Análises

Contra

Deixa eu mandar a real “proceis”, hoje em dia os jogadores estão muito mal acostumados. Hoje em dia, se o cabloco morre umas três vezes seguidas em algum game, já o escomunga e procura outra coisa. Isso se é que alguém morre muito nos jogos, já que os mesmos estão muito mais amenos no quesito dificuldade.

Antigamente não era assim… Nada de continues a dar com pau, ou mesmo infinitos.

Nada de trocentas vidas.

Nada de save states durante as fases.

O “nego” tinha de ser MACHO para finalizar o game.

MUITO MACHO!!!! MASSACRATION!!!!!!!!!!!!!

Empolguei.

Na análise que realizo hoje, apresento, ou mato saudade de alguns, de um game que é o atestado do que falei acima. Um jogo diabolicamente difícil, mas que apesar de mortes constantes e momentos de xingar a mãe de Belzebu de coisa ruim um monte de vezes, tinha o poder de atrair cada vez mais o jogador, em um tufão viciante e obsessivo para chegar ao fim do mesmo.

Com vocês Contra, para Nintendinho.

Gostaria de lembrar aqui, que nomes e referências aqui citadas tem como base a versão americana do game.


Kill them, before they kill us! (And they will…)

Na capa do game, dois heróis genéricos armados até os dentes, um alienígena que é notadamente um clone do clássico do cinema Alien. Até mesmo os heróis tem pinta de ser “tirados” dos cinemas, pois é incontestável que ambos se parecem (são inspirados em) Schwarzenegger e Stallone. Olhando assim dá até para imaginar que o game era coisa ruim.

Mas daí você coloca o cartucho no saudoso Nintendinho, e todo o provável, e não obstante possível, má impressão dada no primeiro momento, se transforma em prazer e obsessiva obstinação.

No game, dois heróis tentam impedir uma invasão alienígena na Terra. Para isso nada melhor do que atirar bastante neles, até matar o último ser interplanetário que esteja no nosso planeta, apesar de que, pensando analiticamente, a missão dos dois já começa com a intenção errada, afinal de contas, já existe até mesmo uma central alienígena na Terra, então, em teoria, a Terra já foi invadida. Enfim, vamos deixar isso de lado e chutar bundas alienígenas para fora da Terra. A organização que quer tomar posse da Terra é a chamada Red Falcon. Nossos heróis são “Mad Dog” e “Scorpion” (falta de criatividade para nomes pouca é bobagem), são eles que vão salvar a Terra.


Assim, você, jogador, já se sentindo o próprio herói de ação, parte para a guerra contra os seres espaciais. E com toda a fúria em seu ser, com todo o momento testosterona em seu ser…

Você morre por três vezes antes da primeira fase e já lê estatelado na sua game um bruta Game Over. Será assim na primeira vez, é inevitável.

Nesse momento você terá a ciência de duas coisas, que esse jogo é dificil da p%##@ e que você, em nome de sua honra tem de vencê-lo, e para isso vai pastar bastante.

Contra é um game absurdamente difícil, para muitos, é injusto, para alguns impossível. Ao longo de todas as oito fases que o game possui, o jogador terá tão somente três vidas para atravessá-las, sem continues. O único auxílio nessa vertente, serão as eventuais vidas que pode ganhar por pontuação, mas isso não alivia em nada a dificuldade do game. Muita gente até hoje, Old School mesmo, que tem contato com o game desde aquela época, não conseguiu chegar até o fim do game. Pelo menos não sem o famoso código “universal” da Konami.


O esquema do game é o padrão de toda a série posterior a esse game, o famoso “correr e atirar”, ou seja, progressão para a direita constante, tendo de atirar em qualquer coisa que se mova que não seja você mesmo.

Em Contra, a quantidade e velocidade em que os inimigos atacam é assustadora, a todo o momento existe algo vindo na direção do jogador, enquanto o mesmo tem de se virar para fugir de balburdia toda e ainda atirar nos nazarentos dos inimigos.

Os chefes então são verdadeiras máquinas de matar. É óbvio que cada inimigo, cada fase, cada chefe tem o seu padrão de ataque, no entanto, se leva algum tempo para se adaptar a isso, e depois de se adaptar, não é tão simples assim se manter vivo e imponente ao longo de todo o game. Os levels finais são infernalmente difíceis. É preciso ter a paciência para morrer bastante, e começar tudo de novo várias vezes até conseguir ir até o fim do jogo, tudo isso, com apenas três vidinhas. Como eu disse, é um game de MACHO!!

MASSACRATION!!!!!!!!!!!!!!!!


O visual do game é muito bom. Com cenários, de acordo com a história do game americano, da América Central, são muito criativos e com muita vida, assim como os personagens do game, cada qual bem criativo e com “personalidade” própria. A Konami trabalhou muito bem com a paleta de cor do Nintendinho, e o resultado não poderia ter sido melhor.

Todos os personagens presentes no game, inimigos ou não, têm uma boa animação para um game de Nintendinho “pré-anos 80” (o game foi lançado em 88).

A jogabilidade do game é o que se poderia esperar do gênero. Um botão para atirar e o outro para pular. É possível ainda encontrar diferentes tipos de armas para se usar ao longo do game além de uma bomba que elimina todos os inimigos da tela, não que ele fique muito tempo sem inimigos depois disso, mas que dada a balbúrdia que a tela pode costumeiramente virar de tiros para cima do jogador, essa bomba é um alívio mais do que bem vindo.

É possível atirar para cima, para baixo, para frente e para trás, além de para todas as “diagonais”, totalizando um total de oito direções diferentes de disparo, isso estando no chão, ou mesmo pulando. No chão, é possível se deitar no chão para atirar para frente, o que serve como um bom ataque e ao mesmo tempo uma boa defesa para tiros recebidos na altura do tórax ou cabeça de nosso herói.

Saltar nem sempre é algo muito simples aliás, pois o controles dos brutamontes no ar não é dos mais fáceis, o que pode render umas mortes ali e acolá. Hehehe!


Sonoramente Contra cumpre muito bem o seu papel, tendo efeitos sonoros de tiros e explosões muito bem definidos e uma trilha sonora e usa muito bem as limitadas capacidades do chip de som do “velho guerreiro” da Nintendo, nesta, que era uma época em que criatividade para compor músicas em midis “sem vergonhas”tinha de se sobressair sobre qualquer outro aspecto. Todas as músicas possuem batidas vibrantes, rápidas ou não, que dão o tom para um game baseado em muito tiroteio e respostas rápidas a situações adversas.

Bem, fico por aqui com esse “momento revival”, que me lembrou que na época deste game, aprendi alguns palavrões que carrego em minhas memórias até hoje (eita!). Esse é Contra, um game fascinante, viciante e “irritante” que estará no coração de todos aqueles que gostam de um bom desafio Old School.

Somente a tópico de curiosidade, a versão americana não possui introdução para a história do game, sendo esta contada somente pelo manual do jogo; Ao contrário da versão japonesa, que possui uma introdução que consta que o game se passa bem no futuro, o que é um pouco idiota, já que jogamos com dois brutamontes sem camisa, só de calças como roupa e armas como acessórios, na selva. Já a versão européia eu nem me digno a comentar muito, imaginem vocês que tiraram os heróis fodões e incluíram robôs para lutar contra aliens no mato. Não sei quanto a vocês, mas acho que isso não ajudou nada com a desculpa de o game se passar no futuro…

Eduardo Farnezi

De volta como contribuidor freelancer do site GameHall, um dos fundadores do não mais existente blog Canto Gamer, fundador do blog Gamerniaco e ainda atuante nos projetos do grupo Game Champz e Agência Joystick. Gamer por paixão, cinéfilo por vocação, leitor de mangás e HQs por criação e nerd pela somatória dos fatores. Acredita que os únicos possíveis cenários de apocalipse são Zumbis e Skynet e não sai para noitadas por medo do que Segata Sanshiro pode fazer se encontrá-lo.

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