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Conheça o estúdio brasileiro de games Invent4

Já faz algum tempo que muito se fala sobre a indústria brasileira de games, mas pouco foi realmente visto durante esses anos. Mas parece que recentemente, empresas independentes estão surgindo em maior número, aproveitando o público de jogos casuais e mais simples. Você já deve ter lido aqui na Gamehall a entrevista com Fernando Rabello, responsável pelo game “A Luz da Escuridão”.

Hoje trazemos para você uma entrevista com Augusto Bulow, responsável pela Invent4, um pequeno estúdio brasileiro que foi oficialmente fundado em 2009 na cidade de Porto Alegre e conta com uma  equipe de desenvolvimento, programadores, artistas e músicos, que já criaram diversos games que foram distribuídos em mais de trinta paises. Os destaques pela Invent4 ficam com os games Bad Rats (2009) e Razor 2 (2010).

Bad Rats é um jogo extremamente divertido, que mistura estratégia, física e uma boa dose de violência, com o objetivo de se juntar ratos para estraçalharem com os pobres gatinhos, numa espécie de “Comichão e Coçadinha” (o programa de TV favorito dos Simpsons) dos videogames. Você curtia o clássico “Lemmings”? Então vai amar Bad Rats. Confira abaixo um video com a jogabilidade do game.

Ficou curioso para saber mais sobre a Invent4? Então leia nossa entrevista exclusiva abaixo:

Entrevista


GH – Primeiramente a Gamehall gostaria de agradecer pela atenção dispensada, e podemos começar com você contando aos nossos leitores sobre sua formação, influências e trabalhos profissionais.

Muito obrigado, eu que agradeço pela atenção e pela oportunidade. Bom, eu sou formado em Ciência da Computação, (Unisc 1998), em uma época em que ainda não haviam cursos específicos para a área de jogos. Fascinado por tecnologia, por computadores e video-games, tive a oportunidade desde muito cedo de conviver com estes lançamentos tecnológicos, e acompanhar a evolução dos computadores e videogames, desde sua primeira geração até hoje. O primeiro computador que tivemos em casa foi um TK 82K, por exemplo, que hoje tem muito menos processamento e memória que um relógio ou um celular. Depois claro, passando pelos antecessores, até chegar nos primeiros PCs, e evoluir para os computadores atuais, com super placas de video e capacidade de processamento inimagináveis a uma década atrás. Sempre impressionado com as novidades, mas ainda mais interessado em como estas máquinas podem ser usadas para nossa diversão, que jogos elas podem nos oferecer. Profissionalmente, trabalho desenvolvendo jogos desde 1999, e Razor2 é o décimo primeiro jogo que nossa equipe produz, segundo pela Invent4.

GH – Conte-nos sobre a sua experiência com videogames? Jogos preferidos, que consoles possui, etc e cite alguns games que foram marcantes para você, e por quê?

Atualmente utilizo o próprio PC para jogos, onde sempre se encontram versões de games dos principais consoles. Em termos de gêneros e jogos preferidos, sempre fui fã de adventures, clássicos como “Monkey Island” e “Day of Tentacle” eu acho imperdíveis. Mas esse é um estilo de menos ação e mais humor. Pra balancear, claro, um bom shooter, e de preferência multiplayer, com adversários reais. Mencionaria clássicos como Wolfenstein e Doom, ou mais recentes como o Team Fortress2, um dos últimos que joguei atualmente. Completando, também gosto, e como muitos, já passei várias horas jogando jogos como SimCity ou Civilization, de estratégia.
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GH – Como foi a criação da Invent4? Quais foram as maiores dificuldades?

A Invent4 Entretenimento foi oficialmente criada em 2009, mas na verdade somos veteranos, estamos entre os precursores do desenvolvimento de jogos no Brasil. Razor2 é o decimo primeiro jogo produzido por nossa equipe, antes pela Espaço Informática (www.espacoinf.com), produzimos outros nove jogos, que foram distribuidos em mais de trinta paises. Completando nossa lista, pela Invent4 criamos o Bad Rats (2009), e agora o Razor2(2010). A Invent4 surgiu de um realinhamento de planos. O nome da empresa expressa a nossa busca, queremos criar não apenas jogos, mas desenvolver novos produtos e meios de entretenimento eletrônico. Aí se enquadram simuladores, e novas interfaces de jogo, por exemplo. Estamos trabalhando nisso, e buscando as parcerias certas para executar estes planos.
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GH – O que você acha do mercado brasileiro de games? Há espaço para produtoras independentes nacionais? O que poderíamos fazer para ser um diferencial de outros países?

O mercado brasileiro de jogos é complicado, não dá pra se pensar em fazer um jogo apenas para o Brasil, por exemplo. Produzindo jogos tem que se focar o mercado internacional, incluindo o Brasil é claro, mas é preciso estar presente nos principais mercados, como Estados Unidos e Europa, para se ter um rendimento real com o produto. Há espaço para produtoras nacionais, desde que consigam imprimir um bom nível de qualidade nos jogos. Tem que se entender que o mercado de games é mundial, jogamos aqui produções de todas partes do mundo, e alias, muitas vezes nem sabemos onde o jogo foi produzido. O que importa é a qualidade, a jogabilidade, o jogo em si. Então para produtoras nacionais, ou de qualquer parte do mundo, é necessário essa qualidade que me refiro, tem que se observar os padrões de mercado. Por outro lado, atingindo um bom nível de qualidade, o produto está apto a vender em todos os mercados do mundo. No meu ponto de vista, sempre existe espaço para bons jogos, de qualidade.
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GH – Quais são as maiores dificuldades na produção de um game?

Cada projeto apresenta suas dificuldades específicas, depende muito do jogo a ser desenvolvido, das características que ele irá apresentar. O certo é que desenvolver jogos não é brincadeira, sempre tem muito trabalho envolvido, e trabalho em diferentes áreas, principalmente de programação e arte.
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GH – Nos fale sobre os jogos que vocês produzem. São voltados para jogadores casuais, hardcore? Para qual faixa de idade?

Não existe uma regra específica quanto a isso. Cada jogo tem um público alvo diferente, depende das especificações de cada projeto.  Nós já produzimos jogos para crianças, educativos, jogos de esportes e tambem shooters, por exemplo. De uma forma geral produzimos jogos casuais, que não competem diretamente com as super produções de milhões de dólares. É um nicho de mercado, e isso é importante para produtoras, encontrar seu nicho de trabalho.
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GH – Nós jogamos o demo do game Bad Rats e achamos um jogo de estratégia muito interessante. Como foi a produção dele? Ele já está disponível para venda?

Bad Rats é um puzzle físico que desenvolvemos também de forma independente. Neste jogo inovamos trazendo um tema, Ratos contra Gatos, e muito humor com alguma violência. Isso torna o jogo único, são ingredientes que não se encontram em outros produtos do gênero. Em geral os puzzles físicos tem temas simples, como fazer uma bola cair em cesto, ou acender um interruptor com algum outro objeto, por exemplo. Em Bad Rats a vingança é dos Ratos, os gatos são prisioneiros, e a cada mapa um gato é aniquilado de uma forma diferente e cruel. A violência é explicita, mas abordada com humor, de uma forma divertida e com visual cartoon. Algumas referências remetem a desenhos animados, como o Papa-Léguas, Tom & Jerry, além de outros mais sangrentos como Happy-three-friends ou Itchy & Scrattchy, dos Simpsons. Para quem não tem problemas com violência em games, a diversão é garantida com o jogo. Bad Rats foi lançado no final de 2009, e está disponível para compra em alguns dos principais canais de distribuição digital no mundo, como Steam, Direct2Drive e Gamers Gate.
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Trailer Bad Rats
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GH – Ainda no Bad Rats, ele é um tipo de jogo que eu acho que ficaria bem no Nintendo Wii. Vocês têm planos para produção de games em consoles?

Sim. Hoje produzimos jogos apenas para PC, mas estamos justamente renovando nossa tecnologia, nossas ferramentas. Além de PCs, Mac, consoles e portateis de ultima geração estão nos planos para novos produtos.
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GH – No site da Invent4 há um trailer do shooter Razor 2: Hidden Skies. Nos fale sobre ele.
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Razor2: Hidden Skies é o nosso jogo mais recente, que estamos lançando agora. Deve estar disponível ainda em Junho também neste formato de distribuição digital. O jogo estará disponível no Steam, por exemplo. É um shoot-em-up, um shmup, com todos os principais ingredientes do gênero. Centenas de inimigos, muitas balas, armas poderosas, e combates incríveis com Bosses. A trilha sonora também é uma obra de arte a parte. Temos músicas orquestradas, compostas originalmente para o jogo pelo maestro Rogerio Dec. Razor2 combina uma boa trilha com ótimos gráficos, e uma jogabilidade fácil mais desafiadora. Para quem gosta do gênero é uma ótima opção de jogo.
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Trailer Razor 2

GH – Eu particularmente sempre fui apaixonado por jogos shooters, e ao ver o trailer de Razor 2 me lembrei de alguns clássicos como Gallaga, Radiant Silvergun, Ikaruga e Silpheed. Quais foram as influências para Razor 2? Há público para jogos estilo shooter, hoje considerados “ultrapassados”?

As influências do jogo englobam todos clássicos do gênero, indo além desta lista que você mencionou. A idéia do jogo é justamente esta, um estilo clássico, consagrado e imortal. Um jogo novo, mas old-school, uma opção para o pessoal que gosta deste gênero. Acredito que a maior parte de jogadores, já se divertiu com um jogo neste estilo, em algum momento. Razor2 trás todos ingredientes esperados, e com um visual e tecnologia completamente novos.
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GH – Que projetos trabalham atualmente e quais os planos para o futuro?

Os planos para futuro incluem novos jogos, e também alguns projetos mais ousados. Não posso abrir algumas informações ainda, mas espero que possamos apresentar novidades em breve.
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GH – Qual o melhor caminho para se começar uma carreira na indústria de games no Brasil?

Como qualquer outra carreira, tudo começa no estudo. Para se trabalhar com jogos pode-se optar por áreas distintas, relacionadas a arte ou a programação, mas ambas requerem um conhecimento de técnicas e ferramentas para se desenvolver um bom trabalho.

GH – Para finalizar, que dicas vocês dariam para quem está interessado em fazer games de maneira profissional?

Para novas empresas, não é um mercado fácil, a concorrência é internacional, e têm que se observar padrões de qualidade em vários níveis, para se obter algum resultado.
Porém, com tecnologia, com conhecimento, com as ferramentas apropriadas, e com boas ideias é possível se produzir games de alto padrão aqui no Brasil, que podem sim concorrer e conseguir seu espaço no mundo.

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A Gamehall agradece à Invent4 pela entrevista e desejamos boa sorte em todos os seus projetos. Para outras informações e download do demo de Bad Rats, acessem o site oficial da Invent4: http://www.invent4.com/index-p.htm

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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