Análises

Assassin’s Creed IV: Black Flag

Assassin’s Creed IV: Black Flag” é o sexto jogo canônico da franquia, que chega para os consoles da atual e nova geração, e sem esquecer os jogadores de PC, desenvolvido pela Ubisoft Montreal, juntamente com sete outros estúdios da empresa. O título carrega um novo espírito e rumos para a série, com uma ambientação no começo do século XVIII, abordando o universo dos piratas, por isso pode esperar por muitas trapaças, jogos sujos, saques e pilhagens. Visuais belíssimos, uma narrativa “piratesca” envolvente e uma nova gama de opções de exploração e combate. Nós gostamos muito do que vimos e agora você pode conferir o que achamos de “Black Flag” em nossa análise abaixo.

Esfreguem o convés, cães sarnentos!

A história começa em 1715 e nos mostra o ambicioso protagonista Edward Kenway, um notável jovem pirata e corsário, pai de Haytham Kenway e avô de Connor Kenway, personagens jogáveis de “Assassin’s Creed III“. O game já inicia com uma furiosa disputa de navios piratas em alto mar, debaixo de uma tempestade incessante. Seu barco é destruído e após umas lembranças do passado e de quase morrer afogado, você eventualmente alcança uma ilha tropical, lugar esse em que ocorre uma frenética perseguição a um membro do clã dos Assassinos. Contar mais do que isso iria estragar a experiência de quem ainda não jogou.

Essa é apenas a ponta do iceberg de uma fantástica aventura que vai se desenvolvendo aos poucos, com personagens carismáticos, a começar pelo próprio protagonista, um anti-herói que não segue exatamente a cartilha e ideais dos bons moços, afinal, ele é um pirata. Tal como nos jogos anteriores, a história é dividida em duas partes, essa num ambiente histórico no passado, e outra no presente moderno, que começa depois dos eventos de “Assassin’s Creed III“. Mas não se preocupe, se você nunca jogou algum game da série, irá entender numa boa, de modo geral, o que se passa em “Black Flag“.

Como sempre nos jogos da franquia, o contexto histórico real também está presente, a começar pelas mais de 50 localizações no mundo aberto do jogo. Cenários belíssimos como o mar do Caribe, ilha tropicais, cavernas e grutas repletas de tesouros (e ladrões assassinos), ruínas Maias, entre outros. Temos aqui três cidades principais: Havana, capital de Cuba, com influência espanhola; Kingston, cidade britânica cercada por plantações de tabaco; e Nassau, base dos bucaneiros das Bahamas, a zona mais tradicionalmente pirata do jogo.

Piratas reais daquela época também fazem parte do pacote, como os ingleses Benjamin Hornigold (que posteriormente se tornou um caçador de piratas, perseguindo antigos aliados), Charles Vane, Calico Jack, a mulher pirata Anne Bonnye e provavelmente o mais famoso pirata de todos os tempos, o temível Barba Negra. Recriações de eventos históricos igualmente marcam presença virtual, como o assalto de Bartholomew Roberts a uma frota de 42 navios portugueses, o naufrágio do ouro maciço da armada espanhola na costa da Flórida ou o abandono de uma figura histórica numa ilha deserta.

Rei dos Sete Mares

Como já era de se esperar, a grande maioria das ações de tirar o fôlego acontecem em alto mar, em disputas contra grupos piratas rivais, que podem atacar em barcos pequenos e velozes, ou em gigantescos navios mais pesados, porém com um arsenal de canhões mais poderoso e mortal. Tempestades podem aparecer, deixando o cenário ainda mais caótico, mas as vezes elas podem lhe dar vantagens tácticas (como usar as ondulações da água como proteção), já que os navios rivais também são afetados por elas.

Mas além dos combates, é possível explorar várias ilhas e locais espalhados na imensidão azul, como vilas e povoados, alguns só alcançados depois de atualizar e evoluir a sua fragata, o “Jackdaw” – mas pra isso tem que botar a mão no bolso. Outros aspectos relacionados com a água envolvem emocionantes caçadas de baleias ou tubarões com harpão (por mais cruel que possa parecer, inclusive o PETA revelou seu desagrado com essa parte do jogo) e inclusive exploração submarina, em busca de destroços submersos cheios de tesouros, que se encontram no fundo do oceano, ou simplesmente para admirar os belos visuais aquáticos – sistema esse inédito na série e que aumenta ainda mais a mecânica e diversão do jogo em geral.

Mas os que gostam da ação em terra não foram esquecidos, e características que fizeram a série famosa estão de volta, como a ação furtiva e claro, os assassinatosrefinando tudo aquilo que deu certo anteriormente, e corrigindo as falhas. Os elementos de parkour também retornam, e Edward pode escalar edifícios, fazer acrobacias mirabolantes de fazer inveja ao Homem-Aranha e pular de grandes alturas. É possível caçar animais em terra também, em busca de mantimentos ou materiais para confeccionar novos equipamentos – um sistema simples, mas que acaba sendo muito divertido. O design artístico está impecável, retratando a época com as edificações, os trajes típicos, armas (várias disponíveis, que podem ser evoluídas), tesouros, rum, equipamentos (como a luneta, muita usada por piratas) e claro, vários tipos de navios.

As cenas do presente enfocam mais ações furtivas nos escritórios da indústria Abstergo, utilizando escutas e infiltrações informáticas, para descobrir os segredos da empresa. Essas partes são feitas em perspectiva de primeira pessoa, e com certeza são as mais chatas e cansativas do jogo. Outro ponto que ficou estranho é o sistema de marcação de alvos, usado principalmente para seguir alguém na surdina. Apesar de útil, a transição do inimigos nos cenários é confusa, e fica difícil para nós saber o local exato da sua posição, que se confunde com paredes, muros e outras barreiras.

Deem brilho no tombadilho, nem que seja com as suas caras sujas!

O aspecto visual, como já comentado, está muito bonito, apresentando um vasto mundo colorido e muito bem iluminadoa visão das águas caribenhas é inesquecível – com um nível de detalhes impressionantes, inclusive quando se chega em povoados, ilhas ou florestas. Cada local tem seus costumes e ambientações típicas, num trabalho meticuloso da Ubisoft em termos de referências históricas e design artístico, que certamente merecem os parabéns.

A parte sonora também merece destaque, começando pela sua trilha sonora assinada pelo compositor hollywoodiano Brian Tyler, responsável por filmes como “Iron Man 3”, “Thor: The Dark World”, filmes da série “Velozes e Furiosos”, entre outros blockbusters. Ele trabalhou pouco com jogos, mas foi responsável pela ótima trilha de “Far Cry 3“, também da Ubisoft. Há muitos temas de ação que casam perfeitamente em desbravar os sete mares, assim como músicas mais lentas e cheias de tensão. Temas “piratescos” e “caribenhos” também marcam presença, e dá até pra sentir uma certa influência de “Piratas do Caribe” aqui.

As dublagens são excelentes, espere ouvir muito espanhol e inglês britânico, as vezes os dois juntos, já que naquela época havia uma transição entre os povos. Destaque para os piratas que usam linguajar de baixo calão e deboches alcoólicos sem limites. O jogo está dublado e com legendas em português do Brasil, mas os diálogos são meio esquisitos e tem os seus altos e baixos, mas com o tempo acabamos nos acostumando e apreciando o excelente trabalho que fizeram na localização para os brasucas.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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