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BASTIDORES | O primeiro The Witcher fez a CD Projekt ficar sem “um centavo” em seus cofres

Literalmente

Que a série The Witcher é um grande sucesso da polonesa CD Projekt Red é algo que todo mundo sabe, rendendo três jogos que misturam ação com RPG e mundo aberto. Com grande repercussão, os jogos levaram o nome do autor do livro homônimo, Andrzej Sapkowski, ser famoso no mundo inteiro, não só na Polônia, mas você sabia que os bastidores do primeiro jogo são tão interessantes quanto o próprio jogo?

A CD Projekt surgiu como uma distribuidora de jogos piratas na Polônia durante a década de 1980 pelas mãos de Marcin Iwinski e Michael Kicinski, já que na época o país era uma província socialista da União Soviética e não havia possibilidade de achar jogos eletrônicos nas lojas do país. Com a queda do regime no início da década de 1990, eles decidiram seguir o caminho da legalidade e o mercado pirata que impulsionou a carreira do grupo passou a ser o principal inimigo a ser combatido, afinal, porque algum jogador iria comprar algum game original se ele podia conseguir o mesmo título pirata, mais barato?

Foi aí que eles decidiram, em 1998, localizar um jogo da BioWare muito famoso na época, Baldur´s Gate, gastando quase todo o orçamento da empresa para contratar dubladores famosos, CD com trilha sonora e caixa com material de qualidade, além do jogo ter cinco CDs, o que ficaria custoso também para a pirataria. A estratégia deu certo e o jogo foi um fenômeno em vendas na Polônia.

Em 2001, a distribuidora do game, Interplay, entrou em contato para a CD Projekt distribuir a sequência do game, mas enquanto eles faziam a conversão, a distribuidora telefonou para eles rompendo o contrato motivada por uma crise financeira. Foi aí que veio a ideia de pegar o que já tinha sido feito e transformar em um jogo inédito, e foi daí que veio a ideia para o The Witcher.

O desenvolvedor Marcin Iwinski se encontrou pessoalmente com o autor do livro, Andrzej Sapkwoski para convencê-lo a vender os direitos da obra. Esse último não parecia muito empolgado com a ideia, ao mesmo tempo que não entendia muito de negócios e muito menos de videogames, mas pediu uma oferta. Iwinski ofereceu um valor aproximado de US$ 9,500, que para os padrões do sucesso da obra era praticamente “nada”, mas mesmo assim foi aceita.

A CD Projekt ficou um ano desenvolvendo o primeiro protótipo, mas o game não estava numa qualidade desejável. Sabendo do problema, a BioWare decidiu ajudá-los cedendo a engine Aurora, muito sofisticado para os padrões da época e que facilitaria o trabalho da equipe, e eles também propuseram um estande na E3 caso a demo ficasse numa qualidade desejável. Dito e feito, e em 2004, o The Witcher foi exibido no evento.

No entanto, o game ficou pronto só em 2007, indo contra todas as previsões iniciais, gastando todo o orçamento da empresa e ainda pedindo dinheiro emprestado a um banco. A CD Projekt ficou, literalmente, sem “um centavo” e ainda ficou no negativo. Somente o sucesso do jogo poderia salvá-los da falência.

A aposta deu certo devido a grandiosidade para os padrões da época, com um estilo bastante original, qualidade em todos os pontos técnicos como gráficos, música e jogabilidade, além de ser um título mais profundo do que apenas um hack and slash genérico. Sucesso de público e crítica, o game vendeu dois milhões de cópias, salvou a empresa, e levou o nome do autor polonês a ser conhecido no mundo inteiro.

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