Análises

Calling

Um survival horror com boas ideias, mas mal executadas 

Você gosta de filmes de terror japoneses? Curtiu jogos como “Fatal Frame, “Cursed Mountain” e “Silent Hill: Shattered Memories“? Então é um forte candidato a gostar do novo game da Hudson Soft (sim, a mesma de jogos fofos como Bomberman e Bonk) produzido exclusivamente para o Nintendo Wii: “Calling”. Ou talvez não, já que o game deixou a desejar em vários aspectos.

Este novo survival horror chega para concorrer com outros jogos do estilo já no mercado e é mais uma opção para quem gosta do gênero. Ele não chega a ser tão bom quanto os três consagrados games citados acima, mas tem os seus bons momentos e pode gerar alguns sustos, se jogado de madrugada com as luzes apagadas e o volume no talo.

História

A narrativa não prima pela originalidade, com muitos dos elementos que a compõem que já foram processadas por um ou mais filmes ou games. Tudo gira em torno de uma misteriosa página da internet, que segundo a lenda local disseminada entre a comunidade, causa a morte de quem a visita. O site, conhecido como Black Page (Página Negra), não possui nada a não ser uma cor negra e um contador sinistro, que conta o número de mortos. Como o ser humano é um bicho curioso, dois jovens japoneses resolvem visitar a página e acabam acordando em uma dimensão paralela, em um quarto trancado, escuro e assustador. Sua missão é bem simples, encontrar uma saída desse pesadelo e permanecer vivo, para não virar um número no contador de almas eletrônico.

O game é em primeira pessoa e você controla a protagonista através do Nunchuk e usa o Wii Remote para apontar na tela e interagir com objetos nos cenários. Assim como em Silent Hill: Shattered Memories, o seu celular será um instrumento muito utilizado, como o nome do jogo já indica (Calling pode ser traduzido como chamada de telefone). Através do celular você irá receber chamadas dos mortos e poderá usar o Remote como um celular, ouvindo as mensagens do além através do speaker do controle.

Você poderá jogar com diferentes personagens, com diferentes pontos de vista e uma narrativa mais ampla, explorando três principais cenários: uma casa abandonada, uma escola e um hospital.

Você tem um indicador de saúde na tela, um “medidor de medo“, que se extrapolar você acaba morrendo de um ataque do coração. Como um bom filme de terror japonês, os calafrios e as experiências são feitas de maneira psicológica, e não pelo clímax audiovisual (que também está presente), mas pelos pequenos detalhes que acompanham a jornada do jogador. A escuridão contínua dos ambientes, longos corredores silenciosos subitamente quebrado por um som desconhecido como grunhidos e coisas se arrastando, pessoas que espiam por buracos e desaparecem misteriosamente,  o celular que toca de repente, são alguns exemplos dos truques sabiamente usados para manter o nível de tensão.

A maior parte do game não possui trilha sonora, apenas o silêncio e efeitos sonoros amedrontadores, como ruídos, grunhidos e murmúrios de pessoas mortas, muito bem caracterizadas. Não espere por matanças, cenas sangrentas, armas e equipamentos de luta. Como um bom adolescente apavorado tudo que você poderá fazer é fugir dos espíritos agressivos que te atacam, mexendo freneticamente o Remote para escapar.

Infelizmente a maior parte do seu tempo é gasto andando no escuro por corredores repetitivos em busca de elementos essenciais. Há muitas interações desnecessárias com elementos dos cenários, como gavetas vazias e objetos que não conduzem a nada. Para avançar no jogo você precisa coletar certos objetos, sendo forçado a tatear por todos os cômodos.

Graficamente o título está abaixo dos padrões do Wii, com um visual bem pobrezinho e sem design artísticos interessantes e originais. Todos os clichês estão lá, como ambientes escuros, longos corredores, objetos jogados em toda parte, etc. As texturas são fracas, sem muito detalhes. Os modelos poligonais dos personagens também não são dos melhores, assim como suas expressões faciais que deixaram muito a desejar, ficando longe de um Silent Hill: Shattered Memories.

O fator replay é baixo, possui em média umas 8 horas de jogo e você pode até se divertir na primeira vez que jogar, mas o game não oferece vantagens atraentes para jogá-lo novamente. As primeiras fases são interessantes, mas após um tempo logo se torna repetitivo e previsível.

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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