Source Engine 2? Essas e outras vocês conferem logo abaixo.

 

Steam Machines: Promissor concorrente ou aposta arriscada?

Anunciadas ano passado pela Valve, as Steam Machines trazem a ideia de levar um computador para sua sala de estar, aliando um design mais prático e bonito e com inovações pontuais, como o Steam Controller, que em seu protótipo trazia algumas ideias bacanas e hoje, dia 18 de Junho de 2014, a Valve anunciou uma versão que parece ser a mais próxima do que pretendem seus criadores, que levam a difícil missão de substituir o mouse e teclado, companheiros de sucesso nos computadores. Mas sendo direto, o que exatamente podemos esperar dessa nova investida da Valve? A pergunta não é tão simples e é necessário analisar com cuidado.

Primeiramente, é fundamental entender o público alvo das Steam Machines, que são os jogadores de PC’s. É difícil pensar uma Steam Machine tomando o lugar de um Playstation 4 ou Xbox One na sala de estar de quem já está habituado a jogar nos consoles e Gabe Newell com certeza está ciente disso, não vale a pena entrar em conflito logo de início com as duas grandes empresas, que ainda vê o Nintendo Wii U dando claro sinais de reação. O foco é os gamers de pc’s e mais ainda, há muitas esperanças nos usuários Steam, que podem e ser um mercado em potencial para o novo projeto idealizado pela companhia.

Porém, mesmo que defina bem seu público e tente ao máximo evitar a briga com PS4, XOne e Wii U, ainda há dois grandes percalços. O primeiro é que a comparação das Steam Machines com a atual geração de consoles será inevitável, por mais que a Valve tente evitar, logo o produto terá que corresponder em pé de igualdade com seus concorrentes indiretos. O outro ponto é convencer seu público alvo que realmente vale a pena saírem de seus quartos e se mudarem para sala de estar: “por que devo trocar meu PC por uma Steam Machine?” é a pergunta que todo o time de marketing da Valve deve fazer-se. E acreditem, não são problemas fáceis de resolver.

Detalhes do Steam Controller em imagem divulgada pela Valve em seu site

Os preços divulgados vão de US$ 500 (quinhentos dólares) a incríveis US$ 6.000,00 (seis mil dólares) conforme a categoria de Steam Machine escolhida pelo usuário, que vão dos modelos básicos aos mais avançados e “parrudos”. Tão grande quanto à variedade de preço e modelos estão às empresas que irão fornecer oficialmente as Steam Machines, passando desde algumas conhecidas como Alienware, Asus e Zotac além da própria Valve a outras nem tão conhecidas dos gamers, como a Next e Alternate. A variedade de fabricantes pode tirar um pouco o foco na concorrência direta aos consoles caseiros e os diversos modelos e preços podem servir a favor de quem ainda está em dúvida se vale ou não a pena se aventurar nessa novidade.

Asus anuncia sua Steam Machine

Tendo em vista esse cenário, podemos definir alguns pilares fundamentais para o sucesso ou não das Steam Machines, que são eles:

Longevidade – Mais do que nunca, as Steam Machines precisam apresentar um período de vida longo, que até pode ser menor nos modelos mais básicos, porém obrigatoriamente deve ser tão grande quanto da atual geração nos modelos mais caros. Ninguém vai querer trocar sua Steam Machine a cada 2 ou 3 anos e quem pagar pelos modelos mais caros vai exigir que ela no mínimo dure tanto quanto um PS4 e XOne. Um ponto positivo é que será possível fazer “upgrades” em sua Steam Machine, porém não sabemos se todos os fabricantes vão adotar a ideia.

Rivalizar com a concorrência – Mesmo que não seja o foco, é obrigatório que as Steam Machines briguem em pé de igualdade com seus concorrentes, ou seja, os gráficos em uma Steam Machines têm que ser no mínimo iguais aos vistos nos consoles da nova geração e apresentarem a mesma fluidez, sem engasgos e livre de travamentos, algo comum nos PC’s. Desviar-se da armadilha que a Nintendo caiu ao achar que o Wii U não precisaria ter gráficos equivalentes aos consoles de Microsoft e Sony é um ponto fundamental para a Valve, ainda mais se quer trazer um produto capaz de reproduzir os melhores jogos disponíveis atualmente no mercado e futuros títulos, que prometem ser mais pesados e complexos.

Ganhar apoio das Softhouses e Publishers – Outra questão importantíssima, essa visando mais médio e longo prazo, é tentar convencer as Softhouses e Publishers que as Steam Machines podem ser a porta de entrada para lançamentos exclusivos e bombásticos para a plataforma PC, tal qual ocorre com frequência nos consoles. Nada atrai mais os jogadores do que jogos exclusivos e para isso esses jogos tem que ser acima da média e em uma quantidade generosa. Os próprios games da Valve podem fazer a diferença em favor das Steam Machines, mas é preciso convencer e trazer aliados, pois a médio e longo prazo a falta de títulos exclusivos de peso irão inevitavelmente tirar fôlego das máquinas da Valve.

Um PC sem as complicações de um PC – Como dito no começo, as Steam Machines são uma espécie de computador portátil, com um visual agradável para ser usado em sua sala de estar. Porém, isso traz consigo todas as dificuldades de um computador “comum” e elas devem passar longe de todas as Steam Machines. Os usuários devem ter o mínimo possível de preocupações com drivers, atualizações e manutenção, pois ninguém vai querer trocar a dúvida de “qual jogo devo comprar” para “qual driver de vídeo devo instalar”. Esses problemas podem ser contornados com atualizações automáticas e a manutenção diminuída com um Steam OS estável e seguro.

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Porém nem só de dificuldades e desafios viverá a nova aposta da Valve, pois apesar de arriscada há sim espaço para a existência de mais um concorrente para o disputado lugar em sua sala de estar. Os jogos para PC’s são muito mais baratos e acessíveis que nos consoles, as promoções da Steam são bem mais convidativas do que as de Nintendo, Sony e Microsoft juntas e o serviço prestado pela Steam como um todo é robusto e competente a ponto de rivalizar com os das três grandes, tendo a vantagem ainda de ser gratuito. A Valve também anunciou que praticamente todos os jogos da Steam estarão disponíveis e compatíveis com as Steam Machines, uma parte deles terá compatibilidade nativa e a outra se usará do recurso Streaming, tirando o maior medo de todos que era ter uma biblioteca de jogos “pequena demais”. O Steam Controller aliado ao Steam Big Picture apresentam conceitos promissores e com refinamentos podem sim ser uma excelente alternativa aos consagrados mouse e teclado.

O dinheiro praticamente pula para fora de sua carteira nas promoções do Steam

Alguns sortudos, inclusive, poderão testar 300 protótipos que serão disponibilizados pela própria Valve para fases de teste ainda este ano. As máquinas serão enviadas a usuários do steam sortiados (alguns serão selecionados por contribuições a comunidade), tudo isso na faixa, sem nenhum custo para o escolhido, com a única responsabilidade de prover feedback sobre o Hardware e Software disponibilizado.

 

SteamBoy: Mais ousadia do que a própria Valve

E no último dia E3 um grupo de desenvolvedores não afiliados a Valve surpreendeu a todos ao anunciar o SteamBoy, que traz o mesmo conceito das Steam Machines, porém dessa vez ao seu bolso. A promessa é entregar a mesma experiência dos computadores em um portátil, que lembra um pouco o visual do PS Vita. Diferente das Steam Machines, o portátil já teve algumas especificações definidas e deve vir, em um primeiro momento, com apenas um tipo de configuração. As especificações divulgadas até o momento são:

  • Tela de 5 polegadas
  • Processador Quad-Core
  • 4 GB de memória RAM
  • 32 GB de memória de armazenamento

Essa, definitivamente, é uma aposta muito mais arriscada que a da própria Valve, ainda mais se levar em consideração que o portátil PS Vita também prometia entregar um PS3 de bolso, mas não foi bem isso que vimos no final.

A proposta ousada, porém, pode se utilizar do serviço de Streaming disponibilizado pela Valve, onde é possível rodar jogos pesados em computadores e notebooks mais fracos, com ajuda de um computador mais parrudo; confira o vídeo do pessoal do Adrenaline sobre o assunto aqui. Isso, no entanto, acaba tirando uma das vantagens do SteamBoy, que é a portabilidade, já que o usuário estaria limitado ao alcance da rede em que está conectado.

Outro ponto que pesa contra é a questão do consumo de energia. A bateria do SteamBoy terá que ser muito eficiente, pois imagine o portátil rodando jogos como Far Cry 3, dificilmente o jogador conseguiria mais do que 3 horas de jogo.

Os desenvolvedores também se arriscaram e já trouxeram os promissores touchpads apresentados no Steam Controller em seu portátil, que ainda não estão refinados a ponto de proporcionarem uma boa experiência. Caso estiverem antenados com o que a equipe da Valve está fazendo, o portátil SteamBoy pode sofrer atrasados, mesmo não tendo data nem preço definidos ainda; tudo o que sabemos é que ele sai em algum momento de 2015.

E o Half-Life 3? Left 4 Dead 3? Source Engine 2? Os veremos em 2015?

Mais uma E3 terminou e novamente passamos sem nem mesmo uma única imagem oficial da tão aguardada continuação da aventura de Gordon Freeman e muitos devem estar se perguntando se a Valve, em meio a tantos projetos ambiciosos, não está deixando de lado sua principal franquia. A resposta é não, Half-Life 3 está sim em pauta com grande importância e apesar de não sabermos em qual estágio de desenvolvimento o jogo se encontra ele poderá sim dar as caras em 2015 e existem motivos para acreditar nisso.

Co-fundador da Valve, Gabe Newell

A maior frustração de todos em relação à franquia é que a ideia da Valve era que após de Half-Life 2 fossem disponibilizados pequenos episódios com um prazo menor de espera e de fato isso ocorreu em duas oportunidades, com Episode 1 e Episode 2. Infelizmente, quando todos esperavam por Half-Life 2: Episode 3isso em meados de 2007 e 2008 – a Valve resolveu ser a Valve novamente, disseram que tinham muitas ideias e que eles ainda estavam “decidindo o que seria incluso no terceiro episódio”, afirmando ainda que esse terceiro episódio não impediria o provável Half-Life 3 de existir e assim acabaram-se as notícias e novidades sobre Gordon Freeman. Tudo o que tivemos nos anos seguintes foram boatos e algumas imagens conceituais que ficam longe de nos dar quaisquer pistas sobre como o novo jogo será.

Uma das imagens conceituais de Half-Life 3 vazadas na internet

Ao sumiço de Gordon podemos atribuir dois responsáveis, o primeiro as Steam Machines, que em algum momento virarão pauta dentro da Valve e o segundo ao envelhecimento de seu motor gráfico, a Source Engine que apesar dos ótimos gráficos vistos em Half-Life 2: Episode 2, já mostrava sinais de cansaço e dificilmente manteria o fôlego. Isso foi comprovado nos títulos mais recentes da produtora, como Portal 2, Left 4 Dead 2 e Counter-Strike: Global Offensive, todos ótimos jogos, excelente no caso de Portal 2, mas com gráficos que já não impressionavam tanto quanto em 2004.

Logo surge a necessidade de pensar no futuro e alguns jogos ainda poderiam usufruir da competente engine gráfica criada pela Valve com muito estilo, porém Gordon Freeman é conhecido por revolucionar o mundo dos games quando da às caras e isso já não era mais possível fazer com seu motor gráfico atual.

A partir do momento que a Valve pensa em uma sucessora da Source Engine, entra em campo dois pontos fundamentais, um são as já comentadas Steam Machines e a outra é a vinda da nova geração. Talvez não tenha ficado claro a vocês leitores a linha de tempo de tudo isso, Half-Life 2: Episode 2 saiu em 2007, começo da 7ª geração e ai vieram os lamentos de Gabe Newell em relação à nova – que agora é antiga – geração de consoles, o que indica o possível início do projeto das Steam Machines, somados ainda aos títulos lançados entre 2009 e 2012, além dos novos sistemas da Steam, como o Big Picture.

Agora, lembram-se do que dissemos lá em cima que os exclusivos podem ser fator determinante na compra de uma nova plataforma de jogos? É possível sim imaginar que Half-Life 3 tenha sido adiado para ser usado como artificio para alavancar as vendas das Steam Machines e com a vinda da 8ª geração de consoles, tornou-se ainda mais plausível adiar Half-Life 3 e a Source Engine 2.

Detalhes da Alienware Alpha, Steam Machine da famosa empresa que promete sair ainda esse ano

Desenvolver a Source Engine 2 para a 7ª geração seria um desperdício enorme, levando em consideração que a Valve, assim como a Blizzard, são produtoras que podem ser dar ao luxo de “levar o tempo que for preciso para seus jogos estarem do jeito que elas querem”. Com isso em mente, se o novo motor gráfico fosse lançado em 2013, por exemplo, já correria o risco de tornar-se obsoleto com as vindas de PS4 e XOne. Com as atenções divididas em vários projetos, como encorpar o Steam, pensar nas Steam Machines e ainda lançar novos jogos, podemos sim compreender o porquê Half-Life 3 não deu as caras ainda.

Steam Controller bem próximo do que deve ser sua versão final

“Com isso podemos ter certeza que o jogo sairá juntamente com as Steam Machines?”. A resposta é direta e simples, dificilmente Half-Life 3 debutará logo no lançamento das Steam Machines. Primeiro porque nem a Valve sabe dizer como será a aceitação do público a seu novo projeto e segundo devido ao suposto jogo avistado por um fã em uma visita aos escritórios da Valve e praticamente confirmado nos anos seguintes, Left 4 Dead 3.

9_19-06-2014

Não existe jogo de propriedade da Valve que seja melhor para demonstrar o potencial de um novo motor gráfico que Left 4 Dead 3. Com ele será possível mostrar todo poder gráfico de sua nova engine gráfica, entupir a tela de zumbis, efeitos de partículas, sangue jogarrando para todos os cantos, cidades destruídas, fumaça, é um jogo que oferece um cenário perfeito para por a prova a Source Engine 2 e as Steam Machines. Sim, há de se considerar a possibilidade de um lançamento duplo de HL3 e L4D3, ou triplo com uma surpresa no meio assim como foi com Portal, mas se tivesse que apostar, apostaria primeiro em um lançamento do jogo de zumbis.

Suposta imagem de cenário de Left 4 Dead 2 rodando na Source Engine 2

Mas em um ponto todos iremos concordar, em 2015 Half-Life 3 tem e deverá ser anunciado oficialmente pela Valve, com direito a trailers e até demo jogável, definidos já sua data de lançamento e plataformas, que deverá ser o grande X da questão; será esse um título exclusivo de PC’s e Steam Machines?

 

Counter-Strike: A idade começa a pesar?

Finalmente, para finalizar o já extenso artigo temos um tópico bem interessante também, o que esperar do futuro de Counter-Strike. Um dos FPS on-line mais famosos do mundo mostra-se estagnado, preso em seus ideias passados e diante de uma concorrência que apesar de não trazer a mesma dinâmica de “CS”, renovaram-se e atraíram o público cansado de jogar exaustivamente de_dust2.

Apesar de ter sido bem aceito, CS:GO já da sinais de que a série está velha e desgastada. Boa parte do desenvolvimento do novo CS foi feito pela Hidden Path Entertainment, parceira da Valve e apesar das boas vendas, o jogo já não empolga como empolgou em outros tempos.

Global Offensive também trouxe um visual muito diferente em relação à série, ficou muito mais parecido com Left 4 Dead 2, tanto na modelagem das armas quanto nas animações, e as Skins dos personagens lembram os concorrentes Call of Duty e Battlefield. Enquanto CS:GO se limitou a apresentar em 2012 basicamente as mesmas coisas já vistas exaustivamente nos anos anteriores, seus concorrentes evoluíram e começaram a trazer novidades bem vindas e isso esvaziou mais um pouco os servidores da Valve.

Nessa E3 de 2014, a Ubisoft anunciou o novo Raibow Six: Siege, que apesar de não apresentar a mesma dinâmica de CS e que jogo apresenta? conseguiu empolgar muito e, com toda certeza, é mais um promissor candidato a esvaziar os servidores da franquia da Valve. E fica a dúvida, até quando Counter-Strike aguentará se seguir a tendência dos últimos lançamentos, com apenas atualizações gráficas?

É fundamental que para o próximo CS, inevitavelmente já na Source Engine 2, Gabe Newell e sua equipe assumam as rédeas e eles mesmos façam o jogo, sem delegar tarefas como fez em Counter-Strike: Source e Global Offensive. A série anseia e implora por novas ideias, que podem vir na forma de novos modos de jogo, arsenal renovado, novos mapas marcantes e porque não questionar a comunidade sobre o que ela quer ver um próximo título?

Independentemente do que a Valve pretende fazer, o processo será difícil e complicado. É preciso renovar a série, trazer novas ideais, mas sem deixar de lado o que fez de CS o sucesso que é hoje, com partidas dinâmicas, mapas estratégicos, trabalho em equipe e objetivos simples, porém muito divertidos. O trabalho de renovação também passa por entregar uma ótima escolha para organizadoras de E-Sports, pois nada da mais visibilidade e empolgação nos gamers do que assistir a campeonatos de jogos eletrônicos, principalmente em games onde tudo depende somente das habilidades dos jogadores e no trabalho em equipe, tal qual acontece com os Mobas atualmente.

SteamOS em ação

E o que você espera?

E com isso trazemos a vocês o que esperamos que a Valve apresente para o aguardado ano de 2015, que promete muita coisa boa também nos consoles da 8ª geração, inclusive no Wii U, quem diria. E quanto a você leitor, concorda? Discorda? O que vocês esperam da produtora de Gordon Freeman? Estão empolgados com as Steam Machines? Deixem seus comentários, opiniões e expectativas sobre o que vocês esperam. Um grande abraço e até a próxima.

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