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Crítica – Death Note (Netflix)

Death Note, escrito por Tsugumi Ohba e ilustrado por Takeshi Obata é uma das séries japonesas mais populares de todos os tempos. O mangá foi tão bem sucedido que recebeu adaptação para anime, quatro filmes japoneses Live Action, uma adaptação Live Action para a TV e além disso, 3 jogos para Nintendo DS. Agora, 14 anos após a publicação original do mangá a Netflix trouxe a versão ocidental do caderno da morte através de um filme que narra os eventos principais da franquia, porém com severas mudanças. Confira nossa análise.

O Death Note da Netflix não se passa no Japão, mas nos Estado Unidos, na cidade americana de Seattle/Washington e o elenco foi totalmente ocidentalizado, dando espaço para atores brancos e negros, preservando apenas a origem étnica do personagem Watari, representado por Paul Nakauchi, ator americano descendente de japoneses.

A história básica não é diferente do que já conhecemos: o deus da morte Ryuk deixa o caderno assassino cair na terra para que um humano o encontre. Light é o “sortudo”, e após entender o funcionamento do caderno decide criar um novo mundo eliminando os criminosos de todo planeta.

A partir deste ponto começamos a ver algumas mudanças. Light (Nat Wolff) não age sozinho; logo após começar a usar o caderno ele revela seu segredo a Mia Sutton (personagem equivalente a Misa Amane). A líder de torcida popular abandona tudo para praticamente viver na casa de Light ajudando-o na busca de alvos. A namorada de Kira interpretada por Margaret Qualley mostra-se mais fria e obcecada pelo poder do caderno do que o próprio protagonista e em alguns momentos consegue manipular Light, aparentando ser quem realmente está no comando.

Keith Stanfield, como L.

Keith Stanfield, ator que interpreta L conseguiu capturar a essência do maior detetive do mundo, representando muito bem as manias e costumes do personagem, como, por exemplo, o jeito de se sentar, os olhos arregalados, a ausência de sono e o costume de andar descalço dentro de casa. O visual “gótico”, com roupas pretas, capuz e coturno deram um aspecto sombrio ao L americano, porém todo este trabalho se perde quando em um determinado momento do filme L de descontrola e parece até ser outra pessoa.

Ryuk, dublado por Willem Dafoe, é impecável, sendo até mais sombrio e sarcástico do que conhecemos. Infelizmente a Netflix optou por menos cenas com o deus da morte, por isso, sua participação não é tão importante como se esperava. Sobre James Turner, pai de Light, interpretado por Shea Whigham, pode-se dizer que definitivamente não se buscou inspiração em Soichiro Yagami, sendo totalmente o oposto do diretor da Polícia japonesa.

Nat Wolff, como Light.

A trama tem seus eventos resolvidos de forma rápida e faz o que pode em um filme de 101 minutos. O confronto intelectual de L e Light ficou de fora, bem como diálogos profundos entre Light e Ryuk ou a ascensão de Kira e o clamor do povo e veneração do mesmo como um deus. A partir do momento que se descobre quem é Kira a história transforma-se numa grande perseguição. Em outras palavras, gastou-se tempo com eventos desnecessários e trouxe uma ação que não condiz com a proposta da história.

Mas afinal de contas, o filme é bom ou não é? O filme dirigido por Adam Wingard é uma adaptação que se prende apenas a premissa da história original e partir daí cria o seu próprio universo, transformando-o num filme “pop” acessível aos novatos que nunca tiveram acesso ao conteúdo original japonês.  É possível gostar mesmo sendo fã, mas a obra não toma o lugar dos Live Actions asiáticos e muito menos da atuação para a TV.

É um filme mediano, e não chega a cometer erros agressivos como em “Alone in the Dark” ou “Far Cry”, por exemplo. A história da Netflix é exatamente o que se poderia esperar de uma produção norte americana, localizando os eventos e enredos para o mundo ocidental focando em abrir o leque e conquistar o maior número de pessoas possível.

Gabriel Magalhães

Colaborador do GameHall, fundador do Forever Jogando e Analista de Marketing.

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