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Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados

O mais recente e localmente mais badalado lançamento de Cavaleiros do Zodíaco no mundo dos games, Alma dos Soldados chega para fazer novamente a alegria dos fãs, bem como tentar redimir a Namco Bandai do fraco trabalho realizado no game anterior da série.

Por falar no game anterior, recomendo a leitura do review, também escrita por esse colaborador, de Bravos Soldados. Comparações podem ser realizadas ao longo desse texto e o conhecimento das opiniões do game anterior podem ser úteis.

Para ler o review de Cavaleiros do Zodíaco: Bravos Guerreiros, basta clicar AQUI.

Mesmo que sendo prioritariamente um “game de anime”, Alma dos Soldados não deixa de ser um jogo de luta. Assim sendo, comecemos essa análise por um dos aspectos que mais evoluíram desde o Bravos Soldados, os combates.

À primeira vista basicamente não há diferença entre Alma dos Soldados e Bravos Guerreiros. Essa impressão se dá por ambos os games se utilizarem na mesma engine e possuírem as mesmas mecânicas básicas de jogo.

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Apesar de divertido e bem melhor do que em Chapter Sanctuary, algumas mecânicas podiam se tornar muito abusivas, como o teleport usado para sair de uma sequência de chain combos e os ataques Big Bang, que podiam ser utilizados de maneira abusiva.

Ambos os problemas foram resolvidos em Alma dos Soldados. O teleport agora é menos ágil após sua execução, se tornando mais punível se usado randomicamente. Isso faz com que usá-lo demande um melhor timing, conhecimento de seu char e conhecimento do match envolvido na luta.

A questão dos ataques Big Bang foi resolvida com um mapeamento mais dinâmico da barra de cosmo e da barra de sétimo sentido. Isso faz com que seja mais arriscado se utilizar de maneira despretensiosa de um Big Bang, pois agora se a execução do Big Bang não for certeira, perde-se toda a barra de sétimo sentido, barra essa que dá grandes vantagens ao jogador como barra de cosmo cheia e conexão de combos não possíveis sem a ativação da mesma.

Apesar dessas melhorias continua claro o desbalanceamento entre os Cavaleiros, ou seja, alguns muito mais poderosos do que outros. Personagens como Shun de Andrômeda e Camus de Aquário, por exemplo, possuem absurdas vantagens contra a esmagadora maioria do elenco. Sendo esse um game de luta com mecânicas mais simples, fica relativamente difícil para um jogador mais experiente em fighting games criar estratégias para minimizar a diferença de forças entre os personagens. Se para um jogador experiente isso já é complicado, para um inexperiente é praticamente impossível.

O modo campanha, uma verdadeira decepção em Bravos Soldados, aqui ganha um pouco mais de destaque, apesar de ainda ser problemática.

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O grande destaque para a campanha de Alma dos Soldados vai para a presença da saga de Asgard. Como manda o figurino, lá estão os poderosos Guerreiros Deuses de Asgard, bem como Hilda de Polaris e até mesmo o General Marina Sorrento.

Com isso a seleção de personagens ganha como personagens jogáveis os Guerreiros Deuses e a própria Hilda. Um dos principais pedidos dos fãs para a Namco Bandai acaba de ser atendido.

Infelizmente, o modo de história do game não muda muito o que Bravos Guerreiros havia apresentado. O sistema de objetivos e capítulos se manteve, o que por si só não seria uma má notícia. Infelizmente o storytelling pouco mudou.

A diferença de ambos os games é que enquanto Bravos Guerreiros recorre somente a textos e diálogos, narrações e imagens estáticas, Alma dos Soldados recorre a modelos tridimensionais basicamente estáticos, textos e narrações e diálogos. Ou seja, apesar de haver a troca do apelo visual ao longo da campanha, isso em nada mudou a narrativa da história, o que continua a deixa-la monótona.

Imagine um modo história contando toda a saga dos Cavaleiros do Zodíaco com o valor de produção de um Naturo Shippuden Ultimate Ninja Storm 4 (para ler esse review, clique AQUI). Uma enorme oportunidade desperdiçada pela Namco Bandai.

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Outro ponto em que Alma dos Soldados é melhor do que Bravos Guerreiros é o elenco. Com a adição dos Guerreiros Deuses, de Hilda e dos Cavaleiros de Ouro com armaduras Divinas (vindos diretamente do péssimo anime Alma de Ouro) a tela de seleção ganha muito mais variedade, apesar de ainda possui muitos slots para variações desnecessárias dos Cavaleiros de Bronze.

Agora é possível escolher, para maioria dos personagens, mais de um ataque Big Bang para a luta. Os Big Bang disponíveis podem variar dependendo da armadura que for selecionada para o Cavaleiro escolhido. Isso não muda quase nada as estratégias possíveis ao longo das lutas, mas não deixa de ser um interessante adendo.

A partir desse ponto basicamente tudo o que for dito com relação a modos de jogo, colecionáveis e afins de Alma dos Guerreiros não diferem em quase nada do que já foi apresentado em Bravos Guerreiros.

Os modos online, de versus local e de torneios temáticos são exatamente os mesmos. O sistema de “frases de ajuda” equipáveis funciona exatamente como o sistema de “orbes” de Bravos Guerreiros. Os colecionáveis de ambos os games são os mesmos. Ora, até mesmo os troféus são basicamente os mesmos.

Isso revela um problema já existente no game anterior: a falta de conteúdo verdadeiramente motivador que faça o gamer a continuar a jogar Alma dos Guerreiros depois de finalizar sua campanha principal.

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O único modo a mais é focado nos Cavaleiros do Ouro com armaduras Divinas. Infelizmente é um modo que objetiva muito mais o grinding para que o jogador consiga todos os colecionáveis do que ser um modo divertido de jogo. Visa aumentar a vida útil do jogo, mas acaba funcionando ao contrário devido sua falta de variedade.

A trilha sonora de Alma dos Soldados mantém não somente o mesmo nível de Bravos Soldados, mas basicamente é a mesma. Se por um lado isso garante boas composições, por outro garante não haver músicas do anime no game, bem como é mais um elemento completamente reaproveitado.

Reaproveitadas também são basicamente todas as movimentações, combos e animações Big Bang dos personagens, salvo os recém-chegados. Isso é algo que já havia acontecido de Chapter Sanctury para Bravos Guerreiros, mas que fica mais visível agora já que Bravos Guerreiros e Alma dos Soldados compartilham inúmeras similaridades além desta.

O estilo visual se manteve, o que é algo bom pois garante boa fidelidade para com o anime. Além disso Bravos Guerreiros já era um jogo muito bonito para os padrões de games do gênero para Playstation 3.

Tecnicamente houveram pequenas melhoras para o gráfico de Alma dos Soldados na versão para Playstation 3. Já nas versões de PC e Playstation 4 fica claro que o game não foi projetado para se aproveitar de tudo o que ambas as plataformas poderiam oferecer. Mesmo que rodem a 1080p e a 60fps, o nível visual é pouco superior do que o apresentado na versão para Playstation 3.

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A localização do game é de um brilho único, em especial por se tratar de Cavaleiros do Zodíaco.

Alma dos Soldados não conta somente com localização de legendas e menus, mas também possui dublagem completa em nosso idioma. Melhor que isso, a dublagem foi realizada no mesmo estúdio que faz os trabalhos para o anime, o que garantiu que quase todas as vozes clássicas retornassem.

Impossível não se empolgar ao longo da jogatina sempre que um “Pó de Diamante” ou um “Explosão Galáctica” ecoam tão poderosos e nostálgicos quanto no anime.

Apesar de ter sido um brilhante trabalho, a localização possui seus problemas: Algumas frases não foram dubladas (pelo menos uma, de Hyoga), o que faz com que eventualmente ouçamos a voz japonesa proferi-la. Também há problemas de tradução de menus, como os golpes de Shaka estarem com os mesmos nomes dos golpes de Aiolia no box informativo ao longo da luta.

São pequenos problemas que não estragam a experiência e que não depreciam o trabalho realizado, mas que o mancham. Ironicamente, até o momento, não houve nenhum patch para correção dessas questões e a essa altura imagino que eles nunca existirão.

PS: As notas abaixo apresentadas se referem a versão de Playstation 3. Para PC e Playstation 4 basta baixar a nota de gráfico em 2,5 e estamos conversados!

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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