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Confira entrevista com Bárbara Costa, atriz pornô geek

Saudações leitores do Gamehall! Hoje trazemos uma entrevista um pouco diferente do habitual. Nós conversamos com Bárbara Costa (nome artístico), atriz de filmes pornográficos que tem como diferencial ser uma geek assumida, viciada em rock ‘n roll, seriados e videogames.

A jovem paulista de 28 anos trabalha na indústria pornográfica há 5 anos e diz que começou devido a um desejo de vingança por um relacionamento conturbado com um ex-namorado, que “era viciado em pornô“.

Mas além de muito sexo, ela também tem prazer em jogar videogames, sendo uma fã do entretenimento eletrônico desde que ganhou o seu primeiro console, um Dynavision, aos 12 anos de idade. Ela também revela ser fã de séries geek famosas como “The Walking Dead” e “Game of Thrones”, histórias em quadrinhos, super-heróis e rock n’ roll.

O amor pela cultura geek inclusive está tatuado no corpo, com várias imagens (mais de 15) que variam desde aos logos da Nintendo e Resident Evil até desenhos do Yoshi e Groot, de “Guardiões da Galáxia”.

Neste ano ela foi indicada em cinco categorias ao Prêmio Sexy Hot 2016 (marcado para o dia 28 de junho), também conhecido como o “Oscar Pornô Brasileiro“, em sua terceira edição no popular canal para maiores da TV por assinatura. As categorias em que ela concorre são: melhor atriz hétero, melhor atriz homo, melhor cena homo feminino, melhor cena de sexo oral e melhor cena de filme hétero.

Confira abaixo uma entrevista muito bacana que tivemos com a Bárbara, passando por assuntos desde sua fascinação pelo mundo geek até temas mais picantes, como sua carreira em filmes adultos pornográficos. Enjoy it!

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1. Olá Barbara, faça sua apresentação aos nossos leitores.

Eu sou atriz de filmes adultos, no popular atriz pornô, do gênero Geek por curtir a cultura e praticar a mesma, tenho 28 anos, nascida e criada em Mogi das Cruzes.

2. Quando e como você despertou o seu lado geek? Que coisas você curte?

Desde pequena, sempre fui viciada nos gibis da Turma da Mônica, guardo comigo o sansão que ganhei aos 7 anos até hoje. Como toda criança dessa época, acompanhei os desenhos da TV Cultura e conforme crescia me viciava em desenhos como “Super Shock”, “Liga da Justiça” e “X-Men”.

Eu amo “The Walking Dead” e “Fear The Walking Dead”, acompanhei os quadrinhos até a era do Governador, mas ficava sem paciência para os spoilers (rs). “Game of Thrones” é fantástico, eu não cheguei ainda a ler os livros, quando conheci a série foi na terceira temporada, peguei a primeira e não parei mais. Também sou muito ligada nas séries “Marvel Agents of Shield”, “The 100”, “Defiance”, “The Strain”, “Agent Carter”, “Jessica Jones”, “Demolidor” entre outras.

Se eu começo uma série e gosto dela, eu tenho que terminar, fica faltando alguma coisa, é como nossa novela, e podemos ver todas de uma vez se quisermos. Eu vi “Lost” na globo como todos, acordava na segunda-feira acabada porque não podia perder um episódio. Séries de desenho animado fizeram parte da minha infância, eu assistia muito desenho, também assistia muito “Arquivo X” e cheguei a ver a última temporada que saiu na Fox [a décima temporada], tudo o que passava no canal aberto eu gostava de ver e são clássicos, desde “Um Maluco no Pedaço” até “Arquivo Morto”. Hoje em dia também tenho visto muitas séries de comédia como “The Big Bang Theory”, “The Office”, “The Middle”, “Mom”, “Evebory Hates Chris”, Chaves, Chapolin entre outras.

3. Agora falando mais especificamente sobre videogames, quando e como você começou a se interessar por eles? Que consoles e games te marcaram?

Eu ganhei meu primeiro Dynavison aos 12 anos, eu jogava muito, quando eu era criança não tinha preferência por jogos, era viciante, eu jogava um depois enjoava e ia para outro, só parava quando minha mãe me ameaçava jogar o console fora. Aos 13 jogava Super Nintendo, e as vezes ia na casa de um garoto de 7 anos só para jogar com o Playstation dele, foi ai que me delirei em Resident Evil.

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4. Você joga hoje em dia? Qual console? Que tipo de jogo te atrai?

Dos meus 15 anos ate os 25 eu fiquei sem jogar com frequência por causa dos estudos, mas sempre lia nos sites e procurava me atualizar, de uns três anos pra cá, criei coragem e comprei um X-Box, (mas eu já tinha um Play 2 guardado). Quando voltei a jogar o meu maior medo foi de não conseguir acompanhar a tecnologia, porque quando você é criança você joga sem preocupação só para se divertir, não tem problemas na vida, então aprender a jogar e não desistir fica mais fácil. Quando você é adulto, pronto, tem medo de fracassar em tudo, até no videogame, o que é uma coisa idiota de se pensar, já que no videogame é para ser uma coisa divertida, no qual se você erra e tenta quantas vezes quiser.

5. Reparei que você tem várias tatuagens geek, fale sobre elas.

Eu sempre tive um espirito rebelde… Enfim tenho orgulho de todas as minhas tatuagens, são uma homenagem a cultura Geek que eu obtive contato direto, tudo que está tatuado no meu corpo passou por mim e deixou uma marca positiva na minha vida, olho para elas e me sinto sortuda, eu penso: Nossa, eu sou muito corajosa!!! Quase todos amam o que esta tatuado no meu corpo, mas quase ninguém fez o que eu fiz.

A minha tatuagem do AC/DC foi minha terceira, foi uma banda que marcou a minha vida, pois marcou a transição de jovem para adulta, quando eu tinha meus 15 anos escutava Fall Out Boy, Simple Plan, Link Park e também escutava pop, quando comecei a andar com um pessoal mais rockeiro, o povo foi me ensinando as bandas, Pink Floyd, Beatles, System of Down, Sepultura, Matanza, Velhas Virgens, eu sempre escutava as musicas das bandas mas não sabia identificar, hoje já tenho mais conhecimento e AC/DC marcou minha vida porque quando escutei Highway To Hell, decidi que era roqueira, naquele dia decidi que iria devotar meus ouvidos ao Rock, estudar sobre as bandas, escutar e decidir as que eu gosto ou não.

Infelizmente as pessoas associam o funk ao pornô, eu odeio funk e nunca escondi isso de ninguém, hoje em dia tento me controlar para não ficar falando, muito menos nas redes sociais, a Britney Bitch e Soraya Carioca [atrizes pornô] por exemplo gostam, então evito ficar entrando em discussão, gosto é gosto e cada um com o seu, mas é ruim achar que toda atriz é assim, eu não gosto da comparação, por isso todas as vezes que eu faço performances de Pole Dance é com trilha sonora do gênero Rock Clássico, exceto quando preciso usar algo diferente, como por exemplo a performance do Deadpool onde usei a trilha sonora do filme para dançar, e também nunca aceito quando me convidam para participar em clipe de funk, eu sei que estou perdendo visibilidade e dinheiro, mas eu tenho muita personalidade e não consigo passar por cima disso e recusei muitos convites porque eu não gosto mesmo, então eu penso: “Se eu não gosto, o que eu vou fazer lá? Deixa para uma garota que gosta fazer o trabalho”.

A tatuagem do Resident Evil foi a quarta, depois do AC/DC. Nos meus 13 anos jogava na casa de um menino de 7, porque ele tinha um Playstation, eu jogava o Resident 1, era viciada, passava 4 a 8 horas na casa da criança para jogar, depois com 22 comprei um Playstation 2 e comprei os jogos Resident Verônica Code, On the Ship, Resident 1,3,4, na mesma época joguei God of War também que era muito bom.

Eu tinha visto uma tatuagem do logo na Nintendo na nuca de uma menina na internet, e como eu adoro tatuar logo, fiquei louca para tatuar, nessa tatuagem estou homenageando a Nintendo, porque ela fez parte da minha infância, e se for para tatuar alguma coisa que seja algo de que eu me orgulhe.

6. PlayStation, Nintendo ou Xbox? Por quê?

PlayStation, não pera, é Xbox, putz, acho que é Nintendo, pow meu, que pergunta difícil, eu amo games em geral, fliperamas de shopping, jogos do PC, do celular, mas se tem que escolher um vai ser o … hum …acho que posso colocar em ordem de tempo e amor: Nintendo, PlayStation e Xbox. Porque foi assim que aprendi a gostar e fui me apaixonando, foi nessa ordem.

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7. Videogames tem um apelo muito forte na ala masculina. Você já sofreu algum preconceito por ser uma “menina que gosta de videogames”? E como atriz pornô?

Por gostar de vídeo game não, na verdade o publico masculino é bem positivo em relação a isso, agora em ser atriz pornô, sempre, todo mundo odeia atriz pornô, e eu sei porque, as pessoas se matam por dinheiro e sexo, a atriz pornô tem isso sem precisar matar ninguém e de quebra fica famosa, o que rende mais trabalhos e mais oportunidade. Eu sei que doí isso em algumas pessoas, mas alguém tem que ser a “atriz pornô” na vida e essa pessoa fui eu.

8. Os videogames estão entrando em uma nova era, a da Realidade Virtual. Você acharia interessante um game pornográfico? Faria parte de um?

Acho muito interessante e sim, faria parte, adoraria fazer parte de um projeto futurístico  assim.

9. Conte para nós como começou a sua carreira em filmes adultos. Quanto tempo está nela?

Estou na industria pornográfica há 5 anos, gravei cerca de 125 cenas, mas 80 delas não incluem sexo só fetiche, fora o ensaios sensuais e explícitos, entrei por uma decepção amorosa, e o mais engraçado é que este meu ex-noivo jogava videogame, mas só futebol, era horrível pra mim, eu queria jogar coisas mais gostosas como Mario, Resident, God Of War, jogos com ação, terror, mistério, e hoje o único que não jogo de jeito nenhum, é futebol. Quando comecei a fazer filmes, queria me vingar, porque além de futebol o cara curtia muito pornô, depois da decepção virei stripper na noite e conheci uma ex-atriz e pedi para me indicar nos filmes. Eu não imaginava a magnitude de tudo isso, o quanto eu estava sendo imatura, eu era jovem e surtei quando o cara terminou um noivado de 3 anos para se casar com outra e perdi os parafusos, hoje eu sei exatamente o que eu fiz, mas continuei, minha vida tomou outros rumos, trabalhos iam aparecendo, eu queria comprar meu apartamento, carro, viajar, comprar as minhas coisas e então estou até hoje.

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10. Fazer filmes pornôs rende um bom dinheiro? Você encara como uma profissão ou é por prazer e diversão?

Só com os filmes não, mas juntando com o dinheiro do stripper em boates e em Webcams, de Jobs como modelo e mais os fetiches, consegui exatamente o que queria e ainda quero mais, estou estudando moda e vou abrir meu ateliê.

Encaro absolutamente como profissão, o meu trabalho é atuar de acordo com a cena, cena hard a atuação é mais estúpida, as expressões que tenho que fazer são quase de dor, a forma de expressão no sexo é como define a própria cena dita, por exemplo se um cara quer uma cena hard, ele gosta de ver a garota sofrer, ele não vai ter tesão se ela estiver amando o sexo ou rindo como se aquilo não a incomodasse de maneira nenhuma, o que é muito diferente da atuação de uma cena soft, no qual as expressões são mais sentimentais e um cara que gosta de cena em que a garota sinta prazer sendo o centro da cena, não vai gostar se ver que ela está entediada, fazendo aquilo só por dinheiro. Muitas tem roteiros e falas para interpretar também. E as pessoas definitivamente não entendem isso.

11. Já passou por alguma situação bizarra ou engraçada em filmes ou sexo?

Muitas, mas em geral as gravações são muito divertidas, difícil passar por situações bizarras até porque eu avalio tudo antes de aceitar a gravar, já em em sexo acho que muitas, eu falo muito (tagarela), se deixar eu fico falando na hora H de tudo, como se não existisse cena, mas eu me considero uma boa atriz e deixo para tagarelar depois das gravações.

12. Ser uma geek assumida faz algum diferencial em sua profissão?

Faz e muito, ser Geek sugere que não fiz pornô por falta de instrução, eu estudei muito, as pessoas não fazem ideia do quanto, mas me direcionei neste caminho e não vou deixar de amar todas essa coisas maravilhosas (games, séries, desenhos, quadrinhos, cosplay), só porque estou fora do padrão da sociedade.

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13. O que você acha da indústria pornográfica brasileira?

Difícil, a internet facilitou muito as coisas, mas muitas produtoras não desistiram, muitas produtoras de nome pararam de gravar, muitas se adaptaram a nova era e outras abriram com o intuito de salvar a indústria, e mais ainda, a premiação da SexyHot veio para quebrar tabus e de uma vez por todas dar o devido reconhecimento a todos os profissionais do ramo, esta é a terceira edição e o lamentável disso é que algumas pessoas ainda não enxergam que em alguns países esse tipo de premiação é considerada importante.

14. Como a sua família e amigos lidam com a sua carreira? Deve ser difícil arranjar um namorado, não é?

É nada, eu recebo propostas de casamento todos o dias, uahuahau, de namoro então: “Deixa eu ser seu play 2“, eu acho muito fofo, adoro esses elogios, claro que ofensas eu bloqueio e apago, elas são inúteis e desnecessárias pra mim, só o que me importa são meus fãs e os admiradores do meu trabalho.

Minha família é cada um pro seu lado, pais separados, mas tenho muito contato com a minha mãe e ela apoia muito meu trabalho e ela estará comigo na premiação, tenho uma prima que é quase uma irmã, me ajuda muito, o amor dela acende em mim a fé na humanidade, mas a minha família mesmo são meus amigos íntimos, aqueles que me veem de verdade, me conhecem, são pessoas que sabem que eu jamais machucaria ou prejudicaria a vida de alguém.

15. Arrepende-se de algo profissionalmente?

Sim, eu me arrependo de não ter tido coragem e ir gravar fora do Brasil, eu fiquei com muito medo, deveria ir, mas o medo é tão grande e eu me arrependo muito disso.

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16. Afinal, tamanho do pênis faz diferença ou não?

Imagina que não, faz nada, o que faz diferença é o que o que o cara sabe fazer com ele.

17. Quais os seus planos para o futuro?

Eu faço curso de moda como mencionei, pretendo abrir meu ateliê em Mogi das Cruzes. No pornô é imprevisível, eu não sei se vou parar ou continuar, ou se vou limitar as cenas, como por exemplo cortar hétero e só gravar lesbo, ou continuar com tudo, ou talvez até criar coragem e tentar gravar fora do Brasil. De qualquer jeito, o mundo Geek tem a tendência de crescer dentro de mim, porque eu sou muito Old School, o contato que eu tive no mundo nerd foi pouco e a maioria teórico, o tempo todo fico na internet, pesquisando sobre tudo, ontem pesquisei sobre League Of Legends, li tutoriais, assisti vídeos e quando eu me sentir pronta para tentar eu começo, já comprei meu ingresso para o Anime Friends desse ano dia 10 de Julho, vou na BGS [Brasil Game Show], Comic Con, e leio muitas notícias sobre séries, filmes e quadrinhos, fico louca com tanta coisa que tenho que aprender ainda (rsrs). Esses dias me perguntaram se eu tinha conta no Steam, e antes de responder, joguei no Google, “conta no steam“, entrei no site e vi o que era, depois ainda perguntei para um amigo usuário como que funcionava o site de fato, eu sempre fui de ficar pesquisando e querendo me atualizar de tudo, aceito todas as sugestões que me dão, quero saber o que a galera está jogando, qual série estão assistindo, quais filmes, quais os Youtubers famosos, os blogs, podcasts, esse mundo esta sempre atualizando, se você não andar junto, fica pra trás como eu várias vezes fiquei.

18. Para finalizar, deixe uma mensagem para os nossos leitores.

Leitores de games, amo, um beijo a todos que me admiram e acreditam no meu trabalho, conto com vocês para ganhar um prêmio no Oscar Pornográfico desse ano, adoro quando comentam sobre jogos na minha redes sociais, principalmente dando dicas de quais jogar, adoro me atualizar. Obrigada de verdade a todos, o preconceito eu jogo fora, e os tóxicos mais ainda, mas espero manter os heróis sempre comigo, que são vocês. =*

O site Gamehall gostaria de agradecer pela entrevista e desejamos boa sorte para Bárbara em sua carreira profissional assim como sua admiração pela cultura pop e geek. Que sua coleção de games, HQs, séries e livros só aumentem com o tempo!

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Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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