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BloodRayne: Betrayal

BloodRayne é uma franquia mais conhecida por sua voluptuosa e vampiresca protagonista do que por qualquer virtude propriamente gamer. Em verdade, os games BloodRayne nunca foram grande coisa e nunca agradaram a quem espera algo a mais de seus games do que somente “bewbs”. Talvez por isso BloodRayne: Betrayal não se destacou a contento, o que é uma pena, pois esse jogo talvez seja o único da série a merecer alguma atenção do gamer.

Ao contrário dos games anteriores, BloodRayne Betrayal é um game hack´n slash em 2D absolutamente old-school. O game começa indo direto ao ponto, com muita ação sem enrolação e com sua pouca história sendo contada dinamicamente e com poucas intervenções na jogatina para textos e explicações.

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O plot é absolutamente dispensável. Tão dispensável que o próprio game não se importa em dar grandes explicações acerca de o que está acontecendo e do porquê está acontecendo. Em suma, Rayne está ajudando os humanos a se livrar de um vampirão. Para tal ela adentra em seu castelo para eliminá-lo, coisa que somente ela, por ser também uma vampira, poderia realizar.

Sim, eu sei que fui muito pouco específico nesse resumo, mas acredite, isso é tudo o que o jogador vai se recordar ao final da campanha. O foco aqui é a ação non-stop side-scroller e nesse sentido o game traz uma ótima experiência, mesmo que não seja sem pequenos problemas.

A ação do game é veloz, furiosa e sanguinolenta. Rayne possui suas eternas lâminas para ataques de proximidade e uma arma de fogo para ataques a longa distância. Os combos realizados com as lâminas, apesar de serem executados com o mesmo botão, possuem uma boa quantidade de variação. Cada variação é importante para determinadas situações. Ademais a execução de todas é simples e intuitiva.

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É possível se utilizar de um movimento de dash, que também serve para evitar boa parte dos ataques a longa distância, o que auxilia na aproximação dos inimigos e no dinamismo dos combates. Além disso é possível unir o dash ao ataque regular, o que aumenta o leque de ataques de Rayne.

Para recuperar o life da protagonista é necessário sugar o sangue dos adversários, como todo bom vampiro. Ao longo do período de tempo em que Rayne se alimenta em campo de batalha, ela fica vulnerável aos ataques inimigos, sendo necessário dosar bem em que momento se deve realizar tal ação.

É possível também apenas morder o inimigo, sem sugar o seu sangue. Com isso se pode explodi-lo a qualquer momento, fazendo com que todos os inimigos ao redor sofram um severo dano.

Compreender todos esses elementos e utilizá-los a contento é a chave do sucesso. Caso o jogador tente se utilizar da milenar técnica do “mash button” ele não irá muito longe no game, pois os inimigos são numerosos, agressivos e seus ataques causam grandes danos a Rayne. Não há muitos espaços para erros ao longo de boa parte dos combates e de virtualmente nenhum erro nas seções de combates em fases mais avançadas. É necessário verdadeiramente compreender as mecânicas de jogo e aplica-las adequadamente.

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A dificuldade do game, apesar de ser um ponto positivo em algumas situações, pode se tornar extremamente desbalanceada. É possível morrer em certas seções de combate apenas por ter errado uma vez e ter recebido um golpe, que será o primeiro de muitos recebidos em sequência, sem chance de reação, até a morte.

Apesar dos cenários parecerem ter um clima “metroidvania” à primeira vista, eles não possuem múltiplos caminhos e a exploração dos mesmos é extremamente básica. Isso não é necessariamente um ponto negativo, afinal de contas o game nunca se vendeu enquanto algo a mais do que um game bidimensional hack´n slash, mas nota-se aí um potencial que pode, quem sabe, ser utilizado em alguma sequência de Betrayal.

Ao longo da campanha algumas fases se tornam verdadeiros desafios de serem ultrapassadas. Não por puzzels ou situações cerebrais, mas por armadilhas que demandam reações imediatas ou mesmo execução de movimentos extremamente precisos para se safar delas.

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Todo o game design de Betrayal preza pelo speedrun. É preciso ser veloz para escapar das armadilhas dos cenários, o ranking ao final de cada fase é baseado na pontuação ganha nas batalhas que quanto mais rápidas forem sobrepujados mais pontos rendem, entre outros. É claramente um game voltado a uma experiência de jogo bem arcade e isso funciona muito bem em um game como esse.

Apesar de ser absolutamente responsivo e intuitivo, o gameplay apresenta situações estranhas. Ora o dash permite passar para o outro lado de um inimigo, ora não. Enquanto um inimigo está indefeso no chão e um outro em pé pronto para te atacar, ambos a sua frente, Rayne prioriza finalizar o inimigo no chão à óbvia ameaça em pé na frente dela, a expondo a um ataque deste. Situações assim não condenam o jogo, mas considerando que Betrayal é um game que pode matar o jogador ao menor erro, podem irritar e frustar profundamente quando acontecem.

O visual de BloodRayne: Betrayal é lindíssimo. Os personagens possuem um bom tamanho na tela, a movimentação de Rayne e dos inimigos é bem fluida e a direção de arte é boa. Artisticamente o game pode, ao seu final, causar a sensação de ser pouco variado, mas tecnicamente o trabalho gráfico do game é impecável.

Um ponto interessante a reforçar aqui é o quão violento o game é. Muito sangue, desmembramentos e explosões de monstros estão à espera do jogador ao longo da campanha. Tudo visualmente bem apelativo, o que é ótimo.

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A trilha sonora, ao contrário de o que li muito em análises por aí, é de alta qualidade. Batidas pesadas dão o tom sonoro de Betrayal, o que combinam perfeitamente com o ritmo frenético do game. Apesar disso, algumas trilhas, como o próprio tema do game, são mais suaves e dão o clima gótico vampiresco necessário a ele.

Ouçam as trilhas “Dusk Falls”, “Sanguine Nightmare” e “Vampire´s Ball” e terão um bom resumo da OST do game como um todo.

Há uma única trilha com vocal no jogo, a “Cursed Dawn”, que por certo é o tipo de música “ame ou odeie”, o que de certa forma serve para a trilha inteira do game. Isso é o tipo de sentimento que é inerente ao estilo musical de Betrayal. Não gostar não significa necessariamente que ele não tenha qualidade.

A exploração do game se resume a encontrar as caveiras vermelhas espalhadas pelas fases do game. Como os cenários aqui são construídos com foco na ação, o explorar se torna bem simplista. Uma vez que o grande motivador para se jogar mais vezes o game é justamente a

coleta das caveiras, o efeito replay fica por conta de tentar sempre finalizar cada fase com a maior pontuação possível. Isso limita o game a ter um replay realmente alto somente para quem é obstinado por rankings. Funciona, mas limita.

O game foi lançado em 2011 via download para Playstation 3 e Xbox 360 e em 2014 se tornou disponível para PC via Steam. Se puder escolher, a versão Steam é a recomendada devido a sua maior acessibilidade e menor valor para compra.

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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