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Cara Gente Branca (Dear White People) | Análise da série da Netflix

Estreada no dia 28 de abril, a série Dear White People ou Cara Gente Branca em português é baseada no filme homônimo lançado em 2014 e teve participação direta de Justin Simien, criador da obra original. Meio a protestos e tentativas de boicote, a Netflix manteve-se firme em lançar a série e trazer temas polêmicos para debate.

A trama gira em torno da relação entre alunos negros e brancos na Universidade de Winchester, tendo como protagonista Samantha White, uma jovem estudante negra do curso de Audiovisual e também locutora da rádio local do colégio, local que ela utiliza para rebater as atitudes racistas que acontecem na Universidade e lutar pelos direitos dos negros.

As coisas ficam complicadas quando estudantes brancos decidem fazer sua tradicional festa a fantasia com o tema blackface. O e-mail de um dos envolvidos é hackeado e o convite é disparado para toda a Winchester fazendo com que estudantes negros descobrissem o fato e fossem até o local. A reunião termina em conflito entra ambas e partes. A partir deste momento a vida de estudantes começam a se encontrar de diversas formas.

Mas não se engane, Cara Gente Branca não é uma série maçante sobre racismo e desigualdade. A obra de Simien é voltada para a pluralidade dos negros (que é muito bem explicada pela youtuber Nátaly Neri) e seus conflitos pessoais, discutindo amizade, romances, sexualidade, interação com o meio e militância.

Essa pluralidade apresentada desconstrói os pertinentes estereótipos negros criados pelo cinema norte-americano mostrando que as pessoas não são obrigadas a concordar em tudo e muito menos agir da mesma forma só por compartilharem da mesma cor. Por exemplo: Troy prefere usar sua popularidade para fazer média com todo o campus, já Coco opta por misturar-se entre as alunas brancas, Reggie é um militante incansável, mesmo assim, ninguém é mais ou menos negro do que o outro.

Mesmo com um título sarcástico e levemente agressivo a série é extremamente sutil em seu conteúdo (tento apenas um grande momento, mas vamos evitar spoilers). É com esta sutileza que mensagens importantes são passadas, às vezes numa frase, num gesto, num olhar, mas está ali, para tocar os telespectadores mais atentos.

Ignore matérias oportunistas tentam comparar a série a 13 Reasons Why e assista tranquilamente Cara Gente Branca, uma adaptação madura e nada tendenciosa sobre a realidade negra dentro de uma universidade americana. Embora os conflitos apresentados não se encaixem muito bem a realidade brasileira a Netflix consegue passar mensagens reflexivas que servem para todos, independentemente de cor. Dividida em 10 capítulos de 30 minutos é uma série perfeita para assistir em um fim de semana.

Gabriel Magalhães

Colaborador do GameHall, fundador do Forever Jogando e Analista de Marketing.

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