Análises

Dead Space: Extraction

– um terror scifi imperdível no seu Wii –

Os donos de um Nintendo Wii ficam em uma certa desvantagem quando jogos multiplataformas são lançados, ficando geralmente melhores e mais bonitos nos X360 e PS3, devido às suas especificações técnicas mais poderosas. O que fazer então? A resposta é lançar jogos exclusivos que utilizem bem as capacidades únicas do Wii. E foi exatamente isso que a Eletronic Arts fez com Dead Space Extraction, um super lançamento exclusivo para a plataforma da Big N.

Se você nunca ouviu falar de Dead Space, não se preocupe, pois é uma franquia relativamente nova no mercado. Produzido pela Visceral Games, o primeiro Dead Space foi um survival horror em terceira pessoa lançado em 2008 para PS3, X360 e PC. Fez um grande sucesso de crítica e vendas, ganhando vários prêmios como jogo do ano. Nele o jogador encarnava o papel do engenheiro Isaac Clarke (referência clara a Isaac Asimov e Arthur C. Clarke, dois dos maiores autores de ficção científica da história) no século XXVI, que batalha contra uma infestação alienígena que transforma os humanos em grotescas criaturas chamadas “Necromorphs”, a bordo de uma nave de mineração chamada USG Ishimura. Além do jogo há também a excelente animação Dead Space: A Queda, que mostra acontecimento anteriores aos mostrados no game.

Agora chegou a vez dos proprietários do Wii de também poderem curtir deste excelente game em uma versão exclusiva. A história de DSE se passa antes do jogo anterior e durante a história mostrada na animação. Para quem assiste o seriado de vampiros True Blood da HBO, já teve a chance de curtir uma prévia do violento game em um dos recentes episódios.

Se você já está cansado de games “familiares” para o Wii, está entediado com a rotina da sua vida e quer curtir uma história scifi cheia de sangue e violência,  com certeza DSE é o seu jogo. Continue com a gente e fique sabendo mais desse imperdível título para o Wii.


 


O espaço, a fronteira final

Você que curte histórias espaciais e monstros alienígenas (sim, estou falando com vocês fãs de Star Trek, Star Wars, Battlestar Galactica, especialmente Alien e afins) fiquem ligados na história de DSE. Nela você verá um grupo de colonizadores do planeta Aegis VII (o mesmo do jogo anterior) que buscam sobreviver ao pesadelo que o artefato alienígena Red Marker causou ao transformar os humanos em criaturas sanguinárias, os Necromorphs. Muitos acontecimentos estão ligados ao o que vai acontecer com a missão de Isaac Clarke no primeiro jogo e mostra como a nave Ishimura ficou infestada com os mortais alienígenas.

Desta vez não há um protagonista central e você poderá controlar vários personagens ao longo do game, mas quatro deles possuem as principais perspectivas do enredo. Nathan McNeil, um detetive que vai bancar o herói e juntar as peças do que está acontecendo em Aegis VII. Lexine Murdoch é a figura feminina que vai despertar paixões. Gabriel Weller, um oficial de segurança e o arrogante e chato Warren Eckhardt complementam o grupo. Aqui qualquer um pode morrer na história do game, inclusive aqueles que você está controlando.

A história não prima pela originalidade, mas cumpre o seu papel., com uma trama sólida típica dos filmes do gênero (tem o cara metido a herói, a mocinha frágil bonita, o valentão, o chato, uma poderosa companhia com interesses pessoais escusos e claro, vários aliens sedentos de sangue – lembra muito os filmes da franquia Alien: O Oitavo Passageiro) que vai prender a atenção do jogador do início ao fim. Os diferentes protagonistas oferecerão pontos de vistas diferentes da trama, além de depoimentos em formas de video, texto e áudio espalhados pelas fases, que serão essenciais para o desenvolvimento e compreensão do enredo. Mas vamos falar da mecânica do jogo, que deve ser isso que você deve estar curioso em saber.



Batalhas sangrentas nos confins do espaço

A principal diferença de DSE do original é que desta vez o jogo é em primeira pessoa, FPS, “on-rail”. Mas que diabos é on-rail, você se pergunta? Significa que a jogabilidade é automática, ou seja, você não controla o personagem, no melhor estilo House of the Dead: Overkill e Resident Evil: The Umbrella Chronicles. A grande vantagem da jogabilidade on-rail é do diretor poder trabalhar ângulos de câmeras ao melhor estilo dos filmes de Hollywood, proporcionando uma sensação visual surpreendente. Alguns elementos o tornam diferente dos jogos desse gênero, como a inclusão de puzzles que devem ser resolvidos para que se possa progredir no game e a possibilidade de escolher os caminhos, em certos momentos do jogo.

Os jogadores também possuem uma movimentação parcial da câmera em alguns momentos, mas a jogabilidade é centrada em usar o Remote para mirar na tela e atirar nos inimigos. Você pode usar fogo primário ou secundário das armas que encontrar, ou ainda fazer ataques corpo-a-corpo sacudindo o controle. Elementos do jogo original como o stasis (paralizar os inimigos, crucial em muitos momentos do jogo), desmembramento estratégico dos inimigos, arrancando pedaços de seus corpos e prejudicando a sua movimentação e se locomover na gravidade zero estão de volta. Uma novidade interessante é a “Glow Worm”, uma espécie de lampião que produz uma perturbadora luz esverdeada que pode ser usada para iluminar o ambiente (geralmente corredores escuros), sendo acionada pela agitação do controle, mas para falar a verdade não faz muita diferença, mas combina esteticamente com o estilo do jogo. Você também possui poderes telecinéticos, que permitem pegar objetos distantes, apenas apontando o Remote e apertando A. Será uma verdadeira batalha pegar os objetos da tela, pois a câmera se movimenta muito rápido e você tem poucos segundos para dar aquela “fuçada” geral e ver se acha algum item.

Os gráficos, como esperado, são espetaculares, com um visual que leva as capacidades do Wii ao extremo. Não ficam devendo em nada às versões do X360 e PS3. Claro que não é tão detalhado e refinado como nos outros consoles, mas não se preocupe, isso não vai atrapalhar sua sensação de imersão no game. O design gráfico é remanescente do original, que vai trazer uma sensação de dejavu ao olhar os personagens e Necromorphs se esgueirando pela tela.  O componente visual é um elemento muito forte em DSE, o detalhamento e design dos personagens e mosntros são muito bem feitos, assim como os ambientes que você explora. Como já dito, o foco é na jogabilidade, que junto com a narrativa, ambientação, gráficos e som, tornam DSE uma experiência pra lá de recompensadora, resultando num dos melhores games de horror já lançados.









Junto com o visual sombrio, com pessoas mortas pelo caminho, aliens se movendo nas sombras e cenários claustrofóbicos como dutos de ventilação, não poderia faltar a parte sonora. Com uma trilha sonora tensa e com os ótimos efeitos sonoros, a sensação de estar realmente naquele ambiente terrível aumenta de forma satisfatória. Há momentos em que você estará em locais com gravidade zero e não haverá som nenhum, dando um toque de realidade que estava presente no original. Por incrível que pareça, a dublagem americana (e britânica no caso de alguns personagens) está perfeita, com uma boa atuação dos dubladores passando o medo, tensão e os sentimentos na voz quando necessário (e até alguns palavrões). Ainda há a possibilidade de se ouvir algumas vozes através do Remote, uma adição simples, mas bem vinda.

A ação se desenrola de maneira lenta, se comparado aos tradicionais FPS de tiros por todos os lados e ação frenética, mas é tudo feito de maneira cinematográfica, certamente não vai demorar muito para ser lançado (outro) filme. São 10 capítulos e mais ou menos oito horas de jogatina para completá-lo. Há vários tipos de armas espalhadas pelos cenários, no total de 20 (a mais legal é o lança-chamas, muito divertido torrar os bichos feios), todas com a opção de tiro secundário e um sistema de upgrade para deixá-las mais poderosas. A maioria dos inimigos são os mesmos de Dead Space e você deve pesquisar a melhor maneira de matá-los, atirar nas pernas ou explodir a cabeça nem sempre é a solução mais fácil. Como já dito, pegar os itens nas telas através da telecinese pode ser um trabalho bem difícil, enquanto seu personagem se movimenta automaticamente. Durante todo o game, há uma curta janela de tempo para você vasculhar e apanhar os itens.

O fator replay é alto, com vários fatores atrativos que farão você jogar de volta, como a possibilidade de se escolher trajetos em cada fase e os diários de video e áudio dificeis de se alcançar, que te incentivam a voltar e ver o que perdeu. Há também um modo challenge, que é destravado quando se joga o story mode, devendo matar o máximo de Necromorphs no menor tempo possível e sem levar muito dano. Sem muito a acrescentar, mas que vale uma boa diversão e é um ótimo extra. Além disso há também seis revistas em quadrinhos digitais, que se aprofunda mais nos personagens e na trama geral de Dead Space, que certamente vai fazer a alegria dos fãs do título em busca de novas informações.

Depois de tantas qualidades é gratificante dizer que são poucos os defeitos. Primeiramente, não é um jogo muito longo e difícil, que vai te deixar querendo jogar mais e mais. Também senti falta de chefes de fases mais elaborados, o que não acontece aqui. E infelizmente o jogo não é tão assustador, não como o Dead Space original. Recomendo jogar num ambiente escuro e com o volume no talo, para uma experiência mais completa. Há possibilidade de um modo cooperativo para dois jogadores que irá proporcionar experiências fortes. Na companhia de um colega, destroçar os monstros fica mais divertido e interessante, pois não basta apenas atirar, há a preocupação de se balancear o uso de munição e saber em que ponto atirar nos inimigos. Trabalho em equipe será imprescendível para o sucesso da missão.

 

every horror has a beginning

Márcio Pacheco

Márcio Alexsandro Pacheco - Jornalista de games, cultura pop e nerdices em geral. Me add nas redes sociais (links abaixo):

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