Fighting game possivelmente é o gênero que mais resistiu às tentações tridimensionais, deixando claro que nessa afirmação estou excluindo games indie que ainda veem o visual 2D com olhos mais amorosos.
Franquias clássicas como Street Fighter e Mortal Kombat há muito abraçaram o visual 3D como padrão. Até mesmo a SNK, outra brava guerreira do fighting game bidimensional adotará para seu próximo The King of Fighters o 3D. Ora, até mesmo Guilty Gear entrou nessa onda!
Algumas produtoras japonesas ainda apostam no fighting game bidimensional tradicional. Dentre elas não há maior expoente que a Arc System Works que ainda mantém sua maior franquia orgulhosamente e em altíssima definição em 2D. É sobre o último e melhor game essa franquia que trataremos hoje: Blazblue Chrono Phantasma.
Dando continuidade a história dos dois últimos Blazblue, Chrono Phantasma mantém a direção de arte, refina e expande o gameplay a aposta em não revolucionar nada, mas melhorar tudo o que foi visto na série até então.
Comecemos redundantemente pelo começo.
O modo história está de volta com o usual storytelling da franquia. Os já iniciados à franquia e que não se importam em passar horas e horas assistindo imagens estáticas, com dublagens de qualidade questionável, desenrolarem uma história potencialmente confusa, se sentiram em casa. Para todo o restante de nós, esse modo é de matar.
Para os não iniciados à franquia, além de terem de enfrentar e se acostumar com tudo o descrito acima, terão de se inteirar acerca dos acontecimentos dos games anteriores. Para tal o game conta com um modo que conta toda a história até Chrono Phantasma, que segue basicamente o mesmo esquema de storytelling. Isso não é exatamente convidativo.
Uma vez que o game possui o usual modo arcade, dentre inúmeros outros modos para jogatina single player, recomendo deixar passar o modo história. Caso seja um tiete de coleção de achievements, terá de completar o modo história e suas 15 horas de conversa entre personagens estáticos, ou pular as partes de conversa e seguir diretamente para as lutas até finalizar.
É claro que eu não recomendaria ignorar a história de um game sendo uma das pessoas que mais defendo que games devem possuir um bom enredo, não importa qual seja o gênero. Meu conselho é que para quem quer curtir um pouco do que é a história de BlazBlue que assista o anime BlazBlue Alter Memories.
Esse anime trata dos acontecimentos da série até Chrono Phantasma, ou seja, você conhecerá toda a história de Blazblue até o início desse game. Alter Memory não trata da história de Chrono Phantasma mas servirá para que você não fique completamente perdido acerca de quem são os personagens e qual suas motivações para lutar. Ademais, é um bom anime.
O visual de Chrono Phantasma mantém o belíssimo senso artístico e o altíssimo nível de qualidade e criatividade em design de personagens e cenários, já comuns à franquia.
Os cenários são absurdamente detalhados e animados. Cada um deles possuem uma enorme quantidade de elementos animados, todos belíssimos na gloriosa definição de full-HD. Apesar de extremamente movimentados e coloridos, os cenários jamais causam confusão visual ao longo das batalhas.
Os personagens continuam com o design excêntrico de animes japoneses. Cada lutador possui inúmeros detalhes que enchem os olhos de quem vê. Além disso, ao contrário do que aconteceu em KOF13, os sprites foram desenhados em qualidade nativa de 1080p. Isso garante que o game não apresente serrilhados e granulações, dando a impressão de que estamos verdadeiramente jogando um anime.
Tecnicamente a única ressalva a ser feita é que a movimentação dos personagens poderia contar com mais quadros de animação, o que daria maior fluência ao jogo. Cito novamente KOF13 como ponto de comparação, que possui muito mais animações para a movimentação dos lutadores.
Apesar da ressalva acima apontada, ela não é nada que tire o mérito da beleza visual a nível técnico de Blazblue Chrono Phantasma. Ele é sim um deleite gráfico.
Para completar o pacote visual vale destacar o quão variados são os personagens, artisticamente falando. Cada um dos 26 personagens (2 somente via DLC) são absolutamente diferentes um do outro e todos possuem o mesmo nível de originalidade e criatividade em suas concepções. Cada lutador do game é verdadeiramente único.
Dentre o cast de Chrono Phantasma, quatro personagens são novos e abarcam todo tipo de jogador. Azrael e Izayoi são completamente opostos, sendo o primeiro lento e forte enquanto a segunda fraca fisicamente mais muito veloz. Os outros dois personagens novos são a recomendada para os novatos Bullet e a altamente técnica e de difícil domínio Amane.
Apesar do visual ser o primeiro aspecto que chama a atenção no game, por certo sua maior força está onde mais importa em um fighting game: o gameplay.
O core do game é simples. Tudo gira basicamente em torno de quatro botões, golpe fraco, médio, forte e o Drive. Os três primeiros são autoexplicativos, quanto ao Drive, ele é o grande trunfo de Blazblue.
O Drive de cada personagem é único e masterizá-lo é a chave para explorar todo o potencial do lutador escolhido. Graças a ele, mesmo dois personagens que possuem similares pontos fortes e fracos terão gameplay completamente distintos, o que faz com que as formas de explorar tais forças e fraquezas ao longo de uma luta sejam completamente diferentes.
É claro que além do Drive existem várias outras mecânicas ofensivas e defensivas para serem dominadas, como o Overdrive e o Astral Heat, próprias de Blazblue. Para tal o game disponibiliza um competente tutorial que explica e ensina de maneira bem didática não somente o básico do jogo como um todo, mas também as particularidades técnicas de cada um dos personagens.
Para quem se interessar em ser um jogador dedicado de Chrono Phantasma, pode se preparar para um longo e intenso período de treinamento e estudos. Me arrisco a dizer que esse é um dos fighting games bidimensionais mais complexos para se dominar por completo.
Assim como nos games anteriores da série, a trilha sonora de Blazblue Chrono Phantasma é Rock´n Roll da melhor qualidade. É composta em sua grande maioria de remixes das trilhas dos games anteriores. Se são melhores ou não que as originais é questão de gosto pessoal, o que é inquestionável realmente é a qualidade das músicas. Em caso de dúvida, procure a OST de Chrono Phantasma nesse mundão online e se certifique.
Felizmente a jogatina online flui muito bem no game, aspecto mais do que necessário em que jogo de luta atual. Desde que se jogue com jogadores que estejam no mesmo país que você, as lutas rolam sem lags e afins, o que permite usar o modo online como um válido meio de treinamento.
Importante citar que o modo online é muito completo, permitindo diversos modos de jogo e garantindo diversão ilimitada.
Como destaques finais vale ressaltar que as cut scenes em traço de anime que o game possui, infelizmente somente no modo história, são de qualidade idêntica à da apresentação do game. Apresentação essa que é absolutamente animal. Ademais, durante a execução de boa parte dos Astral Heats, basicamente os “supers” de Chrono Phantasma, também rolam animações no formato de animes, o que dá um clima todo especial a um jogo especial como um todo.
PS: Além da versão base de Chrono Phantasma, que foi usada para essa análise, existe a versão Extend. Tal versão possui como adições dois novos personagens, novo balanceamento no gameplay e extensão do modo história. Todas as considerações feitas nesse review valem também para a versão Extend.
De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.
